quarta-feira, 1 de setembro de 2010

.: Conversa com Guillermo Arriaga, escritor

Guillermo Arriaga, um escritor à mercê de seus personagens

Por: Lídia Maria de Melo, convidada especial

Em setembro de 2010


Munido de arco e flechas, o premiado escritor e cineasta mexicano Guillermo Arriaga se embrenha por semanas no deserto ao Norte de seu país.


‘‘Sou enlouquecido por caçadas’’, confessa. Essa atividade, como diz, requer paciência e dedicação, mas o põe em contato com a natureza árida que tanto o atrai e ele tão bem retrata em seus filmes e livros. ‘‘Mantenho uma relação profunda com esse território. É a paisagem que melhor entendo’’.

Mas nem a caça, que ele pratica desde os 12 anos, nem o deserto conseguem afastá-lo da decisão que anunciou a seus pais, Carlos e Amélia, quando ainda era criança: ‘‘Quero me tornar escritor. E também ator, diretor e atleta profissional’’.

Os esportes continuam em sua vida, mas como atividade amadora. ‘‘Tenho feito futebol, tênis, pingue-pongue, squash, natação, voleibol, beisebol, box e pólo aquático, além da caça’’, relaciona, frisando que não vê contradição entre o pendor literário e a atividade esportiva. ‘‘Pensar que um escritor não faz esportes não passa de um lugar comum. É preciso acabar com os clichês’’.

Arriaga, que é graduado em Comunicação e História, até chegou a jogar futebol em um time de primeira divisão. ‘‘Mas careci de talento e disciplina’’, reconhece. Uma doença no coração foi outro motivo de impedimento.

As demais escolhas feitas na infância estão sendo cumpridas.Todas convergem para o principal motor que move esse homem de 52 anos, 1,86m, 92 quilos e grandes olhos verdes, que passam a impressão de nunca se fechar: ‘‘Desde menino, me seduz a ideia de contar histórias’’.

Para Arriaga, não há diferença entre escrever livros ou filmes.Tudo é produção literária. ‘‘Eu sou um escritor,um contador de histórias’’. Há muito, desde ‘‘Amores Brutos’’, ‘‘21 Gramas’’ e ‘‘Babel’’ , seu dom para a narrativa ultrapassa as fronteiras mexicanas e o coloca entre os principais nomes do cinema atual e da literatura latino-americana contemporânea.


ENTREVISTA: Entrevistei Guillermo Arriaga por e-mail, entre duas viagens dele em junho. Uma, ao Festival de Cinema em Aruba, e outra, a Vancouver, no Canadá, onde estuda o filho, Santiago, de 17 anos. E continuamos mantendo conversas, nas madrugadas, pelo site de relacionamentos Twitter, onde ele escreve em espanhol e inglês, mas até se esforça para se comunicar em português: ‘‘Boa sorte, Lídia. Boa noite’’. Quando não consegue, Arrisca um portunhol, como fez antes do primeiro jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo: ‘‘Claro que voy a ver o jogo do Brasil’’.

Sempre gentil e amistoso, sem afetações típicas de celebridades, esse ex-professor universitário, nascido na Cidade do México sob o nome completo de Guillermo Arriaga Jordán, fala de literatura, cinema, esportes, família, infância e escritores favoritos. Também dá dicas para quem deseja se aventurar no mundo das narrativas e conta sobre os novos textos que está produzindo.

No ano que vem, dentro da série ‘‘Cities of Love’’ (Cidades do Amor), participará do projeto ‘‘Rio, Eu Te Amo’’ com um curta-metragem sobre a Cidade Maravilhosa, ao lado de mais nove diretores. Entre eles, Fernando Meirelles (‘‘Cidade de Deus’’ e ‘‘Ensaio Sobre a Cegueira’’) e José Padilha (‘‘Tropa de Elite’’). Arriaga ainda não tem ideia do tema que abordará, nem de quem convidar.

Para retratar o Rio de Janeiro, não encontrará dificuldade: ‘‘Adoro o Brasil, é um país ao qual volto a cada ano. Parece-me um lugar vital, intenso, poderoso. Sua força se traduz em sua arte e sua cultura. Os brasileiros às vezes ignoram a maravilha de sociedade que são’’.

No início do ano, rodou o curta-metragem ‘‘El Pozo’’ (O Poço) para a TV Azteca, como parte da comemoração dos 200 anos da independência do México. Com pessoas comuns de pequenos povoados do Estado de Cohauila, contou um pouco da revolução mexicana. O filme será exibido neste mês de setembro no Festival de Veneza, onde Arriaga integrará o júri dos longa-metragens.

Atualmente, está às voltas com duas novas histórias. Uma tem como tema o ciúme doentio. ‘‘Como não sou ciumento, me parecem muito estranhos os ciumentos. E escrever sobre ciumento é mais estranho ainda’’, comenta.

A outra é uma encomenda do ator Brad Pitt. A primeira versão está pronta, mas Arriaga precisa reescrever, prática comum enquanto cria. É a adaptação do livro ‘‘The Tiger: A True Story of Vengeance and Survival’’, de John Vaillant, ainda inédito no Brasil e que trata de tigres da Sibéria. Junto com Darren Atonofsky, o mesmo diretor de ‘‘O Lutador’’, Brad Pitt faz a produção do trabalho, mas ainda não sabe se vai estrelar.

Arriaga desenvolve seus enredos no escritório que mantém em sua própria casa. Entre os objetos da decoração, além dos troféus, destacam-se caveiras de vários tipos. ‘‘É para lembrar que a morte nos acerca diariamente e que a arte é a única maneira de vencê-la’’.

A PRÓPRIA VIDA LHE DÁ ENREDOS E INSPIRAÇÃO: Guillermo Arriaga iniciou a vida profissional de escritor em 1991, aos 33 anos, com o romance ‘‘Esquadrão Guilhotina’’, sob as bênçãos de Laura Esquivel. Ao participar de um concurso literário, não venceu, mas a autora de ‘‘Como Água Para Chocolate’’ , que fazia parte do júri, indicou-o a seu editor, Jaime Aljure. A obra foi escrita quando ele tinha 22 anos.

Marcadas por episódios garimpados em sua própria vida, as histórias do mexicano estão ainda nos romances ‘‘O Búfalo da Noite’’ (1994) e ‘‘Um Doce Aroma de Morte’’ (1999), vertidos para vários idiomas e editados no Brasil pela Gryphus. Ele também publicou a coletânea de contos ‘‘Retorno 201’’, recém-traduzida para o romeno e com lançamento brasileiro previsto para este ano.

O título desse livro de contos faz referência ao endereço do conjunto habitacional de classe média onde Arriaga morou na infância, na própria Cidade do México: ‘‘Cresci na Unidade Modelo, Retorno 201, apartamento 87, telefone 32-3301, Zona Postal 13, Delegação Iztapalapa’’.

Digo que me faltam informações sobre essa obra, e ele me responde: ‘‘Eu escrevi ‘‘Retorno 201’’ entre os 24 e 26 anos de idade. Três contos foram escritos depois’’. Arriaga conta também que, enquanto criava ‘‘O Búfalo da Noite’’, ouvia a guitarra de Jimmi Hendrix e o rock do grupo inglês The Doors. Já ‘‘Um Doce Aroma de Morte’’ foi produzido sob os acordes de Los Tigres Del Norte, um grupo regional de música latino-americana, e o impacto das imagens fotografadas por Miguel Rio Branco, espanhol radicado no Brasil.

Desde o título, esse romance é marcado por descrições de cheiros: de queimado, do perfume da personagem morta, do corpo em decomposição, da morte. Pergunto a Arriaga como isso é possível, já que ele perdeu o olfato aos 13 anos, durante uma briga de rua.

A explicação inicial parece simples: ‘‘Quando um cego perde a visão, seu olfato fica mais refinado. Quando alguém perde o olfato, o sentido do paladar se faz mais agudo e preciso’’. Mas o complemento surpreende: ‘‘Há ocasiões em que posso cheirar com a língua. E não é uma metáfora, é real. E quando há muita umidade e certas condições, sou capaz de perceber cheiros distantes’’.

O escritor lembra que o poeta argentino Jorge Luiz Borges era cego e obcecado por espelhos. ‘‘Eu tenho obsessão por odores’’.


DEPOIS DE CORRER O MUNDO, A ESTREIA NO MÉXICO: Noite de 20 de julho. Chove torrencialmente na Cidade do México. O aguaceiro não é empecilho para que o escritor e cineasta Guillermo Arriaga chegue ao cinema onde, finalmente, ocorrerá a avant-premiére de ‘‘Fuego’’ (Fogo) em território mexicano.

