terça-feira, 27 de julho de 2021

.: Rita Lee é tema de série de podcasts que estreia dia 27 nas plataformas


Nave-mãe do rock tem impacto cultural e social discutido em episódios com participações de figuras como Tom Zé, Nelson Motta, Gloria Groove, Marisa Monte, Beto e João Lee, Xuxa e o duo Anavitória. Presenças luxuosas, Rita e Roberto de Carvalho também deram seus depoimentos. Foto: Guilherme Samora/ divulgação

Por Guilherme Samora, jornalista e editor, é estudioso do legado cultural de Rita Lee.


Se “Rita Lee” fosse um verbete no dicionário, sua definição seria: deusa, mestra, fenômeno, guru, atual, extraterrestre, nave-mãe, corajosa, ousada, livre. Esses são apenas alguns dos adjetivos que aparecem no depoimento de artistas, admiradores e profissionais da arte e da mídia em série de podcasts sobre Rita. Produzida pela Universal Music, “Identidade Musical - Rita Lee” terá quatro episódios, que chegam às plataformas a partir de terça-feira, dia 27.

Cada episódio tem um tema: o primeiro fala do início da carreira; o segundo, do sucesso, quando foi coroada pelo público; o terceiro nos traz a influência de Rita na vida das pessoas e, por fim, o quarto fala sobre a parceria com Roberto de Carvalho, um caso de amor que elevou o pop/ rock a outros patamares.

Tom Zé, parceiro de Rita na Tropicália, escancara logo no começo: "O que seria do pobre do tropicalismo se não fosse Rita Lee? Ela é uma pessoa tão acesa, tão ligada (...) é a mais fiel figura tropicalista". Beto Lee, o filho mais velho, músico, e que tocou com os pais durante anos, também chama a atenção para as experimentações da mãe: "Rock sempre esteve presente na vida dela. Assim como Carmen Miranda”.

Com depoimentos cheios de paixão e de admiração, Roberto de Carvalho aponta para o frescor que Rita trouxe à cultura. (Era um) discurso ousado. Criativo, genial e novo”. Roqueiro da época em que Rita dava seus primeiros passos – e o primeiro a realmente dar um espaço importante aos Mutantes na TV, ajudando inclusive a escolher o nome do grupo – Ronnie Von fala de uma das grandes características de Rita como compositora: “Ela sempre brincou muito com situações históricas, sempre brincou muito com palavras e com as relações humanas”.

Letrux cita “Mamãe Matureza” (1974, “Atrás do Porto Tem Uma Cidade”), que Rita aponta como sua primeira canção solo, já acompanhada do Tutti Frutti: “Tanto a música quanto a letra me abraçam de maneira muito reveladora”.

Roberto situa essa época do início ao dizer que "rock no começo era gueto, não era um fenômeno de mainstream". E Paula Toller arremata, sobre as músicas de Rita: "Era uma coisa com uma cara brasileira. Aquilo determinou tudo o que foi feito depois".

"Modestamente, eu acho que abri bastante avenidas. Comecei a fazer um rock ‘brasilês’", diz a própria Rita, em luxuosa participação no podcast. Em um divertido depoimento, Nelson Motta admite que a primeira coisa que lhe chamou a atenção, quando viu “aquela garota loirinha” pela primeira vez no fim dos anos 60, foi sua beleza. "Fiquei louco. Eu e todo mundo”. Mas, poucos minutos em ação, provaram outro ponto: “Ela é um fenômeno. Ela é a verdadeira mulher maravilha".

Os episódios são recheados de histórias deliciosas, como quando João Gilberto quis cantar com Rita; quando Roberto fala do início do namoro e até de quando Rita conta do disco voador que viram juntos, da janela do apartamento do casal, nos anos 70.


Vulcão
Rita Lee, além de comentar que tudo em sua carreira foi muito orgânico – sem a preocupação de estar fazendo um hit ou não – relembra como nasceram os grandes clássicos ao lado de Roberto: "Tinha filho mamando no peito, Roberto tocando piano, eu escrevendo, cachorro e gato passando (....) A gente era um vulcão! A gente não parava (de compor)".

Xuxa Meneghel - que confessa que só canta Rita Lee no karaokê - aponta um fator raro para artistas com muito tempo de carreira: a renovação constante do público de Rita. “Acho tão lindo eu sempre ter sido apaixonada por ela e agora a minha filha, Sasha, ser apaixonada também. As décadas passam e ela continua sendo esse ícone. Rita Lee, para mim, é uma grande mestra. Uma baita de uma guru".

Da nova geração, temos depoimentos de artistas como Gloria Groove e das meninas do duo Anavitória. “O discurso da Rita é muito real. Sem contar que ela está sempre à frente, tudo o que ela já soltou é muito atual. Rita abriu as portas para a coragem. Na época (em que ela estourou), era um discurso muito novo para uma mulher”, diz Ana Caetano. E Gloria concorda: “A importância de uma mulher, com esse espaço na música brasileira, quebrando tabus! A liberdade da Rita me inspira demais”.

Inspiração que arrebatou Mel Lisboa, quando ela interpretou Rita, com total entrega, em um musical de sucesso. E que ficou mais de dois anos em cartaz com casa cheia. "A gente fica tão encantada, que chega um momento em que falei: eu queria ser a Rita!". Marisa Monte engrossa o coro, ao admitir que Rita “arrombou a festa” de sua vida quando ouviu suas músicas pela primeira vez. “Falando sobre emancipação, liberdade da mulher - dentro de um meio extremamente masculino que é a música”.

João Lee, filho do meio de Rita e Roberto, DJ e produtor, foi um observador privilegiado ao testemunhar clássicos nascendo: "O que eles querem é contar um pouco de si para o mundo”. Engenheiro de som de diversas obras-primas do casal, Moogie Canazio resume: "A impressão que tenho até hoje é a de que ela quer ser muito fiel ao que está passando dentro dela”.

E, como explica o produtor Guto Graça Mello, tudo com total liberdade. “Eu era da Som Livre e nunca teve uma palavra do João (Araújo, diretor e fundador da gravadora) de ter que vender, de como ia ser o disco... Rita e Roberto tinham a liberdade total de entrar no estúdio e fazer seus discos. Lá dentro (na gravadora), a gente tinha a certeza de que sairia algo genial".

Mas chega de dar spoiler do conteúdo e vamos citar aqui mais participações especialíssimas da série: Branco Mello, Fernanda Abreu, Fernanda Takai, Marina Lima, Sarah Oliveira, Silvia Venna... A apresentação é de Adriana Penna. Não dá para perder. Autocitação é meio cafona, eu sei. Mas, eu mesmo disse isso no podcast e quero deixar aqui, bem claro, para quem quiser ouvir – ou ler: não existe artista nesse universo que seja mais completo e importante do que Rita Lee. Sorte a nossa que ela veio parar aqui na Terra.

Mais Rita Lee
No dia 6 de agosto, também chega na UMusic Store uma reedição em vinil roxo de uma das obras-primas do casal, o álbum “Rita e Roberto” (1985), que traz em seu repertório sucessos como “Vírus do amor”, “Vítima” e “Gloria F”. Na mesma data, também estará à venda a camiseta de “Vírus do Amor”. Juntamente com o lançamento do podcast, no dia 27 de julho, ficam disponíveis a camiseta “Classix Remix” e um quadro edição limitada com a capa do álbum “Classix Remix”. Confira todos os produtos disponíveis em: https://www.umusicstore.com/RitaLee.



