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sexta-feira, 26 de julho de 2024

.: Crítica musical: banda Front lança "Metropolis" em disco e streaming


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

A banda Front está divulgando o seu mais recentemente lançamento: o álbum "Metropolis", gravado no exterior, que foi lançado nas plataformas de streaming e em formato vinil. A sonoridade funciona como uma espécie de atualização do pop rock dos anos 80, mesclando com outras influências musicais.

A banda tem seu núcleo no trio formado por Nani Dias, Ricardo Palmeira e Rodrigo Santos, todos músicos experientes que já tocaram com a nata do rock dos anos 80 (Lobão, Barão Vermelho, Cazuza, etc.). Eles chegaram a se apresentar como Front nos anos 80, mas logo acabaram deixando a proposta adormecida por anos, porque logo depois foram recrutados para tocar em outras bandas.

Seria normal encontrar alguns ecos dos anos 80 nesse novo trabalho. Aliás, nas plataformas já se encontram outros discos gravados pelo grupo ("The Hansa Album" e "XXX Dutch"). "Metropolis" encerra uma alegre trilogia pop muito bem produzida e gravada pelos músicos. Parece até que essas canções estavam represadas, esperando a hora certa para serem lançadas.

O disco abre com "Ao Menos Uma Vez", com uma batida que oscila entre o reggae e o pop na medida certa para tocar nas rádios. Depois cai no balanço soul de "Loop na Pista de Esqui". Nessas duas, Rodrigo Santos conduz os vocais com maestria. "Bom Final" tem uma batida agitada que lembra o Barão Vermelho dos anos 80, na fase com o Cazuza no vocal. Aliás, Cazuza parece ser uma referência importante na construção das letras do Front.

A faixa "La Nave" foi composta em castelhano, fazendo uma ponte com grupos e artistas pop latinos como Soda Stereo, Fito Paez e Charly Garcia, em um ritmo alegre e envolvente. O disco encerra com a ótima balada "Outra Vez", cuja letra lembra novamente a poesia melancólica e romântica de Cazuza, sem soar piegas. (“Outra Vez ando pela rua te procurando/Mais uma vez me vejo olhando a Lua/Não te achando...”).

"Metropolis" é mais um acerto da banda Front, que ao que parece agora veio para ficar de vez. Esperamos que eles continuem lançando novos discos e buscando sempre se reinventar no nosso pop rock. Vale muito a pena a audição.


"Ao Menos Uma Vez"

"Filme"

"Outra Vez"

sexta-feira, 19 de julho de 2024

.: Chris Standring, o homem do soul jazz está de volta com "As We Think"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

O músico britânico Chris Standring, conhecido como "o homem do soul jazz", está lançando mais um trabalho na linha instrumental. Intitulado "As We Think" ("Como Pensamos", em tradução literal), o mais recente álbum mostra uma sonoridade na linha do jazz fusion mesclado com elementos de pop e de soul music.

Para esse disco Standring contou com um time experiente de músicos, entre eles Andrew Berry (baixo elétrico), Chris Coleman (bateria), Lenny Castro (percussão), Rodney Lee (teclados), Dino  Soldo (Sax e Harmonica), Terry Disley (teclados) e Larry Stein (baixo acústico). Os arranjos de metais das faixas foram elaborados por Walter Murphy, exceto o da faixa Alphabet Soup, que foi feito por Standring.

Esse disco justifica o apelido dado ao britânico ("The Soul Jazz Man"), porque ele consegue mesclar com perfeição em seus trabalhos os estilos que influenciaram a sua formação musical. Junte isso ao fato de Standring saber equilibrar o elemento pop em seu trabalho, que não por acaso vem sendo ouvido nas rádios especializadas em jazz e música instrumental. Tudo é feito de forma dosada, na medida certa para o ouvinte.

O primeiro single, "Alphabet Soup", traz a banda tocando uma melodia envolvente que ganha o ouvinte logo na primeira audição. Há momentos mais introspectivos nas faixas "Bedtime Story" e "Come Closer" (esta última com arranjo bem no estilo Philadelphia Soul dos anos 70). Já a faixa "This Life" flerta com o reggae e o pop.

Mas é na faixa "Chocolate Shake", que abre o disco, que Standring mostra o seu soul jazz com maior propriedade. Um discreto solo de guitarra que vai de encontro ao balanço soul de forma certeira. Fica difícil escolher uma faixa como a melhor desse disco, que marca mais um acerto de Standring junto ao público. E que merecidamente vem obtendo boa recepção da crítica especializada no exterior.

"This Life"

"Alphabet Soup"

sexta-feira, 12 de julho de 2024

.: Entrevista: músico, Leandro Fregonesi desenvolve novos projetos


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Foto: Fábio Figueiredo

Com 20 anos de carreira, o músico e compositor Leandro Fregonesi tem conseguido conquistar seu espaço na música. Além de lançar discos autorais, suas composições foram gravadas por nomes conhecidos da MPB, como Maria Bethânia e Beth Carvalho, só pra citar dois exemplos. Apesar de ter uma ligação forte com o samba, sua obra também inclui outros ritmos, como o xote, frevo e até baladas românticas, como a de seu mais recente lançamento, a canção "Meu Mar". Em entrevista para o Resenhando.com, Fregonesi conta como foi o seu início na música e revela estar desenvolvendo novos projetos. “Quero realizar um show interpretando canções de outros compositores”.


Resenhando.com - Como foi seu início na música? Quem foram as suas referências?
Leandro Fregonesi - Minha memória afetiva com a música vem desde os sete anos, com a família fazendo reuniões animadas com música e instrumentos. Já nessa época ouvia muitos discos de MPB e alguns internacionais. Mas a MPB sempre fez a minha cabeça, em especial, o samba. Quando passei a trabalhar com música profissionalmente, passei a ter mais clara minhas principais referências como compositores: Chico Buarque, Arlindo Cruz e Paulo Cesar Pinheiro. Mas aprecio também a obra de muita gente que está por aí compondo.

Resenhando.com - Sua família incentivou a sua carreira na música ou houve algum receio?
Leandro Fregonesi - Não tinha músicos na minha família. Fui o primeiro a ingressar profissionalmente nessa área. Mas como sempre levei a coisa a sério, isso acabou por mostrar que o caminho que escolhi seria esse mesmo. Todos compreenderam e me apoiaram na decisão.

Resenhando.com - Como foi ser descoberto por nomes já conhecidos na MPB?
Leandro Fregonesi - No meu caso essas descobertas aconteceram quase que por acaso. A Beth Carvalho recebeu uma fita com composições minhas quando estava escolhendo o repertório de seu disco. Acabou gostando de dois sambas de minha autoria. Foi uma felicidade imensa ouvi-la em disco cantando a minha música. Com a Maria Bethânia ocorreu algo parecido. Eu enviei as canções e ela me contatou uns oito meses depois. As duas foram muito gentis e devo muito a elas. Essas gravações acabaram por ajudar a consolidar minha carreira como compositor.


