domingo, 2 de maio de 2010

.: Resenha crítica de "Alice no País das Maravilhas", de Tim Burton

Tim Burton "erra" feio em Alice
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em maio de 2010


Um longa sem a essência de Tim Burton. Saiba mais do visualmente belo, Alice no País das Maravilhas!


Trabalhar sob pressão não é bom para ninguém. O prejuízo pode chegar a grandes proporções, pois o resultado deste trabalho pode ser totalmente diferente das expectativas que provoca no público. Tim Burton, diretor importante e genial acabou mostrando que também pode fraquejar na questão êxito cinematográfico. Após tanto burburinho "Alice no País das Maravilhas" chegou aos cinemas brasileiros e não mostrou tudo o que prometia (considere trailers, imagens e tantas otras cositas que foram espalhadas pela internet), ou que, pelo menos, deu a entender que traria grande inovação aos filmes em 3D.

Não digo que a nova produção de Burton seja um fracasso, mas caiu na mesmice das outras produções em 3D: mil e um efeitos em uma história insossa (ou jogada de escanteio?). Nesse quesito Alice no País das Maravilhas, Avatar e Premonição 4 estão no mesmo patamar. Todos não tem um roteiro forte e envolvente e, por fim, pecam ao ignorar, por várias vezes a história que deu origem ao longa.

Nesta adaptação de textos do escritor Lewis Carroll, tudo começa quando Alice (Mia Wasikowska), aos 19 anos, vai a uma festa e é pedida em casamento diante de muitos convidados da alta sociedade. Confusa, ela pede um tempo para pensar e, causa maior espanto quando, no auge de sua indecisão, sai correndo e deixa o "quase noivo". Calma! Ela não corre sem motivos. Ela procura desesperadamente pelo coelho branco que passou pelos jardins da festa. É claro que o inevitável acontece: ela cai em um buraco e chega ao País das Maravilhas.

Entretanto, esta visita ao País das Maravilhas é uma revival, pois a mocinha já havia passado neste mundo, mas pensava se tratar de apenas um sonho. Aos poucos (devagar mesmo!) ela nota que muita coisa mudou e, para pior. A Rainha de Copas (Helena Bonham Carter) agora é quem dá as cartas, e continua disposta a cortar as cabeças daquele que a desagradar. O Chapeleiro Maluco (Johnny Depp) e a Rainha Branca (Anne Hathaway) esperam desesperadamente pela verdadeira Alice, esta que irá trazer de volta a paz e a harmonia do Mundo Subterrâneo. Entretanto, a garota começa a viver em um impasse: Não sabe se ela é a Alice verdadeira, ou seja, a essência da história é a mesma (da já conhecida em desenho, também dos Estúdios Disney), o autoconhecimento e as transformações da vida de uma garota para a vida adulta. 

Legal? Pode até ser. Mas, e a criatividade inventiva de Tim Burton? Onde foi parar? Talvez tenha caído pelo buraco do País das Maravilhas (a soberana Walt Disney Company!?!?) e tenha ficado por lá. O toque especial do genial diretor ficou abafado, chegando a aparecer, mas de modo tímido. Talvez a culpa seja das tantas especulações e a força esmagadora da Disney que, no quesito filmes (não digo animações), sempre segue o mesmo roteiro insosso. De repente, nem existam tantas desculpas. Quem sabe este não tenha sido o primeiro erro cinematográfico de Tim Burton e só?

Para falar a verdade, Alice não chega aos pés de "Encantada" e passa longe da beleza de "O Estranho Mundo de Jack" ou "A Fantástica Fábrica de Chocolate". Caso fosse para fugir do estilo Tim Burton a Disney deveria ter feito um remake de Alice, levando somente o nome de Tim Burton. Eis que surge a pergunta: O que será das "novas produções cinematográficas"? Efeitos visuais que enchem os olhos e esvaziam a mente? É claro que é mais fácil segurar o público por meio de imagens impactantes, mas e a história? Afinal, se a história é fraca, o filme faz-se desnecessário. Quer sinceridade? Leia ou releia os livros, que ficará tudo certo, ou se preferir, adquira os produtos da linha, só para colecionar!


Filme: Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, EUA)
Ano: 2010
Gênero: Aventura / Fantasia 
Duração: 108 minutos
Direção: Tim Burton
Roteiro: Linda Wolverton 
Elenco: Johnny Depp, Anne Hathaway, Helena Bonham-Carter, Crispin Glover, Alan Rickman, Mia Wasilkowska, Stephen Fry, Michael Sheen, Timothy Spall

terça-feira, 20 de abril de 2010

.: Resenha de "www.twitter.com/carpinejar", Fabrício Carpinejar

Reflexões criativas de um poeta moderno
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em março de 2010


Tweets e aforismos no Twitter. Saiba mais de www.twitter.com/carpinejar, de Fabrício Carpinejar!



Reflexões que provocam risos e até mexem com as emoções do leitor. O livro "www.twitter.com/carpinejar", de Fabricio Carpinejar, é a primeira publicação com frases postadas no Twitter por um escritor brasileiro. Nas 84 páginas de seu livro, Carpinejar publica (e eterniza) seus pensamentos poéticos, criativos e/ou reflexivos de apenas 140 caracteres sobre as relações humanas, tão banalizadas com a modernidade.

Ao expressar seus pensamentos repletos de sensibilidade, Carpinejar provoca o leitor sobre a banalidade: das relações, do sofrer, do cotidiano, da família e dos amores. É usando o seu lado poético que Carpinejar fala das relações humanas.

Já antes de impregnar o leitor com seu paradoxos, na orelha deste livro de um frasista iluminado, a assinatura de Fernanda Takai, Daniel Piza e Abonico, também respeitam os 140 caracteres permitidos pelo Twitter. "Minha terra tem palmeiras/ Onde cantam os sabiás/ Mas aqui ninguém gorjeia/ Melhor que o Carpinejar", escreve Daniel Piza. Já Abonico ressalta: "Original, criativo, ousado, exagerado, visionário, cara de pau: se lhe faltam + adjetivos, unam-se sobrenomes e crie-se o verbo carpinejar". Entretanto Fernanda Takai comenta: "O pio generoso alegra a sua corte digital. Uns milhares sortudos já viciados em tão fino alpiste... Toma aqui o teu! E, se piscar, tem mais".