O filme, que no Brasil recebeu o inadequado título de ‘‘Vidas que se Cruzam", marcou sua estreia como diretor há dois anos, no Festival de Veneza, sob longos aplausos. No elenco, duas ganhadoras de Oscar, Charlize Theron e Kim Basinger.

Originalmente denominado ‘‘The Burning Plain’’ (Planície Queimada, numa tradução livre), o longa-metragem já esteve em cartaz em outros 15 países, mas só no dia 23 de julho entrou em circuito nacional no México, por problemas com os distribuidores.

O título brasileiro remete ao estilo de narrar de Arriaga e serviria a qualquer um de seus outros trabalhos. Na Espanha, o filme foi chamado de ‘‘Lejos de La Tierra Quemada’’ (Longe da Terra Queimada), na Argentina, ‘‘Camino a La Redención’’ (Caminho para a Redenção), na Venezuela, ‘‘Corazones Ardientes’’ (Corações Ardentes).

Arriaga só opinou no título do México, que faz referência a uma cena de incêndio que ele testemunhou aos 9 anos de idade e vitimou uma família, perto de sua casa. No filme, histórias também escritas por Arriaga são entrelaçadas, do mesmo modo como ele já fez em ‘‘Amores Brutos’’, ‘‘21 Gramas’’, ‘‘Os Três Enterros de Melquíades Estrada’’ e ‘‘Babel’’.

A carga dramática leva o público a se esquecer da beleza física de Charlize Theron. Interpretando Sylvia, ela é uma mulher sofrida que parece carregar nos ombros todo o peso do mundo. Gina, de Kim Basinger, transmite a impressão de estar diante de sua última chance para ser feliz. Tessa Ia, na pele de Maria, é uma sábia menina.

Jennifer Lawrence, aos 17 anos, vive uma adolescente impetuosa, que lhe valeu o Prêmio de Melhor Atriz Revelação, no Festival de Veneza, em 2008. Sua personagem leva o nome da filha de Arriaga, Mariana. ‘‘Jennifer acaba de ser anunciada como a protagonista de ‘‘The X-Men’’, festeja o escritor.

Claro que o longa tem personagens masculinos. Os principais são vividos por Joaquim de Almeida, J. D. Pardo, John Corbett e José María Yazpik. Mas Arriaga fez um filme em que as mulheres, com seus amores, seus anseios e suas angústias, obrigam os homens a orbitar em torno delas. Na sessão de 20 de julho, realizada apenas para convidados, com a presença do elenco mexicano, Arriaga é recebido por jornalistas, fãs, amigos e a família. ‘‘Muito emocionado’’, confessou no site de relacionamentos Twitter.

‘‘Vou entrar no tapete vermelho. Vieram meus pais (Carlos e Amélia), meus irmãos (Carlos, Jorge e a também escritora Patrícia Arriaga Jordán) e sobrinhos e primos e muita gente’’. À tarde, ele agradeceu aos jornalistas que compareceram à entrevista coletiva de divulgação do filme e ainda expressou: ‘‘De coração, obrigado por suas palavras de alento. A todos que me escreveram, um abraço. Me comove o apoio que recebi da comunidade twitera’’.

Nos dias que precederam a estreia mexicana, Arriaga estava visivelmente nervoso e passava horas desperto. Quando não dava entrevistas, deixava notas no Twitter. Relacionou no site o nome de toda a equipe que trabalhou no filme, diante e atrás das câmeras. Seus seguidores no site até iniciaram uma campanha para que ele dormisse. Enviei também uma mensagem e ele me respondeu em português: ‘‘Não (tenho) conseguido dormir. Estava em entrevista com jornalistas. Tudo bem em Santos?’’.


TRÊS FILMES E UMA BRIGA PELA AUTORIA: Embora registre em seu currículo curtas como ‘‘Rogélio’’ e ‘‘El Pozo’’, Arriaga tornou-se conhecido no mundo cinematográfico pelos roteiros dos filmes ‘‘Amores Brutos’’; ‘‘21 Gramas’’ e ‘‘Babel’’.

Os longa-metragens foram dirigidos por Alejandro González Iñárritu,conterrâneo com quem Arriaga rompeu definitivamente há quatro anos.‘‘Ele traiu acordos de cavalheiros que fizemos quando decidimos trabalhar juntos.E traiu desde o início’’, diz.

Arriaga evita se alongar sobre o fim da parceria, mas é público que não aceita o fato de um diretor ser considerado o autor em um trabalho cinematográfico. Ele defende que, como em uma peça teatral,a realização é de toda uma equipe, a partir da história do escritor. Por isso, abomina a expressão ''Um filme de...'', utilizada nos créditos antes do nome do diretor. ‘‘Parece-me sempre uma falta de respeito com todos os que fazem o filme’’, explica. ‘‘E qual foi a razão para seguirmos juntos?’’, ele mesmo pergunta, para em seguida responder: ‘‘Muito fácil: as obras se saíam bem’’.

NAS MADRUGADAS, É QUE NASCEM AS HISTÓRIAS: É nas madrugadas que Guillermo Arriaga escreve diariamente. ‘‘A noite diz coisas que de dia não se pode escutar’’,explica. Diante do computador, não espera por musas ou inspiração. ‘‘A musa, para mim, aparece quando me sento para escrever’’. E ele tem um bom argumento para nunca desistir de atingir a marca de ao menos meia página até as 9 da manhã. ‘‘Um caixa de banco não se questiona se tem que ir trabalhar’’. Há um outro mais fatalista: ‘‘Não descanso nenhum dia. A morte tampouco. Se me surpreende, que ao menos fique alguma coisa depois de mim’’.

A morte é um tema mais do que recorrente em seus escritos: ‘‘Ela está tão certa de nos alcançar, que nos dá toda uma vida de vantagem’’. É uma grande preocupação?, pergunto. Ele nega, mas nunca demonstra indiferença ao assunto. Em junho, diante da notícia do falecimento do escritor português José Saramago, expressou: ‘‘Hoje, só morreu um pouco de Saramago. O outro Saramago sobrevive e, para que viva mais, é preciso lê-lo’’.

Também não deixou de comentar o assassinato do candidato ao governo do estado mexicano de Tamaulipas, antes das eleições: ‘‘Lamento profundamente a morte de Rodolfo Torre. Cada vida perdida me dói. Toda morte insensata é uma vergonha para o México’’.

A expressão mais comovida foi sobre a recente perda do ator Dennis Hopper. ‘‘Estou triste e me sinto mal de não ter podido produzir seu último filme como diretor. Não éramos próximos, mas confiou em mim. Pude vê-lo umas semanas antes. Era um tipo muito inteligente, agradável e talentoso. Sempre foi amável comigo. De verdade, lamento’’.


ENCICLOPÉDIAS E CARTAS: Quando criança, Arriaga passava horas nas ruas, depois que chegava da escola. Mas se admirava com os textos curtos das enciclopédias e escrevia cartas para as meninas. Era a maneira como melhor se organizava, já que sofria de hiperatividade e déficit de atenção.

Ainda hoje se distrai todo o tempo, por isso cria artifícios para se concentrar. Se fraqueja diante do silêncio de seus personagens, lembra das palavras de Marguerite Duras: ‘É preciso ser mais forte que a obra’’.
Ele escreve tanto que às vezes provoca lesões nos nervos das mãos. Mas se consola: ‘‘Criar nos cobra cotas. Não importa, criamos mundos narrativos, personagens’’.

De antemão, nunca sabe qual será o final de seus enredos e prefere conhecer pouco sobre os personagens. ‘‘Gosto de descobrir junto com eles’’, diz. ‘‘Se sei demasiadamente, sinto que não vão me surpreender’’.

Quase todas suas histórias estão relacionadas a algum fato que viveu, sentiu ou presenciou. Ele nunca pesquisa antes de escrever. ‘‘Falo somente do que conheço. Quero que em meu trabalho se sinta a rua, o campo. Que se sintam esses lugares, esses momentos, essa gente, que me são próximos’’.

Muitos de seus personagens recebem os nomes de seus familiares, amigos e animais. No filme Amores Brutos, por exemplo, o cachorro de estimação do protagonista se chama Cofi. Uma homenagem ao cão que teve quando criança. Ao terminar de escrever um romance ou um filme, Arriaga submete o texto a um grupo de pessoas em quem confia. Entre eles, estão a mulher, Maria Eugênia, que ele chama carinhosamente de Maru, e a filha de 15 anos, Mariana.

A partir das sugestões, ele reescreve várias vezes. ‘‘Essa é a tarefa de um escritor. Polir a linguagem de tal maneira que pareça que é fácil’’. Compara seu método, com o do ex-jogador francês Platini: ‘‘Para que pareça fácil dar um passe de 50 metros, é necessário praticar anos’’.

