segunda-feira, 2 de março de 2009

.: Resenha crítica do pretensioso "Watchmen - O Filme"

Longa pretensioso caminha entre o "cabeça" e o "alienado"
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em março de 2009


Um filme alienado com super-heróis engajados. Saiba mais de Watchmen - O Filme!


Um filme cheio de pretensão que desanda de cena em cena, ao longo das suas quase três horas de duração. Muito alarde, efeitos especiais mil e qualidade baixa. No trailer "Watchmen - O Filme" arrasa e planta a semente da curiosidade no espectador. A história que tem como ponto central a iminência de uma guerra nuclear em larga escala entre os Estados Unidos e a União Soviética não convence, principalmente nas cenas finais. 

No entanto, a longuíssima e maçante duração do filme acaba banalizando todo o contexto (pois tudo parece repetitivo) e prova que suas quase três horas são totalmente desnecessárias. É visível que a equipe de edição (de sequências) não foi inteligente a ponto de conseguir prender o público e deixar aquela vontade de rever o filme. Até porque, convenhamos, Watchmen - O Filme é um longa comercial e tem (sim) como objetivo agradar o público. 

Contudo, o excesso de cenas vazias, o nu frontal do Dr. Manhattan (Billy Crudup) e a cena de sexo (quase explícito) entre Espectral (Malin Akerman) e Coruja (Patrick Wilson) somente aumentam o descrédito da obra de Zack Snyder. Sendo assim, a fala de Alan Moore comprova-se: "Watchmen, como todo quadrinho, tem coisas que só funcionam no papel. Há certos quadros que Dave Gibbons desenhou na revista que ficarão constrangedores numa tela imensa".

O longa não consegue garantir o seu espaço entre as grandes adaptações de HQs (todas adaptações dos X-Men, o primeiro Homem-Aranha ou Homem de Ferro). Ok. De início o filme parece prometer, porém tudo fica somente no excesso de efeitos especiais, nas lutas incríveis e uma história que não se decide entre o "cabeça" e o "alienado". Definitivamente um filme sem noção.

HQ: Publicada em 12 edições entre 1986 e 1987, Watchmen (ou se preferir Vigilantes) mostra um mundo em que Richard Nixon venceu a Guerra do Vietnã e escapou de Watergate, e os super-heróis foram obrigados a se registrar como funcionários públicos. A maioria dos vigilantes mascarados se aposentou do combate. Quem ficou na ativa é controlado pelo governo, exceto o rebelde Rorschach, quem decide investigar a morte de Edward Blake, o herói Comediante. Na busca pela verdade, Rorschach encontra seus "companheiros de trabalho", e assim, descobrem uma conspiração envolvendo o poderoso Dr. Manhattan, o único herói cheio de poderes.


Filme: Watchmen - O Filme (Watchmen, EUA)
Ano: 2009
Gênero: Ação / Drama / Ficção científica
Duração: 156 minutos
Direção: Zack Snyder
Roteiro: Alex Tse, David Hayter
Elenco: Jackie Earle Haley, Patrick Wilson, Billy Crudup, Jeffrey Dean Morgan, Malin Akerman, Matthew Goode, Carla Gugino, Matt Frewer, Stephen McHattie, Laura Mennell, Robert Wisden

.: Resenha crítica de "Spirit - O Filme", de Frank Miller

O tom afinado de Miller na telona
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em março de 2009


Nem morto. Nem vivo. Ele é Spirit e sente a vibração daquela que sempre será sua companheira: a cidade. Saiba mais de Spirit - O Filme!



Pela segunda vez, o estilo "milleriano" está em cartaz nas telonas em uma apresentação impregnada de sagacidade e ironia. Eis que na película há a predominância do preto, do branco e do vermelho, os responsáveis pela interação com o público. Uma vez envolvidos pelo mistério das poucas cores e o que de fato aconteceu com o policial Denny Colt (Gabriel Macht), o espectador está fisgado e passa a "viver" a intrigante história de Central City.

"The Spirit - O Filme" segue a fórmula de "Sin City - A Cidade do Pecado". Ok. Devo confessar que a nova produção de Frank Miller não é tão avassaladora quanto a sua primeira (e suntuosa) filmagem, porém The Spirit - O Filme tem lá os seus méritos. Diante de trailers e cartazes com tantas personagens sensuais pode-se ter uma ideia do que Miller colocará na telona. Também pudera, Denny Colt/The Spirit, o policial (que partiu dessa para melhor) é um incorrigível garanhão.

E, justamente, neste clima de belos rostos e seios fartos disputando este alguém que é somente um "espírito" (que vaga pela cidade), que conhecemos a história do protagonista. Já de cara temos a "bela morte" tentando agarrá-lo por toda a eternidade. No entanto, a investida de Colt é tão perfeita que consegue enganar a "bela" e retorna ao coração de seu eterna amada: a Central City.

Na sequência, debaixo de uma água (suspeita) temos o vilão Octopus (Samuel L. Jackson) e Sand (Eva Mendes) disputando (numa luta nada aquática) dois baús, cada um com o seu tesouro específico: um baú traz o sangue de Héracles e o outro o tesouro dos Argonautas. Enquanto que Octopus deseja a vida eterna, a bela, gamada em jóias, quer o tesouro milenar.

Para gerar o conflito, cada um tem em mãos o baú desejado pelo outro. E assim, é firmada a rixa entre Octopus, Sand e The Spirit. Por que The Spirit está envolvido nesta confusão? Simples o guardião eterno da cidade tem como inimigo número um o vilão esquizofrênico, Octopus. Onde e quando entra Scarlett Johansson? É a ajudante do vilão, e, sinceramente, está no papel mais inexpressivo de sua carreira. Já a ex-namorada do Motoqueiro Fantasma mergulhou de cabeça na ideia de Miller e conseguiu agradar.

Embora o enredo não seja forte e convincente, as imagens contrastantes, os poucos elementos ao redor das personagens que criam um ambiente perturbador e provocante são suficientes para agarrar o espectador. The Spirit - O Filme pode não ser tão brilhante e inovador, mas dá conta do recado. Vale a pena conferir!