Em "www.twitter.com/carpinejar" o observador da vida trabalha as trivialidades da vida cotidiana de modo sensível e sagaz. Ao analisar o fantástico das pequenas coisas da vida, no livro, o escritor surpreende ao apresentar 416 máximas escritas por ele no microblogging. Um exemplo é a mensagem do dia 22 de agosto: "Quando não sabemos como falar um assunto é certo que contaremos do pior jeito".

AUTOR: Carpinejar recebeu o Prêmio Jabuti 2009 na categoria Contos e Crônicas. Escreve em pensamento para não sofrer com queda de luz, embora seja autor de 14 livros, entre eles, Diário de um apaixonado - Sintomas de um bem incurável, Canalha!- Retrato poético e divertido do homem contemporâne, Meu filho, minha filha, O Amor Esquece de Começar, Cinco Marias, Caixa de sapatos - antologia e As Solas do Sol.

TWITTER: é uma rede social, no modelo de microblogging, que permite que os usuários enviem e leiam atualizações pessoais de outros contatos, escritos em textos até 140 caracteres, conhecidos como tweets. As atualizações são exibidas no perfil do usuário em tempo real e também enviadas a outros usuários que tenham assinado para recebê-las. Os usuários podem atualizar sua página e visualizar as atualizações dos amigos. A comScore, empresa que mede estatísticas na Internet, declarou que o site passou de 10 milhões para mais de 40 milhões de usuários únicos de fevereiro a abril de 2009. A rede social é uma ferramenta eficiente de comunicação entre usuários da web, ganhando importância para diversos segmentos. Atualmente, o Twitter já faz parte do planejamento estratégico de muitas empresas, não apenas de comunicação.


Frases do livro:

“Eu perdoo as mentiras. O que não desculpo é a distorção.”

“O abraço é o excesso de palavras.”

“Nunca bebo uísque para tomar coragem; não é bom misturar.”

“Escutar não é deixar de falar. É deixar de se ouvir.”

“Se é para ser o último a saber, quero todos os detalhes.”

“A maior frustração para quem gosta de brigar é ouvir que tem razão no início da conversa. Terá que desativar seu arsenal de argumentos.”

“Homem que discute o relacionamento quando sua mulher pede satisfação não entendeu o recado.”

“Maturidade é diferenciar a tentação da encrenca. A tentação é o desejo certo no momento errado. Encrenca é desejar o momento errado.”

Livro: www.twitter.com/carpinejar
Autor: Fabrício Carpinejar
84 páginas
Ano: 2009
Editora: Bertrand Brasil
Gênero: Pensamento

quinta-feira, 1 de abril de 2010

.: Entrevista com Saulo Roston, cantor vencedor do "Ídolos"

“Ser reconhecido é a coisa mais gostosa desse mundo, é a prova viva do carinho que me elegeu ganhador do programa. Esse carinho de fã é o sentimento mais puro que existe, porque a pessoa te ama de graça, sem querer, literalmente, nada em troca.” - Saulo Roston


Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Colaboração: Helder Miranda
Em abril de 2010


Nova Paixão: Saulo Roston, vencedor do programa "Ídolos", mostra a que veio.


O que faz ou torna alguém um exemplo para outras pessoas se espelharem? Saulo Roston pode ainda não ter essa resposta, mas foi consagrado, na última temporada do programa "Ídolos", da TV Record, como um deles. Se ele, artista principiante e com uma voz suave merece tal honraria, ou se irá manter-se no posto por muito tempo, só o futuro dirá. O que pode ser constatado é que talento, ele tem de sobra. Personalidade, também, pois a cada "round" do realitty show imprimia suas marcas vencendo, num duelo entre Davi e Golias, o grande favorito da última e mais importante noite. Para o respeitável público, Saulo Roston. Desta vez, mostrando o seu verdadeiro "eu".

Biografia: Saulo do Amaral Freire Oliveira Souza nasceu em São Paulo, capital. Eliminado no Top 30 do Ídolos 2008, Saulo não desistiu, voltou ao programa e se classificou com destaque. Começou a cantar com 12 anos de idade, sendo que aos 13, fez um show para 4 mil pessoas na Barra do Garça. Com o apoio dos pais constante, Saulo Roston fez alguns meses de aula de canto em São Paulo. Estudou e toca violão e também um pouco de piano. Após cantar em bares e eventos fechados e, até ser fixo em alguns desses bares, ingressou no Ídolos 2009 e seguiu rumo ao estrelado. O novo ídolo do Brasil compõe para outros artistas e conseguiu gravar músicas de sua própria autoria.


RESENHANDO - Como começou a sua história no meio musical?
SAULO ROSTON - Comecei a cantar com 13 anos e o engraçado é que nos lugares que ia tocar não podia entrar. Tive que me esconder várias vezes e parar o show para aquele clássico intervalinho de 15 minutos para me esconder até o pessoal do juizado de menores ir embora. Aos 15 anos, mudei para Goiania e continuei cantando em bares. Aos 17, mudei para Malaysia, onde fui contratado por 1 ano para cantar como backing vocal e “refronista” do rapper Joe Flizzow, Too Phat. Retornei e em 2008 participei do Ídolos, não passei da primeira vez, fiquei entre os 30. Em 2009, estudei e ralei muito durante 1 ano para chegar aqui. E olha onde eu tô!


RESENHANDO - Em uma reportagem exibida no programa "Hoje em dia", da Rede Record, quando estava com o seu CD em mãos, você disse: "- Eu sonho como isso desde criança". Conte um pouco da sua realização como músico.
SAULO ROSTON - O CD foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, resultado de muito esforço e estudo. Sempre quis ter um CD com meu nome, onde eu pudesse mostrar para as pessoas o meu jeito de interpretar a vida e as canções. 


RESENHANDO - O programa Ídolos, em 2009, teve grandes vozes na disputa pelo primeiro lugar da competição. Agora, com o CD gravado, como é ser o escolhido do grande público?
SAULO ROSTON - Primeiro, eu me senti super honrado de ser o escolhido do Brasil entre esses cantores maravilhosos que participaram do Ídolos. É muito bom saber que as pessoas gostam de você e gostam de te ouvir, é um dos melhores sentimentos do mundo, se não o melhor! Saber que uma pessoa tirou do dinheiro do sustento da família para, literalmente, me dar de presente é simplesmente lindo! Afinal eles votaram em mim, me escolheram.



