O Spotify revelou nesta quinta-feira, dia 8, a data de estreia da tão aguardada áudio série original Paciente 63. A envolvente história entre a psiquiatra Elisa Amaral e seu misterioso paciente será lançada no dia 22 de julho, grátis, exclusivamente no serviço. "Paciente 63" conta com as vozes protagonistas de Seu Jorge e Mel Lisboa e tem roteiro original de Julio Rojas.
Na nova áudio série de ficção científica "Paciente 63", Mel Lisboa é Elisa Amaral, uma psiquiatra que grava as sessões de um enigmático paciente. Seu Jorge dá voz a esse paciente, registrado como "Paciente 63", que diz ser um viajante no tempo. O que começa como sessões terapêuticas de rotina se transforma rapidamente em um relato que ameaça as fronteiras do possível e do real. Uma história que transita entre o futuro e o passado de dois personagens que podem ter nas mãos o futuro da humanidade. "Paciente 63" é um podcast Original Spotify e estreia dia 22 de julho, grátis, no Spotify.
Ficha técnica: "Paciente 63" Criada por: Julio Rojas Adaptada por: Ultrassom Elenco: Mel Lisboa, Seu Jorge Vozes adicionais: Veridiana Toledo, Heitor Goldflus, Nelson Baskerville, Marcelo Galdino, Clara Carvalho, Rafael Maia e Lavinia Lorenzon Produtores executivos: Flavia Feffer e Ruben Feffer Tradução, adaptação de roteiros e direção de voz: Gustavo Kurlat Edição, mixagem e desenho de som: Francisco Tapia, Alejandro Parada e Alex Vilches Música original: Mowat Identidade visual: Hueso
Recentemente, as autoras Bila Sorj e Verônica Toste participaram do lançamento virtual do livro "Clássicas do Pensamento Social" na livraria Gato Sem Rabo. Situada no centro de São Paulo, a loja aprecia e distribui escritos de mulheres, sendo elas também o centro do debate. O encontro aconteceu no canal do YouTube da livraria e marcou um momento importante.
O livro é uma coletânea de textos de oito pensadoras, de diferentes localidades, entre os séculos XIX e XX, que obtiveram nenhuma ou pouca circulação no Brasil. "Clássicas do Pensamento Social"responde, em primeiro lugar, a uma necessidade histórica: recuperar para o cânone das ciências sociais as ideias, a visão crítica e as elaborações teóricas de mulheres que não entraram para a história do pensamento social, cuja bibliografia, como acontece em tantas outras áreas de saber, é formada apenas por homens.
Em provocação (e certa ironia), as organizadoras Bila Sorj e Verônica Tostetecem comentários e, ao mesmo tempo, questionam o que define um “clássico”, retirando da marginalidade mulheres cientistas sociais ainda hoje muito relevantes. As autoras retomadas em "Clássicas do Pensamento Social"- Harriet Martineau, Anna Julia Cooper, Pandita Ramabai Sarasvati, Charlotte Perkins Gilman, Olive Schreiner, Alexandra Kollontai, Ercília Nogueira Cobra e Alfonsina Storni - viveram entre o final do século XIX e o início do século XX.
São herdeiras dos ideais das mulheres que estiveram na revolução francesa lutando por cidadania e que foram precursoras das sufragistas, que conquistaram o direito ao voto. "Clássicas do Pensamento Social" exerce com maestria uma espécie de arqueologia epistêmica dessas mulheres que, mesmo atuando na periferia do saber, conseguiram enfrentar os imensos obstáculos de seu tempo, mas ficaram à margem.
Montada em 2015, a peça de Ana Cecília Costa, com direção de Elias Andreato, é uma adaptação do premiado texto "A Língua em Pedaços" do espanhol Juan Mayorga.Ana Cecília Costa. Foto: Laercio Luz.
A vida de Santa Teresa d’Ávila (1515-1582) interpretada por Ana Cecília Costa no espetáculo "A Língua em Pedaços", e a relação entre duas mulheres sobreviventes de um planeta corroído pela peste e pelas queimadas, vividas em cena por Lilan Blanc e Tuna Dwek, no espetáculo "Amanhã Eu Vou", estão na 1ª Mostra de Teatro On-Line APTI nos dias 17 e 18 de julho. As montagens ficarão disponíveis on demand, ou seja, ao adquirir o ingresso, o espectador pode de acessar a exibição a qualquer momento.
Montada em 2015, a peça de Ana Cecília Costa, com direção de Elias Andreato, é uma adaptação do premiado texto "A Língua em Pedaços" do espanhol Juan Mayorga. A trama mostra um fictício embate entre a monja carmelita e o Inquisidor (Joca Andreazza), que a acusa de subversão e heresia. Além de mística e poeta, Teresa d’Ávila foi uma mulher de ação, fundando 17 conventos de Carmelitas Descalças em toda Espanha. Santa Teresa d’Ávila é patrona dos escritores de língua espanhola e considerada um dos maiores patrimônios culturais da Espanha. Sua autobiografia "Livro da Vida" é o clássico literário mais lido neste país depois de "Dom Quixote", de Miguel de Cervantes.
