terça-feira, 27 de maio de 2025

.: Crítica: documentário "Ritas" é um retrato amoroso e rebelde de uma lenda


Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com

Dirigido por Oswaldo Santana e codirigido por Karen Harley, o documentário "Ritas", em cartaz na rede Cineflix e em cinemas de todo o Brasil, é mais do que uma homenagem à Rita Lee: o filme é um retrato com adjetivos antafônicos, já que celebra, de intimista e explosiva a mulher que revolucionou o cenário cultural brasileiro. Longe de seguir fórmulas convencionais, o filme convida o público a uma conversa sensível com a artista e revela camadas raramente expostas da vida pessoal da mulher que quebrou padrões por onde passou.

O maior mérito de "Ritas" está na presença poderosa da própria artista. A narrativa é conduzida pela voz, pensamentos e memórias da cantora, culminando na honraria de apresentar a última entrevista inédita de Rita Lee e passando a ser mais que um documentário, virou um registro histórico ou "o filme da última entrevista de Rita Lee". Mais do que um adeus, essa entrevista é um brinde à vida, pois mostra Rita Lee serena, espirituosa e afirmando estar na melhor fase da vida. Era uma senhora otimista, a exemplo de ser uma mulher para cima ao longo de toda a trajetória.

O documentário é agradabilíssimo de assistir. A montagem afetuosa faz com que a experiência seja tão envolvente que faz com que o espectador não perceba o tempo passar. A trilha sonora com os hits de Rita embala o espectador em uma jornada que mistura o amor pelos animais, o senso de família e o afeto na forma mais genuína – tudo isso vindo de uma artista que nunca se encaixou em padrões e que sempre fez questão de ser politicamente incorreta, mas absolutamente verdadeira na vida e na arte.

Com imagens inéditas do arquivo pessoal da artita e uma cuidadosa curadoria de acervos, "Ritas" apresenta uma Rita doce, irreverente e profunda. É um filme que emociona sem apelar para o melodrama. A força de Rita Lee está ali, não apenas como um nome importante da música brasileira, mas como ser humano inteiro e suas características: frágil, forte, amorosa e livre.

Em meio a tantos documentários que se perdem em cronologias frias, "Ritas" escolhe o caminho mais corajoso: o de fazer sentir. A narrativa aproxima o público da Rita Lee Jones, e as várias facetas dela, e não da persona da midiática, esse é um presente raro. O filme estreou nos cinemas em 22 de maio – data escolhida por Rita como seu "novo aniversário", por ser o dia de Santa Rita de Cássia e agora oficialmente o Dia de Rita Lee na cidade de São Paulo. É uma verdadeira carta de amor da artista ao público. Um registro necessário, emocionante e sonoro. Um retrato fiel e belo de uma mulher que, até o fim, nunca abaixou a cabeça para ninguém.

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