Por: Mary Ellen Farias dos Santos*
Em fevereiro de 2015
Ontem, na fila do mercado, bem atrás de mim, estavam três crianças, duas meninas e um menino. Contudo, aquela que foi chamada pela própria mãe de "Afro Brasileira" e "Afro Reggae" foi a que mais me chamou a atenção. Não somente pelo rostinho meigo envolvido por cachinhos lindos e definidos, mas pela tocante inocência.
Primeiramente, ela que aparentava ter no máximo 6 anos, já sabia identificar alguns números. Estávamos perto da feirinha do mercado e ela apontou para os preços dos vegetais. Falou aleatoriamente os numerais que já conhecia. Tentou associar aos itens que ali estavam e considerou tudo muito caro. Como uma batata pode custar R$ 9? Após tanto pensar, finalmente, soltou: - Ai, que complicado!
O que a fez pensar no preço? A outra menininha que estava junto não topava os inúmeros convites de "vamos brincar?". Naquele momento, eu entendia perfeitamente o que ela desejava fazer para passar o tempo. Sempre amei brincar com bonecas, principalmente.
Desde catatau os meus olhinhos brilhavam para as bonecas Barbie. Minha mãe insistia nos bebezões, mas não adiantava. Quais as que mais chamavam a minha atenção? As diferentes... ou melhor, as amigas da Barbie! É claro que escolher não era permitido. "Você é muito criança ainda!"
No meu aniversário de 10 anos eu, finalmente, ganhei uma amiga, a Kira Super Star. Como consegui? A mãe da minha amiga me levou no supermercado e perguntou qual era a minha preferida. Quando eu abri aquele embrulho foi a realização de um sonho. Lembrança que tenho viva na memória até hoje, nos meus 32 anos de vida.
Eis que ao me assumir colecionadora, busquei as que desejei e não tive. Consegui até a Lia Laços de Perfume, tenho até três exemplares dela. No entanto, uma ainda ficou faltando: A Viky. Não tinha uma versão específica -a roqueira ou até a passeio. Por vezes, vendedores me ofereceram a Viky Passeio, ainda via depoimento do Orkut. Numa das vezes eu deveria depositar uma quantia alta até o dia seguinte. Antes, um colecionador que eu considerava amigo quase me levou diante de uma sardenta por um valor que ele saberia que eu não daria em uma boneca tão antiga e já brincada.
O tempo passou e a minha Viky chegou. Justamente das mãos de um amigo especial. De cabelos incríveis e com a pintura do rostinho impecável. O que dizer? Sonhos de infância podem virar realidade!