.: "Renegados": o que Barack Obama e Bruce Springsteen têm em comum?


Uma conversa íntima e necessária entre dois amigos, sobre vida, música e o amor pelos Estados Unidos, com todos os seus desafios e as suas contradições. Livro é uma edição ampliada do podcast "Renegades", produzido pela Higher Ground, com mais de 350 fotografias e amplo material inédito.


"Renegados: Born in the USA"
 é um diálogo íntimo, franco e descontraído entre ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama e o lendário músico Bruce Springsteen, que abrange desde suas origens e pontos principais da carreira até reflexões sobre a polarização nos Estados Unidos e a distância cada vez maior entre o sonho americano e a realidade. Repleto de fotografias coloridas e materiais raros do acervo pessoal dos autores, o livro é um retrato de dois outsiders - um negro e um branco - em uma busca nada convencional de significado, identidade e comunidade em meio à história americana. 

Em um estúdio de gravação abastecido com dezenas de guitarras e durante pelo menos um passeio de Corvette, Obama e Springsteen discutem casamento e paternidade, raça e masculinidade, os fascínios da vida na estrada e o chamado de volta para casa. Eles ainda discutem sobre suas músicas de protesto preferidas, alguns dos heróis americanos mais inspiradores de todos os tempos, e muito mais. Nesse processo, eles revelam a paixão ― e o preço ― de querer contar uma história mais abrangente e verdadeira sobre os Estados Unidos ao longo da carreira, além de refletir sobre como o país pode superar suas divisões internas e começar a restabelecer a unidade e a liderança global.


Uma amizade como pano de fundo aos acontecimentos que fizeram história
O ex-presidente e o músico compartilham suas histórias no livro, que tem lançamento mundial simultâneo em oito idiomas em 26 de outubro de 2021, a edição repleta de fotos do acervo pessoal dos autores e farto material inédito já está em pré-venda. Em parceria com a Higher Ground, a Penguin Random House anunciou a publicação global de "Renegados: Born in the USA", uma série de conversas íntimas, francas e descontraídas entre o presidente Barack Obama e o lendário músico Bruce Springsteen

A notícia foi anunciada por Markus Dohle, CEO da Penguin Random House, que adquiriu os direitos mundiais de Deneen Howell da Williams & Connolly LLP. No Brasil, o livro sairá pela Companhia das Letras. A edição terá 320 páginas, com mais de 350 fotografias e ilustrações coloridas, e entrou em pré-venda. "Renegados: Born in the USA" é uma expansão do diálogo que Obama e Springsteen começaram no podcast Renegades - produzido em parceria com o Spotify e é um dos programas mais ouvidos mundialmente na plataforma. 

Durante essas conversas, eles compartilham histórias exclusivas e reflexões sobre a vida, a música e a relação de cada um com os Estados Unidos, sem deixar de lado os desafios e as contradições que o país abriga. Publicado em edição especial e fartamente ilustrado, "Renegados: Born in the USA" também apresenta fotografias raras e exclusivas do acervo pessoal dos autores, além de material inédito, incluindo letras manuscritas de Springsteen e discursos anotados de Obama, oferecendo um retrato de dois outsiders que ajudaram a moldar a história da América.

Ao longo de vários dias, Obama e Springsteen se encontraram para conversar. De origens e experiências distintas, eles parecem ter pouco em comum à primeira vista. Mas, como ressalta o presidente Obama na introdução do livro: “Ao longo dos anos, o que descobrimos é que temos uma sensibilidade em comum. Sobre trabalho, família e os Estados Unidos. À nossa maneira, Bruce e eu temos trilhado caminhos paralelos tentando entender este país que tanto nos deu, tentando narrar as histórias de sua gente e procurando uma forma de conectar nossa própria busca de sentido, significado, verdade e comunidade com a história mais ampla do país”.

Em "Renegados: Born in the USA", os leitores são convidados a sentar ao lado desses dois amigos de longa data em um estúdio de gravação abastecido com dezenas de guitarras e durante um Corvette, enquanto discutem casamento e paternidade, raça e masculinidade, os fascínios da vida na estrada e o chamado de volta para casa, alguns dos heróis americanos mais inspiradores de todos os tempos — e, principalmente, música. Eles revelam a paixão - e o preço que pagaram - por querer contar uma história mais abrangente e verdadeira dos Estados Unidos ao longo da carreira, além de refletir sobre como o país pode superar suas divisões internas e começar a restabelecer a unidade.


Nas palavras de Springsteen:
“Tivemos conversas sérias sobre o destino do país, o destino dos cidadãos e as forças destrutivas, horríveis e corruptas que gostariam de acabar com tudo. Vivemos um momento de alerta em que nossa identidade está sendo seriamente posta à prova. Conversas difíceis sobre quem somos e quem queremos nos tornar podem, talvez, servir como um pequeno guia para alguns de nossos compatriotas. […] Este é um momento para refletir com atenção sobre quem queremos ser e que tipo de país deixaremos para nossos filhos. Vamos deixar escapar o melhor de nós ou nos voltaremos unidos para enfrentar a situação? Neste livro, o leitor não vai encontrar respostas para essas perguntas, mas encontrará duas pessoas dando o máximo de si para que façamos perguntas melhores.”


Nas palavras de Obama:
“As conversas que Bruce e eu tivemos em 2020 parecem tão necessárias hoje quanto naquela época. Elas representam nosso esforço contínuo para descobrir como chegamos aqui e como podemos contar uma história mais unificadora que começa a transpor o abismo que há entre os ideais americanos e sua concretização.”

Nos Estados Unidos e no Canadá, a edição sairá pelo selo Crown e também estará disponível em espanhol nesses territórios. O livro será publicado no Reino Unido pela Viking, um selo da Penguin General Books da Penguin Random House UK, e internacionalmente nos seguintes idiomas: espanhol (Debate/ Penguin Random House Grupo Editorial), alemão (Penguin Verlag/ Penguin Random House Verlagsgruppe), português do Brasil (Companhia das Letras), português de Portugal (Objectiva/ Penguin Random House Grupo Editorial), francês (Fayard), italiano (Garzanti) e holandês (Hollands Diep).

Sobre os autores
Barack Obama foi o 44º presidente dos Estados Unidos, eleito em novembro de 2008 e reeleito para um segundo mandato. É autor de três livros que entraram para a lista de best-sellers do jornal The New York Times - "Sonhos do Meu Pai", "A Audácia da Esperança" e "Uma Terra Prometida" - e vencedor do prêmio Nobel da paz de 2009. Mora em Washington, D.C., com a mulher, Michelle Obama. Tem duas filhas, Malia e Sasha.

Bruce Springsteen integra o Rock and Roll Hall of Fame e o Songwriters Hall of Fame. Recebeu vinte prêmios Grammy, um Oscar e um Tony, e foi homenageado pelo Kennedy Center. É autor do best-seller do New York Times Born to Run e foi agraciado com a Medalha Presidencial da Liberdade em 2016. Mora em Nova Jersey com a família.


O livro inclui:

  • Introduções do presidente Obama e de Bruce Springsteen
  • Discursos anotados inéditos de Obama, incluindo suas “Observações no 50º aniversário das marchas de Selma a Montgomery”.
  • Letras manuscritas de Springsteen que abrangem seus 50 anos de carreira.
  • Fotografias raras e exclusivas dos arquivos pessoais dos autores.
  • Conversas e histórias não incluídas no podcast.
  • Fotografias e documentos históricos que fornecem contexto para as conversas.