Resenhando.com - Seu nome tem forte ligação com o samba. Mas você compõe em outros ritmos também.
Leandro Fregonesi - Eu também gosto muito de outros ritmos, como o xote, o frevo e até a música romântica. Cito até Michael Sullivan e Paulo Massadas como referência nesse estilo. Considero a canção Um Dia de Domingo um clássico desse estilo mais romântico. Meu último single, intitulado Meu Mar, é uma canção romântica.  Isso não quer dizer que eu esteja me afastando do samba. Continuo compondo nesse estilo também.  Apenas procuro ampliar meu horizonte musical.

Resenhando.com - Como estão seus planos para o futuro?
Leandro Fregonesi - Estamos divulgando o clipe de “Meu Mar”, com produção, direção e filmagem de Fábio Figueiredo.  Estou trabalhando para um novo show, chamado “Bê-a-Bá do Brasil” que é uma espécie de jukebox de músicas populares. Também é fruto dessa busca e da minha paixão pela música brasileira, à qual dedico toda a minha vida e é o chão no qual floresce a minha obra. Futuramente pretendo lançar um novo disco.

Leandro Fregonesi - "Meu Mar"

Leandro Fregonesi - "Dinheiro Mole"

quinta-feira, 11 de julho de 2024

.: Vídeo explica inteligência artificial para crianças com o robô Ciata


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Tema cada vez mais frequente nos últimos anos, a Inteligência Artificial (I.A.) vem sendo explorada em vários setores da sociedade. Pode ser notada nos jornais, nas TVs, na saúde e até na alimentação.  Foi com esse foco que a Sapoti Projetos Culturais desenvolveu a série “Quando a Máquina Pensa ou Acha que Pensa", de vídeos animados, voltada para estudantes do ensino fundamental. A proposta é explicar, de forma lúdica, o que é Inteligência Artificial para as crianças de 4 a 10 anos.

“Quando a Máquina Pensa ou Acha que Pensa" apresenta o uso da Inteligência Artificial em diversos segmentos, através de uma linguagem contemporânea. O projeto é apresentado por C.I.A.T.A., (sigla para Central de Inteligência Artificial de Tecnologia Avançada), um robô feminino.

 Com seis minutos de duração, aproximadamente, a temporada já conta com três episódios já estão liberados no canal da Sapoti Projetos Culturais no YouTube. O primeiro, “Novas Ferramentas” apresenta as possibilidades de usar I.A. na cultura e conta como criar imagens como a máquina interage com os seres humanos nesse processo.

Em “O que Comemos?”, o vídeo mostra como a Inteligência Artificial pode contribuir na criação de soluções sustentáveis no segmento alimentar. E cita o exemplo de uma empresa da América do Sul, que desenvolve alimentos à base de plantas que simulam as proteínas de origem animal como o frango, a carne e o leite.

 A série fecha com o episódio "Cérebro-Maquina", mostrando como a I.A. pode facilitar a  vida de pessoas com deficiências. Entra em cena: a ICM - Interface Cérebro Máquina, tecnologia projetada para conectar o cérebro humano a um dispositivo computacional, permitindo que os comandos cerebrais sejam interpretados para controlar equipamentos ou realizar tarefas. Para a redação desse episódio a equipe teve a contribuição do neurocientista computacional, Tomás Aquino, doutor e pesquisador de pós-doutorado no Departamento de Engenharia Biomédica Columbia University

O nome escolhido da personagem (Ciata) não foi à toa. É uma homenagem para Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, considerada por muitos como uma das figuras mais influentes para o surgimento do samba carioca. Quem tiver curiosidade para conhecer o robô Ciata pode acessar os vídeos no canal do YouTube da Sapoti Projetos Culturais.


"Novas Ferramentas"

"O que Comemos?"

"Cérebro-Máquina"


sexta-feira, 5 de julho de 2024

.: MPB-4: disco com participações especiais comemora 60 anos de música


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

O Brasil sempre teve tradição de lançar grupos vocais na música. E alguns conseguem permanecer em atividade com um repertório de qualidade, que merece sempre ser redescoberto pelo grande público. Um desses casos é o do MPB-4, que está lançando um disco comemorando 60 anos de carreira, com várias participações especiais. Um álbum que pode ser classificado como uma pérola musical.

O grupo tem dois integrantes da formação original: Aquiles e Miltinho. Ruy Faria e Antonio Waghabi, o Magro, faleceram em 2018 e 2012, respectivamente. Dalmo Medeiros e Paulo Malagutti completam atualmente o grupo, que busca manter a tradição dos arranjos vocais criados por Magro ao longo da sua trajetória, que se tornaram sua marca registrada.

E a coisa se repete nesse novo lançamento pela gravadora Biscoito Fino. O trabalho funciona como uma pequena e valiosa amostra da genialidade e competência desse grupo, que é considerado por muitos como um patrimônio de nossa música.

O disco abre com "Notícias do Brasil", de Milton Nascimento, contando com o autor no vocal. Um arranjo delicado e um pouco mais cadenciado do que o da versão original, logicamente preservando a integridade do intérprete que já está com 80 anos. E segue com "O Cantador", clássico da era dos festivais com Dori Caymmi no vocal, em uma ótima versão da canção.

O que se segue depois é puro deleite para quem curte a nossa música. O samba pede passagem em "Pret-A-Porter de Tafetá" (com João Bosco) e "Caso Encerrado" (com Toquinho). E ancora em um porto seguro com Ivan Lins na clássica "Velas Içadas". O mestre Edu Lobo canta a sua animada "Dança do Corrupião", com arranjo influenciado pelos ritmos nordestinos. E o eterno parceiro Chico Buarque canta "Angélica", parceria sua com Miltinho, com letra inspirada na história da estilista Zuzu Angel, que perdeu o filho durante o período do governo militar no Brasil.

O disco segue com a genialidade de Guinga, com a complexa canção "Catavento e Girassol". E depois cai novamente no samba raiz com Paulinho da Viola e a clássica "Coisas do Mundo Minha Nega". A dupla gaúcha Kleiton e Kledir participa cantando a canção "Paz e Amor", com uma letra cheia de esperança no futuro e no presente. E Alceu Valença canta com o MPB-4 a sua balada "Na Primeira Manhã". O disco encerra com "Parceiros", bonita composição de Francis Hime com o autor no vocal.

Se por um lado o disco não consegue resumir os 60 anos do grupo, pelo menos teve o mérito de mostrar uma música de qualidade que merece ser redescoberta pelo público. E também comprova que o grupo continua com a sua integridade musical intacta, mesmo com as alterações na sua formação. Vale muito a pena a audição.


"Pret-A Porter de Tafetá"


"Angelica"


sexta-feira, 28 de junho de 2024

.: Arrigo Barnabé revisita Itamar Assunção, por Luiz Otero

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Arrigo Barnabé revisita a obra do amigo Itamar Assunção acompanhado pela banda Trisca, formada por ex-integrantes da banda Isca de Polícia. O resultado desse encontro foi registrado ao vivo em disco e nas plataformas de streaming pela gravadora Atração e revive a sonoridade da chamada vanguarda musical paulista dos anos 70/80, além de trazer luz para a rica obra de um dos músicos mais importantes do movimento musical vanguardista, que faleceu em 2003.