Além dos pais, Carlos e Amélia, que sempre o educaram para que seguisse sua vocação, uma de suas grandes incentivadoras é Maria Eugênia, a quem ele define como ‘‘mulher maravilhosa’’. Quando se casaram e ele lhe disse que queria escrever, ela o apoiou: ‘‘Adiante’’. Quando soube que isso iria significar dificuldades econômicas, não recuou: ‘‘Ela acreditou em mim e, graças a ela e a seu amor e incentivo, pude dedicar-me a ser escritor’’.

A última vez que conversei com Arriaga, antes de finalizar esta matéria, foi na madrugada de 25 de julho. ‘‘Buenas, que bom encontrá-lo de novo na madrugada’’, saudei. Prontamente, ele retornou, dominando quase totalmente o português:‘‘Boa noite, meu querida Lídia. Viajo uma semana. Depois, eu vou voltar’’. Então, até a volta. A gente se fala!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

.: Resenha crítica de "Os Mercenários", que é uma bobagem

Testosterona inconsistente: O Brasil pelos olhos de Stallone 
Por: Helder Miranda
Em agosto de 2010

Longa só se sustenta pela memória afetiva de um público que já cresceu. 


"Os Mercenários" é, assumidamente, uma bobagem. Logo na primeira cena, talvez pelo colorido, fui remetido a dois filmes antigos, de minha infância - Os Heróis Trapalhões - Uma Aventura na Selva e Os Trapalhões nas Terras dos Monstros. Não entro no mérito do boicote, é perda de tempo, mas, se você não foi um moleque dos anos 90, não veja. 

Assim como Renato Aragão, Stalonne vai escalando famosos para fazer algumas pontas ao seu bel-prazer. O roteiro segue o mesmo estilo dos longas de ação que eram transmitidos à tarde, na TV Bandeirantes, cheios de memória afetiva de minha época de criança. Com medalhões do gênero, como Dolph Lundgren (Soldado Universal), Jet Li, Jason Statham (o protagonista de Carga Explosiva), e até o pai de Todo Mundo Odeia o Chris, é tão ruim que tem seu charme. Só faltou Van Damme.

Cheio de tiradas de efeito, todas "esquecíveis", algumas cenas de ação forçadas, e um machismo que não chega a incomodar, porque o próprio filme não se sustenta. Os Mercenários é salvo pela memória afetiva de um público que já cresceu. Quem foi moleque no auge de Sylvester Stallone e brincou com os bonecos emborrachados do S.O.S Comandos - me remeteu a isso também - pode se reconhecer ali. Minha única pretensão era conferir o último trabalho da fofinha Brittany Murphy, que não apareceu e me frustrou um pouquinho, mas como ganhei os convites, em uma ação de marketing da California Filmes para evitar o "boicote" (?), estava ali para me divertir. 

A percepção do que é "envelhecer mal" me incomodou em Os Mercenários. Menos pelo botox e mais pela dificuldade em partir para outros projetos mais dignos, íntegros, do ator que está à frente disso. A participação de Bruce Willis só se justifica pela afetividade. Ali, no cinema, vi o tempo passar em frente a um Mickey Rourke irreconhecível, e também quando não acreditei nas peripécias espetaculares de um Stallone envelhecido, muito menos no olhar romântico de Gisele Itié para o seu personagem. É como a mulher madura que insiste em roupas de menina e maquiagem pesada: não dá.

Por outro lado, só um filme como esse me deixaria acordado, em um dia em que dormi às 4h, acordei às 7h, recomecei a trabalhar o dia todo e encarei a sessão das 22h. Gisele Itié, dublada por ela mesma, é uma atração à parte. Se fosse um filme "bom", pode ter certeza de que eu dormiria, como já aconteceu outras vezes, mas estava diante de algo em que não conseguia parar de ver. 

Um detalhe curioso foi quando o projetor apresentou algum problema e o longa teve de voltar alguns minutos dos já assistidos. As pessoas reclamavam quase que em unanimidade, queriam ver o filme de onde estava, não precisava voltar. Minha mulher, que começou a esboçar sinais de desespero, também fez coro. Como imaginei que, em algum momento, os personagens viram para cá, eu quis ver o Brasil pelos olhos de Stallone. Mas não aconteceu também. Vale, também, por uma cena em que o protagonista troca farpas, ridículas, com Arnold Schwarzenegger e finaliza, com a única frase que me lembro: "Ele quer ser presidente".

Filme: Os Mercenários (The Expendables, EUA)
Ano: 2010
Gênero: Ação
Duração: 103 minutos
Direção: Sylvester Stallone
Roteiro: Dave Callaham, Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone , Jason Statham , Jet Li , Dolph Lundgren , Eric Roberts, Randy Couture, Steve Austin, David Zayas, Giselle Itié, Gary Daniels, Terry Crews, Mickey Rourke

domingo, 1 de agosto de 2010

.: Entrevista com Shirley Carvalho, cantora

“Quem faz reality mostra a cara. Um participante deve ter em mente que isso é só o primeiro passo. Não deve ficar em casa esperando um contrato milionário, mas preparar um bom repertório e correr atrás de casas bacanas para se apresentar”. - Shirley Carvalho

 Por: Helder Miranda

 Em agosto de 2010



Após muitas participações marcantes em programas musicais da televisão, a cantora Shirley Carvalho tem um CD a caminho. Conheça melhor este talento brasileiro.



Após a meteórica ascensão no programa Ídolos (SBT), que nesta temporada vem conquistando a liderança para a TV Record, Shirley Carvalho não se abateu com a segunda colocação. Caloura veterana de Raul Gil, ela emendou outro reality, Astros, e saiu vencedora. Faz aproximadamente 15 shows por mês, em todo o Brasil, uma marca surpreendente para uma cantora sem discos gravados. Também virou hit no YouTube e nos noticiários brasileiros por conta de um dueto com o jogador de futebol Richarlyson, e prepara o primeiro CD.


RESENHANDO - Como é ser chamada de “Whitney Houston brasileira”?
SHIRLEY CARVALHO - Não vejo nenhum problema, é uma honra. Sem dúvida, ela é minha inspiração, tem um timbre bacana. Embora ela tenha muita influência, não cantamos igual e eu não sou uma cantora cover dela. A Whitney é uma excelente artista, um fenômeno, pelo jeito de cantar e a atmosfera de “ diva” . Infelizmente, hoje ela não é a mesma da fase áurea, daqueles gritões, mas continua competente e deve ser respeitada por toda a trajetória artística.
  

RESENHANDO - Por que cantores lançados em realities saem da mídia?
S.C. - Pode ser falta de sorte, ou oportunidade. O problema é que as pessoas esperam que, ao sair de um programa líder de audiência, “estourem” diretamente. O maior exemplo, para esse caso, é o da cantora Jennifer Hudson, que nem entre os primeiros colocados ficou no American Idol e ganhou o Oscar e um Grammy.

  
RESENHANDO - Você, o que faz para permanecer?
S.C. - Quem faz reality mostra a cara. Um participante deve ter em mente que isso é só o primeiro passo. Não deve ficar em casa esperando um contrato milionário, mas preparar um bom repertório e correr atrás de casas bacanas para se apresentar. Está sendo um trabalho lento, eu já tinha consciência de que nada seria imediato. Devagarinho, venho conquistando o meu espaço, sem me afastar dos fãs que conquistei no programa e, até o final do ano, lançarei meu primeiro CD.


RESENHANDO - Você era apontada pelos jurados e nas enquetes como a favorita para vencer o Ídolos. Por que ficou em segundo lugar?
S.C. - Votação popular não deve ser questionada. Não acho que a Thaeme (Mariôtto, que concorreu com ela na final do programa) é uma cantora inferior, também é talentosíssima. E em um reality, você fica sujeito à votação, isso não me abateu. Pelo contrário, ter sido a segunda colocada abriu oportunidades inacreditáveis.


RESENHANDO - Você acompanha essa nova temporada?
S.C. - Sim, e comento no Twitter. Para não desagradar a torcida de um ou outro participante, me mantenho neutra. Claro que já tenho as minhas predileções: Nise Palhares, que é maravilhosa, Agnes Jamille, uma negrona tudo de bom, o Romero, que é lindo e canta muito, o Filipe Batista, o Black... 


RESENHANDO - Como você avalia a música brasileira atual?
S.C. - Quem está no mercado sabe que é um meio restrito, em que o novo se sobressai. Maria Gadú se destacou porque canta com um jeitinho todo especial e tem um timbre diferente. O que se vê, hoje, são cantoras reproduzindo o estilo Ana Carolina, o estilo Ivete Sangalo... É preciso renovar, sair da mesmice, como foi feito nas décadas de 80 e 90, que lançou gente muito boa.