Filme: The Spirit - O Filme (The Spirit, EUA)
Ano: 2008
Gênero: Ação
Duração: 103 minutos
Direção: Frank Miller
Roteiro: Frank Miller
Elenco: Gabriel Macht, Eva Mendes, Scarlett Johansson, Samuel L. Jackson

.: Entrevista com Pedro Vieira, escritor, autor de "Nerdquest"

"...eu tomei a pílula vermelha (na verdade não tive muita escolha), e a literatura é um hobby de luxo". -  Pedro Vieira

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em março de 2009


Um autor moderno que retrata a geração da era digital. Confira a entrevista de Pedro Vieira!



Pedro Vieira, o jovem autor de Nerdquest e dono de uma escrita impregnada de cultura pop é o entrevistado do mês de março do R.G.. Conheça um pouco mais deste carioca que é irrecuperavelmente viciado em jogos de RPG, histórias em quadrinhos e ficção científica. Confira!


RESENHANDO – Comente um pouco sobre “Nerdquest”. Como surgiu a idéia de escrever algo tão criativo e bem elaborado?
PEDRO VIEIRA - Na verdade, a “inspiração” surgiu de um período crítico (não por coincidência, exatamente como o que passam os personagens do livro), no qual eu me encontrava recém-formado, desempregado e, consequentemente, vegetando em casa. Como eu já havia feito inúmeras tentativas (frustradas) de escrever algo, pensei “por que não?”. Tudo no livro é completamente espontâneo, não planejado e, às vezes, inconsequente (risos). Eu até planejei começar a escrever no formato de roteiro (de cinema, HQ, qualquer coisa), mas nada que eu planejo dura muito, e logo abandonei a idéia (embora o começo do livro, com mais diálogos e menos texto corrido, tenha ficado com um formato bem parecido com o de roteiro). 


RESENHANDO – Fale sobre as suas influências que geraram o irreverente "Nerdquest"?
PEDRO VIEIRA - Bom, as minhas maiores influências são HQs (e pelo livro isso fica bem claro). risos. Os meus escritores preferidos são Neil Gaiman, Warren Ellis, Grant Morrison e Alan Moore. E, na literatura: Ian McEwan, Sallinger, Bukowski, Paul Auster e vários outros.



RESENHANDO - "Nerdquest" apresenta um retrato bem particular de uma geração nascida e criada em plena era digital. Por que "mergulhar" no univero jovem? 
PEDRO VIEIRA - Não teve exatamente um porquê planejado. Foi bastante natural compor esse “retrato” baseado em um momento pelo qual eu mesmo estava passando. Todas as referências amplamente citadas no livro e que compõe o pano de fundo do dia-a-dia dessa “geração digital” também são minhas referências e também foi natural que estivessem presente.


RESENHANDO – Pode falar sobre sua infância? Lia muito? O que lia quando criança?
P.V. - Sim, sempre gostei muito de ler. Provavelmente mais do que o resto das crianças saudáveis. E sim, eu também era o último a ser escolhido quando sorteavam time no futebol (e em todos os demais esportes, sem preferência especial). risos. Eu lia muito quadrinhos (e ainda leio), especialmente da Marvel: X-Men, Vingadores, Capitão América etc. E, além dos calhamaços de regras de RPG, lia bastante ficção científica e fantasia (que também ainda leio, claro), creio que, além do óbvio O Senhor dos Anéis, entre os livros que marcaram minha infância posso citar Campo de Batalha Terra (do L. Ron Hubbard), Eu Robô (Asimov), As Brumas de Avalon (Zimmer Bradley) e o clássico Viagem a Trevaterra (do Luiz Roberto Mee).


RESENHANDO - Hoje, após ter um livro publicado, o que a literatura representa para você?
P.V. - Caso a gente vivesse em algum mundo ideal, onde fosse possível sobreviver fazendo o que se gosta da vida, eu aproveitaria essa resposta para fazer declarações de amor à literatura (ou algo do gênero, meio afetado, eu sei). Porém, eu tomei a pílula vermelha (na verdade não tive muita escolha), e a literatura é um hobby de luxo. Eu continuo estudando e trabalhando (às vezes demais) e me dedico sempre que posso a escrever, porque é, obviamente, o que eu mais gosto nessa vida (junto com cerveja, dinossauros, zumbis e suicide girls). 


RESENHANDO - Entre tantos livros nacionais publicados e circulando em livrarias, qual é a sua recomendação de leitura? Por que?
P.V. - Dos que eu li recentemente: Putas Assassinas, do chileno Roberto Bolaño, que é definitivamente o melhor livro de contos que eu li em anos.



RESENHANDO - Na hora da leitura, qual o seu estilo preferido? 
P.V. - Depende. Ultimamente quase só tenho lido textos para a faculdade, mas eu tento ler de tudo mesmo. De Machado de Assis a quadrinhos do Conan, sem preconceitos. 


RESENHANDO - Se pudesse escolher em um armário cheio de talentos variados. Qual talento gostaria de ter?
P.V. - O do Dr. Manhattan: ENORME E AZUL. Ok, piadas sobre Watchmen à parte, eu gostaria mesmo era de controlar uma manada de velociraptors psiônicos. Se viessem com raios laser, melhor ainda. 


RESENHANDO - Quais seus planos? Já tem algum projeto literário? Comente. 
P.V. - Tenho um livro de contos ainda em processo de gestação e várias vozes na cabeça me pentelhando com novas idéias, especialmente quando eu menos espero e quando não tenho perspectiva nenhuma de como vou arranjar tempo hábil para executá-las. De qualquer maneira, vamos ver onde isso vai dar.


PING-PONG:
Escrevo por: que não sei desenhar e nem tocar guitarra
Meu(s) escritor(es) favorito(s) é(são): Neil Gaiman, Ian McEwan, Paul Auster, George R. R. Martin etc.
Nerdquest é: uma horda de quinhentos poodles zumbis ensandecidos destroçando um filhote de brontossauro ao som de Def Leppard (Love Bites, claro)
Mensagem para o público: não me levem a sério.


*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura e licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Twitter: @maryellenfsm

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

.: Resenha crítica de "Um Segredo Entre Nós"

Uma família em turbulências
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em fevereiro de 2009


Um drama centrado na complexidade dos relacionamentos familiares. Saiba mais de Um Segredo Entre Nós!