Lilan Blanc e Tuna Dwek, no espetáculo "Amanhã Eu Vou". Foto: Priscila Prade
Escrita por Clóvys Torres especialmente para as atrizes Lilan Blanc e Tuna Dwek que são dirigidas por Cristina Cavalcanti no espetáculo "Amanhã Eu Vou", a montagem apresenta duas mulheres, únicas sobreviventes de um planeta totalmente corroído pela peste e pelas queimadas. Elas dependem uma da outra para continuarem a viver, mesmo sendo de temperamentos opostos: uma sonha e idealiza um futuro, enquanto a outra nem dorme e deseja sair daquele lugar inóspito; elas conversam sobre a vida, ou a falta de vida. Um jogo de memória que lhes garante a sobrevivência até o dia seguinte e assim vão, sucessivamente num delicioso jogo teatral entre delírios e realidade.
A 1ª Mostra de Teatro On-Line APTI é uma iniciativa da APTI-Associação de Produtores Teatrais Independentes para arrecadar dinheiro para o Fundo Marlene Colé, que vem apoiando os profissionais das artes cênicas. Desde o dia 15 de maio, a mostra apresenta espetáculos com toda bilheteria revertida para a campanha que irá auxiliar as mais de 30 mil famílias de profissionais da cultura, do Estado de São Paulo, afetados pela pandemia. A campanha termina no dia 1º de agosto, com uma sessão especial de "Alma Despejada", com Irene Ravache.
Sobre Marlene Colé A carreira de Marlene Colé nas artes começou cedo. Ainda jovem integrou o Grupo de danças folclóricas de Solano Trindade, fundado nos anos 70 em Embú das Artes, e mais adiante se tornou cantora da noite, tendo participado do show da inauguração do Teatro Nacional em Brasília.
De origem humilde, com o passar dos anos, para se sustentar começou sua carreira como camareira e nessa atividade trabalhou para uma legião de atores, atrizes e produções teatrais pelo Brasil a fora. Quando morreu, em 2016, fazia parte da equipe de camareiras do Teatro Municipal de São Paulo, além de trabalhar em outras produções.
Marlene Colé não tinha parentes. E quando faleceu tinha alguns recursos em sua conta bancária, fruto de suas economias. Um grupo de amigos solidários de Marlene, entre artistas e técnicos que conviveram com ela, resolveu criar, com esses recursos o FUNDO MARLENE COLÉ, para apoiar artistas e técnicos que estivessem passando por necessidades, honrando assim o nome de Marlene que sempre foi muito preocupada em ajudar o próximo.
Atualmente A gestão do Fundo Marlene Colé está a cargo da APTI-Associação de Produtores Teatrais Independentes, com sede na Capital Paulista e conta com as instituições SATED-SP (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Estado de São Paulo), Cooperativa Paulista de Teatro e Coletivos de Circo, a parceria com a APTR (Associação de Produtores Teatrais) e o apoio do Artigo 5º, Sympla, Lista Fortes Brasil e Unibes.
Serviço: 1ª Mostra de Teatro Online APTI Dias 17 e 18 de julho – On demand
"A Língua em Pedaços" Texto: Juan Mayorga. Direção: Elias Andreato. Com Ana Cecília Costa e Joca Andreazza.
"Amanhã Eu Vou" Texto: Clovys Torres. Direção: Cristina Cavalcanti. Com Lilan Blanc e Tuna Dwek Ingressos: R$ 25, R$ 50 e R$ 100 (o cliente escolhe quanto quer pagar) Vendas: www.apti.org.br/mostra-de-teatro
O filme “Luca” estreou no dia 18 de junho no Disney+. A produção tem a cultura e gastronomia da Itália como cenário. Quando a gente assiste, dá vontade de viajar para a Itália e comer um delicioso macarrão. Pensando nisso, separamos essa receitinha abaixo de um dos pratos que aparece na animação: o Macarrão ao Pesto.
Ambientada em uma bela cidade litorânea da Itália, a nova animação da Pixar e Disney, “Luca” - disponível no Disney+ - traz cenas de dar água na boca com a culinária típica italiana presente em diversos momentos do filme, como o clássico gelato e, claro, o tradicional Trenette al Pesto – mais conhecido no Brasil como Macarrão ao Pesto. É impossível não ficar com vontade! Por isso, preparamos uma receita inspirada no filme. Confira abaixo. Mãos na massa e buon apetito!
Ingredientes:
- Para a massa:
500g de trenette (ou qualquer massa que você goste) 100g de vagem cortada em pedaços 1 batata grande cortadas em cubos
- Para o molho pesto:
45 folhas ou 50g de manjericão genovês 2 dentes de alho 1 pitada de sal grosso 2 colheres de sopa de queijo parmesão ralado 2 colheres de sopa de queijo pecorino ralado 30g de nozes 1/2 copo ou 100ml de azeite de oliva extra virgem
Modo de preparo:
- Coloque o manjericão e o alho em um pilão com uma pitada de sal grosso e triture, se preferir use um processador de alimentos - Adicione lentamente o azeite - A seguir adicione as nozes, o parmesão e o pecorino ralado - A consistência deverá ser de um creme denso, se precisar, adicione mais um pouco de azeite - Não cozinhe o manjericão, se estiver usando um processador, cuidado para não aquecer os ingredientes - Ferva a água para o macarrão e quando ferver, adicione uma pitada de sal grosso - Adicione o macarrão, a vagem e a batata - Escorra a massa quando estiver cozida, mas ainda "al dente" - Guarde um pouco da água do cozimento para o molho - Coloque o pesto no fundo do prato - Adicione algumas colheres da água do macarrão ao pesto - Adicione o macarrão ao prato e misture bem
O episódio do clarão e do zunido em altos decibéis estava
praticamente esquecido na mente de Samantha. Enquanto observava Sam fazer um
lanchinho de guloseimas diversas, como se não houvesse amanhã, Lolita estava
num turbilhão interno, pensando mil e uma coisas. E o último item da lista era
justamente aquela aparição. Vendo a tranquilidade no olhar de Samantha, Lola decidiu
tirar o pensamento da figura confusa que se formou diante dos olhos dela.