Institucional
Crown é um selo do Random House Publishing Group, uma divisão da Penguin Random House, a maior editora de livros comerciais do mundo, dedicada à missão de nutrir uma paixão universal pela leitura, conectando autores com leitores ao redor do mundo. A empresa, que emprega mais de 10 mil pessoas, foi formada em 1º de julho de 2013 pela Bertelsmann e pela Pearson. A partir de 1º de abril de 2020, a Bertelsmann passou a ser proprietária integral da empresa.

Com mais de trezentos selos e marcas em seis continentes, a Penguin Random House publica livros para todas as faixas etárias de ficção e não-ficção em inglês e espanhol em mais de vinte países. Com mais de 15 mil novos títulos e mais de 600 milhões de livros físicos, audiobooks e e-books vendidos anualmente, o catálogo da Penguin Random House inclui mais de oitenta ganhadores do prêmio Nobel e centenas dos autores mais lidos do mundo.

A Higher Ground, fundada pelo presidente Barack Obama e por Michelle Obama, conta histórias poderosas que divertem, informam e inspiram, ao mesmo tempo que dá protagonismo a vozes autênticas e diversas na indústria do entretenimento. A Higher Ground produz filmes e televisão exclusivamente com o Netflix e podcasts exclusivamente com o Spotify. O primeiro lançamento de filme da empresa, American Factory, ganhou o Oscar 2019 de Melhor Documentário, e seu primeiro podcast, "The Michelle Obama Podcast", é o mais ouvido na categoria Spotify Original até então.

Os lançamentos de filmes de Higher Ground incluem Becoming, dirigido por Nadia Hallgren, e o documentário indicado ao Oscar Crip Camp. Waffles + Mochi, a primeira série de televisão da empresa, estreou em março de 2021, aclamada pela crítica. A empresa produziu o podcast Renegades: Born in the USA, uma série de conversas entre o presidente Barack Obama e Bruce Springsteen, e lançou recentemente o "Tell Them, I Am", uma coleção de podcast de histórias de vozes muçulmanas.

Com 19 selos voltados para leitores de variadas idades, perfis e formações, a Companhia das Letras foi fundada em 1986 como uma com foco em literatura e ciências humanas. Ao longo de mais de três décadas, publicou cerca de 5 mil títulos e mais de 30 autores vencedores do prêmio Nobel, expandindo-se até se tornar Grupo Companhia das Letras, parte da Penguin Random House. A editora é líder do mercado brasileiro e soma mais 2 milhões de seguidores via redes sociais, com alcance mensal de 10 milhões de usuários pelas diversas plataformas digitais em que atua.

.: 36Linhas lança "Mulher na Lua", graphic novel da Coleção Graphic Films


A editora 36Linhas lança "Mulher na Lua", terceira graphic novel da Graphic Films, coleção criada para homenagear os grandes filmes clássicos, que hoje estão em domínio público. Muitos desconhecem, ou ouviram falar ou ainda viram em algum momento e marcou. 

Esta coleção de graphic novels privilegia a narrativa de cada filme, garantindo a maior fidelidade às imagens (cenários e personagens) e aos roteiros originais. A maioria dos títulos escolhidos são de filmes mudos, porém com temas/roteiros/obras que até hoje são referências, ao mesmo tempo, que são refeitos em versões modernas, sem a pureza das originais.


Graphic novel em 3 volumes com mais de 270 páginas.
"
Mulher na Lua" é um filme de ficção científica alemão de 1929 dirigido por Fritz Lang. Escrito por Thea von Harbou (sua esposa na época) em colaboração com Lang. O cientista visionário Professor Mannfeldt, escreveu um tratado alegando que provavelmente haveria muito ouro na Lua, pelo qual foi ridicularizado por seus colegas. Seu amigo Helius reconhece o valor do trabalho do professor. No entanto, um empresário inescrupuloso chamado Turner, também tem interesse na teoria do professor. 

Enquanto isso, o assistente de Helius, Windegger anuncia seu noivado com a assistente de Helius, Friede, por quem ele Helius, secretamente, ama. Depois do encontro com o Professor Mannfeldt, Helius é assaltado por capangas da quadrilha. Eles roubam a pesquisa que o Professor Mannfeldt tinha confiado a Helius e também assaltam a casa de Helius, tomando outro material valioso. Turner, em seguida, apresenta a Helius um ultimato: sabem que ele planeja uma viagem à Lua; ou ele inclui ele, ou ele sabotará seu foguete.


Explosões... Reviravoltas... Muita ação...
Várias curiosidades envolvem esta obra, uma delas é que se acreditava na época que a Lua possuía atmosfera respirável (de acordo com as teorias do astrônomo dinamarquês Peter Andreas Hansen, mencionado no início do filme). Também foi a primeira vez que se mostrou um foguete com estágios. Foi o último filme mudo dirigido por Fritz Lang e decididamente uma referência para os cineastas que viriam depois. Onde ler ou comprar: https://www.36linhas.com/graphic-novels-filmes-classicos.html.

.: "O Poder da Voz" estreia no Cinema Virtual nesta quinta-feira


Estreia nesta quinta-feira, dia 29 de julho, no Cinema Virtual, o filme "O Poder da Voz" ("Baumbacher Syndrome"). O longa-metragem é uma comédia alemã que traz a história de um apresentador de talk-show que é surpreendido por uma mudança na sua voz que o impede de dar continuidade à sua carreira. 

Famoso, prestigiado e rico, Max Baumbacher é o apresentador do talk show noturno de maior sucesso da Alemanha. Até que um dia, de repente, ele acorda com uma voz extraordinariamente profunda, quase mágica. Quando a notícia de seu caso peculiar ganha fama no mundo inteiro, ele decide se esconder na casa de veraneio de seu empresário, onde conhece a jovem e louca Fida. Mas quando o filho deprimido de Max e sua ex-mulher fazem uma visita inesperada, o apresentador é obrigado a enfrentar o seu passado.

Direção e roteiro: Gregory Kirchhoff ("Dusky Paradise"). Elenco: Tobias Moretti ("O Vale Sombrio"), Elit Iscan ("Sibel"), Lenz Moretti, László Branko Breiding ("Viva a França!"), Ingvild Deila ("Rogue One: Uma História Star Wars"). O longa ganhou o prêmio de Melhor Filme no Snowdance Film Festival e no Evolution! Mallorca International Film Festival.

Para assistir, o público pode acessar a plataforma pelo NOW ou escolher a sala de exibição preferida em cinemavirtual.com.br e realizar a compra do ingresso. O filme fica disponível durante 72 horas para até três dispositivos.

segunda-feira, 26 de julho de 2021

.: "Quando o Futuro Chegou e Encontrei Um Pentelho Branco", o livro inquieto


"O futuro distante chegou. E com ele vieram também os primeiros sintomas. A perda da beleza deixou de ser apenas um leve incômodo, e os cuidados inadiáveis com a saúde indicaram o início de uma nova era fisiológica. A vida teria, sim, sua finitude. E eu senti o fim, se não próximo, acenando para mim." |  Adriana Pimenta

Para algumas mulheres chegar aos 40 anos significa o encontro com questionamentos que até então não existiam no cotidiano. Mas, onde buscar respostas para novas dúvidas e novos desafios existenciais? Se a pessoa em questão for uma jornalista, é provável que essa crise se torne uma reportagem ou... um livro! Esse é o caso de Adriana Pimenta, que transformou a crise pessoal na obra "Quando o Futuro Chegou e Encontrei Um Pentelho Branco", lançado pela Primavera Editorial

Em uma narrativa sensível e bem-humorada, Adriana Pimenta revela a trajetória honesta de uma mulher que enfrenta os próprios obstáculos rumo à maturidade. Em muitos momentos, a autora nos faz rir com os percalços de sua busca singular; em outros, faz chorar com as incertezas do processo. Mas, a principal reação despertada é chorar de rir com o mais humano dos relatos sobre o impacto do tempo em nossos corpos, em nossas mentes e em nossa vida.