Fireflies in the Garden
By Robert Frost

"Here come real stars to fill the upper skies,
And here on earth come emulating flies,
That though they never equal stars in size,
(And the were never really stars at heart)
Achieve at times a very star-like start.
Only, of course, they can´t sustain the part"


Os conflitos (já velhos conhecidos dos dramalhões) entre familiares. Traições guardadas à sete mil chaves. Mentiras que se tornam verdadeiras. Uma direção meia boca. O tempo do enredo descompassado como um relógio sem cordas. Um elenco de primeira não muito bem aproveitado. "Um Segredo Entre Nós", dirigido por Dennis Lee é um drama semi-autobiográfico centrado na complexidade dos relacionamentos, especialmente depois que a família Waechter enfrenta uma inesperada tragédia: a morte de Lisa Waechter (Julia Roberts).

Charles (Willem Dafoe), pai de Michael (Ryan Reynolds) e esposo de Lisa, sempre autoritário e intransigente, é quem dá o ponta pé inicial na história e desenrola todos os problemas de sua família (sempre) despedaçada. Toda a reviravolta acontece, dentro do carro, quando marido e mulher iniciam uma discussão. À caminho da formatura da esposa na faculdade, um tanto que tardia, ambos colidem em uma árvore. Ele sobrevive, ela morte tem fatal.

Eis que se faz necessária a volta do escritor Michael à casa de sua tumultuada infância. Enquanto que não há mais nada a se comemorar, mas somente à se lamentar, todos os segredos começam a ser revelados, inclusive os mais inimagináveis. Em meio a novos acontecimentos, como a descoberta da infidelidade da mãe com o jovem professor Addison (Ioan Gruffudd), Michael mergulha nas lembranças do passado e por fim, decide se, de fato, deseja publicar seu livro "Fireflies in the Garden" (título original do filme).

É ao tomar tal decisão que as memórias de sua infância amarga e sofrida podem ganhar conhecimento público ou, simplesmente, podem ser revisitadas e enterradas para sempre, e, talvez, promover a reconciliação entre pai e filho.

Em meio a cenas cheias de mensagens implícitas muitas questões ficam no ar e acabam distanciando o expectador e tirando o pouco interesse que pode lhe restar. Sem contar que o grande elenco formado por Julia Roberts, Ryan Reynolds, Willem Defoe, Emily Watson, Carrie-Anne Moss, Hayden Panettiere, Ioan Gruffudd e Cayden Boyd tem a árdua missão de conectar uma história cheia de falhas e 100% trivial. 

De fato, nem só de um grande elenco é feito um grande filme. Se alguém, da equipe falha, por menor que seja a participação, tudo pode naufragar como o magnífico e luxuoso navio, Titanic! (refiro-me unicamente ao navio). Talvez a falta de empenho na elaboração do longa possa ser esclarecida nas curiosidades do longa:

* Julia Roberts estava realmente grávida durante as filmagens.
* Danny Moder, marido de Julia Roberts, assina a fotografia do filme
* O lançamento aconteceu durante o 58º Festival de Cinema de Berlim.

Será que Dennis Lee pensou que ter o nome da atriz mais desejada pelos estúdios nos anos 90 e alguns famosos da atualidade já seria suficiente para contar algo desconexo? Quem sabe, Lee tenha feito uma cama de gato e convidou o marido de Roberts para fazer a fotografia, fazendo com que instintivamente, Roberts participasse de seu longa? Ou ainda, quem sabe Julia "emprestou" um pouco de sua imagem para encaixar o marido na fotografia de Um Segredo Entre Nós? São muitas dúvidas para tentar solucionar o que não tem uma explicação definida.


"A imperfeição de uma família cheia de turbulências". - Resenhando.com


Filme: Um Segredo Entre Nós (Fireflies in the Garden, EUA)
Ano: 2008
Gênero: Drama
Duração: 99 minutos
Direção: Dennis Lee
Roteiro: Dennis Lee
Elenco: Julia Roberts, Ryan Reynolds, Willem Defoe, Emily Watson, Carrie-Anne Moss, Hayden Panettiere, Ioan Gruffudd, Cayden Boyd
Distribuidora: Focus Filmes

.: Resenha crítica de "As aventuras de Molière"

O grande professor da valorização da vida
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em fevereiro de 2009


Um grande artista que encontra o amor e no teatro faz rir e pensar. Saiba mais de As aventuras de Molière!


Em cartaz a verdade íntima do ser humano face às contradições da moral. Por meio do riso, Jean-Baptiste Poquelin (1622-1673) fazia pensar. O longa metragem de Laurent Tiard, "As aventuras de Molière", faz um recorte na vida do maior comediógrafo francês de todos os tempos.

Em uma narrativa não-linear, as primeiras imagens do filme começam na sutil beleza de tecidos finos, partindo para uma carruagem misturada à névoa do local e por fim, um pequeno, porém requintado, teatro. É no desejo desesperado de produzir uma tragédia que o inesperado acontece e uma moça faz o pedido de sua mãe acamada: receber uma visita do escritor. 

Ao voltar treze anos da vida do ator, empresário e autor, encontramos Molière sendo preso por oficiais de justiça de Paris por dever ao vendedor de velas a quantia de 142 libras. Eis que "cruza" o seu caminho, o Monsieur Jourdain, disposto a pagar os débitos do artista, desde que este o ajude a cortejar a bela Célimène.

No entanto, o curioso de tudo é que o interessado na bela é um empresário casado e pai de duas filhas. Resultado: a conquista de Célimène deve ser mantida em segredo. Para que a entrada de Molière não seja rejeitada pela esposa, senhor Jourdain hospeda o jovem ator em casa como sendo um religioso.

Na tentativa de derrubar a muralha das tentações, o sedutor terá de escapar das várias distrações que podem atrapalhar a sua carreira. É na turbulência de sentimentos do protagonista que se descobre a importância do companheirismo entre marido e mulher e compreensão dos pais em relação aos desejos dos filhos.

"As aventuras de Molière" conta com um enredo bem elaborado e atrativo. Não deixando nada a desejar à essência de Molière que tinha ritmo nas cenas e encadeamento nos diálogos. E com uma fotografia belíssima, o longa caminha de modo mágico no retrato de uma época cheia de regras para serem obedecidas e quebradas. Não deixe de conferir!