RESENHANDO - O seu concorrente final, Diego Moraes, é talentosíssimo, porém não foi eleito. Você pensou que conseguiria vencê-lo?
SAULO ROSTON - Acreditar no nosso potencial é sempre muito importante, mas confesso a minha surpresa e a felicidade de ter um cantor como o Diego ao meu lado na final e ainda sair vitorioso.


RESENHANDO - A partir de qual momento você se sentiu vitorioso no programa Ídolos? Por quê?
SAULO ROSTON - No dia que consegui superar a marca da minha participação anterior já me senti vitorioso, mas nada como chegar na final e sair com o meu tão sonhado CD.


RESENHANDO - Como é ser reconhecido nas ruas? O carinho dos fãs lhe surpreende? Há algum fato curioso para contar?
SAULO ROSTON - Ser reconhecido é a coisa mais gostosa desse mundo, é a prova viva do carinho que me elegeu ganhador do programa. Esse carinho de fã é o sentimento mais puro que existe, porque a pessoa te ama de graça, sem querer, literalmente, nada em troca. Cada pessoa do mundo devia ter uma fã! Sou apaixonado pelas minhas e devo tudo a elas! Recebi a maior homenagem e a mais linda de duas fãs, elas tatuaram meu nome. 


RESENHANDO - Em meio a dificuldades para ingressar na carreira musical (até no programa Ídolos) e ter, hoje, seu sonho realizado. Qual o significado desse seu primeiro CD? 
SAULO ROSTON - É o fruto de muito trabalho, muito estudo e muita persistência. Ele significa o começo, a primeira pagina do livro da minha carreira!


RESENHANDO - Como aconteceu a produção do seu primeiro CD?
SAULO ROSTON - A produção do cd foi feita por Luis Carlos Maluly que fez questão que eu participasse de todo o processo. 


RESENHANDO - Como as músicas foram selecionadas? 
SAULO ROSTON - Eu escolhi o repertório, é claro em conjunto com a gravadora e meu produtor. No processo de gravação, eu e o Maluly, fizemos questão que todos os músicos tivessem liberdade de criação, conquistando todo o envolvimento das pessoas que participaram das gravações conseguimos acrescentar riqueza aos arranjos. Ao final do processo, estávamos todos apaixonados pelo trabalho!


RESENHANDO - Qual música deste álbum é a sua preferida? Por que?
SAULO ROSTON - Impossível escolher! Mas confesso que tenho um carinho diferente pela música Nova paixão e pela música de minha autoria, Você foi feita para mim.



RESENHANDO - Quais cantores e/ou cantoras lhe influenciaram?
SAULO ROSTON - Ah, entre estrangeiros e nacionais, os brasileiros são Marisa Monte, Taiguara, Ed Motta, Roberto Carlos. Os internacionais são John Mayer, Jason M’Raz, Michael Bubble e Steve Wonder.


RESENHANDO - Quais seus planos no cenário musical?
SAULO ROSTON - Quero me consolidar como cantor no meu país, gravar mais CDs, os próximos com mais composições de minha autoria, gravar duetos com os artistas que admiro. Depois gravar um álbum em outro idioma e por aí vai... 



Para acompanhar o cantor basta procurá-lo nos endereços:
Twitter: http://twitter.com/sauloRoston
My Space: http://www.myspace.com/sauloroston


PING-PONG:
Gosto de: música
Detesto: hipocrisia
Vivo por: amor
Meus músicos favoritos são: John Mayer e Ed Motta
Canto por: prazer
Mensagem para o público do Resenhando.com: Meus queridos, muito obrigado pelo carinho e não deixem de escutar o CD, pois foi feito para vocês! Beijos, galera do Resenhando.com!

terça-feira, 2 de março de 2010

.: Kathryn Bigelow: A estrela do Oscar 2010

Kathryn Bigelow: a estrela do Oscar 2010
Por: Amanda Aouad*
Em março de 2010


Oscar 2010: Comentários da roteirista e publicitária, Amanda Aouad, sobre a maior festa do cinema. Confira o texto!


Já passava da meia-noite no Kodak Theatre, quando Barbra Streisand anunciou a quebra de um tabu. Coincidência ou não, em pleno dia internacional da mulher, pela primeira vez uma representante do sexo feminino venceu o Oscar de melhor direção. E não foi só isso. O filme de Kathryn Bigelow levou seis estatuetas das nove que concorria, tornando-se o grande vencedor da noite. O grande injustiçado, mais uma vez, foi Tarantino. Gênio incompreendido que ficou sem nenhuma estatueta. "Bastardos" só subiu ao palco representado pelo já esperado melhor ator coadjuvante: Christoph Waltz. 

No geral, a cerimônia foi morna, poucas surpresas como o melhor curta de animação para Logorama e o Oscar de filme estrangeiro para "O Segredo dos seus olhos", filme Argentino que desbancou o favorito absoluto A Fita Branca. Steve Martin e Alec Baldwin fizeram ótimas piadas e divertiam o público, mas no geral, as apresentações foram maçantes, repetindo o "Arquivo Confidencial" no anúncio dos Oscars de melhor atriz e ator. Teve uma bela homenagem aos que já foram, com James Taylor cantando "In my life" dos Beatles. E um especial para os filmes de Terror, pegando desde Nosferatu a... Crepúsculo (?), passando por clássicos como "O Iluminado", "O Exorcista", "Tubarão" e "Sexta-Feira 13". Mas, o momento mais marcante para quem viveu os anos 80 foi a homenagem a John Hughes. Diretor, produtor e roteirista que nos presenteou com clássicos juvenis como Curtindo a vida adoidado, Garota nota 1000, O clube dos cinco, A garota de rosa Shocking. Gostei de ver ainda Star Trek ser lembrado pelo menos em maquiagem. E adorei Up ter vencido em melhor trilha sonora, que é mesmo emocionante.