Visita a terapeutas, busca por respostas na espiritualidade e nas entrevistas com antropólogos. Como entender a própria inquietação? O que se sente exatamente diante dessa vontade de ir e de ficar? Uma crise dos quarenta pode ser vivida de diferentes formas por mulheres distintas, mas, no caso de Adriana Pimenta, a fase é marcada por uma jornada de profundo autoconhecimento. 

“Pesquisei literatura especializada, entrevistei estudiosos, falei com outras mulheres. Procurei entender onde elas estão posicionadas em uma sociedade machista que reforça a desvalia feminina ao passo que envelhecem. Questionei se a crise dos quarenta é moldada pela cabeça ou pela cultura. Foram muitas as descobertas e elas estão contidas no livro, no qual trato a minha crise pelo carinhoso apelido de MC”, detalha a escritora, acrescentando que são crônicas da vida de uma mulher privilegiada, de 45 anos, de classe média, branca, heterossexual, que vive em São Paulo e enfrenta uma baita tempestade pessoal. “É no meio deste caos que convido as leitoras a entrar”, revela. No livro, Adriana Pimenta traz, ainda, uma lista de leituras que acessou durante a busca por respostas e que se tornaram temas de muitas das entrevistas que conduziu. 

Trechos do livro

Página 11
“[...]  

– Pergunta tudo o que você quiser – disse meu amigo Carlos, com os olhos marejados e o lábio inferior tremendo.

Voltou emocionado desse jeito depois de se consultar com o preto-velho.

Eu seria a próxima.

Como assim, tudo o que eu quiser?, pensei aflita. Impossível perguntar tudo o que eu quisesse na roda de umbanda, com cinquenta pessoas em volta, ainda inebriadas pelos cânticos da gira, também esperando para ouvir alguma coisa lá do céu que daqui da terra não dava para escutar.”


Página 22
“[...] Buscar respostas em um centro de umbanda foi apenas uma das muitas investigações que fiz no esforço de compreender o que se passa comigo nesta transição entre os quarenta e os cinquenta, neste estágio híbrido entre duas gerações, neste momento em que eu sei que não sou velha, mas já deixei de ser garota. Em que eu me julgo mais sábia, porém, ainda imatura. Em que eu reúno toda a força que a experiência me garantiu, sem querer abandonar o furor da juventude.”

Página 34
“[...] Será que esse é o ponto principal da minha crise? Boa. MINHA CRISE. Porque esta crise parece ser só minha. A minha crise, a MC. A busca na Internet me conscientizou sobre a necessidade de ajuda profissional. De alguém que entenda, de verdade, o que é a MC. Marquei uma entrevista com Célia Romão, uma psicóloga junguiana que já atendia há mais de vinte anos. Fora indicada pela sobrinha de uma amiga que era psicóloga infantil. ‘Ela é muito boa’. Essa era a referência.”


Página 48
“[...] Meus seios analiso pela lateral, o pior ângulo que posso ter deles. Mesmo que a decadência ainda seja moderada, não refletem mais o que já foram um dia. Pouco interesse tenho em saber a respeito dos motivos, da flacidez dos tecidos, da redução de colágeno blá-blá-blá. Fodam-se essas explicações. Minhas tetas estão caindo e é triste ver.”


Página 88
“[...] Partimos Will e eu em direção à minha casa. Estava nervosa. Transar com um garoto era uma situação nova para mim, mas seus encantos me distraíram ao longo do caminho. Além de boa praça, Will era divertido.

Assim que chegamos, eu me questionei se estava fazendo a coisa certa. Já tinha bebido um pouco e até provado um baseado com ele. Comecei a me sentir ridícula ao ver a coroa-pega-pivete se materializar.

Coloquei Bob Marley na playlist (achei que ele não conheceria a banda Cidade Negra, sucesso nacional quando eu tinha sua idade) e ofereci água. Enquanto enchia os copos na cozinha pensei em desistir. Sei lá, poderia dar uma desculpa qualquer, dizer que estava cansada ou menstruada.


Sobre a autora
Nascida em Santos, Adriana Pimenta desde criança já tinha a leitura e a escrita em sua rotina. Lia os livros que vinham de brinde no sabão em pó e, estimulada por essas histórias, começou a colocar as suas no papel, adquirindo o hábito de escrever em diários. Cursar jornalismo foi, então, um caminho natural. Trabalhou por mais de 25 anos com escrita e comunicação corporativa. Em 2019, concluiu a pós-graduação em Formação de Escritores de Não-Ficção, pelo Instituto Vera Cruz, e decidiu colocar histórias reais no papel.


Ficha técnica
Título: 
"Quando o Futuro Chegou e Encontrei Um Pentelho Branco"
Autora: 
Adriana Pimenta  
Categoria:
não-ficção
Páginas: 144
Editora: Primavera Editorial
Link na Amazon: https://amzn.to/3kRKsiP


.: Entrevista: Mariana Santos relembra estreia em novelas com a vilã Maria Pia


Carregada de humor e traumas da vida, a vilã roubou a cena e conquistou o público. Foto: Globo/Estevam Avellar


"Pega Pega" está de volta e a edição especial da comédia romântica policial de Claudia Souto tem um gostinho ainda mais especial para Mariana Santos, que pode rever sua estreia em novelas como Maria Pia. Carregada de humor e traumas da vida, a vilã roubou a cena e conquistou o público. Mariana acredita que seja por conta de sua humanização: “É um trabalho muito especial na minha vida, muito feliz. E revisitar a Maria Pia é uma emoção para mim, é uma personagem que tem uma importância gigantesca, me fez mudar minha visão de carreira. Foi um presentão, fico emocionada de lembrar do convite”, comenta a atriz ao relembrar a reunião com o diretor artístico da trama Luiz Henrique Rios. 

Outra lembrança de Mariana é a parceria com Marcelo Serrado, o Malagueta, com quem ela forma o casal Malapia, que ganhou fãs e hashtag na primeira exibição da novela. “De cara, tivemos uma afinidade nos nossos personagens, nos entendíamos no olhar, foi rolando naturalmente. Deu certo, o público nos comprou como um casal na novela, então foi muito gratificante”, diz a atriz.

No início de "Pega Pega", Maria Pia sustenta uma paixão antiga por Eric (Mateus Solano), de quem é amiga e assessora pessoal, mas o empresário só lhe enxerga como amiga. Depois de flagrar a fuga de Malagueta e seus cúmplices no roubo do Carioca Palace pelos fundos do hotel, Maria Pia começa a chantagear o concierge. Os dois viram cúmplices nos trambiques e nem imaginam que desta vilania vai surgir um amor.    

Em entrevista, Mariana fala com carinho de Maria Pia, dos bastidores, da amizade do elenco e dos principais desafios para interpretar a personagem. "Pega Pega" é escrita por Claudia Souto, com direção artística de Luiz Henrique Rios, direção de Ana Paula Guimarães, Dayse Amaral Dias, Luis Felipe Sá, Noa Bressane, e direção geral de Marcus Figueiredo.  