"As peripécias de um artista magnífico em um enredo bem elaborado e atrativo". - Resenhando.com


Filme: As aventuras de Moliére (Moliére, França)
Ano: 2007
Gênero: Comédia romântica
Duração: 127 minutos
Direção: Laurent Tiard (Mensonges et Trahisons et Plus si Affinités)
Roteiro: Laurent Tiard 
Elenco: Romain Duris, Fabrice Luchini, Laura Morante, Edouard Baer, Ludivine Sagnier
Distribuidora: Focus Filmes


.: Em cartaz os seis musicais românticos de todos os tempos

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em outubro de 2009


Eleitos os seis filmes do gênero musical que marcaram a história do cinema. Saiba mais desta seleção imperdível que inclui Grease - Nos Tempos da Brilhantina, Dirty Dancing - Ritmo Quente, entre outros!


Uma história de amor bem interpretada na telona é um presente perfeito aos românticos de plantão. No entanto, quando esta linda história amorosa é embalada por muitas canções, tudo fica ainda mais perfeito! Pensando nisso, para comemorar os seis anos do Resenhando.com nós elencamos os seis longas musicais que marcaram época e, apesar da idade, continuam conquistando fãs e marcando com propriedade o seu espaço no meio cinematográfico.


Não é de hoje que as telonas representam os sucessos musicais da Broadway. O maior de todos continua fazendo sucesso e somando fãs por todo o mundo. O musical "Grease - Nos Tempos da Brilhantina" foi parar na telona, protagonizado por John Travolta e Olivia Newton-John em 1978 e, até os dias modernos, faz crescer o cofrinho de vários tipos de empresas, pois já recebeu várias edições comemorativas em DVD e até a boneca Barbie não deixou por menos e resolveu vestir-se de Sandy, Rizzo e até Frenchy. 

"Grease - Nos Tempos da Brilhantina" conta a história de Danny (John Travolta) e Sandy (Olivia Newton-John), dois jovens apaixonados dos anos 50 que enfrentam os problemas típicos dos adolescentes. Enquanto a mocinha e o mocinho (nem tão bonzinho!) tentam ajeitar a relação, é o rock'n'roll que dita os passos de toda a turma de estudantes, e assim, retrata-se na película o comportamento dos jovens da época. O longa dirigido por Randal Kleiser (A Lagoa Azul) recebeu uma indicação ao Oscar.


O segundo musical envolvente da lista do Resenhando.com conta a história de uma garota em férias que se apaixona pelo instrutor de dança do hotel em que está hospedada com a família. "Dirty Dancing - Ritmo Quente" (1987) é ambientado no ano de 1963, quando Frances Houseman (Jennifer Grey), ainda era chamada carinhosamente pela família de "Baby". 


A mocinha da história acaba entediada ao tentar distrair os hóspedes mais velhos do hotel. Entretanto, a sorte dela é lançada quando entra numa festa "não aberta ao público"  e dança (mesmo sem gingado) com Johnny Castle (Patrick Swayze). A jovem se apaixona pelo professor de dança, porém vários problemas não deixarão de surgir para atrapalhar o amor dos pombinhos que pertencem a classes sociais diferentes.


Outro casal importante na história dos musicais é composto por Satine (Nicole Kidman) e Christian (Ewan McGregor). "Moulin Rouge: O Amor em Vermelho", longa brilhantemente produzido por Baz Luhrmann (Romeu e Julieta, com Leonardo Di Caprio) conta a história de um jovem escritor que enfrenta seu rigoroso pai, segue na luta pelo seu dom da poesia e muda-se para o bairro boêmio de Montmartre, em Paris. Tendo uma visão fabulosa do amor, ele ganha o apoio de Henri de Toulouse-Latrec (John Leguizamo) para participar da vida social e cultural da região: no Moulin Rouge, boate que vive de sexo, drogas, adrenalina e Can-Can. Entretanto, o jovem sonhador acaba apaixonando-se pela mais bela cortesã da Paris efervescente, Satine, estrela maior do Moulin Rouge.

"Hairspray - Em Busca da Fama", longa musical produzido em 2007, soube unir com inteligência uma história de amor diferente (um galã e uma gordinha e de um negro e uma branca), músicas animadas e passos de dança contagiantes. A história que acontece em 1962 começa a partir do desejo adolescente de aparecer no "The Corny Collins Show", o programa de dança mais famoso da TV. A jovem Tracy Turnblad (Nikki Blonsky), mesmo gordinha, consegue superar todos os obstáculos para realizar o seu sonho e cair nos braços de Link (Zac Efron).


Outro musical recente que encantou, literalmente, o público foi elaborado (e muito bem) pelos Estúdios Disney. Não me refiro à franquia "High School Musical" (que colocou na trilha do sucesso tantos nomes), mas ao delicado "Encantada", que brinca com o mundo mágico dos contos de fadas e a cruel realidade. Nesta história de amor embalada por muitas canções e coreografias emocionantes (principalmente na música Como Vai Saber), tudo começa, em um desenho nos moldes das princesas clássicas, quando estes ganham uma vida de carne e osso. Em traços definidos e bastante coloridos conhecemos Gisele, uma princesa que é maldosamente retirada do mundo do faz de conta para a agitada Manhattan. Humana, ela descobre que pode sentir raiva e até amar alguém de um mundo. Recebeu 3 indicações ao Oscar.


E por fim, mas não menos importante há o inigualável "Flashdance". O romance musical de 1983, já não agrada a tantas pessoas, embora a música What a Feeling... sempre esteja na mente de todos nós ou, até, nos nossos aparelhos de música. O longa produzido por Jerry Bruckheimer e Don Simpson, quando lançado, ficou na terceira posição dos filmes mais assistidos, além de ganhar fama na década de 1980, por meio de várias homenagens em outras produções. O sucesso dos anos 80 conta a história de uma jovem (Jennifer Beals) que não mede esforços para se tornar uma bailarina, trabalhando como operária durante o dia e soltando o seu corpo no ritmo alucinante das discotecas noturnas. Entretanto, a moça encontra tempo de sobra para viver uma história de amor arrebatadora. Vencedor do Oscar de Melhor Canção Original. 

.: Entrevista com Carmo Dalla Vecchia, ator de "A Favorita"

"Quando você faz uma cena de amor, você faz o máximo possível para as pessoas acreditarem que você está amando". -  Carmo Dalla Vecchia


Por: Helder Miranda
Em fevereiro de 2009


O Favorito: Entrevistamos Carmo Dalla Vecchia, o homem do momento. Confira a entrevista!