Meia hora depois, na Agência Winsherburg, o ambiente de
trabalho era descontraído e totalmente calmo. Em busca de inspiração para a
escrita, as gêmeas ouviam, em som ambiente, no modo repetição, o álbum “Never
Gone”, dos Backstreet Boys que era da mãe delas quando jovem. Lola e Sam eram
meninas vintage. Curtiam ter tudo o
que a modernidade e a tecnologia ofereciam, mas sem largar o que amavam, ainda
que, de certa forma fosse visto como obsoleto. Lá, no escritório, o antigo aparelho
de som em uso ainda era um daqueles com leitor de CD. Fora presente de
aniversário das meninas, quando ainda eram pequetitas, dado pelos avós
paternos.
Sam ainda beliscava um docinho trazido por ela da Cafeteria
Dollywood ao perguntar para Lola:
E o caso da Rua
Bolívia? Encontrou algo interessante para começarmos o roteiro para “Minutos de
medo”?
Antes que surgisse a resposta, o telefone tocou, mas um som
agudo, saído do som, sobrepôs até mesmo a música por completo...
Lola tomou um grande susto, mas rapidamente percebeu que só
precisava mexer um pouco no fio do aparelho por estar com mal contato pelo
envelhecimento.
- Precisamos comprar outro cabo, Sam!
Samantha e Lolita tinham apoio do primo Apollo, professor de
Língua Inglesa no “Cursinho Valença”. Ele era o braço direito das duas e
trabalhava com elas na camaradagem, uma vez que manter o aluguel da salinha
comercial estava muito pesado, por conta da pandemia de Covid-19. Os trabalhos congelaram
por pelo menos três meses, menos as contas que continuaram chegando
assiduamente. Para resolver a situação prestes a virar periclitante, Lola e Sam
tinham o plano de buscar um sócio para a Agência.
Eis que Apollo, prestes a entrar no escritório, bem antes de
desejar “boa tarde” para as duas, tropeçou no tapetinho da entrada. Resmungou
algo que nenhuma das gêmeas entenderam, mas foi o suficiente para que Lola e
Sam trocassem olhares e soubessem de quem se tratava.
- É o Apollo! – falaram juntas em meio a gargalhadas.
Ao abrir a porta, Apollo lançou um sorriso para as duas e deu
o habitual cumprimento cheio de entusiasmo e com maior entonação do que o
habitual.
- Boa tarde, primo!, respondeu Sam.
- Tudo bem, Apollo? Percebi que já chegou se embolando no capacho
da entrada, né?, brincou Lola com a voz bastante sarcástica.
- Foi mal, meninas! Cheguei atrapalhado, mas trago coisa boa.
Supimpa!
Sem conseguir segurar a empolgação, Apollo revela ter
conversado com um amigo de longa data, da Universidade Santa Clara, com quem
havia estudado há alguns anos.
- Esse bro não é fã
de redes sociais. Acredita que teve o Orkut, na época, e agora usa, tipo que
por obrigação, o WhatsApp?
As meninas acabaram trocando olhares por não entenderam bem onde
essa conversa prometia chegar, até que Apollo parte para o fim da história.
- Primas, vou resumir: o cara, meu amigo Helder Lee, disse
que quer ser sócio da Agência de Roteiros Winsherburgs! Ele é muito influente,
tem conhecimento. Vocês sabem, né? Fora que ele tem nome. Tudo pode melhorar e
não corremos mais o risco de, em último caso, trabalhar num quartinho pequeno na
casa da tia Ellen.
As Winsherburgs adoravam blockbusters
e sabiam muito bem que Helder foi o roteirista de recentes produções de sucesso
absoluto como "Loucamente em fuga", “Para sempre Bela, sem a Fera” e
"Ariel em perigo".
- Ele é muito famoso!, gritou Sam de modo esfuziante. E logo fez
uma correção: - O texto dele!
Boquiabertas, a duas se abraçaram com os olhos cheios de
lágrimas, enquanto Apollo, com um afago, se juntou no abraço. Após beijar a
testa delas, disse como quem está em paz:
- Encontrei o sócio que precisávamos!
Assim que Apollo terminou a fala, Lola sentiu um arrepio na
espinha.
Um vento forte fez a janela abrir bruscamente, levando todos
os papeis que estavam empilhados na mesa do escritório para o chão. Foi quando
Sam gritou abrindo os braços:
- Vento, ventania, me leve para os quatro cantos do mundo!
***
Na escola, quando Mary fazia com a amiga a aula optativa do
dia que era sobre a História da Humanidade.