Apesar de dez concorrerem a melhor filme, três tinham alguma chance de levar, onde dois eram apostas precisas: "Guerra ao Terror" ou "Avatar"? Se Bastardos Inglórios ganhasse seria uma surpresa, mas não era tão improvável quanto qualquer um dos outros sete concorrentes. De certa forma, três filmes de guerra, cada um com seu estilo próprio e com algo a acrescentar à história do cinema. Bastardos Inglórios não inova, aliás, bebe na fonte dos clássicos do velho oeste, com a linguagem já registrada de Tarantino. Mas, é uma aula de cinema, por isso, merecia o título. Avatar traz uma grande inovação tecnológica, uma nova forma de filmar em 3D, um jogo de imagens ímpar que conseguiu até mesmo colocar legenda nas projeções dos filmes neste formato. A história, apesar de parecida com muitas, é bem contada, tornando o filme um clássico moderno desde seu nascimento. Já Guerra ao Terror é a surpresa da tensão realista com um ritmo eletrizante na montagem. Tudo é detalhadamente calculado para que fiquemos roendo as unhas na cadeira. No final, acho que o filme de Kathryn Bigelow representou bem a categoria. Assim como o título de melhor direção. Além do tabu quebrado, soube representar a classe com maestria, escolhendo os ângulos certos e gerando o suspense necessário para o filme. 

Já entre os atores, não teve muita surpresa. Quando a gente pensa na categoria melhor ator e melhor atriz, sempre vêm em mente grandes interpretações, de tirar o fôlego com cenas de catarse. Nem sempre é assim. Às vezes, a melhor interpretação é aquela que passa naturalidade simplesmente. Você acredita estar vendo o personagem e não um ator interpretando um personagem. Jeff Bridges, além de uma carreira sólida e ascendente, consegui dar veracidade ao cantor country e alcoólatra que busca uma reabilitação. Mereceu, apesar de Jeremy Renner, por Guerra ao Terror e Morgan Freeman, por Invictus também serem boas apostas. A polêmica veio mesmo na categoria de melhor atriz. Sandra Bullock tinha fãs ardorosos e críticos ferrenhos. Não é a toa que se tornou a primeira atriz a “ganhar” o Framboesa de Ouro em um dia, e o Oscar no outro. A verdade é que nenhuma das cinco indicações foi fenomenal, nem mesmo a eterna estrela Meryl Streep. Bullock acabou sendo beneficiada por um papel diferente do costume. 

Já melhor ator e atriz coadjuvante eram os prêmios mais certos da noite. Não conheço uma só pessoa que não concorde que Christoph Waltz mereceu o Oscar de ator coadjuvante. Ele é a alma do filme, interpretando Hans Landa tornou Bastardos Inglórios ainda melhor de ser visto. Já a comediante Mo’Nique levou não apenas pela atuação, como pelas concorrentes. Anna Kendrick e Vera Farmiga estão bem em Amor sem Escalas, mas nada que justifique um prêmio. Já Penélope Cruz é uma das piores coisas de Nine, no próprio filme você encontra interpretações melhores. Maggie Gyllenhaal, por sua vez, estava esquecida em outras premiações e surgiu no Oscar como zebra da vez, uma boa atriz, mas sem muito destaque no filme.

Uma premiação estranha foi a de melhor roteiro. O que é um melhor roteiro? Normalmente é aquele que você não percebe na tela, afinal, a função do filme é fazer com que você entre naquele universo sem ser lembrado a todo momento que está assistindo a uma obra fictícia. A economia narrativa, os pontos de virada, a preparação para o clímax, tudo tem que ser estudado com muita técnica, assim como os diálogos, uma arte a parte que poucos conseguem escrever sem ser artificial. Por isso, a classe briga tanto com diretores que insistem em querer roteirizar seus filmes. Mas, claro, há exceções. Se existe uma coisa que Tarantino já provou é que é um bom roteirista. Todos os seus filmes têm uma capacidade ímpar de contar histórias e com Bastardos Inglórios não é diferente. A forma como as narrativas se cruzam, as sátiras ao nazismo, as brincadeiras com as línguas e o jeito alemão de ser. Sem dúvidas merecia o prêmio. Dá-lo a Guerra ao Terror, não chega a ser uma injustiça, já que é um bom roteiro, mas dói ao ver um gênio não ser reconhecido. 

Já o melhor roteiro adaptado me incomodou mais. Apesar de ter vencido o prêmio do Sindicato dos Roteiristas e estar cotado entre os favoritos, o roteiro de Preciosa não tem nada demais. Chega a ser bobo em sua teia clichê do melodrama clássico. Ao contrário de seu concorrente direto Amor sem Escalas. O que me encantou neste roteiro foi a capacidade de brincar com os clichês e lugar comum, construindo uma história envolvente desde a primeira cena. Tudo ali é bem amarrado e faz completo sentido. 

Outra categoria certa era animação. Talvez por isso, tenham inovado na apresentação dos concorrentes com uma divertida simulação de entrevista com os personagens principais. Apesar de ser o primeiro ano em que a categoria tem cinco indicados e que todos eles são excelentes produções, Up - Altas aventuras é a animação da vez. A Pixar em parceria com a Disney criou uma jornada diferente que foca suas emoções em relações humanas. A primeira parte do filme é esplêndida, o amor entre Carl Fredricksen e sua esposa é lindo. A entrada do pequeno Russell também é muito interessante, criando uma relação avô-neto linda. Tudo desanda, ao meu vêr, com a entrada do vilão e seus cachorros falantes, o que era uma inovação incrível virou o maior dos clichês. Por isso eu preferia todos os outros quatro filmes da categoria, apesar de compreender a qualidade técnica do filme, que teve inclusive uma indicação na categoria principal. O Fantástico Sr. Raposo é uma boa fábula, repleta de surpresas, gosto bastante. Fico feliz também em ver uma produção como Coraline não ser esquecida. Comemoro a volta dos clássicos Disney com A Princesa e o sapo. E vibro com a lembrança a uma produção franco-belga como O Segredo de Kells, a grande surpresa do ano para mim, adorei a experiência.

A vitória de Guerra ao Terror, com seis estatuetas, mostra que tecnologia não é tudo no cinema. Claro que o 3D está aí para encher nossos olhos e levar novos adeptos à sala de projeção, mas a arte cinematográfica é um conjunto de técnicas que não podem estar desequilibradas. Isso faz pensar sobre o futuro do meio e talvez, possa frear um pouco essa onda em terceira dimensão que invadiu os estúdios. Ainda há espaço para um bom filme em 2D. Outra lição fica para os distribuidores brasileiros, que em uma miopia incrível tinham lançado Guerra ao Terror direto no DVD e tiveram que fazer um relançamento às pressas no cinema. Prova de que prêmio pode não mudar a opinião do espectador, mas é uma boa ferramenta de marketing junto a propaganda boca-a-boca. 