RESENHANDO - Seu CD será assim?
S.C. - Claro! Quero surpreender as pessoas. Estou trabalhando de uma maneira diferente, inovadora, mas que, ao mesmo tempo, toque o coração. É claro que nesse repertório não pode faltar Razão e Coração, música escrita pelo compositor Chico Amado especialmente para mim, para disputar a final do Ídolos. Foi engraçado porque tive de decorar e imprimir a minha marca na canção em apenas uma hora! 


RESENHANDO - A que você atribui o sucesso dessa música, que não foi lançada nos meios convencionais?
S.C. - Começou porque as pessoas extraíram do programa o áudio da minha apresentação, ao vivo. Fizeram milhares de downloads, que eram escutados nos aparelhos de MP3, celulares, computadores. O Arnaldo Sacomani (jurado do Ídolos no SBT e produtor musical) teve a ideia de gravar a canção em estúdio, com uma qualidade melhor, e disponibilizou na internet. 


RESENHANDO - Canções românticas, necessariamente, são bregas?
S.C. - Ah, romântico é brega, né? (risos) Não conheço ninguém que, quando está apaixonado, fique “racionalzinho”. As pessoas choram, mandam flores, se ajoelham... é bem por aí. Quando estamos apaixonados, superdimensionamos, literalmente nos rasgamos (risos). A música traduz tudo isso. 


RESENHANDO - Regravar Creu com uma roupagem mais sofisticada foi uma maneira de aparecer?
S.C. - (risos) Não! Foi uma brincadeira que acabou fazendo sucesso na internet. Alguém gravou esse trecho, em um dos meus shows... Aqueles acordes sofisticados, um violãozinho, o som acústico. Engraçadíssimo!

  
RESENHANDO - Da internet, como a historia com o Richarlyson ganhou os noticiários?
S.C. - Ele é meu amigo, e estávamos no telefone quando me sugeriu a música Eu Nunca Estive Tão Apaixonado. Como ele canta bem, pedi para que se apresentasse comigo. Foi gravado e, no dia seguinte, em casa, meu telefone não parava de tocar. O vídeo foi transmitido no Globo Esporte, ESPM, TV Fama, Pânico na TV e muitos outros veículos de comunicação.


RESENHANDO - Isso abriu portas?
S.C. - Se eu negasse, seria hipócrita. Com certeza! Antes de dar entrevistas, resolvi falar com o Richarlyson, que me incentivou a aproveitar. Fiquei feliz de não ser apontada como a “caloura” do Raul Gil, ou a finalista do Ídolos. Toda a imprensa estava falando da cantora Shirley Carvalho. Adorei!


BIOGRAFIA DA CANTORA: Shirley Carvalho, natural de São José dos Campos, São Paulo, começou a cantar já aos 4 anos. Em julho de 2003, Shirley iniciou sua carreira musical com a participação no Programa Raul Gil, então exibido pela Rede Record, no quadro “Quem Sabe Canta Quem Não Sabe Dança”, consagrando-se como a grande REVELAÇÃO de 2004, vindo a ser a vencedora do concurso.

Em seguida, em março de 2007, após um longo processo de seleção com cerca de 15 mil inscritos por todo o Brasil, classificou - se para a segunda temporada do reality “Ídolos” e após uma marcante e bem sucedida trajetória, foi considerada por Arnaldo Saccomani, Miranda, Thomas Roth e Cys Zamorano (jurados do programa) como "a melhor cantora do Brasil em atividade" e “a maior voz feminina brasileira de todos os tempos”.

Em 2009 foi mais uma vez vencedora, desta vez do reality show “Astros” – exibido pelo SBT – consagrando-se assim definitivamente e iniciando agora sua carreira musical por outros segmentos.
Sua fonte de inspiração é Whitney Houston e suas raízes vem de encontro à uma deliciosa mistura de influências afro-americanas, mas com raízes bem brasileiras.

Atualmente a cantora pôde ser ouvida interpretando a canção “You are everything” (grande sucesso nas vozes de Marvin Gaye e Diana Ross) na novela “Vende-se um véu de noiva”, do SBT (obra de Janete Clair adaptada por Íris Abravanel). 

Shirley vem ganhando a cada dia mais espaço, haja vista que a cantora já possui um total de quase 1 milhão de visitas em seu canal oficial no YouTube e cerca de 15 mil cadastrados em suas comunidades em sites de relacionamento, revelando assim o quanto é querida e admirada por fãs do Brasil e de várias partes do mundo. 

A cantora também é admirada por grandes nomes da música, como Ivete Sangalo, Fábio Jr, Eduardo Araújo, Jon Secada, entre tantos outros, firmando-se assim como sinônimo de bom gosto musical, elegância e profissionalismo. Shirley Carvalho é apontada hoje como uma artista em clara ascensão no mercado musical brasileiro e considerada uma das vozes mais marcantes da nova geração de cantoras brasileiras. 

Fonte da biografia: http://www.shirleycarvalho.net/

quinta-feira, 29 de julho de 2010

.: Entrevista com Márcio Vassallo, escritor e jornalista

“Não escreveria nunca, se não fosse um leitor apaixonado”. - Márcio Vassallo

Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em julho de 2010


Histórias fascinantes escritas diretamente para os leitores mirins. Conheça melhor o escritor e jornalista Márcio Vassallo.


Um jornalista, poeta e escritor de obras infantis seduzido pelo universo da literatura infantil. O AMOR pela escrita é (definitivamente) o "pó mágico" de Márcio Vassallo. Com sabedoria, o autor utiliza tal ingrediente em suas histórias encantadoras e, assim, enobrece a todos que têm a oportunidade de fazer parte de uma história criada por nossa entrevistado do mês de julho. Com tanta sensibilidade na escrita direcionada aos leitores mirins, não há leitor que passe ileso (independentemente de idade) desta escrita fascinante. 

BIOGRAFIA: Márcio Vassallo nasceu no Rio de Janeiro, no dia 18 de dezembro de 1967. Jornalista e escritor, faz palestras e oficinas, há mais de dez anos, em todas as regiões do Brasil. O autor já publicou livros como,  A Princesa Tiana e o Sapo Gazé, O Príncipe sem Sonhos, O Menino da Chuva no Cabelo, Valentina e A Fada Afilhada e de Mario Quintana, primeira biografia do poeta gaúcho, publicada dentro da coleção Mestres da Literatura. Livros que foram selecionados para o Catálogo de Autores Brasileiros da Feira do Livro de Bolonha, na Itália, pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, seção brasileira do IBBY - International Board on Books for Young People, órgão consultivo da Unesco. 

Valentina também foi escolhido como um dos trinta melhores livros do ano publicados no Brasil, pela Revista Crescer, e O Menino da Chuva no Cabelo foi selecionado para o catálogo The White Ravens 2006, organizado pela Biblioteca Internacional da Juventude de Munique, na Alemanha, entre milhares de livros enviados de todo o mundo. Junto com a escritora Maria Isabel Borja, organizou as coletâneas Valores para Viver e O Livro dos Sentimentos, reunindo textos de alguns dos mais importantes escritores da língua portuguesa, além de publicar o livro de entrevistas Mães - o que elas têm a dizer sobre educação. Organizou e selecionou a obra Para viver com poesia, antologia temática com pensamentos de Mario Quintana, lançada em 2008. Seu último lançamento é o livro Da minha praia até o Japão. 

Vassallo foi repórter do Segundo Caderno, do jornal O Globo, e do suplemento cultural Bis, da Tribuna da Imprensa, além de colaborar como free lancer em resenhas, entrevistas, matérias e outros textos para os cadernos de cultura dos jornais O Globo, Folha de S. Paulo, Jornal do Brasil e O Estado de S. Paulo. Vassallo também escreveu textos encomendados pelas revistas Você S.A., da editora Abril; Crescer, da editora Globo; e Leituras Compartilhadas, da Ong Leia Brasil. Além de criar e editar ao longo de três anos o jornal literário Lector, entrevistando alguns dos principais autores, editores, agentes literários, professores e especialistas em educação e leitura do Brasil. 

Atualmente, presta serviço de consultoria para autores e várias editoras do país, avaliando projetos, originais e linhas editorais. É o jornalista responsável pelo site da Agência Riff (www.agenciariff.com.br), que representa, no Brasil e no exterior, alguns dos mais consagrados autores brasileiros. A agência também representa os livros de Márcio Vassallo. (Fonte: http://www.marciovassallo.com.br)


RESENHANDO - O que a literatura representa em sua vida? 
MÁRCIO VASSALLO - Tudo o que inspira a minha vida me move para escrever, e tudo o que me move para escrever inspira a minha vida. Eu poderia ser um leitor apaixonado e nunca me tornar escritor, claro. Mas não escreveria nunca, se não fosse um leitor apaixonado.