Educado e atencioso, Carmo Dalla Vecchia é o galã do momento. No auge de sua carreira, com o término das gravações como o jornalista Zé Bob de A Favorita (último sucesso em horário nobre), personagem que o colocou no patamar das estrelas de primeira grandeza na Rede Globo, o ator respondeu a todas as perguntas com extrema franqueza e sensibilidade. Ao todo, são dez novelas, três minisséries e dois filmes. Com o término da novela em que era protagonista, em apenas três horas teve de se despedir da personagem e incorporar Martim Afonso na 27ª Encenação da Fundação da Vila de São Vicente. Nesta entrevista, ele fala sobre sua carreira e sobre os beijos que dava em Claudia Raia na novela. Confira!


RESENHANDO – Você tem consciência de que hoje é o homem mais cobiçado da TV?
CARMO DALLA VECCHIA – (risos) Não tenho essa consciência, não! Tem muita gente boa por aí. Não sou o mais cobiçado, não... Tem muita gente boa. Em A Favorita, mesmo, já tiveram várias pessoas geniais. E no Brasil existem pessoas maravilhosas. 


RESENHANDO - A que você atribui o sucesso de A Favorita, que começou patinando no ibope e terminou como um fenômeno de audiência?
C. D. V. - Uma grande ousadia do texto, uma direção de qualidade. Acredito que o grande mérito, sempre, de uma boa história, é o que está sendo contado. Então, se eu fosse citar uma única pessoa, eu destacaria quem escreveu a história.



RESENHANDO – Qual a sua avaliação sobre esse trabalho?
C. D. V. - Foi uma trama que surpreendeu a todos. Quando iniciou A Favorita, as pessoas não estavam acostumadas com uma mocinha que parece bandida, e uma bandida que parece mocinha, né? É a própria dificuldade que as pessoas têm de enxergar o real, que está ao nosso lado. Porque o bandido nem sempre vem com uma arma na mão, nem sempre está dessa forma. Às vezes, está sob o disfarce de uma menina linda de olhos claros. Acho que esta novela teve essa ousadia de mostrar a realidade de uma forma muito mais concreta. 


RESENHANDO - O Zé Bob foi sua consagração na TV? 
C. D. V. - Não acho que ele seja minha consagração, porque já fiz vários personagens, e por mais que ele tenha o maior ibope de todos, eu só cheguei a ele pelo trabalho que foi executado até aqui.


RESENHANDO – Cláudia Raia já interpretou sua mãe, na minissérie Engraçadinha (1995). Os beijos nela em A Favorita eram técnicos?
C. D. V. - (risos) As pessoas criam uma lenda em torno disso... Beijo é beijo, só que a partir do momento em que o diretor diz: ‘corta’, é corta e acabou! Então, não tem muita fantasia. Quando você faz uma cena em que você está com raiva, você tenta sentir a raiva. Quando você faz uma cena de amor, você faz o máximo possível para as pessoas acreditarem que você está amando. Só que existe um ‘corta’ depois da cena e, a partir daquele ‘corta’, é ‘corta’! Essa é a realidade do beijo técnico.


RESENHANDO - Como o Zé Bob, você encarnou o estereótipo do jornalista que povoa o imaginário popular: engajado, que está sempre na hora e no lugar certo, escreve artigos, faz reportagens, tira fotos e ainda enfrenta político. O que pensa sobre isso?
C. D. V. - Depende do jornalismo que a gente for falar, porque o Zé Bob era um jornalista político. Eu tive a chance, no Rio de Janeiro, de conhecer algumas pessoas parecidas com o Zé Bob... Mas isso, infelizmente, é uma pena, cada vez parece menor. Pessoas mais engajadas, pessoas com uma ética muito forte, né? O Zé Bob, em termos de conduta, caráter, ética, eu acho que ele é um exemplo a ser seguido.


RESENHANDO - Depois dele, como é virar Martim Afonso a céu aberto?
C. D. V. - Para mim, é uma honra muito grande justamente por poder contar um pouco da história da qual fazemos parte, justamente para que as pessoas possam questionar o seu presente. Só por meio da consciência do seu passado, e das coisas que aconteceram ao seu redor, é que você pode entender um pouco melhor esse amalgama que nos cerca hoje, essa realidade que é formada e que nos faz ser o que somos hoje.


RESENHANDO - Quanto tempo de você teve para sair de um personagem televisivo para o maior espetáculo em areia de praia do mundo?
C. D. V. - Gravei as últimas cenas de A Favorita, e já entrei nessa personagem. Na transição de uma personagem para outra, foram apenas três horas, que foi o que consegui dormir, mas tudo bem. 



RESENHANDO - Como foi isso?
C. D. V. - Três horas de sono e, ao mesmo tempo, uma alegria muito grande de poder contribuir para contar a história do nosso povo. Fazer justamente com que as pessoas questionem isso. Só sabendo a sua história, sabendo de onde você veio, que você consegue analisar o seu presente. Fico muito feliz por ser chamado para fazer este “Zé Bob de época”, porque assim como o Zé Bob este homem (Martim Afonso) tinha um espírito batalhador , gostava da verdade, tentava marcar territórios e veio para lutar.


RESENHANDO - Como foi para você encenar na areia, nesse espetáculo que bate recordes no mundo?
C. D. V. - Uma emoção muito grande. São muitas pessoas assistindo você, às vezes chove e as pessoas não arredam pé... Enfim, uma alegria grande. A gente tem essa troca com o público, né? Uma ligação completamente diferente de quem está acostumado a fazer televisão. Quer dizer, eu fiz muito teatro, mas gravei A Favorita por mais ou menos dez meses e, apesar de ser o mesmo ofício, são duas realidades completamente diferentes. É uma outra emoção, é um outro prazer, é uma outra alegria. Fico contente de já ter tido esta oportunidade, depois de um trabalho que me trouxe tanta realização como A Favorita. 


RESENHANDO - O que é mais gratificante para você, fazendo a encenação?
C. D. V. - Ficou muito feliz em ser chamado para fazer esse ‘Zé Bob de época’. Porque assim como o Zé Bob, Martim Afonso tinha um espírito batalhador Eu quero agradecer essa credibilidade que deram para o meu trabalho. Tem uma coisa que eu acho super-importante também, que é a oportunidade de trabalhar com profissionais locais. Isso eu acho muito enriquecedor: você contracenar com mil e tantas pessoas, na areia, e conhecer outros artistas também... É um prazer, uma alegria e uma troca muito grande, que a gente pode fazer. 