A ideia desse projeto começou quando Arrigo Barnabé participou como convidado de um show com a  banda Isca de Polícia, no Sesc 24 de maio, em janeiro de 2022. Na ocasião ele disse ao Paulo Lepetit (baixista e diretor musical da banda), que gostaria de fazer um trabalho interpretando músicas do Itamar Assumpção. 

Começaram a pensar no projeto, que se concretizou em um show apresentado no Sesc Pompeia, em 2023. No seu desenvolvimento, Arrigo acrescentou às músicas do Itamar algumas canções de artistas que ele sempre gostou muito de cantar. 

Arrigo Barnabé - Foto: Stela Handa

Devido ao sucesso, seguiram com apresentações em outros locais, até que no final do ano passado, Wilson Souto, da gravadora Atração, assistiu à apresentação, no Sesc Consolação, e propôs registrar o projeto.

Resulta daí, um trabalho audiovisual com uma nova linguagem musical derivada de duas vertentes da chamada Vanguarda Paulista: Arrigo Barnabé e Isca de Polícia, em que Arrigo e Trisca não apenas revisitam algumas canções da obra de Itamar, mas também de outros compositores (como Nelson Cavaquinho, por exemplo).

Os arranjos da banda Trisca estão impecáveis, formando uma poderosa cozinha rítmica para Arrigo, que molda com perfeição sua voz rouca para interpretar as canções performáticas do amigo Itamar. Um destaque é a ótima Fico Louco, uma das mais conhecidas do repertório do compositor vanguardista. Vale a pena conferir esse trabalho, que já está disponível nas plataformas em formato EP, com seis faixas.

Fico Louco



Quando eu me chamar saudade


Tristes Trópicos

sábado, 22 de junho de 2024

.: Música Popular Brasileira em festa: Chico Buarque - 80 anos na "Roda Viva"


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Alguns nomes da MPB seguem como unanimidade junto ao público. Um deles com certeza é Chico Buarque, que completou 80 anos no dia 19 e continua sendo um dos mais cultuados compositores de nosso cancioneiro. Suas canções clássicas permanecem sempre atuais, ainda que tenham sido elaboradas em outras épocas.

Carioca de nascimento e torcedor fanático do Fluminense, Chico Buarque praticamente surgiu para a nossa mídia em 1966, quando disputou o festival da canção da TV Record com a canção "A Banda", acompanhado pela cantora Nara Leão. Dividiu o título desse festival com a canção "Disparada", de Geraldo Vandré e Theo de Barros, que foi interpretada por Jair Rodrigues.

Os anos seguintes ainda teriam Chico em festivais, com as canções "Roda Viva" (em 1967) e "Sabiá" em 1968, esta segunda em uma polêmica decisão dos jurados e com a insatisfação do público presente no evento, que preferia a canção de Geraldo Vandré, "Prá Não Dizer que Não Falei das Flores".

Chico Buarque foi sempre uma voz crítica contra a censura imposta durante o período do governo comandado pelos militares. E de uma forma magistral, sempre driblava a censura, criando até um pseudônimo de Julinho da Adelaide, que assinou apenas três canções: "Acorda Amor", "Milagre Brasileiro" e "Jorge Maravilha", sendo esta última um recado subliminar ao então presidente da República, Ernesto Geisel, cuja filha era admiradora das canções de Chico Buarque.

Outra característica marcante é a sua capacidade de escrever canções sobre a ótica do mundo feminino. "Com Açúcar e Com Afeto", "Atrás da Porta", "Olhos nos Olhos" são apenas alguns exemplos que evidenciam sua genialidade. Chico também investiu em trilhas de cinema e peças de teatro. Escreveu a célebre "Ópera do Malandro", cuja trilha sonora também é assinada por ele, além de outras peças marcantes como "Gota D´Água", "Calabar" e "O Grande Circo Místico". Na literatura também se destacou ganhando prêmios com seu trabalho nessa área.

Sua extensa discografia tem vários momentos brilhantes. Um dos pontos altos de sua produção é o álbum "Construção", de 1971, aclamado pela crítica como um dos seus melhores trabalhos. Mas podem ser incluídos ainda o disco de 1978 (com "Apesar de Você" e "Cálice") e de 1984 (com "Vai Passar" e "Pelas Tabelas").

Com a abertura democrática a partir de 1979, a obra de Chico Buarque deixou de ter aquele tom mais contestador para assumir um lado mais lírico, mas sempre com conteúdo relevante. Suas produções, ainda que tenham espaçado cada vez mais nas últimas décadas, sempre brindam o público ouvinte com pérolas musicais, sempre muito bem produzidas. Mas o que impressiona é que o tempo parece não passar para Chico Buarque. Até o tempo conspira a favor dele, pois sua obra continua relevante. Vida longa ao grande compositor.

"Quem Te Viu Quem Te Vê"

"Que Tal Um Samba?"

"Tanto Mar"

domingo, 16 de junho de 2024

.: "Telepatia": Flavio Venturini e Ricardo Bacelar fazem parceria em EP


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Fruto da primeira colaboração entre o cantor e compositor Flávio Venturini e o multi-instrumentista, cantor e produtor Ricardo Bacelar, o EP "Telepatia" já está disponível nas plataformas digitais pelo selo Jasmin Music. O trabalho une pela primeira vez os dois talentos de nossa MPB, que mostram um resultado acima da média. 

Gravado no Jasmin Studio, em Fortaleza, o EP traz três canções, de ritmos variados, incluindo a inédita “Samba Saudade”, primeira parceria de Venturini e Bacelar, com a colaboração do letrista Murilo Antunes. A convite de Ricardo Bacelar, Flávio Venturini instalou-se em Fortaleza durante a temporada de criação e gravação do EP. O projeto contou ainda com a participação do guitarrista e produtor Torcuato Mariano, convidado por Venturini para dividir a produção com Ricardo Bacelar.

Além da canção inédita já citada, o EP reúne “Telepatia”, parceria de Venturini e Jorge Vercillo, e “Lareira”, saída do baú de composições do mineiro de Belo Horizonte. O EP conta ainda com Robertinho Marçal na bateria, Hoto Júnior na percussão e Nélio Costa no contrabaixo.

Sobre o processo em estúdio, Ricardo Bacelar detalha: “Nós fizemos tudo juntos. Como somos ambos pianistas e tecladistas, houve muita troca de ideias. Dividimos os vocais nas três músicas, também. Pra mim foi uma satisfação receber o Venturini aqui em Fortaleza”.

Para o ouvinte que curte a MPB, a inédita parceria abre um novo horizonte, enquanto que a dupla Venturini e Bacelar apresentam uma nova perspectiva de produção autoral para o futuro. A fusão dos dois talentos mostrou que a união realmente faz a força.

"Lareira"

"Telepatia"

"Samba Saudade"

domingo, 9 de junho de 2024

.: "Forró de Pai para Filha": mistura de Graziela e Chico Medori é forró na veia


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Dizem que quanto mais o intérprete diversifica seu repertório, mais calejado e confiante ele fica. No caso de Graziela Medori, essa máxima é mais do que válida. Em seu mais recente lançamento, "Forró de Pai para Filha" ela não só explora um dos ritmos mais tradicionais de nosso cancioneiro como ainda traz o pai a tiracolo, tocando bateria, compondo canções e até soltando a voz em alguns momentos.