* Roteirista e Publicitária. Escreve o blog http://www.cinepipocacult.com.br

.: Framboesa de Ouro 2010 premia os piores da década no cinema

Framboesa de Ouro 2010: A grande novidade ficou por conta da escolha dos piores da década
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em março de 2010


Antes do Oscar: Confira aqui os vencedores do Framboesa de Ouro. A premiação dos piores do cinema!


Completando 30 anos, o Framboesa de Ouro 2010 premiou Transformers: A Vingança dos Derrotados com três prêmios: pior filme, pior roteiro e pior diretor. Desta vez, Michael Bay não teve como escapar da estatueta indesejada, pois conseguiu se safar com "Armaggedon" e "Pearl Harbor".

Os Razzies também foram parar nas mãos da atriz Sandra Bullock duas vezes, pois além de receber como a pior atriz do ano por seu trabalho em All About Steve, também teve que dividir o troféu de pior dupla em cena com Bradley Cooper pelo mesmo filme. 


Pior filme
Transformers: A Vingança dos Derrotados (vencedor)
All About Steve
G.I. Joe: A Origem de Cobra
O Elo Perdido
Old Dogs


Pior ator
Todos os três Jonas Brothers (Jonas Brothers 3D - O Show)  (vencedores)
Will Ferrell (O Elo Perdido)
Steve Martin (A Pantera Cor de Rosa 2)
Eddie Murphy (Imagine Só!)
John Travolta (Old Dogs)


Pior atriz
Sandra Bullock (All About Steve)  (vencedor)
Beyoncé (Obsessiva)
Miley Cyrus (Hannah Montana: O Filme)
Megan Fox (Garota Infernal e Transformers: A Vingança dos Derrotados)
Sarah Jessica Parker (Cadê os Morgans?)


Pior dupla/casal
Quaisquer dois (ou mais) Jonas Brothers (Jonas Brothers 3D - O Show)  (vencedores)
Sandra Bullock & Bradley Cooper (All About Steve)
Will Ferrell & Qualquer Coprotagonista ou Piada (O Elo Perdido)
Shia LeBouf & Megan Fox ou Qualquer Transformer (Transformers: A Vingança dos Derrotados)
Kristin Stewart & Robert Pattinson ou Taylor Lautner (A Saga Crepúsculo: Lua Nova)


Pior atriz coadjuvante
Sienna Miller (G.I. Joe: A Origem de Cobra)  (vencedora)
Candice Bergen (Noivas em Guerra)
Ali Larter (Obsessiva)
Kelly Preston (Old Dogs)
Julie White (as Mom) (Transformers: A Vingança dos Derrotados)


Pior ator coadjuvante
Billy Ray Cyrus (Hannah Montana: O Filme)  (vencedor)
Hugh Heffner (Miss March)
Robert Pattinson (A Saga Crepúsculo: Lua Nova)
Jorma Taccone (O Elo Perdido)
Marlon Wayans (G.I. Joe: A Origem de Cobra)


Pior remake, derivado ou continuação
O Elo Perdido  (vencedor)
G.I. Joe: A Origem de Cobra
A Pantera Cor de Rosa 2
Transformers: A Vingança dos Derrotados
A Saga Crepúsculo: Lua Nova


Pior diretor
Michael Bay (Transformers: A Vingança dos Derrotados)  (vencedor)
Walt Becker (Old Dogs)
Brad Silberling (O Elo Perdido)
Stephen Sommers (G.I. Joe: A Origem de Cobra)
Phil Traill (All About Steve)


Pior roteiro
Transformers: A Vingança dos Derrotados, de Ehren Kruger & Roberto Orci & Alex Kurtzman  (vencedor)
All About Steve, de Kim Barker
G.I. Joe: A Origem de Cobra, de Stuart Beattie e David Elliot & Paul Lovett
O Elo Perdido, de Chris Henchy & Dennis McNicholas
A Saga Crepúsculo: Lua Nova, de Melissa Rosenberg, baseado no romance de Stephenie Meyer


Pior filme da década
A Reconquista (10 indicações, 8 Framboesas, incluindo Pior Drama dos Nossos 25 Primeiros Anos)  (vencedor)
Fora de Casa (9 indicações, 5 Framboesas)
Contato de Risco (10 indicações, 7 Framboesas, incluindo Pior Comédia dos Nossos 25 Primeiros Anos)
Eu sei Quem me Matou (9 indicações, 8 Framboesas)
Destino Insólito (9 indicações, 5 Framboesas)


Pior ator da década
Eddie Murphy (12 indicações, 3 Framboesas)  (vencedor)
Ben Affleck (9 indicações, 2 Framboesas)
Mike Myers (4 indicações, 2 Framboesas)
Rob Schneider (6 indicações, 1 Framboesa)
John Travolta (6 indicações, 3 Framboesas)


Pior atriz da década
Paris Hilton (5 indicações, 4 Framboesas)  (vencedora)
Mariah Carey (A maior votação individual da década: mais de 70% dos votos na categoria de pior atriz em 2001)
Lindsay Lohan (5 indicações, 3 Framboesas)
Jennifer Lopez (9 indicações, 2 Framboesas)
Madonna (6 indicações, 4 Framboesas)

.: "Guerra ao Terror" é o grande vencedor do Oscar 2010

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em março de 2010


A disputa foi boa, porém a produção dirigida por Kathryn Bigelow abocanhou seis estatuetas, deixando apenas três para o tão comentado Avatar, de seu ex-marido James Cameron. Saiba mais!



A festa do cinema, o Oscar 2010, não foi tão reveladora quanto aos premiados. Contudo, o grande vencedor do evento teve direção de Kathryn Bigelow, Guerra ao Terror. Embora fosse um dos favoritos, o longa desbancou a super produção de James Cameron, Avatar. Confira os vencedores do maior prêmio do cinema:

Melhor Filme
Guerra ao Terror (vencedor)
Avatar 
Um Sonho Possível 
Distrito 9 
Educação 
Bastardos Inglórios 
Preciosa - Uma História de Esperança 
Um Homem Sério 
Up - Altas Aventuras 
Amor Sem Escalas 

Melhor Ator
Jeff Bridges - Crazy Heart (vencedor)
George Clooney - Amor Sem Escalas 
Colin Firth - Direito de Amar 
Morgan Freeman - Invictus 
Jeremy Renner - Guerra ao Terror 

Melhor Diretor
Kathryn Bigelow - Guerra ao Terror (vencedora)
James Cameron - Avatar 
Quentin Tarantino - Bastardos Inglórios 
Lee Daniels - Preciosa - Uma História de Esperança
Jason Reitman - Amor Sem Escalas 