RESENHANDO - Você já interpretou Jesus em A Paixão de Cristo. Qual a diferença ao interpretar Martim Afonso, na encenação da Fundação da Vila de São Vicente?
C. D. V. - A diferença é que não tem o caráter histórico que acho de extrema importância. Esse que é o grande barato: você poder entender a sua história e, a partir daí, conseguir enxergar o que está acontecendo hoje. Foi exatamente a nossa história que contamos na encenação, onde tudo começou. Então esse caráter histórico foi uma das coisas que mais me encantou nesse projeto. Achei genial que cada ano se renova. Ou seja, cada dia um show diferente e cada dia um espetáculo grandioso, pra oito, nove mil pessoas. Espero ter feito jus a esse convite.


Atuação na televisão - Telenovelas
2008 - A Favorita .... Zé Bob (José Roberto Duarte) 
2006 - Cobras & Lagartos .... Luciano Botelho 
2006 - JK .... Carlos Vasconcelos 
2005 - Sob Nova Direção .... Aldo 
2004 - Começar de Novo .... Tenório 
2004 - Linha Direta .... Alberto Jorge Bandeira 
2004 - Seus Olhos .... Sérgio 
2003 - A casa das Sete Mulheres .... Batista 
2001 - Pícara Sonhadora .... Inácio 
2000 - Chiquititas Brasil .... Rian 
1998 - Serras Azuis .... Silvaninho 
1997 - Canoa do Bagre .... João 
1996 - Perdidos de Amor .... Dalton 
1995 - Cara e Coroa .... Fabinho 
1995 - Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados .... Durval 

Atuação no cinema
2008 - Onde Andará Dulce Veiga? - Rauderio (filme) 
2000 - Cronicamente inviável (filme) 

sábado, 24 de janeiro de 2009

.: Entrevista com Lobão, cantor e apresentador

"Acho que o melhor sempre está por vir". -  Lobão

Por: Helder Miranda

Em janeiro de 2009


Lobão, sempre inquieto, fala sobre seu trabalho na TV e seu polêmico movimento político. Confira a entrevista!



Inquieto, aparentemente arredio, porém, no decorrer da conversa, extremamente educado e gentil, o cantor LOBÃO tem, no mínimo, dois feitos: ganhar um Grammy de disco de rock com um álbum acústico e ser contemplado com o Prêmio Comunicação e Destaque, o Oscar brasileiro dos melhores apresentadores de Rádio e TV do Brasil, após pouco tempo à frente do programa MTV Debate. 



RESENHANDO - Como foi ganhar o prêmio de melhor apresentador?
LOBÃO - Uma surpresa, afinal estou há pouco tempo nisso. Comecei apresentando um programa de debates para, mais tarde, fazer outro sobre bandas, como realmente aconteceu. Nesse meio tempo, ganhei o prêmio, que muito me envaideceu. 


RESENHANDO - Como se tornou apresentador de TV?
LOBÃO - Aceitei o convite para fazer o programa ‘Saca Rolha’, com o Marcelo Tas e a Mariana Weickert, que fez muito sucesso em Brasília e em São Paulo. Entrei muito respaldado e só dei opiniões, durante dois anos. O Cazé, da MTV, estava sobrecarregado com três programas, pediu para sair do MTV Debate e sugeriu meu nome. A emissora me convidou e eu quis experimentar. 



RESENHANDO - Apresentar esse programa, seria uma rendição à cultura pop?
LOBÃO - Eu sou cultura pop! Toquei no Bolinha, no Faustão, na Xuxa... Toco em rádio AM. Qual o problema disso? Entrei para a MTV, ganhei o prêmio e modifiquei o perfil da emissora, que agora tem programas de informação e antes eram apenas comportamentais. O paradigma da emissora mudou, o que não é pouca coisa. 


RESENHANDO - Quais os assuntos que prefere abordar?
LOBÃO - Às vezes, recebo um e-mail: ‘Pô, Lobão, faz uma coisa sobre ovni...’. Aí eu falo: ‘Legal, vamos fazer’. E às vezes têm assuntos inevitáveis, como Obama ou Tropa de Elite. Geralmente, coisas que eu tenha opinião, porque o fato de eu estar ali é um editorial de mim mesmo.


RESENHANDO - E dos programas que procuram novos talentos, o que acha?
LOBÃO - É muito pouco provável que um cara em um desses programas se firme. Fui jurado do programa “Astros” (SBT) e fiquei emocionado com um “negão” que tinha tudo para ser um grande cantor, mas a partir dali não sei o que aconteceu... Não “pega”, né? É o fim da picada alguém ensinar a ter talento e desenvolvê-lo. 


RESENHANDO - Qual a sua opinião sobre a comemoração dos 50 anos da Bossa Nova?
LOBÃO - Falta de assunto. Estamos muito afastados dos grandes centros de formação cultural do mundo. Tenho muita influência da Bossa Nova. Critico a falta de energia desse estilo musical. Bossa Nova é crônica, não fala sobre a realidade atual. Você vê Ipanema hoje e vê bala perdida, o cara ser atropelado, o funk carioca. Não há clima para andar de “mãozinha dada” na praia... Não dá para fazer serenata para a namorada que mora no 16º andar. Essas coisas mostram o anacronismo da Bossa Nova. O brasileiro se rasga de orgulho com coisas que não são tão maravilhosas assim. 



RESENHANDO - Por que você criou aquele polêmico movimento político?
LOBÃO - Eu simplesmente traduzi o momento da maioria dos políticos, a corrupção, um sem-número de provas a respeito do “mensalão”, o cara pego com dinheiro na cueca e todas as respostas eram: ‘não, não fui eu, querem me derrubar’. “Peidei... Mas Não Fui Eu” é basicamente isso. Claro que peidei, claro que fui eu!


RESENHANDO - Você ainda pensa assim?
LOBÃO - Não mudou muita coisa, né? A política continua provinciana, corrupta e jeca. Com algumas exceções, temos uma nova geração de coronéis. 


RESENHANDO - Você se candidataria?
LOBÃO - Não tenho o perfil. Imagine um cara, falando como eu, sendo político. Não tem como... Só se eu fosse outra pessoa... Com a liberdade que tenho, não poderia exercer bem esse cargo, porque um político é mediador e, eu, sou parcial. É claro que faço política, e muita, mas do meu jeito. 