RESENHANDO - Como surgiu a história de "Da minha praia até o Japão"? 
M. S. - Tenho visto muitos pais apressados para deixar seus filhos felizes, enchendo a vida das crianças de passeios espetaculares, presentes cobiçados, viagens incríveis, olhando mais no relógio que nos olhos delas. Acho que pressa não combina com felicidade. É claro que temos que correr para trabalhar, é claro que o dia a dia é uma correria desembestada. Mas a felicidade exige demora e calma amorosa. Era essa demora e essa calma que o meu pai tinha comigo, quando defendíamos a praia de terríveis monstros marinhos e cavávamos um buraco para cabermos dentro e chegarmos até o Japão. Meu pai é oficial de Marinha. Passou a minha infância e a minha adolescência viajando muito, e trabalhando mais do que um bocado, mas sempre teve interesse e paixão por se espalhar no chão comigo e meus dois irmãos. E a minha mãe também tem uma importância essencial nessa história. Afinal, foi ela que me ensinou a contemplar beleza onde quase ninguém vê. Dedico esse livro para ela. Meu pai sempre encheu o meu coração de fantasia. Mas se não fosse pela minha mãe, se eu não tivesse aprendido a olhar, não teria me tornado escritor. 


RESENHANDO - Ainda sobre este lançamento editorial. Para um carioca, como é escrever um livro infantil ambientado na praia?
M. S. - Antes de começar a escrever, não costumo pensar na geografia das minhas histórias. Para mim, são os personagens que puxam os enredos, as cenas, os ambientes, não o contrário. 


RESENHANDO - O que diferencia "Da minha praia até o Japão" de seus outros livros?
M. S. - Ainda não tinha escrito um livro na primeira pessoa, assim, tão íntimo. 


RESENHANDO - Fale um pouco sobre a questão da "educação para o encantamento".
M. S. - Educar para o encantamento é ensinar aos outros a fazer suas próprias escolhas e aprender a lidar com os próprios sentimentos de forma leve, profunda, autêntica e inspiradora. Viver com encantamento no dia-a-dia não é só um dom, uma vocação, um destino. Acima de tudo é uma escolha, uma questão de educação. Há mais de dez anos, tenho conversado com públicos de todas as regiões do Brasil, em palestras e oficinas, sobre essas e outras tantas questões, e constato, de Norte a Sul do país, que esse é um tema cada vez mais irresistível e cheio de desdobramentos. Aprender a parar, reparar e se surpreender, sem pressa e sem cansaço, são passos essenciais na educação para o encantamento. E, mais do que tudo, o que é essencial na educação para o encantamento? Qual a serventia da beleza no dia a dia da gente? Como apurar o olho para viver em estado de poesia? Tenho respondido perguntas dos leitores sobre esse assunto, numa coluna, toda quinta-feira, no meu site (www.marciovassallo.com.br).


RESENHANDO - Por que mergulhar no universo infantil? Por que esta escolha?
M. S. - É o universo infantil que mergulha em mim. Gosto do olhar de assombro, perplexidade e descoberta das crianças diante das coisas, dos momentos, das pessoas, das cenas aparentemente mais simples e sem importância. É esse olhar que mais seduz para escrever e para viver.


RESENHANDO - Você lia muito quando criança?
M. S. - Lia muitos gibis, nem tantos livros. Comecei a ler mais livros a partir dos onze, doze anos. Mas passei a infância toda ouvindo histórias maravilhosas das minhas avós, na hora de dormir. Meus pais também liam um bocado para mim. Minha mãe desdobrava imagens no meu pensamento. Meu pai fazia sonoplastias e fundos musicais para as cenas. O encantamento sempre fez parte do meu dia a dia. 


RESENHANDO - Como e quando começou a escrever? O que escrevia?
M. S. - Escrevi a minha primeira história aos quatorze anos. Era uma história de horror das mais horrorosas. Eu obrigava todo mundo a ler e a gostar dela. As pessoas liam porque gostavam de mim, evidentemente. Acho que o boca a boca desses meus leitores não foi tão forte. Meu primeiro livro eu publiquei aos quinze anos. Os meus pais resolveram reunir as crônicas que eu escrevia, nessa época, a maioria falando de futebol, e rodaram o livro numa gráfica, por conta própria. Esse foi um gesto de bondade amorosa deles. Não para exibir o filho, atender um capricho dele, ou investir no futuro do garoto. Foi só para dar ainda mais poesia, encantamento e beleza na minha vida. Depois, meu primeiro livro publicado no mercado foi A princesa Tiana e o Sapo Gazé, pela Brinque-Book. Essa é a história de uma princesa cansada dos príncipes e de um sapo metido a conquistador, que se gaba com os amigos de fazer as lagartixas subirem pelas paredes. 


RESENHANDO - Como é encontrar um personagem perdido na literatura infantil?
M. S. - É como encontrar um amor. A gente só encontra quando não está procurando por ele. Mas é preciso ficar de coração arreganhado para isso. E saber o que fazer com ele depois. 


RESENHANDO - Qual a sua dica para os pais que pretendem tornar seus filhos em bons leitores? Como balancear escola, videogame, internet e leitura?
M. S. - Olha, não transformar o livro em dever de casa é um passo importante. Ler não é dever. Não existe suspiro obrigatório. Antes de despertar o encantamento pela leitura em alguém, a gente precisa se encantar com os livros, de verdade, não só para encantar leitores. Por isso, não tente dizer para os seus filhos que ler é importante para o futuro deles. Não acredito nessa história de leitor do futuro. Para mim, quem lê o futuro é cartomante. A formação de leitores é essencial. Mas não devemos achar que uma criança lê hoje a Sylvia Orthof, ou a Christiane Griebel, só para um dia ler o Guimarães Rosa, ou o Machado de Assis. A literatura considerada infantil (que pode ser lida por crianças e adultos) não é um mero passo para uma verdadeira literatura, que um dia vai chegar. É isso o que eu penso. Podemos balancear escola, videogame, internet e leitura, sim, desde que a leitura seja apresentada de uma forma sedutora, e não entre no cotidiano das crianças ou dos adolescentes como uma tarefa, um dever, uma obrigação para que eles sejam alguém na vida. As crianças e os jovens não precisam ser alguém na vida. Eles já são alguém.


RESENHANDO - Na hora da leitura, qual o seu estilo preferido?
M. S. - Histórias e poemas deliciosos, apaixonantes, belos e perturbadores. Se um texto não me tira o ar, se não me clareia um sentimento, se não me amansa o coração, se não me surpreende, se não me encanta, se não me lateja o corpo, se não me desembesta a alma, se não me puxa, de alguma forma, é porque não mexeu comigo. Livros têm que mexer com a gente, fazer a gente pensar, suspirar, se emocionar de todo modo. 


RESENHANDO - Como você analisa o cenário editorial infantil brasileiro da atualidade?
M. S. - Há livros maravilhosos publicados, mas a maioria dos lançamentos ainda é bem ruim. As edições estão cada vez mais caprichadas e cuidadosas, mas sinto falta de mais textos arrebatadores, emocionantes, originais, realmente encantadores. Afinal, a literatura é o texto, a frase que nos provoca um sobressalto, a palavra certa no momento inesperado, as entrelinhas de uma cena, as brumas de uma personagem feita sob medida para se espalhar na gente para sempre.


RESENHANDO - Entre os novos escritores de literatura infantil, qual nome destaca? Por quê?
M. S. - Ah, eu destaco a Janaína Michalski, que é uma estrela da literatura infantil brasileira. Ela tem um texto forte e macio que demora dentro da gente. De fato, a Janaína é uma escritora brilhante. Seu livro de estreia é um dos mais bonitos e mais líricos que eu já li até hoje. Espero que ela já esteja escrevendo belezas novas. Bem, esse livro que eu recomendo se chama Onde o sol não alcança, e foi publicado pela Nova Fronteira. Como eu escrevo na quarta capa desse lançamento, mais do que contar a deliciosa história da amizade entre duas meninas vizinhas, e de um muro que as aproxima em vez de afastá-las, a Janaína atravessa fundo os sentimentos mais simples e sublimes que vamos deixando de lado ao longo do tempo, por causa das nossas pressas, dos nossos atropelos, das nossas perdas, dos nossos medos, da nossa falta de reparo no que é realmente essencial. 