- Amiga, estou empolgada por causa dessa aula de História. Não
vejo a hora de chegar em casa para pesquisar no computador sobre a relação
entre os neandertais e o homo sapiens. Só de saber que os neandertais não foram
dizimados pelo homo sapiens e só estavam em menor quantidade, é algo surreal.
Na verdade, eles até se envolveram com os homo sapiens, mas não resistiram por
muito tempo aqui na Terra.
Tarissa, amiga de Mary sorriu e suspirou antes de dizer
baixinho:
- Amiga, você tem
que usar seu interesse para ganhar dinheiro!
- Caraca! Os meus
dados móveis acabaram justamente agora!, gritou
Mary extremamente empolgada enquanto bateu a mão direita na mesa e foi baixando
o tom da fala por perceber onde ainda estava.
O professor Cláudio, mesmo estando na outra ponta da sala repreendeu
a dupla:
- As duas aí... Que gritaria é essa?
Todos na sala olharam para elas. Se existisse um buraco de
tamanho suficiente para elas enfiarem as suas cabeças, seria pra lá de
bem-vindo. O mais insano é que Mary conversava com Tarissa, mas sobre o
conteúdo da aula. Mas, quem iria acreditar, né?!
Cláudio aproveitou o silêncio constrangedor e avisou: - Vocês
têm cinco minutinhos para guardar o material. Nosso encontro de hoje fica por aqui.
Os estudantes da
única sala de 1º ano do Ensino Médio do Colégio Santa Helena ficaram a postos,
ansiosos para serem liberados, mas Mary permaneceu parada olhando fixamente
para a pedra que tinha pegado lá na Agência das irmãs.
*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura, licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos e formada em Pedagogia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Twitter: @maryellenfsm
Nesta quarta-feira, dia 14, Camila dos Anjos e Iuri Santana apresentam direto do Sesc Santo André o espetáculo "A Catástrofe do Sucesso". A obra é resultado de uma pesquisa sobre a vida e a obra de Tennessee Williams. Foto: Bob Souza
Há pouco mais de um ano no ar, o #EmCasaComSesc segue em 2021 com uma programação diversificada de espetáculos ao vivo na internet. São shows, apresentações de teatro e dança, e espetáculos para crianças e famílias, sempre mesclando artistas e companhias consagrados no cenário brasileiro com novos talentos. As transmissões acontecem de terça a domingo, às 19h, no Instagram Sesc Ao Vivo - instagram.com/sescaovivo - e no YouTube Sesc São Paulo - youtube.com/sescsp - exceto a apresentação para crianças, aos sábados, que ocorre às 15h .
Parte das transmissões é realizada diretamente das unidades do Sesc São Paulo, sem presença do público no local e seguindo todos os protocolos de segurança de prevenção à Covid-19. Além disso, as apresentações também são transmitidas da casa ou do estúdio de trabalho dos artistas. Tudo em conformidade com as medidas estipuladas pelo Plano São Paulo.
Nesta quarta-feira, dia 14, a programação Teatro #EmCasaComSesc recebe Camila dos Anjos e Iuri Santana com o espetáculo "A Catástrofe do Sucesso". Resultado de uma pesquisa sobre a vida e a obra de Tennessee Williams (1911-1983), a montagem, que tem direção de Marco Antônio Pâmio, é composta dos textos "Mister Paradise" e "Fala Comigo Como a Chuva e Me Deixa Escutar" e do artigo autobiográfico "A Catástrofe do Sucesso", todos do dramaturgo norte-americano.
A peça marca a continuidade da parceria de Camila dos Anjos e Marco Antônio Pâmio, que em 2014 montaram "Propriedades Condenadas" - união de dois textos curtos de Williams: "Esta Propriedade Está Condenada" e "Por Que Você Fuma Tanto, Lily?". Em "A Catástrofe do Sucesso", a dupla optou por exibir as peças na íntegra e em sequência, entremeadas por trechos do artigo de Tennessee Williams. Os textos, escritos entre as décadas de 1930 e 1950, se mostram contemporâneos e pertinentes aos dias de hoje.
Em "Fala Comigo Como a Chuva e Me Deixa Escutar", primeira parte da peça, um homem e uma mulher mantêm uma relação distante, em um quarto mobiliado na Oitava Avenida de Manhattan. A situação em que vivem é precária e sem esperança de mudança. Ele começa a narrar para ela o pouco que recorda da noite anterior e propõe uma reaproximação. Para confrontar a solidão de seu presente, a mulher começa, em uma espécie de transe, a narrar um futuro repleto de situações que não acontecerão. Em sua imaginação, ela se registrará sob um nome falso, em um pequeno hotel da costa, onde envelhecerá sem nenhum tipo de contato social.
Já "Mister Paradise" fala de uma garota que encontra em um antiquário um livrinho de versos que servia como calço para uma mesa. Encantada com a poesia contida na obra, ela começa a escrever cartas para o autor. Não obtendo resposta, decide ir até a residência de Mister Paradise, o autor do livro, com o objetivo de conhecê-lo e de resgatar sua obra esquecida. Há um embate entre eles, pois Mister Paradise é extremamente descrente em relação ao poder que a arte pode exercer na sociedade atual. Após a apresentação, o diretor e o elenco participam de um bate-papo com o público. Classificação indicativa: 16 anos.