Qual a importância da Maria Pia na sua carreira?
Mariana Santos -
É um trabalho muito especial na minha vida, muito feliz. E revisitar a Maria Pia é uma emoção para mim, é uma personagem que tem uma importância gigantesca me fez mudar minha visão de carreira. Foi um presentão, fico emocionada de lembrar do convite, da reunião com Luiz Henrique Rios. 
 

Como você descreve a personagem e sua transformação durante a novela?
Mariana Santos - 
Maria Pia tem várias nuances, é muito rica de composição, foi algo que mudou um pouco a minha carreira. E me colocou na teledramaturgia, me deu a chance de experimentar algo novo, então ela realmente representa muito para mim. Ela é uma mulher com emoções diversas, uma vilã muito humanizada, que sofria de compulsão, tinha um amor platônico, se apaixona por um bandido, vai embora para a Suíça e volta repaginada. A transformação de Maria Pia não foi só para o Eric. Não foi só estética. Ela veio se transformando, nem percebeu, veio transformada para o Malagueta. Vai sendo guiada pelo amor também. 
 

O que mais te marcou na época das gravações da novela?
Mariana Santos - 
Muita coisa me marcou nessa novela. Foi a primeira que eu fiz, então tudo nos marca. Foi um trabalho muito feliz porque todos os colegas de cena se falam até hoje, somos muito felizes nos falando, foi um grupo que se deu muito bem.


Qual a principal lembrança que ficou do trabalho?
Mariana Santos - A preparação para a novela foi uma novidade para mim, a composição do corpo, a mudança de visual, as mudanças que a personagem teve durante a novela.  


Guarda alguma recordação do personagem, como peça de roupa ou objeto?
Mariana Santos - 
Devia ter pego algo mais simbólico da personagem, uma fotografia de cena, algo do quarto dela. Mas estávamos no final das gravações, eu tinha usado um vestido cinza, uma das últimas cenas que eu gravei, eu pedi esse vestido. Sempre pedimos para guardar uma lembrancinha, mas eu sinto não ter pedido algo mais simbólico da Maria Pia. 

  

Lembra de alguma situação que marcou você nos bastidores da novela?
Mariana Santos - 
A última cena que gravei com a Bebeth, interpretada pela Valentina Herszage, que a Maria Pia revela que foi barriga de aluguel dela. Para não gastarmos emoção, não ensaiamos. O diretor marcou a cena e foi uma emoção tão verdadeira na hora que começou a cena, que foi difícil segurar. Fizemos de primeira, foi uma cena muito bonita, como várias que gostei de fazer, com emoção ou cômicas. Mas essa cena me marcou porque a emoção veio muito forte. 
 

Como foi trabalhar com Luiz Henrique Rios?
Mariana Santos - 
Foi uma sorte, um encontro muito bonito porque ele acreditou em mim, me chamou. Ele é um diretor que dirige muito bem, tem uma energia de direção muito forte, de muita liderança. Ele tira o nosso melhor, ele confia. Isso do diretor confiar no que o ator está fazendo é uma dádiva, uma troca que acontece ali muito grande. E espero poder trabalhar com ele novamente porque ele está guardado aqui no meu coração. 
  

E com Mateus Solano? 
Mariana Santos - 
Trabalhar com Mateus Solano foi incrível, uma pessoa com uma energia muito positiva no set, um cara muito generoso. A troca com bons atores é muito boa, nessa novela só tinha bom ator, então fica mais fácil você trocar olho no olho.

E a parceria com Marcelo Serrado?
Mariana Santos - 
Com o Serrado também, nossa parceria deu muito certo. De cara, tivemos uma afinidade nos nossos personagens, nos entendíamos no olhar, foi rolando naturalmente. Deu certo, o público nos comprou como um casal na novela, então foi muito gratificante. Ficamos amigos, todos. 

.: Gigi Debei será Rosali Mullins em “School of Rock - O Musical”


Extremamente talentosa, a atriz Gigi Debei será Rosali Mullins em nova montagem de "School of Rock - O Musical", o papel foi de Sara Sarres na montagem brasileira oficial de 2019.


Na montagem brasileira oficial do musical em 2019, a personagem Rosali Mullins foi vivida pela diva do Teatro Musical Sara Sarres. Em 2021, na montagem do Estúdio Broadway Morumbi em parceria com a The Musical Company,Gigi Debei será responsável por dar vida a personagem.

Baseado no filme de 2003, escrito por Mike White,  "School of Rock" conta a história de Dewey Finn, um roqueiro amador e fracassado. Cheio de dívidas para pagar ele finge ser seu melhor amigo Ned Schneebly, e trabalha como professor substituto em uma conservadora escola, lá o roqueiro descobre um talento musical incomum em seus alunos. Então Dewey forma um grupo escolar na tentativa de provar que todos estavam errados e vencer a “Batalha das Bandas”.

Rosalie Mullins é a diretora da Horace Green e é muito rígida e tradicional na escola. No entanto, ela sente uma pressão intensa do trabalho, que a faz ficar tão nervosa. Ela tem um amor secreto por rock and roll e deseja ser tão despreocupada quanto antes.

Trazendo mais um blockbuster diretamente da Inglaterra, o Estúdio Broadway Morumbi apresenta "School of Rock - O Musical". Em parceria com a consolidada The Musical Company, o espetáculo tem direção geral de Fernanda Chamma, músicas do premiado Andrew Lloyd Webber e texto de Julian Fellowes. A versão brasileira é assinada por Mariana Elisabetsky e Victor Mühlethaler. Na direção e coreografia da Next Generation respectivamente estão Arthur Berges e Fabrício Negri, ambos integrantes do elenco na versão oficial brasileira. O maestro Renan Achar, também integrante da montagem oficial no país, assina a direção musical da obra que promete surpreender amantes do clássico ao rock n’roll.

Atriz, bailarina e cantora, Gigi Debei é formada em Teatro Musical profissionalizante pela escola TeenBroadway, estuda no Estúdio Broadway e recentemente ganhou bolsa no workshop Act Your Song com Karen Olivo que hoje é sua coaching vocal pelo Project Broadway School em NYC. Já fez coaching de interpretação com Charles Moeller e interpretação para TV e Cinema com Velson de Souza. Estudou em NYC no curso Acting for TV and Musical Theater no Broadway Workshop e cursa Faculdade de Canto Lírico na FMU. Integrou o elenco da série Home Office, disponível na Amazon Prime Video, interpretando Glória de Deus e Glory Whole. Fez parte do elenco dos musicais “Aparecida, um musical de Walcyr Carrasco”, como Princesa Isabel e “Heathers, O Musical”, como Heather Chandler e em breve voltará ao palco como a personagem Mara Maravilha em “Silvio Santos Vem Ai, O Musical” da Paris Entretenimento, com direção artística de Marília Toledo e Fernanda Chamma  e direção musical Marco França. A temporada de "School of Rock - O Musical", licenciada para o Brasil, terá todos os protocolos de segurança exigidos pela OMS.


Serviço:
"School of Rock - O Musical"
Estreia dia 24 de julho.
Sábados e domingos, às 15h e às 18h.
Curta Temporada.
Espaço Cultural Cassio Gabus Mendes – S.P. Futebol Clube – Estádio do Morumbi, Av. Jules Rimet, Portão 07.
Ingresso: R$ 50 (meia) e R$ 100 (inteira).
Vendas pelo site: https://www.eventbrite.com/o/estudio-broadway-33894954373
Duração: 110 minutos.
Gênero: musical.
Classificação: livre.