PING-PONG
Gosto de: ouvir o riso mais desembestado do meu filho.
Detesto: gente que passa a frente de menino na fila. 
Vivo por: um prazer irresistível.
Meus escritores favoritos são: Mario Quintana, Luis Fernando Verissimo e Carlos Drummond de Andrade. 
Escrevo por: uma vontade profunda de me aproximar das pessoas e de mim mesmo, dos meus sentimentos, das minhas emoções, dos meus pensamentos.
Mensagem para o público: Fico bem feliz quando percebo que um leitor encontrou nos meus livros um silêncio de sono tirado, um suspiro preso no tempo, uma voz que ninguém ouvia, um reparo sem pressa, um sentimento que eu nem imaginava que existia na história. Não escrevo para passar mensagens. Eu escrevo para passar, e ficar, passar e ficar. 

sexta-feira, 2 de julho de 2010

.: Resenha crítica de "Toy Story 3", animação Disney e Pixar

A revolução dos brinquedos
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em julho de 2010


Os brinquedos mais queridinhos de todo mundo no formato 3D. Saiba mais da animação Toy Story 3 e divirta-se!


Em "Toy Story 3", a nova produção dos estúdios Disney-Pixar, os brinquedos mais famosos do meio cinematográfico acabam indo "voluntariamente" para a creche Sunnyside. Tudo porque não interpretaram corretamente o que Andy, agora adolescente, pretendia fazer com eles (dentro de um saco de lixo preto). A verdade é que após ficarem esquecidos (e por que não abandonados?) em uma caixa de brinquedos, Andy acaba "reencontrando" os seus amigos de infância. No entanto, o tiro sai pela culatra.

É claro que Andy não vai brincar com Woody, Buzz Lightyear ou qualquer um dos outros. Após ficarem arrasados com o desinteresse de Andy, os ex-brinquedos do jovem "descobrem" que somente Woody será levado para a universidade. Sem saber o que o destino prometia... os brinquedos mantêm a esperança de uma nova vida. Afinal, Andy, seu verdadeiro dono, não quer mais brincar com eles. 

Confuso sobre o que fazer com os brinquedos Andy sabe perfeitamente que precisa esvaziar o seu quarto e decidir o que irá levar para o ambiente universitário, o que ficará para a irmãzinha, o que será doado para a creche e o que será guardado no sótão. Após colocar Woody em sua caixa para a universidade, os outros brinquedos vão parar em saco preto (cenas hilárias e até desesperadoras). 

Calma! Acha que Andy teria coragem de colocar os seus amigões no lixo? É claro que não. Entretanto, a mãe dele encontra o saco preto pelo caminho e... Oh, destino cruel! Para salvar a própria pele (o plástico e/ou pano), o grupo, menos Woody, decide entrar na caixa destinada à creche Sunnyside, local em que serão amados novamente. Pelo menos é o que esperam. Resumo da ópera: Muita confusão (na trama de colorido impecável).

Entretanto, Woody tenta explicar aos amigos todo o mal-entendido e acaba indo parar na "encantadora" creche. Inicialmente, tudo parece perfeito em Sunnyside. Ledo engano, o ursinho de pelúcia rosa com cheiro de morango, chamado Lotso Ursinho Fofo, não é tão amável quanto parecia ser. Sendo assim, o pesadelo dos brinquedos de Andy e da Barbie da irmã de Andy, ganha forma e dimensão inesperada. 

No decorrer do longa, os brinquedos de Andy ganham muitos companheiros e adversários que aumentam a adrenalina do expectador diante desta aventura surpreendente. De fato, grande parte do filme convence por trazer uma história inovadora, mesmo tratando-se de uma sequência. Contudo, Toy Story 3 têm momentos muito escuros (em 3D, é melhor tirar os óculos nestes momentos) e acabam diminuindo a dinâmica e agilidade da película. 

Outro ponto alto da nova animação é o fato de ter a Barbie e o Ken (estes que não foram autorizados pela marca para estrelarem os filmes anteriores) ao lado dos brinquedos cinematograficamente famosos. É agradável ver na telona estes modelos dos anos 80, principalmente para aqueles que brincaram com um exemplar destes. De fato, eu ainda tenho um Ken com esta roupa de lencinho e tenho que revelar, em seu formato original ele veio acompanhado de um macaquinho, seus cabelos são da cor marrom escuro -nada de ruivo- e seus sapatos são da cor cinza.

Não há como criticar negativamente um desenho que é simplesmente perfeito. Embora o 3D não seja suficientemente marcante (como em outros desenhos já lançados neste formato). Ao consideremos a história e a perfeição visual da animação, somente restam elogios. Até porque, o drama de Andy e a separação de seus brinquedos amados envolve tanto o público que não fica difícil derramar pelo menos uma lágrima que seja. Aproveite as férias para ver Toy Story 3. Você não vai se arrepender!

Filme: Toy Story 3 (Toy Story 3, EUA)
Ano: 2010
Gênero: Animação
Duração: 103 minutos
Direção: Lee Unkrich
Roteiro: Michael Arndt
Elenco no original: Ned Beatty, Joan Cusack (Jessie - voz), Wallace Shawn (Rex - voz), Whoopi Goldberg, Timothy Dalton (Voz), Michael Keaton (Ken - voz), John Ratzenberger (Porquinho), Tim Allen (Buzz Lightyear - voz), Jeff Garlin, Tom Hanks (Woody - voz)

.: Resenha crítica de "Plano B" com Jennifer Lopez

Mais uma história de amor às avessas (com Jennifer Lopez)
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em julho de 2010


Uma pantera (a famosa "cougar" americana) com tudo no lugar sem conseguir alguém para amar. Saiba mais da comédia romântica Plano B!


Sabe aquele filminho que serve para distrair após uma semana corrida? Um filme para se ver a dois  e não pensar nos problemas do cotidiano? "Plano B" é justamente esse longa, ou seja, é o tipo de filme que não estabelece qualquer ligação mais profunda com seu expectador. A película simplesmente é projetada, passa diante de seus olhos e faz rir. 

A nova história de amor cinematográfica de J-Lo (às avessas? - nem tanto assim) é engraçadinho e consegue fazer o público dar boas (e altas) risadas. Neste, tudo começa quando Zoe (Jennifer Lopez), após tantos e tantos namoros sem futuro (e fruto), decide pular uma etapa (natural) da vida, ou seja, ela quer ser mamãe, sem ter alguém ao seu lado para ser papai.

Na falta de um amor verdadeiro (e de uma "barriga"), Zoe segue para uma inseminação artificial com total certeza do que está fazendo. Entretanto, neste mesmo dia ela conhece Stan (Alex O'Loughlin), homem que disputa o mesmo táxi com a nova mamãe do pedaço. A disputa não acaba muito bem. É claro que o ódio à primeira vista transforma-se, aos pouquinhos, em AMOR. Para não perder o homem ideal Zoe omite a verdade: não revela estar grávida (por inseminação artificial). 

A decisão de elevar o grau de amizade entre ambos fica mais difícil a cada minuto do longa, afinal, Zoe percebe que Stan é um bom homem, ou melhor, o homem de seus sonhos. Na tentativa de encontrar um ponto de equilíbrio entre ser mãe (por inseminação) e ter o parceiro ideal, Zoe deixa tudo acontecer naturalmente, ou seja, empurra com a barriga, até que tudo acaba vindo às claras.

Definitivamente Plano B é um filme fraquinho, mas consegue fazer o espectador relaxar, principalmente se considerarmos que rir é um grande remédio para esquecer os problemas enfrentados no cotidiano. Até porque as simples ou mais confusas "trapalhadas" da vida são sempre (mais, muito mais) engraçadas quando encenadas na telona do que na vida real. E você? Está sem planos? Um Plano B pode ser algo agradável por 106 minutos.

Filme: Plano B (The Back-up Plan, EUA)
Ano: 2010
Gênero: Comédia / Romance 
Duração: 106 minutos
Direção: Alan Poul 
Roteiro: Kate Angelo 
Elenco: Jennifer Lopez, Alex O'Loughlin, Eric Christian Olsen, Anthony Anderson, Linda Lavin, Michaela Watkins, Noureen DeWulf

quarta-feira, 2 de junho de 2010

.: Resenha crítica de "A Caixa", com Cameron Diaz e James Marsden

Uma caixa de segredos 99% monótonos
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em junho de 2010


História sem pé nem cabeça e tão quadrada quanto uma caixinha. Saiba mais do longa "A Caixa", estrelado por Cameron Diaz, James Marsden e Frank Langella!


"A Caixa" (The Box) até consegue atrair a atenção do público pelo fato de ter bons atores em papeis de destaque, porém engana-se aquele que pensa estar diante de um grande filme. Embora a proposta do longa dirigido por Richard Kelly seja interessante e tenha cenários muito bem ambientados no ano de 1976, a missão mais difícil não é alcançada: o filme não convence, desde o texto à edição, tudo deixa a desejar. Resultado: Um filme sem nexo.