RESENHANDO - Com foi ganhar o Grammy Latino?
LOBÃO - Foi surpresa, porque eu estava concorrendo como melhor disco de rock, acústico, com violão. E disputava com a volta de Os Mutantes, que fizeram turnê mundial. Estavam todos em Las Vegas para receber o prêmio, e eu fui o azarão. Realmente, é um puta disco... Tinha de ganhar mesmo!


RESENHANDO - Este disco o apresentou para a nova geração?
LOBÃO - Não, desde 1998 eu sou ícone da música independente. Quem vai ao meu show não é o quarentão nostálgico. Quando você atua, tem de estar com o novo. Pode ser até um cara mais velho, mas tem de pensar para frente. Quem pensa que o melhor passou está morto. Acho que o melhor sempre está por vir.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

.: Resenha crítica de "O Curioso Caso de Benjamin Button"

A complexidade de um "botão"
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em janeiro de 2009


As dificuldades de um ser humano controverso. Saiba mais de O Curioso Caso de Benjamin Button!


Uma história diferente, "curiosa" e cheia de atrativos. Afinal, como seria nascer idoso e rejuvenescer ao longo da vida? É neste jogo de contrários e inversos que O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button, 2008) acontece de modo encantador diante dos olhos do espectador.

Ok. Não vou mentir e dizer que as quase 3 horas de duração do longa não são sentidas. Pelo contrário, há momentos em que as cenas amareladas chegam a irritar (levemente) e, talvez, causem alguns bocejos. Contudo, as cenas seguintes conseguem envolver de tal modo que tudo o que salta na tela é informação preciosa e geradora de muitas dúvidas para a conclusão da história de Button (Brad Pitt).

Neste longa dirigido por David Fincher (Seven - Os Sete Pecados Capitais) mãe e filha, em um hospital, vivem o momento recordar é viver. Eis que a filha (Julia Ormond) lê o diário da própria mãe com direito a comentários enriquecedores. Desta forma o espectador conhece um sujeito "nascido em circunstâncias incomuns" que recebe o nome de Benjamin.

Qual o motivo do estranhamento deste ser humano? Simples. Após nascer com uma "aparência assustadora" e ficar órfão de mãe, o bebê ganha a rejeição do pai. Desperado, o senhor Button (dono de uma fábrica de botões) abandona o filho na escada, de um asilo, em Nova Orleans. 

O pequeno "deformado" é criado por negros com muito amor e carinho e, apesar das complicações de saúde, consegue dar continuidade ao trajeto de sua vida inversa. No entanto, é no passar do tempo que ele começa a rejuvenescer. Por volta de seus sete anos de vida em uma pele de idoso, Benjamin conhece a garotinha Daisy. 

Passados 20 anos, ela torna-se uma bela jovem (Cate Blanchett), enquanto que, na aparência, Benjamin segue o processo inverso do ciclo da vida e está 20 anos mais jovem. É então após loucas experiências que a história abre espaço para o amor, e de fato, surpreende e encanta.

Também pudera, já no reencontro de Benjamin e Daisy a emoção transborda. É curioso pensar que alguns dos grandes momentos (e emocionantes) do nosso protagonista acontecem em escadas. Outro ponto interessante é o jogo de signos e seus significados. Afinal, como um bebê poderia ser criado em um asilo? O senhor botão (Button) tem uma uma fábrica de botões?

É neste jogo inteligente que o talento do elenco de apoio que inclui Tilda Swinton, Taraji P. Henson, Jason Flemyng e Jared Harris ganha destaque e total importância para a perfeição de uma película riquíssima em detalhes. A qualidade dos efeitos especiais, impecáveis, por sinal, já são apresentados nos primeiros minutos do longa quando temos na telona um bebê enrugado e envelhecido.

Tanta perfeição casa bem com a maravilhosa direção de fotografia de Claudio Miranda, a intocável direção de arte de Donald Graham Burt e a encantadora trilha de Alexandre Desplat. Vale a pena conferir O Curioso Caso de Benjamin Button!

"Um botão envelhecido com a chance de fazer David Fincher abocanhar muitas estatuetas no Oscar 2009". - Resenhando.com

Filme: O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button, EUA)
Ano: 2008
Gênero: Drama
Duração: 166 minutos
Direção: David Fincher
Roteiro: Eric Roth
Elenco: Brad Pitt, Cate Blanchett, Julia Ormond, Tilda Swinton, Faune A. Chambers, Elias Koteas, Donna DuPlantier, Jason Flemyng, Joeanna Sayler, Taraji P. Henson, Mahershalalhashbaz Ali, Fiona Hale

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

.: Resenha crítica da animação "Madagascar 2"

Eles estão de volta e ainda mais engraçados
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em dezembro de 2008


O quarteto mais divertido das animações está de volta e ainda tem muita história para contar. Saiba mais de Madagascar 2!


Madagascar 2 é uma sequência que não perde em nenhum quesito, ou seja, o novo longa dos amigos Alex, Marty, Glória e Melman conta com muito mais qualidade que Madagascar. O humor 100% sagaz está entranhado em toda a película: desde o enredo cheio de reviravoltas à inclusão dos novos personagens, Makunga, vilão leonino com a voz de Alec Baldwin, e Moto-Moto, o hipopótamo saradão interpretado por Will.I.Am, na versão original do longa.

É interessante também como o roteiro de Etan Cohen (Trovão Tropical) encontra com perfeição ligações de histórias (do passado) muitíssimo satisfatórias para cada um dos quatro amigos. Como assim? Simples. Numa viagem no tempo o público conhece a história de separação de Alex, o protagonista (afinal ele é o leão, o rei da floresta, claro), e seus pais. Quando tudo acontece? Na infância do leãozinho. No entanto, é em meio a esta fatalidade (para não dizer trauma) que a forte amizade deste quarteto inicia-se, bem ali, onde o longa Madagascar começa, no zoológico do Central Park, em Nova Iorque.

A história tem muitos traços enrustidos ou até descarados de O Rei Leão, grande sucesso dos estúdios Disney, embora seja muito original. Quando a originalidade salta na telona? É justamente quando o desejo de Melman, Marty e Gloria "começam" a virar realidade. Enquanto tudo ganha formas na vida destes "artistas", a história ganha um bom e forte caldo, e assim ajudam a aprimorar todo o enredo de Madagascar 2. 