Ficha Técnica:
"School of Rock - O Musical"
Músicas: 
Andrew Lloyd Webber.
Letras: Glenn Slater.
Texto: Jullian Fellowes.
Versão Brasileira: Mariana Elisabetsky e Victor Mühlethaler.
Direção Geral: Fernanda Chamma.
Direção: Arthur Berges.
Direção musical: Renan Achar.
Coreografia e direção residente: Fabrício Negri.
Produção executiva: Claudia Lima.
Direção de produção: Renata Alvim.
Realização: Estúdio Broadway Morumbi.



.: "Terras Perigosas" estreia no Cinema Virtual nesta quinta-feira


Estreia nesta quinta-feira, dia 29 de julho, no Cinema Virtual, o filme "Terras Perigosas" ("High Ground"). Suspense ambientado em 1930 na Austrália, o longa-metragem traz fatos poucos conhecidos da história deste país, ao contar a saga de um jovem aborígene para salvar a vida do seu último parente. O filme é estrelado por Simon Baker. 

Nas paisagens deslumbrantes da Austrália dos anos 1930, o jovem aborígine Gutjuk, em uma tentativa de salvar o último membro de sua família, se une ao ex-soldado Travis. Eles partem em uma jornada para rastrear Baywara, o tio do jovem, o guerreiro mais perigoso da região. Conforme Travis e Gutjuk viajam pelo interior, uma relação de confiança começa a ser criada. Mas, quando a verdade sobre as ações passadas de Travis são reveladas, é ele quem se torna a caça. 

Direção: Stephen Maxwell Johnson ("Yolngu Boy"). Roteiro: Chris Anastassiades. Elenco: Simon Baker ("O Diabo Veste Prada"), Jacob Junior Nayinggul, Jack Thompson ("O Grande Gatsby"), Callan Mulvey ("Batman vs Superman: A Origem da Justiça"), Caren Pistorius ("A Luz Entre Oceanos"), Ryan Corr ("O Amor É Para Todos"). O filme ganhou Menção Especial no Asia Pacific Screen Awards 2020.

Para assistir, o público pode acessar a plataforma pelo NOW ou escolher a sala de exibição preferida em cinemavirtual.com.br e realizar a compra do ingresso. O filme fica disponível durante 72 horas para até três dispositivos.

.: Podcast "O Código Russo" investiga a ascensão e queda de Sérgio Moro


Idealizado e apresentado por Orlando Calheiros, antropólogo e coordenador da Comissão da Verdade e pelo advogado Alcysio Canette, "O Código do Russo" vai abordar a ascensão e a queda de uma das personalidades mais emblemáticas e polêmicas do cenário político brasileiro na última década. Produzido pela Half Deaf, tem convidados como o ministro do STF, Gilmar Mendes, e a ex-deputada federal, Manuela D' Ávila, e seis episódios que serão publicados quinzenalmente.

O ex-juiz Sérgio Moro esteve no centro dos debates políticos da última década no Brasil, especialmente por decisões e posicionamentos que motivaram ondas de apoio e críticas em todo o país. Para relembrar, analisar e discutir sua trajetória e os impactos de suas ações na sociedade brasileira, a Half Deaf lançou o podcast "O Código do Russo" que, em seis episódios de uma hora cada, irá contar a ascensão e queda do magistrado.

Idealizado e apresentado pelo antropólogo Orlando Calheiros, um dos coordenadores da Comissão da Verdade, e pelo advogado Alcysio Canette, e convidados como o ministro do STF, Gilmar Mendes, a ex-deputada federal pelo PCdoB, Manuela D' Ávila, e Eugênio Aragão, ex-subprocurador da Justiça e ex-ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff, o novo podcast pretende explicar como o juiz de primeira instância chegou a ser superministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro e acabou pedindo demissão em abril de 2020. Os próximos episódios serão lançados quinzenalmente, às terças-feiras, e poderão ser acompanhados no site da Half Deaf e em todas as plataformas de podcasts, como Spotify, Deezer, Apple Podcasts e Google Podcasts.

''O projeto começou a ser gestado em março deste ano, antes mesmo da suspeição de Moro. Percebemos que era fundamental debater a Operação Lava Jato e suas arbitrariedades por um outro prisma e mostrar como o judiciário e a sociedade brasileira formam, acolhem e normalizam personagens como ele. A intenção foi fugir da narrativa tradicional heroica da operação e mostrar que o juiz não apenas estava longe de ser o paladino construído pela mídia, mas que suas ações tiveram consequências profundas e danosas para a política nacional", explica Orlando Calheiros, criador do podcast.

Sobre o convite e participação de nomes influentes dos poderes legislativo e judiciário, Calheiros afirma que foi uma negociação muito mais tranquila do que ele imaginou. "Todos os entrevistados foram muito solícitos e estavam desejosos de contar suas opiniões e versões sobre a saga de Sergio Moro na política brasileira. Alguns ficaram muito animados por, enfim, exporem o seu lado da história", pontua.


A narrativa de "O Código do Russo"
Os episódios de "O Código do Russo" se dividem em quatro linhas principais: um apanhado histórico, desde as origens da Operação Lava Jato e como ela já nasceu de um ponto juridicamente insustentável; a quebra da figura de homem impoluto de Moro e a falsa imagem de que a operação ia acabar com a corrupção; o funcionamento e meandros de instituições do Judiciário e do Ministério Público por meio de entrevistas com personalidades que conhecem profundamente esses órgãos, e, por último, a soltura de Lula, a perda de prestígio de Moro dentro do governo Bolsonaro e sua demissão.


Orlando Calheiros na CPI da Covid
Além de antropólogo e coordenador da Comissão da Verdade, Orlando Calheiros transmite, analisa e comenta ao vivo, via Twitch, os desdobramentos da CPI da Covid, instaurada para investigar as irregularidades do governo Bolsonaro na gestão da crise sanitária. "Percebo um público bastante abrangente acompanhando as transmissões, desde pessoas mais velhas - na casa de seus 60 anos - aos mais jovens - vários abaixo dos 18. Muitos são acostumados a debater política, mas não sabem, por exemplo, como funciona uma CPI. Não entendem exatamente como a política ‘real’ opera", analisa.


A pluralidade de conteúdos da Half Deaf
A Half Deaf é uma produtora de podcasts ligada à agência de marketing digital GMD. É especializada em produtos originais, branded content e coproduções. Tem mais de 1 milhão de ouvintes e 30 milhões de plays entre todos os seus podcasts, que tratam de assuntos variados e levam ao debate questões raciais, ambientais, políticas, dificuldades de jovens casais e o universo gamer. Também produz podcasts corporativos e já trabalhou em parceria com a 99 Táxi, Microsoft, Ministério da Saúde, Sony Music, Blizzard, e Intimus, entre outros.


Sobre a GMD:
Agência de marketing digital com escritórios e estúdios no Brasil e no México, a GMD é pioneira e especialista no mercado de games com mais de dez anos de atuação. Em seu portfólio de clientes, constam empresas globais que são referência no segmento, como Xbox, Ubisoft, HyperX e Bandai Namco. Auxilia marcas endêmicas e não endêmicas a traçarem as melhores estratégias no crescente universo dos jogos eletrônicos, por meio da criação de conteúdos, produção de vídeos e elaboração de campanhas completas para empresas e anunciantes que querem se conectar diretamente com seu público, seja por mídias tradicionais, redes sociais ou ações personalizadas. Especialista em branded content, a GMD já produziu e publicou mais de 600 vídeos, que geraram 30 milhões de visualizações, e gerencia comunidades com 12 milhões de pessoas no Facebook, Twitter, Instagram, YouTube e demais redes de seus parceiros.



domingo, 25 de julho de 2021

.: Entrevista: Hugo Gonçalves fala sobre o livro "Mãe" e como sobreviver ao luto


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do Resenhando.