Neste longa de ficção científica o casal formado pelas estrelas Cameron Diaz (Norma Lewis) e James Marsden (Arthur Lewis), durante a madrugada, recebem uma misteriosa caixa de madeira e um envelope com o anúncio de uma ligação, às 17 horas. É nesta hora marcada que o senhor Steward, entra na casa dos Lewis. Desta forma, apresenta uma chave para abrir a caixa que, dentro, tem um botão. Sem muitas delongas, Norma fica ciente de cada detalhe do que poderá acontecer caso pressione o tal botão. Mas por que ela o pressionaria? Simples. Pela bagatela de 1 milhão de dólares em dinheiro, o que implicaria na morte de um estranho. Forte? Sim. Entretanto, há outro detalhe, caso os Lewis não aceitem, a oferta será feita para outra família de estranhos, de modo sucessivo.

Eis que surge a questão toda que dita o ritmo (lentíssimo) do filme. Na verdade, a professora e o engenheiro que trabalha para a NASA, ficam tentados com a proposta pelo fato de estarem em uma situação financeira bastante complicada. Diante de tamanha dúvida (cruel), eles que têm um filho, chamado Walter e viviam tranquilamente numa casa de subúrbio americano envolvem-se numa barca furada, sem direito a salva-vidas ou boias. 

Levando em consideração o orçamento de US$30 milhões, o trailer e a sinopse de A Caixa é possível esperar um filme interessante e envolvente. No entanto, o que se vê é um longa pretensioso mergulhado em um suspense desconexo, com uma série de revelações jogadas ao expectador em seus minutos finais. O longa de Richard Kelly baseado no conto de Richard Matheson que originou um episódio da série The Twilight Zone (Button, Button foi exibido em 1986), é totalmente diferente do original (o conto) e de seu antecessor (o episódio de The Twilight Zone). O longa-metragem simplesmente não consegue manter a tensão e nem mesmo envolver o espectador no drama e dilemas morais vividos pelos Lewis. Tudo aqui acontece de um modo tão lento que chega a dar muito, muito sono. 

Os efeitos ridiculamente ruins só confirmam a superficialidade desta história de ficção científica mal contada. Em contrapartida, está a ideia que mais aborrece: a de um "recomeço" desta história. É então, que fica inevitável dizer: - Não, não. Chega! Um só já é o suficiente para sequelar qualquer mente sã. 

Extras do DVD e Blu-ray: Menu interativo; Seleção de cenas; Formato de Tela: Widescreen 16:9; Áudio: Dolby Digital 2.0 (Inglês e Português); Legendas: Espanhol, Inglês e Português.

Filme: A Caixa (The Box, EUA)
Ano: 2009
Gênero: Ficção Científica
Duração: 115 minutos
Direção: Richard Kelly
Roteiro: Linda Wolverton 
Elenco: Cameron Diaz, James Marsden, Frank Langella

terça-feira, 1 de junho de 2010

.: Entrevista com Lucas Celebridade, webcelebridade

“...para causar realmente e se tornar inesquecível, precisa-se ter os pés no chão e se reciclar para estar sempre no coração do povo”. - Lucas Celebridade

Por: Helder Miranda e Esmejoano França
Colaboração: Evana Ribeiro e Walter de Azevedo 

Em junho de 2010



Webcelebridade – A primeira entrevista séria com Lucas Brito, a cereja do bolo da internet e dos sete anos do Resenhando, e o Macunaíma da atualidade.


Lembra do que queria Peter Pan, o líder dos Garotos Perdidos? Ser criança pra sempre. Aposto que este era o sonho de muitos homens e mulheres, crescidos e atarefados de hoje em dia. Seria muito bom se conseguíssemos levar um pouco do espírito de Peter para a vida adulta e conseguir realizar nossos desejos infantis, o que queríamos ser quando crianças. Ser um Garoto Perdido é melhor do que ser um homem perdido no meio de tanta poluição, estresse... Assim fez Lucas Brito. 

Não se esqueceu do que queria ser quando criança: lutou pela fama e a conseguiu. Conseguiu através de uma identidade “secreta”, o Lucas Celebridade. O Super-Homem usava uma cabine telefônica para se transformar naquilo que todos admiravam. O Lucas usa a Internet para tanto. Para ser admirado e criticado como o Homem-Aranha que num certo ponto do desenho vira um incompreendido: parte da cidade o adora, a outra o critica... 

Mas quem gosta de verdade daquele homem, que é metade aranha, sabe que ele luta para manter os moradores de Nova York livres do mal... Assim também faz o nosso Celebridade, nos livra de um de nosso maiores males: o baixo-astral.

Este é Lucas, destaque em programas como Fantástico, da Rede Globo, e das programações da TV Band, MTV e também nos meios impressos, como a revista Info e da coluna Mônica Bergamo, no jornal Folha de S. Paulo. Ele vira Brito ou @lucasfamapop de acordo com a situação, mas não deixa de ser Lucas... este Lucas que foi simpático e solícito ao conceder essa entrevista ao Resenhando... o garoto Lucas, orgulho de Luzilândia, que sendo Peter Pan, conseguiu realizar muitos de seus sonhos. Que tal agora revelar a identidade humana de nosso mais novo e famoso herói brasileiro? 




RESENHANDO - Como surgiu a ideia de criar o Lucas Celebridade?
LUCAS CELEBRIDADE - Vendo que a televisão precisa de um diferencial e pelo sonho que tenho desde a infância de emplacar o personagem em um programa de comédia. Acredito que a comicidade é a linha que me encaixo.


RESENHANDO - Por que a denominação "o clamor luzilandense"?
LUCAS CELEBRIDADE - Conota em um ícone, uma celebridade da nata luzilandense, que se espalhou pelo mundo, por isso dou o mote de clamor.


RESENHANDO - O que separa o Lucas Brito do personagem Lucas Celebridade? 
L.C. - O Lucas Brito é um professor de Língua Portuguesa, Radialista e Mestre de Cerimônias de 25 anos que sustenta a família e labuta constantemente para colocar comida dentro de casa. É um cidadão sofrido. O Lucas Celebridade é um personagem cômico, que luta pela fama, se acha sensual e é bizarro até no olhar. 


RESENHANDO - Até onde vai o limite entre um e outro?
L.C. - A disparidade de cada um é exatamente o fato de o Brito lutar pela sobrevivência, devido sua vida difícil, e a de o Celebridade viver um pseudo-glamour que se torna bizarro para o olhar do mundo.


RESENHANDO - Qual a real definição, e o papel, de uma verdadeira celebridade?
L.C. - Celebridade é a consequência de um trabalho midiático, e sabe que minha linha se consagrou (risos). Atender aos fãs é o verdadeiro papel de um célebre, pois são dos tietes que precisamos.


RESENHANDO - Como é saber que Luzilândia ficou conhecida por sua causa?
L.C. - Fico feliz! Luzilândia é uma cidade linda, com uma história emocionante e ela faz parte de mim!


RESENHANDO - Quem é seu ídolo?
L.C. - Deus. Ele é o criador de tudo.


RESENHANDO - Quando menino, você já gostava da ideia de fama?
L.C. - Sim. Na minha casa tinha um corredorzinho e eu levava um espelho e brincava como se fosse um programa de televisão, se a internet fosse mais acessível naquela época, eu já era famoso precocemente


RESENHANDO - Como a internet entrou em sua vida? 
L.C. - Pelos meus amigos Costa Neto e James, ambos técnicos de informática. Eles tiraram minhas primeiras fotos em 2004, me ensinaram tudinho e de lá para cá caminhei sozinho e tornei o Lucas Celebridade, um personagem.


RESENHANDO - O que pensa de outras celebridades que surgiram na internet, como Tessália Sereghelli (a @twittes), Marimoon, e Sthephany Absoluta?
L.C. - Geralmente para mulher tudo é bem mais fácil, há mais campo para o mundo feminino. Mas comédia é um campo vasto também e estou tentando me inserir. Tomara que tudo possa dar certo.


RESENHANDO - Em seu blog há patrocinadores e você cobra para fazer a cobertura dos eventos. Como, quando e por que começou a ser colunista social?
L.C. - Comecei porque vi que dava lucro. E pela minha exposição na mídia apareceram bastantes coberturas, isso se encetou em meados de 2006 e é um bom negócio sim, porém, não ganho um mar de dinheiro, se tornou também um meio de vida.


RESENHANDO - Por que começou a publicar ensaios sensuais na internet? 
L.C. - Comecei fazer ensaios para expor o personagem Lucas Celebridade no tima de comediantes. Quem nunca deu risadas altas quando viu minha "sensualidade"?


RESENHANDO - Você posaria nu?
L.C. - Posaria sim, sem problemas... 


RESENHANDO - Qual o segredo para fazer sucesso no mundo virtual?
L.C. - É usar alguma forma diferente de fazer web. O público gosta de rir e comicidade é uma excelente pedida. Hoje em dia está fácil ficar famoso, porém, para causar realmente e se tornar inesquecível, precisa-se ter os pés no chão e se reciclar para estar sempre no coração do povo.