Melhor Roteiro Adaptado
Preciosa - Uma História de Esperança (vencedor)
Distrito 9 
Educação 
In The Loop 
Amor Sem Escalas 

Melhor Roteiro Original
Guerra ao Terror (vencedor)
Bastardos Inglórios 
O Mensageiro 
Um Homem Sério 
Up - Altas Aventuras 

Ator Coadjuvante
Christoph Waltz - Bastardos Inglórios (vencedor)
Matt Damon - Invictus 
Woody Harrelson - O Mensageiro 
Christopher Plummer - The Last Station 
Stanley Tucci - Um Olhar do Paraíso 

Melhor Atriz
Sandra Bullock - Um Sonho Possível (vencedora)
Helen Mirren - The Last Station 
Carey Mulligan - Educação 
Gabourey Sidibe - Preciosa - Uma História de Esperança 
Meryl Streep - Julie e Julia 

Melhor Atriz Coadjuvante
Mo'Nique - Preciosa (vencedora)
Penelope Cruz - Nine 
Vera Farmiga - Amor Sem Escalas 
Maggie Gyllenhaal - Crazy Heart 
Anna Kendrick - Amor Sem Escalas 

Melhor Animação Longa-Metragem
Up - Altas Aventuras (vencedor)
Coraline e o Mundo Secreto 
O Fantástico Sr. Raposo 
A Princesa e o Sapo 
The Secret of Kells 

Melhor Direção de Arte
Avatar 
O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus 
Nine 
Sherlock Holmes 
The Young Victoria 

Melhor Fotografia
Avatar 
Harry Potter e o Enigma do Príncipe 
Guerra ao Terror 
Bastardos Inglórios 
A Fita Branca 

Melhor Figurino
The Young Victoria (vencedor)
Brilho de Uma Paixão 
Coco Antes de Chanel 
O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus 
Nine 

Melhor Montagem
Guerra ao Terror (vencedor)
Avatar 
Distrito 9 
Bastardos Inglórios 
Preciosa - Uma História de Esperança 

Melhor Filme Estrangeiro
El Secreto de Sus Ojos (Argentino) (vencedor)
Ajami (Israel) 
A Teta Assustada (Peru) 
Un Prophète (França) 
A Fita Branca 

Melhor Trilha Sonora Original
Up - Altas Aventuras (vencedor)
Avatar 
O Fantástico Sr. Raposo 
Guerra ao Terror 
Sherlock Holmes 

Melhor Canção Original
"The Weary Kind" - Crazy Heart (vencedor)
"Almost There" - A Princesa e o Sapo 
"Down in New Orleans" - A Princesa e o Sapo 
"Loin De Paname" - Paris 36 
"Take it All" - Nine 

Melhor Edição de Som
Guerra ao Terror (vencedor)
Avatar 
Bastardos Inglórios 
Star Trek 
Up - Altas Aventuras 

Melhor Mixagem de Som
Guerra ao Terror (vencedor)
Avatar 
Bastardos Inglórios 
Star Trek 
Transformers: A Vingança dos Derrotados 

Melhores Efeitos Especiais
Avatar (vencedor)
Distrito 9 
Star Trek

Melhor Maquiagem
Star Trek (vencedor)
Il Divo 
The Young Victoria 

Melhor Documentário Longa-Metragem
The Cove (vencedor)
Burma Vj 
Food Inc. 
The Most Dangerous Man In America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Papers 
Which Way Home 

Melhor Documentário Curta-Metragem
Music by Prudence (vencedor)
Province 
The Last Campaign of Governos Booth Gardner 
The Last Truck: Closing of a GM Plant 
Rabbit à la Berlin 

Melhor Animação Curta-Metragem
Logorama (vencedor)
French Roast 
Granny O´Grimn´s Sleeping Beauty 
The Lady and the Reaper (La Dama e la Muerte) 
A Matter of Loaf and Death

Melhor Curta-Metragem
The New Tenants (vencedor)
The Door 
Instead of Abracadabra 
Kavi 
Miracle Fish

segunda-feira, 1 de março de 2010

.: Entrevista com Bruno Bispo e Victor Freundt, quadrinistas

“Existe uma ligação daquilo em que você está escrevendo com sua visão de mundo. Quanto mais eu consigo colocar elementos da minha vida ou da forma em que vejo a vida nos personagens, mais eles parecem reais para mim.” - Bruno Bispo


“Todo mundo quando se apresenta diz: sou médico ou sou engenheiro e você? Eu respondo: Eu desenho. Sim, mas você faz o quê? Sou professor de história em quadrinhos! Trabalhar como desenhista é muito complicado." - Victor Freundt

Por: Tatiane Matheus

Em março de 2010


Uma conversa aberta com os quadrinistas Bruno Bispo e Victor Freundt, criadores da minissérie de terror SEIS 6 e do site www.arquivosbaldo.wordpress.com. Confira a entrevista!


Eles poderiam ser mais um daqueles caras que amam histórias em quadrinhos e que deixam suas ideias de HQ’s inacabadas em uma gaveta. Bruno Bispo e Victor Freundt tiveram coragem para transformar suas histórias em realidade. Em março, Bispo e Freundt publicaram mais uma HQ na Europa, estrearam uma página de HQ de humor em uma revista paulistana e colocaram mais quatro HQ’s curtas no site. Em breve, irão lançar um novo site para agrupar todas as HQ’s que estão produzindo.

Tudo começou no dia 6 de junho de 2009. Neste dia, o detetive Miguel Matoso “saiu da gaveta” para mais de 95 mil pessoas que acessaram o site www.arquivosbaldo.wordpress.com. Durante seis meses, os leitores da dupla, até então desconhecida, acompanharam a minissérie de terror SEIS6. Dois meses depois da estreia na web, foram convidados a publicarem uma HQ na revista portuguesa, Zona Negra. Para a surpresa daqueles que acreditavam que a dupla só fazia terror, em março, publicaram uma HQ de temática infantil na Revista Zona Fantástica, de Portugal e outra de humor na Revista Young. 

Os quadrinistas: Bruno Bispo, formado em Artes Plásticas, trabalha como professor de Artes em escolas estaduais e municipais em Santos e no Guarujá, litoral de São Paulo. Já Victor Freundt, formado em Publicidade e Propaganda, trabalha como professor de HQ na Escola Oficina, em Santos.