#EmCasaComSesc em 2020 A série #EmCasaComSesc teve início em abril de 2020, com um conjunto de transmissões ao vivo das linguagens artísticas de Música, Teatro e Dança, espetáculos para Crianças e atividades do Esporte - que somaram 13,5 milhões de visualizações, até dezembro do ano passado, no total de 434 espetáculos. Para conferir ou revisitar o acervo completo disponível, acesse: youtube.com/sescsp.
+Ação urgente contra a fome Com o objetivo de ampliar a rede de solidariedade para levar comida às pessoas em situação de vulnerabilidade social, o Sesc São Paulo, em parceria com o Senac São Paulo, realiza campanha de arrecadação de alimentos não perecíveis nas unidades do Sesc e Senac em todo o estado. São mais 100 pontos de coleta na capital, região metropolitana, interior e litoral. As doações são distribuídas às instituições sociais parceiras do Mesa Brasil Sesc, que repassam os itens para as 120 mil famílias assistidas.
A Ação Urgente contra a Fome é uma iniciativa do Sesc São Paulo, por intermédio do Mesa Brasil Sesc, programa criado pela instituição há 26 anos que busca alimentos onde sobra para distribuir aos lugares em que falta. O que doar: alimentos não perecíveis como arroz, feijão, leite em pó, óleo, fubá, sardinha em lata, macarrão, molho de tomate, farinha de milho e farinha de mandioca. O Sesc conscientiza a população sobre importância da doação responsável, com itens de qualidade e dentro da validade. Saiba +: sescsp.org.br/doemesabrasil.
Mesa Brasil Sesc São Paulo Paralelamente à campanha Ação Urgente contra Fome, a rede de solidariedade que une empresas doadoras e instituições sociais cadastradas segue suas atividades, buscando onde sobra e entregando em lugares onde falta, contribuindo para a redução da condição de insegurança alimentar de crianças, jovens, adultos e idosos e a diminuição do desperdício de alimentos.
Hoje, dezenove unidades do Sesc no estado - na capital, interior e litoral - operam o Mesa Brasil. As equipes responsáveis pela coleta e entrega diária de alimentos foram especialmente capacitadas para os protocolos de prevenção à Covid-19, com todas as informações e equipamentos de proteção individuais e coletivos necessários para evitar o contágio.
Até dia 15 de agosto, o MASP apresenta a "Sala de Vídeo: Regina Vater". Nela, a instalação "Conselhos de Uma Lagarta" (1976), de Regina Vater, uma das pioneiras da videoarte no Brasil, será remontada. Neste trabalho, um dos mais icônicos da artista, Vater intercala sua imagem, filmada durante meses no mesmo ponto de sua casa, com trechos do livro "Alice no País das Maravilhas" em que a protagonista e a lagarta conversam sobre a passagem do tempo e as transformações do corpo.
"A instalação se conecta especialmente a este contexto particular de mais de uma ano de vida pandêmica, em que nos comunicamos e nos vemos regularmente por meio de chamadas em vídeo, colocando duas telas para dialogar frente a frente no espaço expositivo", comenta Guilherme Giufrida, curador da mostra. Também são mostrados os dois vídeos da série "ART" (1978), "Vídeo ART e ARTropophagy", um dos marcos da arte conceitual brasileira.
Ao longo de 2021 e de 2022, a programação da sala de vídeo integra o ciclo das "Histórias Brasileiras no MASP", e este ano inclui trabalhos de Ana Pi, Teto Preto, Regina Vater, Zahy Guajajara e Dominique Gonzalez-Foerster.
Por motivos alheios à vontade da escritora Adriana Lisboa e da professora Ana Beatriz Demarchi Barel, o Encontro com Escritores: outros olhares, programado para o próximo dia 28 de julho, 17 horas, precisou ser cancelado, sem data prevista para sua realização. Atualizado em 21 de julho de 2021.
O mês de julho tem uma série de atividades culturais imperdíveis. Um encontro com a premiada escritora Adriana Lisboa, um curso que coloca em pauta a relevância e a visibilidade dos intelectuais negros brasileiros, além de palestra e um bate-papo com artistas contemporâneos. Todas as atividades são online e gratuitas. É só se inscrever no site da Casa Museu Ema Klabin. Foto: Graça Castanheira
Julho vem repleto de atividades culturais na Casa Museu Ema Klabin. O programa "Encontros com Escritores: Outros Olhares" promove lives com grandes nomes da literatura. A convidada de julho é a escritora Adriana Lisboa, ganhadora do Prêmio Moinho Santista pelo conjunto da obra, com livros traduzidos em mais de 20 países.
Além do encontro literário, a programação traz curso e palestra com assuntos relevantes. Para falar da visibilidade dos intelectuais negros brasileiros, a casa museu realiza o curso “Nativismo Negro - Intelectuais e Artistas Negros no Pós-abolição”.
Quem adora arte não pode perder o encontro Arte-papo que dá voz aos artistas contemporâneos em um bate-papo descontraído. Em julho, o tema abordado será “artes em tempos de exceção”. A programação contará ainda com a palestra “Exposições, Museus e Periferias: Diálogos”. Todos os eventos são online e gratuitos e as inscrições já podem ser realizadas no site do museu: http://emaklabin.org.br/.