O disco conta com oito faixas autorais de Chico Medori no melhor estilo forrozeiro. Tem canção que lembra as imagens de festas juninas ("Uma Noite de São João"), enquanto outra brinca com o flerte do início do namoro ("Vem Me Namorar"). Na faixa Mensagem, uma lembrança dos tempos atuais marcados pelas seguidas agressões contra a natureza e a necessidade de entrarmos em uma nova onda de amor na sociedade.

Em "Água pro Nordeste", o músico Antonio Freire, da Banda da Feira, empresta sua voz para lembrar a importância da água para a região seca do Nordeste. A canção é um dos momentos mais emocionantes do disco. A relação de Chico Medori com o ritmo nordestino vem desde a época em que ele tocava com o mestre Dominguinhos. 

As canções prestam tributo ao velho mestre e ao estilo de música que o consagrou.  Além de acompanhar outros nomes da MPB, Medori também fundou o Grupo Medusa nos anos 80 com outros músicos talentosos (Amilson Godoy, Heraldo do Monte e Claudio Bertrami), que tocavam uma música instrumental de qualidade com influência do jazz e da MPB.

Graziela Medori está totalmente a vontade como intérprete cantando o forró. Nada mal para quem já navegou na praia de Rita Lee (na época com o grupo Brazucália), nas pérolas do Clube da Esquina (acompanhada por Alexandre Vianna), na releitura do disco "Transa", de Caetano Veloso e nos discos tributos a Marcos Valle e a sua mãe, a excelente cantora Claudya, que por sinal está em plena atividade e cantando como nunca.

A produção, mixagem, masterização e gravação do Forró de Pai para Filha ficaram a cargo de Alexandre Vianna. Participam os músicos Cosme Vieira (acordeon), Glecio Nascimento (baixo), João Neto (guitarra), Curisco (percussão) e Chico Medori (bateria e produção). E o disco já pode ser ouvido nas plataformas de streaming. Vale a pena a audição

"Noite de São João"

"Vem Me Namorar"


"Água pro Nordeste"

sexta-feira, 31 de maio de 2024

.: Aline Paes em corpo, mar e música, crítica musical de Luiz Gomes Otero


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

A cantora carioca Aline Paes chega ao segundo disco explorando a mística e inspiração em torno da paisagem litorânea. Intitulado "Corpo Mar", o trabalho foi disponibilizado nas plataformas de streaming e sua sonoridade mantém uma forte conexão com ritmos como reggae, xote e o samba

O álbum, que será lançado pelo selo Ala Music, conta com a participação da cantora carioca Marina Iris (Brasil), do cantor angolano Paulo Flores e do compositor cubano Aliesky Perez. A produção musical é assinada pela cantora Aline Paes, pelo percussionista Bernardo Aguiar e pelo guitarrista Diogo Sili. A masterização é do engenheiro de som Alexandre Rabaço e a mixagem foi feita pelo músico Marcos Suzano.

A diversidade de ritmos torna bem interessante a audição das faixas. Uma referência bem próxima de Aline talvez seja Elba Ramalho, que também gosta de explorar ritmos em seu trabalho, sem perder a sua essência nordestina.

Como mostra o título ("Corpo Mar"), Aline busca inspiração em nossa paisagem litorânea e no mar, ou naquilo que ele oferece em magia e beleza natural. E nesse processo de criação, Aline se descobriu como compositora, ampliando mais os seus horizontes na música.

Destaques para a animada faixa "Mana que Emana", com participação do músico angolano Paulo Flores, e na igualmente ótima "Sem Fronteiras", cantada em dueto com a cantora Marina Iris, além de "Mar Aberto", que comprova a força de Aline como compositora.

Sua estreia em disco foi em 2015, com "Batucada Canção" (Biscoito Fino). O trabalho foi destacado como Revelação pela revista Rolling Stone Brasil, além de recolher elogios dos críticos na imprensa.

Como informa o release de divulgação, “a música de Aline Paes é um vasto oceano de influências que aportam no litoral brasileiro, dando voz ao feminino, ao amor, ao sagrado e tudo o mais que permeia a música popular do nosso país”. Na prática, ela mostra que é possível produzir um som popular com qualidade e mensagens positivas.

 "Sem Fronteiras"

"Mar Aberto"


"Um Dia Você Acerta"

sexta-feira, 24 de maio de 2024

.: Entrevista: Dalmo Medeiros, do MPB-4, fala sobre 60 anos de música


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

O tão esperado álbum comemorativo de 60 anos de carreira do MPB4 será lançado pela gravadora Biscoito Fino em breve. O primeiro single desse trabalho, foi dedicado ao Quarteto em Cy. A música escolhida do álbum é “Angélica”, gravada originalmente, em 1978, pelo quarteto formado, à época, por Cynara, Cyva, Dorinha e Sônia. Além do mais, “Angélica” é a única parceria de Chico Buarque com um integrante do MPB4 (Miltinho). Chico Buarque participou dessa regravação.

A história do grupo começou nos anos 60, na época dos festivais. E vem atravessando as últimas décadas de forma impecável. Mesmo com algumas mudanças na formação, sempre manteve um nível elevado de qualidade no repertório. Esse item, aliás, é destacado por Dalmo Medeiros, integrante da formação atual, juntamente com Miltinho, Aquiles e Paulo Malaguti Pauleira. Em entrevista ao Resenhando.com, Dalmo conta um pouco sobre o como ocorre o processo de criação dos arranjos e sobre a fase atual do grupo. “O MPB-4 é uma entidade musical muito forte, pela sua história e pelo seu incrível repertório sempre rico”.


Resenhando.com - Como funciona o processo criativo atual do grupo?
Dalmo Medeiros - Temos o Miltinho e o Paulo Malaguti como arranjadores. Na questão das vozes, sempre procuramos conversar e ver sempre se o alcance de cada voz está adequado para a melodia escolhida. O Aquiles, por ter uma escrita privilegiada, costuma fazer os roteiros das apresentações, ajudando sempre a direcionar o que cada um deve falar nos shows.


Resenhando.com - E esse novo trabalho, como foi trazer esse time de feras para cantar no disco?
Dalmo Medeiros - Foi uma emoção muito grande. A presença do Chico Buarque era algo até natural, levando em consideração a trajetória do grupo. Mas tivemos a presença do João Bosco, que participa da faixa "Pret-à-porter de Tafetá", que deve ser o segundo single, a princípio. Mas tivemos ainda Ivan Lins, Milton Nascimento e mais outros. Tem também o Dori Caymmi que ajudou nos arranjos. Em breve divulgaremos a escalação completa do time.

 
Resenhando.com - Você entrou em 2004 no grupo. Na sua opinião, qual seria a melhor qualidade a ser destacada no MPB-4?
Dalmo Medeiros - Eu acredito que o repertório que o grupo escolheu ao longo dos anos seja o ponto mais forte. Veja bem: o grupo consegue resgatar canções mais antigas e se integrar perfeitamente com autores da geração mais atual, como por exemplo, o Lenine. Todas as fases do grupo são recheadas de canções que marcaram a nossa música.