RESENHANDO - Quando vocês começaram a pensar em fazer quadrinhos?
VICTOR FREUNDT - Com 11 anos já lia muito quadrinhos e tive um clique de que poderia contar histórias com arte. Enfim, poderia transformar imagem em história. Entre 1999 e 2000, vi que era o que eu queria como profissão.
BRUNO BISPO - Minha mãe me dava HQ’s quando eu era criança, pois acreditava que estimulava a leitura. Quando era pequeno gostava de ler e desenhar. Ao ler HQ’s com a narrativa parecida com a de um filme, passei a me interessar na estrutura necessária para contar uma história.


RESENHANDO - Apesar de gostar desde pequenos de fazer HQs, vocês não buscaram isso como uma profissão na hora de prestar vestibular. Por quê?
VF - Pensei muito em fazer Artes Plásticas, mas minha mãe achava que Publicidade ia dar mais dinheiro. Pensei que iria aprender a fazer ilustração e criação de embalagem, mas aprendi muito sobre marketing e produção de eventos. Tinha de aprender a vender merda como se fosse Toddy! Aí decidi voltar para os quadrinhos e fiz vários cursos.
BB - Prestei jornalismo porque gostava de escrever e de criar histórias. Só que quando cheguei na Cásper (Faculdade Cásper Libero), vi que aquilo não era o que eu queria para minha vida. Então fiz Artes Plásticas. Quando terminei a faculdade, fiz um concurso para professor e passei. O primeiro ano foi bem complicado. Eu entendia os alunos bagunceiros, pois fui um. Mas isso não facilitava para eu dar as aulas.


RESENHANDO: Seus professores foram vingados?
BB - Acho que sim. Paguei meu carma. (Freundt dá uma longa gargalhada). Dá aula também é uma forma de arte. É algo meio teatral. Convivo com pessoas de idades bem diferentes e observar como elas agem no dia-a-dia me ajuda na hora de escrever, pois dá para perceber as nuances do ser humano.


RESENHANDO: Muitos desistem dos quadrinhos por ser uma área muito difícil. Como é o mercado de trabalho?
BB - Há uma piada boa que diz: “quando eu era mais novo, eu tinha 15 amigos desenhistas, agora todos eles são advogados”.
VF - Meu amigo João Vitor, que fazia HQ’s comigo, hoje é advogado. Quando encontrei com ele há poucos dias, disse: “estou brincando de ter uma profissão e você de terno e gravata!” Todo mundo quando se apresenta diz sou médico ou sou engenheiro e você? Eu respondo: Eu desenho. Sim, mas você faz o quê? Sou professor de história em quadrinhos! Trabalhar como desenhista é muito complicado.


RESENHANDO: Como se conheceram?
VF - Na casa do nosso professor de quadrinhos, o Junior, há uns dez anos. Muitos personagens da SEIS6 nós criamos naquela época.


RESENHANDO: É muito difícil trabalhar juntos?
VF - É um casamento sem sexo e aliança. Ainda bem! (Freundt dá outra gragalhada)
BB - Tem momentos difíceis na hora da criação da história e muita cobrança na hora da montagem, mas sempre buscando o melhor produto final. Ajuda muito sermos amigos nessa hora, pois sabemos que podemos contar um com o outro. Mesmo quando a tensão aperta não levamos isso para o lado pessoal, pois é tudo para um bem comum.


RESENHANDO: Victor, seu traço de desenho é bem característico. Principalmente, a maneira que você desenha os narizes de seus personagens..
VF - Eu me identifico com a luz e sombra do expressionismo. Conheço muitos artistas, mas tive algumas crises com o meu desenho até achar algo que desse uma identidade para ele.. Um exemplo são os narizes e queixos. Certa vez vi o trabalho de uns grafiteiros que faziam uns narizes engraçados. Gostei e também comecei a brincar com isso. Quando comecei a fazer narizes fálicos e queixos que pareciam uma bunda, muita gente detestou. Mas achei super legal.


RESENHANDO: Bruno, quem acompanha o seu trabalho, percebe que os personagens que você escreve sempre estão questionando algo. Isso tem a ver com seus pensamentos?
BB - Não é algo planejado. A história vai se formando na medida em que vou escrevendo e conversando com o Victor. A primeira pergunta é: o que eu quero contar? Depois vêm as imagens que usaremos para contar essa história. A primeira ideia é como se fosse um sonho, algo abstrato. Existe uma ligação daquilo em que você está escrevendo com sua visão de mundo. Quanto mais eu consigo colocar elementos da minha vida ou da forma em que vejo a vida nos personagens, mais eles parecem reais para mim.


RESENHANDO: Como vocês conseguem administrar o tempo de vocês para fazer as HQs?
VF - Desenhar não é um dom divino, é preciso estudar, pois nada no desenho é feito por acaso. É um trabalho que consome muitas horas. Uma página desenhada e finalizada demora de 7 a 12 horas. À tarde faço os estudos que tenho de fazer e de madrugada desenho.
BB - Comecei a estabelecer horários dentro da carga horária do meu trabalho para que eu possa me dedicar aos quadrinhos. Tiro os domingos de manhã para escrever. Na época que estávamos fazendo a SEIS6 cheguei a virar muitas madrugadas de finais de semana nas páginas da HQ.


RESENHANDO: A internet é um meio importante para divulgar a arte em geral?
BB - Somente quando montamos o site na internet que começamos a receber oportunidades de participar de outros projetos, como exposições e workshops além de convites para colaborar em revistas independentes. A internet também expande o conceito criado nos quadrinhos, podendo conter outros materiais como vídeos e áudios que complementam a experiência proposta pela HQ.


RESENHANDO: Quais artistas influenciaram o seu trabalho?
VF - Frank Miller em Sin City é genial. O traço de Mike Mignola, no Hellboy, é muito interessante. O Lourenço Mutarelli tem um jeito muito especial de conduzir a arte dele, como também os argentinos Eduardo Rizzo e o Alberto Breccia. Eles trabalham muito bem a luz e sombra expressionista.
BB - Acho que o primeiro trabalho que me chamou a atenção para o roteiro foi o Asilo Arkham, do Grant Morrison, até hoje minha maior influência de roteiro. Outro criador que considero genial é o Alan Moore. Watchmen, V de Vingança e o Monstro do pântano mudaram a forma como eu via a criação e o roteiro. Gosto muito dos livros do Neil Gaiman também. Hoje, procuro comprar HQ’s dependendo de quem as escreve, não importando muito o personagem da história, mas sim quem está por trás do roteiro.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

.: Resenha crítica de "Acima de Qualquer Suspeita", dirigido por Peter Hyams

A história do advogado e do repórter do Diabo
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em fevereiro de 2010


Um advogado convincente e um repórter determinado protagonizam (e antagonizam) o suspense "Acima de Qualquer Suspeita". Saiba mais detalhes do lançamento da California Filmes!