A palestra, o curso e o ciclo de encontros com escritores têm apoio cultural da plataforma Benfeitoria e da Sitawi, no âmbito do projeto Digitalização da Coleção Ema Klabin - Matchfunding BNDES+ 2020. Já o Programa Arte-papo tem apoio cultural do Governo do Estado de São Paulo, por meio do ProAC ICMS da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, e patrocínio da Klabin S.A. Confira :
Curso "Nativismo Negro - Intelectuais e Artistas Negros no Pós-abolição" Uma das principais novidades do debate público brasileiro tem sido a relevância e a visibilidade dos intelectuais negros brasileiros. O eurocentrismo do currículo pedagógico das escolas e universidades, a importância de uma literatura autoproclamada negra e periférica, o boom do feminismo negro, bem como a republicação de autores como Abdias do Nascimento, Lélia Gonzales, Beatriz Nascimento, Clóvis Mourae Maria Carolina de Jesus por grandes editoras brasileiras são evidências desse processo. Entretanto, o conhecimento da história intelectual dos negros brasileiros ainda é bastante restrito ao período atual e à segunda metade do século vinte. O curso ministrado por Matheus Gato de Jesus, professor do Departamento de Sociologia (Unicamp) pretende enfrentar essa lacuna abordando a trajetória social e obras de autores negros brasileiros. Dias 10, 17 e 24 de julho, das 11h às 13h30. 95 vagas. Gratuito*. Plataforma Zoom.
Arte-papo - Processos Criativos em Tempos de Exceção O programa Arte-papo promove encontros com conceituados artistas contemporâneos. Em julho, os professores e artistas Júnior Suci e Sergio Niculitcheff conversam sobre os seus processos criativos em períodos de restrição social. Doutorando em Artes Visuais (Unicamp), Júnior Suci é ganhador, entre outros, do prêmio Funarte de Arte Contemporânea pela mostra coletiva The Letter (Funarte/MG). Possui obras em acervos do MAC USP/SP, Sesc/AP e Museu de Arte Contemporânea de Campo Grande/MS. Sergio Niculitcheff atua há mais de trinta anos como pintor realizando exposições no Brasil e no exterior. Desde 2014 leciona no Instituto de Artes da Unicamp. Dia 15 de julho, das 17h às 18h. 95 vagas. Gratuito*. Plataforma Zoom.
"Encontros com Escritores: Outros Olhares" - Adriana Lisboa A Casa Museu Ema Klabin recebe a escritora e tradutora brasileira Adriana Lisboa, premiada e traduzida em diversos idiomas. Romancista, poeta, contista e tradutora, Adriana é autora, entre outros livros, dos romances "Sinfonia em Branco" (Prêmio José Saramago), "Um Beijo de Colombina", "Rakushisha", "Azul Corvo", "Hanói"e "Todos os Santos". Publicou também algumas obras para crianças, como"Língua de Trapos" e "Contos Populares Japoneses", ambos premiados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Com curadoria e mediação de Ana Beatriz Demarchi Barel, o encontro tem como objetivo estimular a leitura e proporcionar o contato do público com temas e obras relevantes que registram múltiplas perspectivas narrativas da nossa realidade. Dia 28 de julho de 2021, das 17h às 18h30. 95 vagas. Gratuito*. Plataforma Zoom.
Palestra: "Exposições, Museus e Periferias: Diálogos" A palestra ministrada pela doutora Mirtes Marins de Oliveira, pesquisadora colaboradora na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), apresentará museus e exposições em seu papel na experiência colonial e na lógica da colonialidade. Como parte das reflexões sobre museus e exposições, serão analisadas experiências em instituições tradicionalmente estabelecidas e em museus comunitários, tal como outras experiências culturais e suas contestações de abordagens e formatos hegemônicos. Dia 31 de julho de 2021, das 11h às 12h30. 95 vagas. Gratuito*. Plataforma Zoom.
Inscrições: http://emaklabin.org.br/ *Como em todos os nossos eventos gratuitos, a entidade convida quem aprecia a Casa Museu Ema Klabin a contribuir para a manutenção das atividades a apoiar com uma doação voluntária no site.
Iniciativa homenageia escritora falecida no ano passado e incentiva a produção literária, em meio à deterioração do estímulo à cultura no Brasil. Foto: Divulgação/Academia Paulista de Letras
A União Brasileira de Escritores lança o Prêmio UBE de Literatura - Concurso de Contos Anna Maria Martins - 2021, de abrangência nacional, que contempla textos inéditos do gênero. Os objetivos são promover e valorizar a cultura e estimular a produção literária, bem como reconhecer o trabalho de autoras e autores nacionais, estreantes ou não. As inscrições podem ser feitas até 31 de agosto próximo, no site https://www.ube.org.br/home.php, no qual o regulamento também pode ser consultado na íntegra.
Premiação A UBE, em meio à crise econômica pela qual o País passa, decidiu que os prêmios concedidos aos vencedores do Concurso de Contos Anna Maria Martins serão os seguintes: o primeiro colocado terá a participação, como entrevistado/a, na "Terça Literária", promovida e realizada semanalmente pela UBE, uma resenha do conto veiculada no Jornal UBE e publicação, nas mídias sociais da entidade, de post com perfil pessoal/profissional; o segundo terá resenha do texto publicada no Jornal UBE e perfil nas redes sociais; e o terceiro, post nas mídias sociais.