Resenhando.com - E como estão os planos para shows?
Dalmo Medeiros - Certamente iremos ao palco para levar esse repertório e outras canções que marcaram os 60 anos do MPB-4. Temos um show em São Paulo e depois devemos seguir adiante por outros estados.

"Angélica"

quinta-feira, 23 de maio de 2024

.: Entrevista com Manuel de Oliveira: entre a música flamenca e o jazz


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

O renomado violonista ibérico Manuel de Oliveira veio ao Brasil para se apresentar na capital paulista e em Illhabela. Natural de Guimarães, Portugal, o guitarrista contemporâneo tem sido presença destacada nos principais festivais de jazz europeus. Com mais de 20 anos de carreira, Manuel de Oliveira consolidou-se como um dos mais proeminentes violonistas contemporâneos. Autodidata, ele absorveu influências de diversas culturas musicais, incluindo flamenco, música sul-americana e fado, criando uma identidade sonora reconhecível em constante evolução. 

Seus concertos e documentários foram lançados pela Qwest TV, canal do icônico Quincy Jones, ao lado de músicos como Brad Meldhau e Chick Corea, ele se estabeleceu como um dos pioneiros do estilo flamenco-jazz. Em entrevista para o Resenhando.com, ele conta como a nossa música brasileira imapctou em su formação e explica como preparou o seu "Looping Solo". “A música instrumental etno contemporânea, que dialoga entre várias culturas, é uma tendência global e de uma riqueza enorme”.


Resenhando.com - O Brasil tem uma relação muito próxima de Portugal com a música. Como a música brasileira impactou em sua formação musical?
Manuel de Oliveira -
A música do Brasil é de uma riqueza infinita e depois tem uma natural identificação com a cultura portuguesa, mesmo para além da língua - artistas da área instrumental como Egberto Gismonti, Rafael Rabelo, Hermeto Pascoal, os grandes da MPB também, como Chico Buarque, Tom Jobim, Caetano Veloso, enfim, é ao mesmo tempo um espanto pela qualidade e um vislumbramento do potencial criativo de um diálogo cultural que não tem barreiras.


Resenhando.com - No Brasil há uma queixa recorrente dos músicos para ganhar mais espaço na mídia para a música instrumental. Como está o espaço em Portugal para esse estilo?
Manuel de Oliveira -
É de fato um problema. Ainda bem que aqui há queixa. Em Portugal, acho que ainda nem sequer chegou a isso. A música instrumental no Brasil vai tendo alguns contatos importantes, como festivais e o próprio Sesc, apesar de ser muito pouco. Não só há poucos contextos no geral para a música instrumental, como os que existem são muitas vezes fechados a géneros como o jazz ou a clássica. A música instrumental etno contemporânea, que dialoga entre várias culturas, é uma tendência global e de uma riqueza enorme. É realmente necessário criar mais contatos e canais de comunicação para esta vertente.


Resenhando.com - O que é o “Looping Solo”?
Manuel de Oliveira -
O "Looping Solo" é o nome que dei ao meu show a solo, com o uso uma tecnologia que me permite em tempo real gravar uma série de partes. Assim eu estabeleço no fundo um diálogo comigo mesmo.


Resenhando.com - O estilo flamenco ainda tem influência no jazz contemporâneo? Cite alguns exemplos.
Manuel de Oliveira  -
Muito. O flamenco e o jazz abriram um caminho sem retorno nos anos 80 com artistas como Paco de Lucia, Jorge Pardo, Carles Benavent, tem cada vez mais artistas a explorar esses caminhos - sendo uma música urbana por si, é um diálogo muito natural de estabelecer, como o fado com o flamenco, o tango com o fado, o blues com a bossa, enfim. Entre os exemplos de artistas do Flamenco Jazz, citaria Nino Josele, Josemi Carmona, Jorge Pardo, Ano Dominguez, entre muitos outros.


Resenhando.com - Quais os músicos que influênciaram na sua formação musical?
Manuel de Oliveira -
Paco de Lucia, José Afonso e Egberto Gismonti, acho que assim como uma matriz, entre várias outras influências.

sexta-feira, 17 de maio de 2024

.: Banda Selton apresenta o álbum "Gringo", análise do crítico musical Otero

Banda Selton. Foto: Simone Biavati

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

É possível uma banda de pop rock ter nascido no Brasil, se criado na Espanha e se consolidar na Itália? No caso da Selton, essa situação inusitada já é uma realidade há 15 anos. O mais recente trabalho do grupo, o álbum Gringo, que conta com a participação de Ney Matogrosso, apresenta uma sonoridade mais próxima do universo radiofônico pop.

Formada por Ramiro Levy, Daniel Plentz e Eduardo Stein Dechtiar, o projeto começou como uma banda tocando covers dos Beatles nas ruas de Barcelona. Depois que um produtor da MTV italiana os viu tocando nas ruas, o grupo assinou seu primeiro contrato de gravação na Itália, onde estão na cidade de Milão há 15 anos.

A produção é de Ricky Damian, vencedor de um Grammy Award com “Uptown Funk” de Bruno Mars, que se mudou para Londres. Juntos, a banda e Damian  gravaram grande parte do disco no estúdio de Damon Albarn (das bandas Blur e Gorillaz).

Banda Selton. Foto: Simone Biavati

Além das canções autorais, há uma interessante releitura de Sangue Latino, do Secos e Molhados, com letra em italiano. Essa faixa tem a participação de Ney Matogrosso, cuja presença para os músicos representou uma benção. A ideia de fazer uma versão italiana de Sangue Latino, segundo eles, veio uma noite em um sonho que acabou se tornando realidade. “A letra original parece ter sido escrita já pensando que algum dia ela seria traduzida ao italiano. De alguma maneira sentimos que essa canção nos pertence, pertence a esse nosso momento”, explicam os músicos.

As canções oscilam entre o pop e a MPB, criand0 uma sonoridade próxima do chamado som Indie alternativo. Faixas como Café para Dois, Maresia e Fatal apresentam elementos pop com potencial radiofônico.  O álbum Gringo é uma surpresa agradável de uma banda cuja trajetória une Brasil, Espanha, Itália e Inglaterra.


Sangue Latino


Fatal


Calma Cara



sexta-feira, 10 de maio de 2024

.: Catia de França: disco autoral marca os 50 anos de carreira


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Um disco que une o passado e o presente, que resgata memórias e perspectivas ao longo de 77 anos bem vividos. Em 12 faixas inéditas, músicas que revelam desde os sentimentos juvenis até às incertezas da censura imposta aos artistas brasileiros. “No Rastro de Catarina”, novo disco da multiartista paraibana Cátia de França, chega às plataformas digitais com toda força e vitalidade de uma artista com influências em diversas gerações da música brasileira.

Com seis discos lançados entre 1979 e 2016, Cátia de França transita entre palcos e parceiros musicais dos quatro cantos do país. Sua história envolve evolução de ritmos, experimentações e parcerias com artistas como Zé Ramalho, Dominguinhos, Sivuca, Lulu Santos, Chico César, Elba Ramalho e Bezerra da Silva em seus discos.