RESENHANDO - O que você pretende fazer para conseguir mais do que 15 minutos de fama?
L.C. - Eu continuo persistindo na comicidade usando cada vez mais segmentos diferenciados para levantar o astral "sensualmente" da tietagem. Se ficar na mesmice, cai no ostracismo mesmo.



RESENHANDO - Por que perseguiu tanto a fama? 
L.C. - Sou fã de muita gente, mas Tatyanne Goulart, a Bia de Felicidade, foi minha musa inspiradora. Assistia a novela, sonhava com ela e com o Eduardo Caldas. Queria estar alí contracenando com eles. Começou daí...


RESENHANDO - Na descrição em seu blog, você se define como "Radialista, Mestre de Cerimônias, Cantor, Ator, Comediante e Professor." Por que não escolheu apenas uma carreira e batalhou por ela?
L.C. - Exatamente, ali está tudo o que eu sei fazer, mas escolhi lançar Lucas Celebridade para a comédia porque sei que o Brasil precisa sorrir, pois nosso país é sofrido.


RESENHANDO - É possível conseguir êxito em todas essas funções ao mesmo tempo?
L.C. - Se conseguir oportunidades, sim.


RESENHANDO - Como é a realidade de Luzilândia?
L.C. - Uma realidade como qualquer outra cidade do Brasil: Acordamos, trabalhamos, estudamos... É assim que se vive! O diferencial é que Luzilândia é bastante pacata. Pode usar o celular tranquilamente pelas ruas e outras coisas...


RESENHANDO - Acredita que as pessoas que criticam o seu visual sentem inveja de você?
L.C. - Cada um tem sua opinião. Adoro quando me desancam, chego até a rir. Claro que eu também não sou flor que se cheire, mas costumo não ligar pra isso.


RESENHANDO - Como foi recepcionado pela imprensa paulistana? 
L.C. - Bom, eu gostei muito de São Paulo que cheguei a chorar bastante quando segurei meus trapos para ir embora. A mídia é centrada lá e por isso adoraria ter uma oportunidade de viver no solo paulista ou até mesmo carioca, que ainda não cheguei a conhecer. São Paulo tem muitas oportunidades, é grande, quando terminar meu curso vou me mudar para facilitar a vida e ajudar meu povo aqui.


RESENHANDO - Você parece não se importar com críticas e segue a máxima "fale bem ou mal, mas fale de mim". Em algum momento em que as críticas e chacotas do público o incomodaram e o fizeram querer desistir da busca pela fama?
L.C. - De maneira alguma. Críticas para mim são sinal de futuro progresso. Elas me dão até força de seguir em frente.


RESENHANDO - O que sua família pensa a respeito?
L.C. - Bom, eles acatam minha decisão, até porque eu quero isso, sou maior de idade, ajudo em casa... Então, desde quando eu assumo as responsabilidades é porque sei o que estou fazendo.


RESENHANDO - Como é ser homossexual em Luzilândia? Sofreu, ou sofre, algum tipo de preconceito? 
L.C. - Se me permite fazer uma correção, eu sou bissexual, mas não gosto de falar sobre sexualidade, mas sim de sexo. Sofri há muito tempo, hoje em dia de maneira alguma. Sou bastante respeitado e o mundo gay tem status. O mundo é gay!


RESENHANDO - Sua superexposição na Internet já chegou a atrapalhar o desempenho de suas atividades como professor?
L.C. - Não. Da porta da escola pra frente sou um Professor chamado Lucas Brito, onde transmito meus conhecimentos. Da porta pra fora sou o comediante mais bizarro do Brasil


RESENHANDO - Você sonha em participar de um reallity show. O que faria, em um deles, para conquistar o público?
L.C. - Não adianta falar aqui, mas seria um perfil bem diferente de muita coisa repetitiva que se vê anualmente. Isso eu garanto e muito mais!



RESENHANDO - Explique essa frase, publicada em um de seus ensaios sensuais: "Quem não se acha sensual não é normal!".
L.C. - A autovalorização é algo em que inclui a moral. Quem se desmoraliza está com uma anormalidade. É exatamente isso! 


Acompanhe Lucas Celebridade em:
Twitter: http://twitter.com/lucasfamapop

domingo, 2 de maio de 2010

.: Resenha crítica de "Alice no País das Maravilhas", de Tim Burton

Tim Burton "erra" feio em Alice
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em maio de 2010


Um longa sem a essência de Tim Burton. Saiba mais do visualmente belo, Alice no País das Maravilhas!


Trabalhar sob pressão não é bom para ninguém. O prejuízo pode chegar a grandes proporções, pois o resultado deste trabalho pode ser totalmente diferente das expectativas que provoca no público. Tim Burton, diretor importante e genial acabou mostrando que também pode fraquejar na questão êxito cinematográfico. Após tanto burburinho "Alice no País das Maravilhas" chegou aos cinemas brasileiros e não mostrou tudo o que prometia (considere trailers, imagens e tantas otras cositas que foram espalhadas pela internet), ou que, pelo menos, deu a entender que traria grande inovação aos filmes em 3D.

Não digo que a nova produção de Burton seja um fracasso, mas caiu na mesmice das outras produções em 3D: mil e um efeitos em uma história insossa (ou jogada de escanteio?). Nesse quesito Alice no País das Maravilhas, Avatar e Premonição 4 estão no mesmo patamar. Todos não tem um roteiro forte e envolvente e, por fim, pecam ao ignorar, por várias vezes a história que deu origem ao longa.

Nesta adaptação de textos do escritor Lewis Carroll, tudo começa quando Alice (Mia Wasikowska), aos 19 anos, vai a uma festa e é pedida em casamento diante de muitos convidados da alta sociedade. Confusa, ela pede um tempo para pensar e, causa maior espanto quando, no auge de sua indecisão, sai correndo e deixa o "quase noivo". Calma! Ela não corre sem motivos. Ela procura desesperadamente pelo coelho branco que passou pelos jardins da festa. É claro que o inevitável acontece: ela cai em um buraco e chega ao País das Maravilhas.

Entretanto, esta visita ao País das Maravilhas é uma revival, pois a mocinha já havia passado neste mundo, mas pensava se tratar de apenas um sonho. Aos poucos (devagar mesmo!) ela nota que muita coisa mudou e, para pior. A Rainha de Copas (Helena Bonham Carter) agora é quem dá as cartas, e continua disposta a cortar as cabeças daquele que a desagradar. O Chapeleiro Maluco (Johnny Depp) e a Rainha Branca (Anne Hathaway) esperam desesperadamente pela verdadeira Alice, esta que irá trazer de volta a paz e a harmonia do Mundo Subterrâneo. Entretanto, a garota começa a viver em um impasse: Não sabe se ela é a Alice verdadeira, ou seja, a essência da história é a mesma (da já conhecida em desenho, também dos Estúdios Disney), o autoconhecimento e as transformações da vida de uma garota para a vida adulta. 

Legal? Pode até ser. Mas, e a criatividade inventiva de Tim Burton? Onde foi parar? Talvez tenha caído pelo buraco do País das Maravilhas (a soberana Walt Disney Company!?!?) e tenha ficado por lá. O toque especial do genial diretor ficou abafado, chegando a aparecer, mas de modo tímido. Talvez a culpa seja das tantas especulações e a força esmagadora da Disney que, no quesito filmes (não digo animações), sempre segue o mesmo roteiro insosso. De repente, nem existam tantas desculpas. Quem sabe este não tenha sido o primeiro erro cinematográfico de Tim Burton e só?

Para falar a verdade, Alice não chega aos pés de "Encantada" e passa longe da beleza de "O Estranho Mundo de Jack" ou "A Fantástica Fábrica de Chocolate". Caso fosse para fugir do estilo Tim Burton a Disney deveria ter feito um remake de Alice, levando somente o nome de Tim Burton. Eis que surge a pergunta: O que será das "novas produções cinematográficas"? Efeitos visuais que enchem os olhos e esvaziam a mente? É claro que é mais fácil segurar o público por meio de imagens impactantes, mas e a história? Afinal, se a história é fraca, o filme faz-se desnecessário. Quer sinceridade? Leia ou releia os livros, que ficará tudo certo, ou se preferir, adquira os produtos da linha, só para colecionar!


Filme: Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, EUA)
Ano: 2010
Gênero: Aventura / Fantasia 
Duração: 108 minutos
Direção: Tim Burton
Roteiro: Linda Wolverton 
Elenco: Johnny Depp, Anne Hathaway, Helena Bonham-Carter, Crispin Glover, Alan Rickman, Mia Wasilkowska, Stephen Fry, Michael Sheen, Timothy Spall

← Postagens mais recentes Postagens mais antigas → Página inicial
Tecnologia do Blogger.