Nem tudo o que parece ser, é. Partindo desse pressuposto embarcamos no suspense Acima de Qualquer Suspeita (Beyond a Reasonable Doubt, remake de 1956), dirigido por Peter Hyams. Nas imagens da regravação, o público conhecerá o ambicioso repórter C.J. Nichols na pele de Jesse Metcalfe frente a frente ao promotor e aspirante a governador Mark Hunter, interpretado por Michael Douglas. Contudo, é já no início da película, quando o jornalista C.J. e o advogado são apresentados, que a pergunta estampada no cartaz original do longa passa a ecoar na mente do espectador: "Por que um homem 'armaria' para si... por assassinato?". 

Mostrando-se correto e defensor da verdade, ou seja, o mocinho da história em busca da "justiça universal" (restrito somente à justiça regional), C.J. assume um assassinato "não" cometido por ele com a intenção de denunciar as provas fraudulentas de casos anteriores já "solucionados" por Mark. Para tanto, o repórter coloca o seu plano em ação na tentativa de evidenciar que não há autenticidade nas provas dos casos defendidos pelo advogado candidato a governador, pois todos foram solucionados por meio de exames de DNA em objetos "encontramos" com a vítima. Como? Simples. Mark plantava provas em cada caso que assumia, desta forma, vencia, sempre e sempre.

Ao levar esta briga até as últimas consequências, isto é, aos tribunais, C.J. pede ajuda ao seu companheiro de trabalho, um cinegrafista eficiente, mas com um jeitão bobo. Com o apoio dele, C.J. consegue registrar e armazenar as provas que tornam o jornalista inocente, ou seja, o bom samaritano da história dirigida por Peter Hyams. Fato este comprovado quando o jornalista simplesmente compra todo o "material" idêntico (tênis, calça e até um cachorrinho que deixou uma mordida na perna da calça do assassino) ao dos que foram coletados para exame. Embora tenha a "inocência", C.J. é preso e vai a julgamento. 

Neste encontro de dois poderes o espectador é levado a duvidar de todos os personagens. Afinal, quem está manipulando quem? É na busca desta resposta que o espectador embarca na história e muda de posição e, acaba sendo manipulado pela trama. Acima de Qualquer Suspeita é um excelente filme. Pode não ser o filme que irá marcar a sua vida, mas consegue entreter (e muito bem) durante 105 minutos. Vale a pena conferir Acima de Qualquer Suspeita!

Filme: Acima de Qualquer Suspeita (Beyond a Reasonable Doubt, EUA)
Ano: 2009
Gênero: Suspense
Duração: 105 minutos
Direção: Peter Hyams
Roteiro: Peter Hyams e Douglas Morrow (original em 1956)
Elenco: Jesse Metcalfe , Amber Tamblyn , Michael Douglas , Orlando Jones , Joel Moore

.: Resenha crítica de "Premonição 4", filme em 3D

Repeteco em 3D
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em fevereiro de 2010


A mesma história para novos personagens. Saiba mais detalhes de Premonição 4!


O velho no "novo". A história que você já conhece reformulada para novos personagens, em outros cenários. "Premonição 4" é igual às novelas da Rede Globo, somente reconta (com o pequeno trabalho de ajustar alguns detalhes mínimos) a história que já deu certo. Seguindo (não tão bem) a receita de Premonição, nesta sequência com diálogos e atuações fraquíssimas, conhecemos os jovens amigos Nick O'Bannon (Bobby Campo), Lori Milligan (Shantel VanSanten), Hunt Wynorski (Nick Zano, de Colegiais em Apuros) e Janet Cunningham (Haley Webb). 

É claro que todo adolescente é chegado em alta velocidade para sentir a adrenalina nas veias. Por esse motivo, os quatro jovenzitos vão até uma corrida de Nascar. É nesse ambiente de acidente automobilístico (mais do que certeiro) que Nick O'Bannon tem uma premonição catastrófica. E como nos filmes anteriores, após a tal visão, arma-se a maior confusão. Resultado: os amigos (do protagonista) e alguns personagens (figurantes) que nem se quer foram notados, ganham mais alguns minutos (ou segundos?) no longa.

E para não fugir do original, em nada, nesta produção que teve um orçamento de 43.000.000, cada personagem quer mesmo é salvar a própria pele da malvada e insaciável, Morte. Esta, sem perdoar utiliza os seus requintes de crueldade mais soturnos para ir atrás de cada um que conseguiu ludibriá-la.

O filme não é totalmente um fiasco, pois na tentativa de atrair público a equipe de edição usou e abusou dos efeitos 3D. Sim. Quer ver mortes escabrosas? Não tire os óculos 3D e aproveite! Não é somente nas mortes e premonições que os efeitos aparecem. Há inserções ridiculamente computadorizadas de objetos "voadores". Prova de que na tentativa de melhorar o que estava péssimo, a equipe de edição buscou um diferencial (de mau gosto). A tentativa até que foi boa, mas somente fez lembrar os videozinhos em 3D que podemos ver por aí.

Ainda sim, é válido ressaltar a afirmação do cartaz em forma de pergunta: "Será que a morte guardou o melhor para o final?" É claro que a resposta é: Não. De modo nenhum a morte guardou o melhor para o final sofrido desta película. E a premissa de que não se deve mexer no está quieto, deveria muito bem ser respeita.

Filme: Premonição 4 (The Final Destination, EUA)
Ano: 2009
Gênero: Suspense
Duração: 93 minutos
Direção: David R. Elllis
Roteiro: Eric Bress, Jeffrey Reddick
Elenco: Bobby Campo, Shantel VanSanten, Nick Zano, Haley Webb, Mykelti Williamson, Krista Allen, Andrew Fiscella, Justin Welborn, Stephanie Honore, Lara Grice, Jackson Walker, Phil Austin, William Aguillard, Brendan Aguillard, Juan Kincaid

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