“No Rastro de Catarina” é uma obra que expõe a poética e sonoridade múltipla de Cátia de França. O disco percorre toda a história da artista, desde “Indecisão”, um poema de amor escrito quando Cátia tinha 14 anos e só agora musicado, ao mergulho em seu envelhecimento com “Malakuyawa”, cantando sobre seus cabelos brancos, veias aparentes e sorriso sem dentes. “No Rastro de Catarina” foi gravado em João Pessoa, terra natal da cantora, no Estúdio Peixeboi. O disco foi produzido pelo selo Tuim Discos, também da Paraíba. O lançamento no exterior será pelo selo Amplifica Music.

A banda foi composta só por músicos paraibanos: Cristiano Oliveira (viola, violão e violão de aço), Marcelo Macêdo (guitarra e violão de aço), Elma Virgínia (baixo acústico, baixo elétrico e fretless), Beto Preah (bateria e percussões) e Chico Correa (sintetizadores e samplers), que também assina a produção musical do disco ao lado de Marcelo Macêdo. O disco conta ainda com participação de Gláucia Lima no vocal, Dina Faria na direção artística e Felipe Tichauer na masterização.

Cátia de França representa na MPB aquele tipo de personagem inusitado, capaz de surpreender sempre com sua sonoridade a cada trabalho realizado. E nem mesmo os seus 77 anos representam uma barreira no processo criativo de sua música, que permanece fértil e interessante.

"Fênix"

"Negritude"

"Conversando com o Rio"



 

sexta-feira, 3 de maio de 2024

.: Música: há 50 anos, calava-se a voz maravilhosa de Mama Cass


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Há 50 anos, Cass Elliot, mais conhecida como “Mama Cass” do grupo The Mamas & The Papas, saia de cena deste mundo. Tinha apenas 32 anos e uma curta carreira em grupo vocal e como artista solo. Mas deixou um inegável legado com o talento de sua voz e ao quebrar tabus e preconceitos na sociedade da sua época.

Feminista pioneira e ícone da cultura pop, ela foi uma das maiores cantoras de sua geração e a voz poderosa por trás de hits como “California Dreamin'”, “Monday Monday” e “Dream a Little Dream of Me” - canções essas que marcaram uma era musical, misturando os gêneros folk, rock e pop.

Nascida Ellen Naomi Cohen em 19 de setembro de 1941, Cass Elliot desenvolveu uma intuição para a boa música. Encontrando seu caminho na cena folk-rock dos anos 60, Cass se tornaria uma das vozes definidoras do movimento da contracultura e, mais tarde, uma presença querida na televisão americana.

Pessoas que a conheceram descrevem o magnetismo que ela gerava em torno de si, uma força de autodeterminação, humor e carisma que a acompanhou ao longo de sua breve carreira no show business. Ainda por cima era uma “casamenteira” nata, pois foi pelo menos parcialmente responsável pelas uniões do trio Crosby, Stills & Nash e do grupo The Lovin’ Spoonful.

No início, Cass teve uma experiência no teatro. Mas a partir de 1962, ela encontrou seu lugar na música, no caso, na música folk com o grupo The Big 3 e depois com o The Mugwumps, em paralelo com o auge da Beatlemania nos Estados Unidos.

Em 1965 ela se juntou com Denny Doherty, ex-colega de banda do The Mugwumps, que já havia feito parceria com John e Michelle Phillips do The New Journeymen. Estava formado o quarteto original que se chamaria The Mamas and Papas.

O grupo vocal obteve um rápido sucesso comercial após o lançamento de “California Dreamin'”, seu primeiro single, no final de 1965. A música terminou em primeiro lugar no Cash Box Year End Hot 100 e em décimo lugar no single Hot 100 de final de ano da Billboard de 1966. Outros sucessos como “Monday, Monday”, “Creeque Alley” e “Dedicated to the One I Love” atingiriam em cheiio as paradas americanas. Seu primeiro show foi realizado no mítico Hollywood Bowl e a banda encerrou o icônico festival pop internacional de Monterey em 1967, ao lado de artistas como Jefferson Airplane, The Who, Grateful Dead e Jimi Hendrix.

O grupo se separou em 1968 após gravar quatro álbuns. Enquanto isso, Cass escolheu conscientemente a maternidade solteira, e sua filha Owen Vanessa nasceu durante o último ano de Cass na banda. Além de enfrentar o então tabu social de ser mãe solteira, Cass decidiu seguir com sua tão esperada carreira solo.

No final dos anos 60, ela participava regularmente de programas noturnos populares de televisão americana, chegando a apresentar dois especiais de televisão no horário nobre em 1969 e 1973. A inteligência e a determinação de Cass valeram a pena; ela lançaria cinco álbuns solo e um single top 40, “Make Your Own Kind of Music”, antes de seu falecimento repentino em 1974, aos 32 anos de idade.

Cass Elliot faleceu em julho de 1974, após realizar um show em Londres, na Inglaterra, onde foi aplaudida por um numeroso público. Morreu dormindo no quarto de um hotel, vítima de insuficiência cardíaca devido a degeneração miocárdica provocada pela obesidade.

Por coincidência, quatro anos depois, nesse mesmo quarto de hotel, o baterista da banda The Who, Keith Moon, morreu em função de uma overdose de medicamentos para controlar o alcoolismo. O fato de ser obesa, fora dos padrões estéticos do show business, não impediu que ela brilhasse intensamente na música. Ela não só quebrou os tabus como ainda abriu caminhos para a presença feminina na música.

Sua obra musical permanece incrivelmente atual. Com sua interpretação singular, baseada na música dos anos 40 e 50 e na folk music, acabou se tornando referência para outras gerações. A cantora britânica Adele, por exemplo, mostra algumas influências da eterna Mama Cass. Se estivesse viva, talvez unisse forças com outros músicos de gerações mais recentes. Não é difícil imaginar, por exemplo, o duo Pet Shop Boys chamando Mama Cass para gravar alguma canção dançante bem ao estilo techno-pop.

Coube a filha de Cass, Owen Vanessa, manter vivo o legado da mãe, por meio de um site oficial (www.casselliot.com) e a representando por exemplo na indicação do Mamas & Papas no Hall of Fame do Rock. Recentemente Cass Elliot ganhou postumamente uma estrela na famosa Calçada da Fama de Hollywood, em solenidade com participação de Owen.

"It´s Getting Better"

"Dream a Little Dream Of Me"

"Make Your Own Kind of Music"

terça-feira, 30 de abril de 2024

.: Egberto Gismonti volta a São Paulo para mostrar seu trabalho atual


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Um dos músicos mais conceituados do país está de volta aos palcos de São Paulo. O compositor, multi-instrumentista e arranjador Egberto Gismonti, com mais de 45 anos de carreira e mais de 60 discos gravados, é a atração do projeto Estação Brasileira, do Sesc Belenzinho, entre os dias 3 e 5 de maio, sexta e sábado, às 21h00, e domingo, às 18h00.

O músico carioca apresenta show inédito, dando uma prévia de seu novo álbum, cujo lançamento está previsto para ocorrer ainda em 2024. No repertório, além das composições inéditas, Gismonti interpreta alguns clássicos da sua carreira.  Seja qual for a fase a ser mostrada neste show, sempre haverá algo mágico e interessante para quem for conferir.

