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sexta-feira, 7 de novembro de 2025

.: #VivoLendo: "22 Clareiras e 1 Abismo", de Marcelo Ariel


Por Vieira Vivo, escritor e ativista cultural.

Falar não é ver
Escutar é ver

Ao mergulhar na transsubstanciação das trajetórias intrinsicamente antagônicas da dialética o livro “22 Clareiras e 1 Abismo” de Marcelo Ariel, publicado pela Editora Letra Selvagem, nos conduz, em um poema-ensaio filosófico, aos emaranhados do aperfeiçoamento do ser através da percepção e da espiritualidade dentro da experiência circular em que os pensamentos fluem ao gerar a materialidade dos entes palpáveis, fomentando a criação e a recriação daquilo que supomos concreto no âmago imaginário dos impulsos criativos.

Submerso neste universo racionalmente paradoxal as palavras movimentam-se no sentido de descaracterizar o discurso lógico dissecando o conceito de tese, antítese e síntese das configurações em que supostamente nos movemos. Essa constante movimentação através do nomadismo poético nos remete à nirvânica contemplação ativa e se faz sob a égide da transcendência dentro de nossa essência em meio à temporalidade ocasional de cada ser.

A leitura atenta nos remete à autossimilaridade de fractais onde cada fragmento do ser interage simetricamente com o todo num processo analítico ultra racional. Gregório de Matos em seu raciocínio pré-cartesiano nos alertava: “Se a parte faz o todo, sendo parte. Não se diga que é parte sendo todo”. Porém, Ariel nos leva muito mais além em sua metodologia, onde fica evidente que “a parte e o todo são o vazio na gênese de um outro plano”. Além disso, ao mentalizarmos o livro numa visão extremamente expandida verificamos que o abismo também comporta clareiras e em cada clareira vinte e dois abismos nos espreitam.



sexta-feira, 31 de outubro de 2025

.: #VivoLendo: Vieira Vivo estreia com "Almas com Fome", de Cláudia Brino


Por Vieira Vivo, escritor e ativista cultural.

"Farejar a carne do universo
e comer o caos."


Cláudia Brino em sua constante, profícua e incansável lide poética nos oferece em “Almas com Fome” a plasticidade da palavra para desnudar o âmago de situações onde o texto submerge em um emaranhado cataclísmico. A atmosfera dos poemas, extremamente densa e convulsa, faz com que caminhemos através da leitura absorvendo seiva e sumo a cada imagem e assim adentrarmos aos nossos próprios labirintos emocionais: "A lágrima que escorre de seu espírito escurece a tarde na pupila do tempo."

Os versos nos apresentam um eficaz, insistente e revelador diálogo onde a obscuridade insípida do cotidiano revela-se desnuda e indefesa ante a constatação concreta da passagem das horas em um ambiente envolto em reticências, omissões e silêncios: "Não há nada mais estranho que ver o espanto pousado na própria face."

Por outro lado, o brado intrínseco na resolução poética revela-nos um súbito e surpreendente sentido direcional para onde a poeta conduz o desfecho sobrepondo-se à imagem gerada no espelho de seu próprio interior: "O medo do poema é ter seu íntimo revelado pelo mais profundo ego."

Cada poema assemelha-se a um oráculo onde a passagem angustiante das horas é dissecada minuciosamente e exposta de forma crua e consistente ante nossos olhos ao trazer à luz da poesia o peso opaco e renitente das incertezas rotineiras e sufocantes das vidas sem perspectivas: "Contemplei a ferida que se estendeu sobre a minha memória."

Há, ainda, à ressaltar o ofício da lapidação dos versos a enaltecer a coloração propícia de cada palavra no intuito de torná-la o guia condutor que desvendará, aos leitores, os mistérios ocultos de seu ímpar universo: Havia uma lágrima nossa na teia suspensa no abismo.


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#VivoLendo #VieiraVivo #CostelasFelinas #AlmasComFome #ClaudiaBrino
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