Além disso, serão publicados em livro os melhores trabalhos selecionados, no limite máximo de 15, com os três primeiros contos abrindo a publicação. Breves biografias de autoras e autores completarão a antologia do prêmio, a ser publicada pela editora Laranja Original. O cronograma do concurso é o seguinte: inscrições até 31 de agosto de 2021; seleção dos textos até 30 de setembro; resultados até 15 de outubro.
A cerimônia de entrega e o lançamento da antologia serão agendados até o final de 2021. Não haverá quaisquer despesas ou taxas por parte dos participantes. As escritoras e escritores selecionados receberão gratuitamente, pelos Correios, cinco exemplares da antologia, a título de direito autoral. O regulamento, na íntegra, pode ser encontrado no site da entidade.
Uma justa homenagem "Anna Maria Martins foi uma grande tradutora e escritora e, acima de tudo, alguém que trabalhou pela literatura de São Paulo e do Brasil como poucos", lembra Cássia Janeiro, presidente da Comissão Organizadora do concurso. Participou de diversas atividades da União Brasileira de Escritores e atuou intensamente em cargos da Diretoria da entidade: como 2ª Secretária, de 1986 a 1988; e como 2ª. Vice-Presidente, em mandatos sucessivos entre 1994 e 2006. "É uma justíssima homenagem que a UBE presta a ela, que se foi em 26 de dezembro de 2020, aos 96 anos", conclui.
Sobre a UBE A União Brasileira de Escritores (UBE) foi fundada em 17 de janeiro de 1958, numa fusão da seção paulista da Associação Brasileira de Escritores e da Sociedade Paulista de Escritores. Sucedeu a Sociedade dos Escritores Brasileiros, primeira entidade do setor, criada em 14 de março de 1942, por Mário de Andrade e Sérgio Milliet. Sua sede localiza-se na cidade de São Paulo, mas sua representatividade é nacional. Suas principais finalidades são a defesa da liberdade de expressão e dos direitos autorais e demais prerrogativas dos autores, difusão da cultura e democratização do acesso à informação.
Cristina Serralançou o livro "Entrevista" (Kotter Editorial). São 12 entrevistas com romancistas e poetas brasileiros, feitas nos anos 1980, quando trabalhou para o periódico Leia, especializado em literatura e mercado editorial. É um reencontro da experiente jornalista - que passou pelas redações de veículos de comunicação como os jornais Resistência, Tribuna da Imprensa, Leia, Jornal do Brasil, da revista Veja e da Rede Globo - com a repórter de 22 anos em início de carreira.
Na TV, foi repórter de política em Brasília, correspondente em Nova York e comentarista do quadro “Meninas do Jô”, no Programa do Jô. Em 2015, foi escalada para a cobertura do desastre em Mariana, pelo Fantástico. Como escritora, lançou os livros ““Tragédia em Mariana – A História do Maior Desastre Ambiental do Brasil” e “ A Mata Atlântica e o Mico-leão-dourado: uma história de conservação”. Atualmente é colunista do jornal Folha de S.Paulo.
No livro "Entrevista", ela faz uma introdução a cada um das conversas, reconstitui como as conseguiu, como foi a receptividade dos autores com a jovem repórter em começo de carreira, as impressões que absorveu em cada encontro e que ficaram registradas em anotações guardadas até hoje no arquivo da jornalista.
Cristina conseguiu retirar declarações contundentes dos entrevistados a respeito de processos criativos, método de trabalho sobre a literatura e o Brasil. Carlos Drummond sobre a poesia: "São meus problemas, meus dramas, os meus sequestros, os meus complexos, a minha dificuldade de adaptação à vida, todo esse sofrimento”. Mário Quintana afirma que “poesia não deixa de ser uma forma de falar sozinho”. Gullar diz que “poesia só tem um sentido: mudar as coisas”. Jorge Amado conta que escrevia todos os dias até às 10h da manhã porque depois desse horário começava a “emburrecer”.
Como surgiu a ideia de lançar um livro de entrevistas? Cristina Serra - Esse livro era uma ideia antiga que, finalmente, consegui realizar. As entrevistas foram feitas na década de 1980, quando eu era repórter do jornal mensal Leia, especializado em literatura e mercado editorial. Na época, entrevistei alguns dos mais importantes autores brasileiros. Foram entrevistas longas, abordando o processo criativo deles, como construíam suas obras, como surgiam as ideias para um romance ou um poema. Sempre achei que eram testemunhos importantes e que mereciam estar num livro. Guardei essa ideia por muito tempo até que, na pandemia, tive tempo para revisar as entrevistas e escrever uma introdução para cada uma delas, contando como foi que aconteceram. Selecionei 12 entrevistas que tem uma característica comum: são muito reveladoras da obra e do método de trabalho desses autores.
Qual das entrevistas você tem mais prazer em fazer, por quê?
Cristina Serra - Todas foram muito importantes, são de autores que eu já admirava muito. Cada um tem uma personalidade e uma obra única. Mas eu diria que as entrevistas com os poetas são muito especiais. Para mim, a criação e a escrita poética são um mistério. Ouvir - e agora reler - Drummond. Cabral, Gullar e Quintana falando desse mistério é algo que me emociona sempre.