Egberto Gismonti, 77 anos, nasceu em Carmo, no Rio de Janeiro. Sua obra não comporta classificações de gênero. As fronteiras entre música popular e erudita são diluídas em suas músicas, trazendo uma sonoridade ímpar e original. Com formação erudita, o artista é notório pela pesquisa em música popular e folclórica brasileiras, além de ser um dos primeiros músicos do país a usar sintetizadores em seu trabalho. Além da vasta discografia, ele assina diversas produções e arranjos para outros artistas. 

Aclamado internacionalmente, Gismonti já apresentou sua música em várias partes do mundo, tendo discos lançados em países como França e Alemanha. É também autor de dezenas de trilhas sonoras para cinema, teatro, balé, séries de televisão e projetos de artes visuais. Impossível destacar um item apenas de sua extensa discografia, pois todo o material é interessante e relevante para o ouvinte.

Passa por uma rica obra autoral em discos como "Circense", "Em Família", "Mágico" e o antológico "Dança das Cabeças", ao lado do percussionista Naná Vasconcelos. E ainda inclui ótimas releituras da obra do compositor Heitor Villa-Lobos no disco "Trem Caipira". O show em São Paulo será uma rara oportunidade para o público conferir de perto a genialidade desse músico, cuja produção extrapola até as fronteiras do Brasil. Sua música é universal.

Serviço
Show Egberto Gismonti
Projeto: Estação Brasileira
Dias 3, 4 e 5 de maio de 2024.
Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 18h.
Valores: R$ 50 (inteira), R$ 25 (meia-entrada), R$ 15 (Credencial Sesc).
Ingressos disponíveis somente nas bilheterias das unidades Sesc.
Limite de dois ingressos por pessoa.
Local: Teatro (374 lugares). Classificação: 12 anos. Duração: 90 min.


Sesc Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000.
Belenzinho – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 2076-9700 
sescsp.org.br/Belenzinho  


"Palhaço"


"Baião Malandro"


"Mais que a Paixão"

sexta-feira, 26 de abril de 2024

.: Orquestra Jazz de Matosinhos toca clássicos da MPB, por Luiz Otero

CD reúne clássicos da MPB com músicos lusitanos. Foto: divulgação


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


Lançado simultaneamente no Brasil e em Portugal, o álbum “MÚSICAS BRASILEIRAS, MÚSICOS PORTUGUESES”, da Orquestra Jazz de Matosinhos,  contou com a curadoria do musicólogo, jornalista, radialista e produtor musical Zuza Homem de Mello (1933-2020). O projeto reúne versões primorosas de canções da MPB feitas sob um olhar jazzístico por músicos lusitanos.

No repertório há clássicos como “Corcovado”, “Wave” (Antônio Carlos Jobim), “Carinhoso” (Pixinguinha), “Nanã (Coisa nº 5)” (Moacir Santos), “Linha de Passe” (João Bosco) e “Canto Para Nanã” (Dorival Caymmi), que ganharam versões instrumentais impecáveis da Orquestra, com aquele conceito de Big Band dos anos 40 e 50.

O projeto foi um dos últimos que Zuza realizou. Ganhou arranjos especialmente escritos por Antonio Adolfo, Mario Adnet, Letieres Leite, Nelson Ayres e Nailor Proveta.

O fato é que os arranjos acabaram se tornando fundamentais para o êxito desse projeto. Todos os arranjadores são músicos de primeira linha e souberam traduzir a emoção de cada canção para a orquestra interpretar. Percebe-se isso principalmente nas duas canções de Tom Jobim (Wave e Corcovado).

É necessário destacar as participações dos músicos Kiko Freitas (baterista eleito ‘o melhor do mundo’ na categoria de World Music da revista americana Modern Drummer, em 2019), e Gabi Guedes (percussionista baiano, integrante da Orkestra Rumpilezz). O resultado ficou acima da média. Vale muito a pena a audição.

Wave


Linha de Passe


Carinhoso



sexta-feira, 19 de abril de 2024

.: Dori Caymmi – 80 anos com Prosa e Papo, por Luiz Otero

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


Não são muito músicos que chegam aos 80 anos ainda em plena forma, produzindo novas canções com a maestria de sempre. Dori Caymmi com certeza está inserido nesse seleto grupo, com seu mais recente lançamento, o álbum Prosa e Papo, que contou com participações de vários convidados especiais.

Das 11 canções do álbum, oito são inéditas: além do poeta e compositor Paulo César Pinheiro, Roberto Didio divide com Dori a autoria de duas canções.

Todas as músicas do disco são letras que Dori musicou de forma brilhante. O MPB4 surge na música título e também em “Um Carioca Vive Morrendo de Amor”, da safra recente de parcerias com Paulo César Pinheiro. A canção exalta o sentimento do cidadão carioca, amenizando um pouco as notícias que chocam os leitores de jornais e noticiários sobre o Rio de Janeiro. Nesta faixa participam ainda Joyce Moreno e Zé Renato (do Boca Livre).

Foto: Nana Moraes

Falando em Joyce Moreno, a cantora e compositora brilha ainda em “Evoé, Nação!”, faixa na qual divide os vocais com Mônica Salmaso. Duas vozes femininas que sempre abrilhantam as canções que ambas interpretam. Joyce e Mônica aliás já haviam participado juntas de um disco lançado em 2015, com textos de Mario Lago musicados por Dori.

O cantor Renato Braz dá voz a “Canto para Mercedes Sosa”, uma bela homenagem a cantora que foi uma das maiores intérpretes da América Latina. E o mais jovem dos convidados é o cantor e compositor João Cavalcanti, na bem humorada “Chato”. A gravação de “Canção Partida” conta com as participações de Ana Rabello no cavaquinho e Julião Pinheiro no violão 7 cordas.

O disco traz lembranças do pai de Dori, Dorival Caymmi, ao utilizar expressões que o velho mestre da MPB usava nas conversas. A sua voz grave e suave segue impecável, assim como o som inconfundível de seu violão. Prosa e Papo é um daqueles lançamentos para ser apreciado por todos que curtem uma MPB de qualidade.


Um carioca vive morrendo de amor


Prosa e Papo


Evoé Nação



sexta-feira, 12 de abril de 2024

.: André Morais chega ao terceiro disco com “Voragem”, por Luiz Otero

André Morais. Foto: divulgação

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


Com 20 anos de carreira, o multiartista paraibano André Morais (ator, diretor, cantor e compositor) está divulgando seu terceiro álbum autoral, intitulado Voragem. As dez canções do disco apresentam o olhar do artista sobre o mundo, contando com as participações de Ney Matogrosso e Fabiana Cozza.

Nesse trabalho, André Morais reafirma sua parceria com a compositora Lucina e abre parcerias com a cantora e compositora paraibana Socorro Lira e com a potiguar Valéria Oliveira, construindo um universo criativo em que a presença do feminino é essencial.

Ney Matogrosso participa de “Cantar e Sangrar”, primeiro single lançado do álbum e um dos destaques desse trabalho. E Fabiana Cozza participa na canção “Pátria” (parceria dele com Valéria Oliveira), proporcionando outro momento interessante.