Escritor e jornalista português, Hugo Gonçalves lança, no Brasil, pela Companhia das Letras, o livro "Mãe". A obra autobiográfica faz uma investigação íntima e sensível sobre os efeitos da perda da mãe na formação da identidade e do caráter de um homem. Aos 40 anos, mais de 30 após esta morte, ele analisa os impactos da perda na própria vida, a partir de uma viagem - geográfica e reflexiva - em um relato honesto. 

Durante mais de um ano, o escritor procurou pessoas e lugares que o permitiram resgatar memórias, completar lacunas e lançar luz onde havia desconhecimento em um assunto que se relaciona ao afeto, às origens, à família e às dores de crescimento. Para manter a fidelidade da conversa e até a sonoridade do idioma, algumas palavras foram mantidas com o português de Portugal. Uma conversa, e um livro, necessários aos tempos de hoje.


Como surgiu a ideia de escrever um livro sobre o impacto da perda de sua mãe?
Hugo Gonçalves -  Sem que me desse conta, o livro foi-se construindo ao longo de muitos anos, aliás, se a minha mãe não tivesse morrido, não estou seguro de que seria escritor - a escrita foi, desde muito cedo, sendo uma forma de lidar com os sentimentos de perda e de singularidade (o único rapaz da turma que não tinha mãe). A ausência da mãe aparecia nos primeiros poemas da adolescência, nas crónicas que escrevi em adulto para os jornais e, de uma forma ou outra, nos meus livros anteriores a este. Durante muitos anos, não estava preparado para tamanho desafio, para enfrentar, em vez de fugir. Para ir fundo, em vez de aflorar brevemente. Foi preciso uma separação, após uma relação amorosa longa, e o regresso a Portugal, depois de dez anos a viver fora - incluindo quatro anos no Brasil - para perceber que tinha chegado a esse ponto da vida em que deixamos de fantasiar exclusivamente com o futuro e passamos a olhar para o passado, de forma a entender quem somos e como aqui chegámos. Ter crescido sem mãe era uma parte fundamental da minha existência, e estava na hora de aceitar isso, de investigar esse impacto em mim e na minha família. Estava cansado de fugir. Tinha as ferramentas de escritor à minha disposição. Queria saber o que evitara durante tanto tempo. Decidi ficar e escrever.

 

De que maneira a morte de uma mãe pode impactar na vida de um filho homem? 
Hugo Gonçalves - Só posso falar do meu caso. Na minha investigação descobri algo que não me recordava. Várias pessoas contaram que eu era o menino da mamã. Como o meu irmão mais velho já estava na escola, entre os dois e os seis anos, eu passava os dias sozinho com a minha mãe, o vínculo devia ser enorme, embora eu me recorde de muito pouco. Esse amor existiu, existe ainda algures no magma do meu inconsciente - o amor incondicional e egoísta das crianças pequenas pelas suas mães. E o amor dela - chamava-se Rosa Maria - por mim. Como não convivi com a minha mãe na adolescência ou na idade adulta, não discutimos, não nos zangámos, não a vi como uma humana falível, logo, idealizei a imagem feminina, e isso afetou as minhas relações amorosas com as mulheres. Julgava que o amor era uma fantasia romântica perfeita, em vez de um trabalho a dois, com altos e baixos e compromissos, uma construção, em vez de um delírio juvenil. Além disso, demorei muitos anos a aceitar que terminava as relações com medo de que me abandonassem, achava essa ideia um insuportável clichê da psicoterapia. Dizia: a minha mãe não me abandonou, morreu de câncer. Racionalmente, o adulto que eu era tinha razão, mas emocionalmente, o menino de oito anos que não se despediu da mãe, que a viu ir para Londres, para um hospital, sendo que depois ela desapareceu para sempre, esse menino julgou-se abandonado. No fundo, escrever este livro ajudou-me a perceber que sou igual a todos os outros que sofreram uma grande perda, foi uma lição de humildade que ajudou a que me libertasse do jugo egocêntrico da dor.     


Escrever sobre o assunto foi uma maneira de passar a vida a limpo superá-lo? 
Hugo Gonçalves - A vida é demasiado turbulenta e tem demasiadas pontas soltas para ser passada a limpo como uma lição de escola num caderninho com linhas direitas. No livro, falo do filho da escritora Susan Sontag, que perdeu a mãe por causa de um câncer (ela teve três). Ele diz que no luto não existe essa coisa que os americanos chamam "closure" - tudo resolvido, fechado, sem arestas que machucam. Essa coisa de "missão cumprida, partimos para a seguinte?". Não. A vida não é assim. Não escrevi o livro como terapia ou catarse. Sou um escritor que, tal como já pegou em outros temas e se debruçou sobre eles, resolveu escrever sobre algo que conhecia (ou queria conhecer melhor). Não queria que o livro fosse um lamento ou uma homenagem à minha mãe, mas um estudo profundo e sério - sem sentimentalismos fáceis - do luto, não apenas numa criança, mas ao longo da vida, numa família inteira. Quando parto para o livro já tinha feito todas as viagens - internas e externas - sobre as quais escrevo. O livro não é um momento mágico, que me mudou, é antes uma reflexão racional, emocional, até ensaística, que resulta de uma investigação pessoal, mas também de muitas leituras sobre o luto, de Tolstoi a C.S Lewis, de Roland Barthes a Christopher Hitchens, de poetas a romancistas. Mas estaria a mentir se não confessasse que, sim, algumas coisas descobri durante o processo de escrita em si mesmo. Uma delas aconteceu ao olhar para as fotos de infância. Fazia-o muitas vezes, durante a escrita, para entrar nesse tempo e espaço e poder retratá-lo. Um dia, reparei que, numa foto que já vira dezenas de vezes, eu estava de mão dada com a minha mãe. Não lembro a voz ou o cheiro da minha mãe. Tal como não lembro o toque. Mas ali estava, mão com mão, a prova que ela me tocava com ternura e sentido de proteção. Esse instante foi como uma máquina do tempo, onde se encontraram o menino que conhecia o carinho da mãe e o homem adulto que se esquecera desse carinho.


Como foi para você revisitar as memórias para escrevê-las? 
Hugo Gonçalves -  Muitas pessoas perguntaram-me se o processo tinha sido doloroso, a verdade é que na maioria das vezes foi um prazer. Sempre preferi a curiosidade à ignorância, o desafio à segurança. O não dito pode tornar-se o maldito. Como tal, mesmo as coisas mais dolorosas - como ouvir, da minha avó, como foi o dia em que a minha mãe soube que estava doente ou recordar-me de como me escondia debaixo da cama da minha mãe para estar mais perto dela - acrescentam, não tiram. Iluminam, não torturam. Este livro não é um queixume do coitadinho, está cheio de vida, de sol, das férias de verão que passámos em família. O livro descreve diversas viagens que fiz para lugares do nosso passado, casas, vilas, pessoas etc. O simples ato de viajar, de ir em busca, tem algo de lúdico e de descoberta. Mas também havia um desafio: eu tinha de recordar na exata proporção que tinha esquecido, queria colmatar tudo o que não soubera durante anos e anos. Era como um desígnio Não me reprimi, não recusei saber nada, mesmo se doía. Queria saber tudo. No final, compensa sempre, as memórias da vida sobrepõem-se às lembranças da morte.  