E qual das entrevistas mais a surpreendeu positivamente?
Cristina Serra - Como eu disse, para mim todas são importantes porque revelam a obra de autores fundamentais da nossa literatura. Mas eu destacaria três entrevistas que são bastante reveladoras: Drummond, Cabral e a chilena Isabel Allende, aliás a única estrangeira dessa seleção. Acho que tive muita sorte de ter bastante tempo com eles, são entrevistas longas, em que eles refletiram de maneira muito profunda sobre sua obra e método de trabalho. Foram muito pacientes e generosos para responder todas as minhas perguntas com tanta profundidade.
Revisirando os textos, tem alguma questão que gostaria de ter feito aos autores e não fez?
Cristina Serra - Eu gosto das entrevistas do jeito que elas são. Mas a obra desses autores é tão vasta, linda e complexa que se eu tivesse tido a oportunidade de fazer outras entrevistas com eles, cada entrevista seria diferente tal a riqueza da criação literária deles.
Se pudesse recomendar apenas uma das entrevistas, qual seria e por quê?
Cristina Serra - Impossível. Recomendo que leio todas. Cada entrevista é um universo criativo, literário e intelectual único e incomparável.
Nos textos publicados no livro, há entrevistas de mais de 30 anos. Qual a principal diferença entre a reporter que fez os textos na época e a escritora que os publicou agora?
Cristina Serra - Refleti muito sobre isso ao revisar as entrevistas. Esse livro é um reencontro com a repórter de 22 anos em começo de carreira. Como eu disse, eu gosto muito das entrevistas e, sinceramente, acho que mostram uma maturidade precoce daquela jovem repórter. Mas acho também que se fosse entrevistá-los hoje acrescentaria outras perguntas porque, certamente, a minha maturidade me dá um entendimento e uma percepção ainda maior da obra desses autores absolutamente fundamentais da cultura brasileira.
Há outras entrevistas que ficaram guardadas, à espera de uma publicação? Se a resposta for positiva, quais são?
Cristina Serra - Há outras entrevistas que não entraram nesta seleção, mas não pretendo publicar porque não são tão amplas como as que estão no livro. Foram entrevistas mais pontuais sobre o lançamento de um livro específico ou alguma outra questão. Então, não têm a mesma profundidade das que estão no livro.
Qual artista você realizou o sonho de entrevistar e por quê?
Cristina Serra - Entrevistei vários, não só para o Leia, mas depois, ao longo da minha carreira. Todos os que estão no livro eu sonhava em entrevistar. Além dos que eu já mencionei, destaco o Tom Jobim. Ele entrou no livro porque fiz uma matéria com ele para o Leia especificamente sobre os livros que o influenciaram. É um perfil do Tom por meio da literatura. Conto como foi essa conversa, ele me mostrando os livros nas prateleiras do estúdio dele, numa sala envidraçada, com vista para o Cristo Redentor, onde ficava o piano dele. Sou apaixonada pela obra do Tom e esse encontro foi um momento mágico.
Qual o artista que você gostaria de entrevistar, mas nunca conseguiu? Por quê?
Cristina Serra - Eu não entrevistei vários escritores que gostaria de ter entrevistado. Sou apaixonada pela obra do gaúcho Érico Veríssimo. Li muitos livros dele na adolescência e é uma obra absolutamente essencial para entender o Brasil. Mas quando entrei na profissão ele já havia morrido. Então, eu sabia que esse sonho jamais seria realizado. Outro que eu adoraria ter entrevistado é o Vinícius de Moraes, mas também pelo mesmo motivo do Érico não foi possível.
Qual é a técnica que você usa para tirar as melhores respostas dos entrevistados?
Cristina Serra - Bom, eu estudo muito qualquer assunto sobre o qual vou trabalhar numa pauta. Eu já tinha lido muita coisa desses autores desde a escola. O Drummond, por exemplo, eu já sabia poemas dele de cor. Também lia crônicas dele para o Jornal do Brasil. Outro mineiro, Fernando Sabino, eu também já conhecia muita coisa. Sou encantada com livros dele, como "O Grande Mentecapto" e "Encontro Marcado”. Jorge Amado, Antônio Callado, Ferreira Gullar e João Cabral, todos esses eu já tinha muito. “Kuarup”, do Callado é um livro que teve um impacto profundo quando eu li, aos 17 ou 18 anos. Aqueles que eu não conhecia tão bem, quando eu marcava a entrevista, eu corria pra ler mais alguma cosia pra que pudesse fazer uma boa entrevista. Geralmente, dava tempo de me preparar. Foi um período da minha vida em que eu li muito, o que eu considero uma sorte muito grande. Ter um trabalho que me pagava para ler e entrevistar escritores, realmente, foi um privilégio enorme.
Você tem alguma dica para repórteres fazer as melhores entrevistas?
Cristina Serra - Tentar se preparar com antecedência, pesquisar e ler o máximo possível sobre o assunto ou sobre a pessoa que você vai entrevistar. Como eu disse sobre o livro, eu já conhecia bastante coisa desses autores, mas eu me aprofundei ainda mais. Acho que os entrevistados perceberam que estavam conversando com alguém que conhecia e apreciava boa parte da obra deles. Não quero me gabar, mas acho que isso fez diferença.