“Voragem” é um álbum de sonoridade acústica, construído com um olhar da Paraíba e do Nordeste, mas de braços abertos para o mundo. Com produção musical de Helinho Medeiros, pianista e acordeonista paraibano, em parceria com o violonista e professor Pedro Medeiros, “Voragem” tem arranjos construídos de forma coletiva, com a liderança e execução de Helinho (piano acústico e acordeom), Pedro Medeiros (violão, violão de 7 cordas, violão de aço e viola caipira), João Cassiano (Percussões) e Victor Mesquita (baixo acústico).

André Morais e Ney Matogrosso . Foto: divulgação

As canções seguem aquele padrão interessante da nossa MPB, com alguns arranjos inspirados nos ritmos nordestinos. André não tem uma extensão vocal muito grande, mas compensa isso utilizando um tipo de interpretação que intensifica a mensagem das canções. A sua escola como ator deve ter sido fundamental para moldar o cantor, pois ele consegue transmitir a emoção na dose certa, auxiliado pelos ótimos arranjos coletivos feitos pelos músicos da banda de apoio. 

André Morais é um artista com trajetória pavimentada por três pilares fundamentais: a música, o teatro e o cinema. Nascido na cidade de João Pessoa, Paraíba, é autor de canções em parceria com nobres nomes da música popular brasileira como Chico César, Carlos Lyra, Ná Ozzetti, Sueli Costa, Ceumar, Milton Dornellas, Socorro Lira e Seu Pereira. Já cantou e gravou ao lado de nomes como Elza Soares, Ney Matogrosso, Mônica Salmaso, Naná Vasconcelos e Tetê Espíndola. Lançou o seu primeiro álbum, Bruta Flor, em 2011, sendo vencedor do Prêmio Nacional Grão de Música. Seu segundo álbum, Dilacerado, foi eleito um dos 100 melhores lançamentos nacionais de 2015.

No teatro, viajou pelas cinco regiões do país, em mais de 60 cidades, como ator e criador do monólogo “Diário de um Louco”, baseado no conto russo de Nicolai Gogol. No cinema, é diretor e roteirista. Seu primeiro filme, o curta-metragem “Alma”, participou de mais de 20 festivais no Brasil e no exterior. Recebeu o prêmio de Melhor Curta do Festival Latino-Americano de Toronto no Canadá. Seu primeiro longa-metragem como autor e diretor, “Rebento”, estreou em janeiro de 2018 na seleção oficial da Mostra de Cinema de Tiradentes e foi vencedor de 27 prêmios nacionais e internacionais.


Cantar e Sangrar


A Lira Nua


Maré Alta


sexta-feira, 5 de abril de 2024

.: Entrevista: Zé Geraldo, o menestrel folk da MPB

Zé Geraldo. Foto: Paulo Higa/Divulgação

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


Mineiro da Zona da Mata e radicado em São Paulo há vários anos, Zé Geraldo construiu uma carreira que sempre se manteve bem próxima do público.  Mesmo longe da grande mídia, seus shows sempre foram procurados tanto pelos admiradores de seu trabalho como pelos que curtem uma música com mensagens reflexivas e interessantes. Com forte influência da música folk representada principalmente por Bob Dylan, ele conseguiu produzir um repertório que se tornou atemporal, cada vez mais atual. Ele se apresentará com sua banda neste sábado (6) a partir das 20h30 no Sesc Belenzinho, da Capital Paulista. Em entrevista para o Resenhando, Zé Geraldo conta detalhes de sua carreira e como desenvolve sua produção musical. “Minha música é feita com liberdade total”.


Resenhando - Seu estilo de compor é frequentemente associado ao rock rural, mas percebe-se outras influências em seus trabalhos. Quais foram suas referências na música?

Zé Geraldo – A minha primeira influência veio da música caipira tradicional, bem simples em termos de harmonia. Quando cheguei em São Paulo, percebi que essa música tinha algumas semelhanças com o rock. Então, quando comecei a compor e cantar, o saudoso Zé Rodrix falava que eu fazia rock rural. Já o Renato Teixeira dizia que minha música era folk. Aí então assumi essas características da influência do rock dos anos 60 e 70 e do blues, mesclando com a música caipira e, claro, tendo Bob Dylan como referência também.


Resenhando - Seus três primeiros discos contém canções que se tornaram clássicos (Como Diria Dylan, Milho Aos Pombos, etc.) de seu repertório. Essa produção autoral surgiu a cada disco mesmo ou você já tinha esse material produzido antes de grava-lo?

Zé Geraldo – Quando eu lancei meus três primeiros discos pela CBS, eu tinha uma quantidade boa de músicas. Daria até para gravar mais dois discos naquela época. Uma ou outra foi composta naquele momento, mas a maioria eu já tinha realmente pronta na minha sacola de versos.


Resenhando - A indústria da música vem mudando nos últimos anos. Como você analisa o quadro atual para o músico?

Zé Geraldo – Depois dos discos na CBS e dos dois da gravadora Copacabana, em me tornei um artista independente, apesar de ter discos distribuídos pela Gravadora Eldorado, por exemplo. A partir do momento que eu descobri que eu tinha uma legião de admiradores, isso salvou a minha carreira. Eu estava pensando seriamente em parar, depois que as gravadoras passaram a investir para tocar seus lançamentos. Nessa época eu fui deixado de lado. Então, quando percebi que tinha admiradores, virei as costas para o mercado e cai na estrada para levar minha música para o público.


Resenhando - Como funciona o seu processo criativo? O que vem primeiro, melodia ou letra? Ou vem os dois simultaneamente?

Zé Geraldo – Eu não tenho um modelo definido. Às Vezes vem um pedaço de letra que cantarolo ao violão. Na maioria das vezes eu escrevo a letra primeiro. Mas já tive momentos em que a melodia veio antes da letra. Na verdade, não tenho um esquema definido. Minha produção é com liberdade total.


Resenhando - Você também participou de festivais nos anos 70. Ainda há espaço para novos festivais na atualidade?

Zé Geraldo – Sim. Eu acredito que há espaço. Lembro dos festivais das emissoras de TV que foram importantes em suas épocas. Eu sempre aconselho os músicos iniciantes a tocar nos festivais, que ainda são um veículo eficaz de divulgação. Eu sempre procuro tocar em festivais, porque gosto muito daquele ambiente que se cria nesses eventos.


Resenhando - Em um de seus trabalhos tem parceria com o Zeca Baleiro. Fale sobre essa parceria e cite outros parceiros também

Zé Geraldo – O Zeca Baleiro era meu vizinho na Vila Madalena. Minha filha uma vez me disse que eu tinha que conhecer um músico, que veio do Maranhão. Um belo dia ele convidou minha filha para almoçar em casa e disse para me levar junto. Daí nasceu nossa primeira parceria. E já tem uma segunda pronta que lançarei em breve. Ele é um grande amigo e um talento raro na música. Mas tive outros parceiros, como o Mario Marcos, irmão do saudoso Antonio Marcos, o Antonio Porto, músico do Mato Grosso do Sul. Não são muitos parceiros, mas todos eles são muito especiais.


Milho aos Pombos


Como Diria Dylan


Cidadão



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