 
Revisitar as memórias e escrever sobre elas passa por uma seleção - prática, estética - e até de recortes da própria vida. Existiu um critério para selecionar os momentos que estão no livro?
Hugo Gonçalves - Todos nós já temos um narrador de origem, porque a todo o momento estamos editando e ajustando a narrativa das nossas vidas, é algo tão natural como respirar. Tinha o trabalho facilitado por essa pulsão natural dos humanos de fazerem sentido da sua existência. Depois, claro, há o trabalho literário, o livro tem uma estrutura que foi montada pela minha cabeça de escritor, é fruto do meu ofício, das tais escolhas estéticas e narrativas. Tal como tem um estilo assertivo que, mesmo quando é mais poético, foge do barroco e dos lirismos exagerados. Não me sentei e saiu tudo de rajada, claro. O escritor também é um operário, um artesão. Mas esse é o lado que o leitor não tem de perceber, seria como um mágico revelar os seus truques. O critério foi: quero contar esta história de forma pertinente e lúcida, com depuração e beleza na linguagem, com um equilíbrio entre a profundidade e a leveza. 
 

O que há de mais traumático e de mais libertador ao voltar ao passado pela literatura? 
Hugo Gonçalves - A literatura é uma forma de desmascararmos a realidade, de irmos ver o que se esconde atrás do pano e além da espuma dos dias. Assim, descobrimos que não estamos sozinhos nesta incumbência difícil, mas extraordinária, de estarmos vivos. A literatura permite empatia e chegar ao outro. Com este livro - mas essencialmente com todos os filósofos, prosadores, poetas, cientistas que li e a que recorro e cito no livro - revela-se o processo de equilíbrio que é necessário ao luto. Por um lado, é preciso aceitar a perda e a dor, não fugir, permitir que a tristeza exista em nós, mesmo que isso pareça dissonante num mundo em que a felicidade é uma espécie de tirania, basta ver as redes sociais, toda a gente está exultante de felicidade (tantas vezes falsa). Só que a tristeza faz parte da paleta de emoções humanas, existe por um motivo, não deve ser evitada a todo o custo. Por outro lado, não podemos ficar afundados na dor, é preciso andar em frente, não ficar refém da autocomiseração. A dor pode ser muito egoísta, como diz a canção da Marisa Monte: "Se ela me deixou a dor, é minha só não é de mais ninguém. Aos outros eu devolvo a dó, eu tenho a minha dor". A literatura permite perceber que a dor, afinal, não é só nossa, que há dores maiores e menores, isso serve de lição, afasta-nos do nosso umbigo, leva-nos a seguir adiante.    


Reescrever uma etapa da vida em que se viveu é algo semelhante a brincar de Deus?
Hugo Gonçalves - Não reescrevi uma etapa da minha vida, isso seria uma espécie de revisionismo histórico pessoal. Quis apenas resgatar memórias, completar lacunas, lançar luz onde havia desconhecimento. Tal como queria fazer um estudo da perda e do luto - que começa no momento em que a minha mãe fica doente, mas que deflagra ondas de choque que se espalham ao longo dos anos por várias pessoas. É importante dizer que o livro não é apenas sobre mim, sobre a minha dor, mas sim um texto que mergulha no tema universal da perda, recorrendo muitas vezes a outros autores que também o fizeram. No aspecto pessoal, posso dizer que descobri coisas sobre a minha mãe, os meus avós, o meu pai e irmão, coisas que possibilitam um maior entendimento do outro, das suas ações e dores pessoais. Neste processo, entendi que quem quer escrever sobre a morte, acaba sempre a escrever sobre a vida. Fui capaz de ver a minha mãe como mulher, como jovem, alguém que namorou e dançou e mergulhou no mar, não apenas como a minha mãe que morreu. Ela teve uma vida, não existiu apenas na doença e na morte.   

 
Há algo que você modificou para deixar mais literário, mais bonito ou mais palatável ao leitor? 
Hugo Gonçalves - O livro começa com um aviso: "Este é um relato verdadeiro ainda que, na tentativa de fazer sentido, a nossa memória seja tantas vezes imaginação". Tentei ser o mais fiel às minhas memórias, e às memórias das pessoas com quem falei, mas a memória, em si, já está pejada de preconceitos, embelezamentos, ângulos mortos, exageros. Várias vezes - e isso está no livro - percebi que havia versões distintas do mesmo acontecimento. Eu estava certo que a minha mãe tinha saído de casa, para um hospital em Londres, numa manhã, antes de eu ir para a escola. A minha avó garantiu que foi no final da tarde. Mas qual a verdade? A verdade é aquela que faz sentido para nós. Parti para este livro com o propósito de ser fiel à verdade, não queria manipular sentimentos, enganar o leitor, isso era algo inegociável. Mas a verdade tem vários corações a bater dentro de si, vários pares de olhos, vários relicários de memórias.  


Se pudesse reescrever a própria história a partir de seu livro, o que mudaria nela? 
Hugo Gonçalves - Não mudaria nada porque só cheguei neste momento - e fui capaz de escrever esse livro - com todos os enganos, tropeções e fracassos que vivi. Não havia atalhos, alternativas possíveis. Há coisas que temos de viver, há coisas que temos de deixar  que passem por nós, ou nos passem por cima. Um dia perguntaram a um comediante que admiro, Dave Chappelle, o que diria ele ao jovem Dave Chappelle, caso a sua versão aos 40 anos pudesse falar com a versão dos 20 anos. E ele respondeu: "tudo o que pudesse dizer ao jovem Dave, ele não daria ouvidos". Partilho dessa visão.      

 
Como passar por um luto e sobreviver a ele pode moldar o caráter de alguém?
Hugo Gonçalves - Viver é pagar um preço. Desde que nascemos estamos sempre a perder coisas - e a ganhar também, claro. Não sou nada miserabilista, pelo contrário, acho que estar vivo é fascinante, estou muito grato pela vida que tenho, sou um felizardo. Mas sei que o caráter é moldado pelas adversidades, sem dúvida. Quem tem tudo servido de bandeja, sem esforço ou luta, bem, é uma receita para ser um imbecil. Claro que a morte de uma mãe - ou, pior ainda, de um filho - é uma perda que pode deitar tudo abaixo. Conto no livro sobre o dia em que perguntei ao meu irmão se, também ele, como eu, se sentia mais destemido e indiferente a certas dores uma vez que tivera a maior perda de todas logo no início da vida (a morte da mãe). E ele respondeu: "Sim, durante muito tempo foi assim, mas depois fui pai e voltei a temer outra grande perda". 


O que hoje permanece vivo de sua mãe em você?
Hugo Gonçalves - Durante muitos anos não tinha uma fotografia dela. Hoje tenho várias, uma dessas fotos está junto do computador onde escrevo estas respostas. Mais além dos elementos materiais da memória, os artefactos da sua existência, há a ideia de um amor interrompido que eu consegui curar - com ajuda de psicoterapia, da minha mulher e agora do meu filho acabado de nascer. O amor pode ser curado, essa é a grande herança da minha mãe. Tive de esperar muitos anos para o entender, tive de ir atrás, mas resgatei esse amor perdido, e posso agora unir o fio desse amor, onde foi cortado, ao amor que sinto pelo meu filho. 





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