Tudo começa na tentativa de Alex, Marty, Glória e Melman e mais alguns "amigos" voltarem para Nova Iorque. Resultado: Eles descobrem estar mais perdidos que antes. Contudo, no coração da África, Alex reencontra sua família; o hipocondríaco Melman torna-se curandeiro das girafas; Marty vive uma crise de identidade em meio ao seu bando e Gloria é assediada pelo mais desejado dos hipopótamos, o terrível Moto-Moto. O que dizer? Madagascar 2 é simplesmente imperdível!


"Uma animação de excelente gosto que consegue mostrar a importância da amizade sincera". - Resenhando.com


Filme: Madagascar 2 (Madagascar: Escape 2 Africa, EUA)
Ano: 2008
Gênero: Animação/Comédia
Duração: 89 minutos
Direção: Eric Darnell e Tom McGrath 
Roteiro: Etan Cohen
Elenco: Ben Stiller, Chris Rock, David Schwimmer, Jada Pinkett Smith, Sacha Baron Cohen, Cedric The Entertainer, Will.I.Am, Alec Baldwin

.: Entrevista com Luana Piovani, atriz que tem paixão pelo teatro

“As crianças são os adultos que teremos amanhã e eu acho que nós estamos precisando formar pessoas melhores do que as que estão por aí hoje”. - Luana Piovani

Por Patrick Selvatti
Em dezembro de 2008



Luana Piovani mostra sua verdadeira face ao falar sobre as crianças e sua paixão pelo teatro. Confira!



Protagonista de uma tremenda confusão (ainda recente) com o ex-namorado, o ator Dado Dolabella, a atriz Luana Piovani, é a entrevistada especial do R.G. do mês de dezembro e fecha o ano de 2008 com chave de ouro. Para o RESENHANDO.COM ela fala sobre o seus quase dez anos longe das novelas, sua profunda dedicação ao cinema e sua paixão pelo teatro, além de seus problemas com a mídia. Tomada de sensibilidade ela revela sua preocupação com o público infantil: "Minha comunicação com as crianças é muito fácil. E ninguém merece mais o meu esforço e a minha dedicação do que elas.", diz a atriz. Confira a entrevista de Luana Piovani na íntegra!


RESENHANDO - Sua última participação em novelas foi há quase dez anos, em Suave Veneno. Depois, você fez uma participação na minissérie O Quinto dos Infernos e nunca mais aceitou nenhum papel. Por quê? 
LUANA PIOVANI - Fazer televisão é muito complicado. A dedicação tem que ser exclusiva e eu, como boa virginiana, sou organizada e disciplinada, gosto de me dar de corpo e alma ao que estou fazendo. Mas eu estou sentindo que não vai demorar muito para eu voltar a fazer novela, não. Têm surgido convites, meus fãs estão me cobrando... Pode rolar, sim. O fato de eu não estar fazendo já há algum tempo não implica que eu não venha a fazer mais.


RESENHANDO - Você foi sondada pela Record?
LUANA PIOVANI - Recebi um convite até muito bom para fazer a nova novela do Lauro César Muniz. Fiquei muito honrada com o convite, parece que eles queriam que eu protagonizasse, junto com o Marcelo Serrado. Mas ainda não é o momento.



RESENHANDO - E por que você se dedica tanto ao teatro e ao cinema?
LUANA PIOVANI - Eu sempre digo que sou completamente apaixonada pelo teatro. Para mim, é a realização suprema. Estar no palco é estar no paraíso e, se pudesse escolher, só ficaria no teatro. Já o cinema é outra paixão, mas eu sou mais realista. O Brasil está caminhando bem para o lado da indústria cinematográfica, temos lançado excelentes filmes, inclusive. Mas ainda é muito difícil...


RESENHANDO - Quais são os seus projetos profissionais para 2009? 
L.P. - Neste ano, conclui as filmagens de A Mulher Invisível e Família Vende Tudo e agora estou ensaiando o monólogo Pássaro da Noite. É um grande desafio, pois vou estar sozinha no palco. Queria muito conseguir emplacar meu programa infantil, mas, infelizmente, pouca gente se interessa pela qualidade do que as crianças vêem na tevê.


RESENHANDO - O que levou você a investir no público infantil? 
L.P. - Minha comunicação com as crianças é muito fácil. E ninguém merece mais o meu esforço e a minha dedicação do que elas. As crianças são os adultos que teremos amanhã e eu acho que nós estamos precisando formar pessoas melhores do que as que estão por aí hoje.


RESENHANDO - Mas existe também um interesse comercial neste público...
L.P. - Estou destinando a minha carreira profissional para este lado porque percebei que existe uma lacuna. É, sem dúvida, um nicho de mercado em que a concorrência é menor.


RESENHANDO - Você tem um site pessoal onde criou um canal de comunicação com seus fãs e o público em geral. Como isso funciona? 
L.P. - Meu site existe há 12 anos e é a minha menina dos olhos. Eu adoro quando falam do meu site, sabe? Só não gosto que chamem meu site de blog, sabe… Eu tenho dois blogs dentro do meu site. Eu criei porque gosto de me comunicar, de saber o que as pessoas estão pensando. Meu site me dá muita alegria, mas também muito trabalho, pois sou eu quem faço todo conteúdo. Nele eu idealizo os ensaios fotográficos, respondo os e-mails, escrevo textos para os dois blogs. Enfim, mexo em tudo. 



RESENHANDO - Você tem uma relação conturbada com uma parte da mídia. De onde veio sua fama de antipática? 
L.P. - Eu não sou antipática com quem não merece. Jornalista sério tem todo o meu respeito. Mas com quem sai por aí falando besteira, que vem querendo invadir minha privacidade, eu sou mesmo. Mas eu não deixo de viver por conta disso, não. Vou à praia, namoro, saio com meus amigos... Deixo que falem o que quiserem.


RESENHANDO - Você começou como modelo. Ainda tem feito muitos trabalhos nesse sentido?
L.P. - Sabe que não, menino... Eu até comento que é muito estranho, justamente por eu ter começado como modelo, mas raramente recebo convites para desfilar... E é tão bom, eu gosto tanto! Pena que é tão rápido. A gente se prepara tanto, fica nervosa e, de repente, entra na passarela, faz pose, dá uma meia dúzia de sorrisos e vai embora... Mas eu gosto. Deviam me convidar mais. Desfilar é tão prazeroso quanto encenar no teatro. A diferença é que, na passarela, quem tem que brilhar é a roupa e não eu...

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