sábado, 27 de dezembro de 2025

.: Miúcha: a Voz da Bossa Nova" revela a intimidade da artista e a história da música popular brasileira


Com seus timbres e tons inconfundíveis, ela se tornou um dos grandes nomes da música brasileira e, com suas atitudes, uma referência para uma geração de mulheres. A intimidade e a trajetória de uma das principais vozes da cultura nacional são apresentadas no documentário "Miúcha: A Voz da Bossa Nova", exibido no Curta!. Viabilizado pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), o filme é dirigido por Liliane Mutti, que relata a vida de Miúcha a partir de um rico acervo de imagens composto por imagens familiares e registros de áudio em fita cassete. A leitura de suas cartas e diários é feita pela sobrinha, Silvia Buarque.
 
O documentário é uma exposição carinhosa da vida de Miúcha. A viagem começa a partir de sua infância num lar boêmio recheado de encontros artísticos e intelectuais. Crescendo com referências que iam de Simone de Beauvoir a Billie Holiday, passando pelo amigo da família Vinicius de Moraes, deu asas a seu jeito inquieto e ousado e partiu para explorar, e encantar, o mundo, com um violão a tiracolo. Com imagens gravadas por Miúcha, o documentário mostra como ela se encantou pela Bossa Nova, relembrando o impacto daquele novo estilo musical que a deixava por horas a fio escutando os álbuns, e revela os primeiros encontros com João Gilberto. 

“Posso dizer que fui uma das pessoas que foram absolutamente seduzidas pela Bossa Nova, por aquele som. Parece que, de repente, o cinema em branco e preto ficou colorido”, narra em seu diário. Com gravações do casamento de João Gilberto e Miúcha, com direito a dança ao lado de Sérgio Buarque de Hollanda, a obra refaz o conturbado relacionamento dos dois. Cenas de ensaios e da vida cotidiana em Paris, México e Nova York, e ao lado da filha Bebel, ilustram a mudança nos sentimentos da cantora. Da idolatria e da paixão, o casamento se torna uma prisão alimentada por insegurança e distanciamento, com João desdenhando de seu talento musical e sem dar o devido crédito a sua voz e contribuição em álbuns marcantes.
 
"Não dá para curtir essa posição que João me bota de tomadora de conta, de resolvedora de todos os problemas. E ele consegue virar as coisas de modo que eu seja a culpada de tudo. Estou ficando tão deprimida e cansada como se tivesse 200 anos", lamenta. Após o fim do casamento, era preciso retomar a liberdade e o sorriso. Os inéditos bastidores da gravação de canções ícones da música brasileira, como “Pela Luz dos Olhos Teus”, e de trabalhos ao lado do irmão Chico Buarque e Tom Jobim, mostram a força, a independência e o talento de Miúcha. Sempre em movimento e sempre corajosa, ela começa a trilhar sua carreira solo, expande seu leque e sua voz para novas experiências e ritmos, firmando sua voz como símbolo da cultura nacional e sua postura como um símbolo da mulher da nova geração.
 
“Estou de cabeça viradíssima. Já pensou a society feminista. Aliás, no finzinho dos livros, na hora de apresentar soluções, todo mundo acaba lutando por um tipo qualquer de comunidade, inclusive para acabar com a neurose de família. Pra mim seria o máximo, pois sou, decididamente, um bicho social”, avalia em carta. “Miúcha: A Voz da Bossa Nova” é uma produção da FILMZ. O filme pode ser visto no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn.com.br). A exibição é no dia temático Segundas da Música, 29 de dezembro, às 22h.
 

Sensível, o premiado ‘Incompatível com a Vida’ faz um retrato doloroso da maternidade
 O Curta! exibe o premiado documentário “Incompatível Com a Vida”, de Eliza Capai. Vencedor do Prêmio de Melhor Documentário concedido pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Cinema) e do “É Tudo Verdade”, ambos em 2023, a produção chegou a ser qualificada para o Oscar 2024 e integrou a programação de vários festivais, entre eles o Hollywood Brazilian Film Festival, em Los Angeles, e o Festival do Rio de 2023.
 
O filme parte do luto da diretora - que registrou a interrupção de sua gravidez após diagnóstico de “malformação fetal incompatível com a vida” - para a potência da coletividade: aquela história não era apenas dela, mas sim de várias mulheres brasileiras. Alana, Laís, Isabela, Priscila, Shuane e Tainah são personagens que relembram suas trajetórias, dando voz e imagem ao que geralmente é apenas estatística. Elas partem da felicidade diante da descoberta da gravidez, recordam a imensa tristeza diante da notícia de malformação fetal e trazem à tona a agonizante busca por um desfecho mais respeitoso para elas e seus bebês.
 
Por morar em Portugal, Eliza pôde interromper sua gravidez legalmente, mas as entrevistadas contam que encontraram grandes dificuldades para tanto, ainda que seus bebês tenham tido diagnósticos semelhantes aos da cineasta. Da dor delas vem a força para discutir sobre políticas públicas relacionadas à legalização do aborto no Brasil, que hoje é negado ou dificultado até em casos em que o feto não tem condições de vingar.
 
Com muita sensibilidade, o filme faz um retrato doloroso do panorama da obstetrícia no país quando se trata de situações de perda e luto. A diretora traz à baila tabus e humaniza mulheres, muitas vezes vistas como vilãs apenas por quererem um tratamento respeitoso em um momento de tanta vulnerabilidade e sofrimento. “Quando recebi o diagnóstico de ‘malformação fetal incompatível com a vida’ e senti a urgência de debater esse tema em filme, o Curta! - com quem estávamos iniciando um documentário sobre o amor - aceitou a aventura de mudarmos radicalmente nossa abordagem. Se não fosse essa abertura do canal para o que é o documentário de fato - algo vivo, que se transforma independentemente dos desejos do realizador ou da produção -, esse filme não existiria. Quando ‘Incompatível com a vida’ ganhou o Festival É Tudo Verdade senti que essa mudança radical de abordagem, para além de um processo de cura meu, era importante enquanto audiovisual e que havíamos acertado. E saber que o filme chega para a audiência do Curta!, me enche de alegria”, conta Eliza Capai.
 
“Incompatível Com a Vida” é uma produção da tva2.doc viabilizada pelo Curta! através do FSA. Também está disponível no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels – da Amazon –, na ClaroTV+ e no site oficial do streaming (CurtaOn.com.br). A exibição é no dia temático Sextas de História & Sociedade, 02 de janeiro, às 22h.

 
Segundas da Música – 29/12
22h00 - “Miúcha - A Voz da Bossa Nova” (Documentário)
A perspectiva feminista sobre a história da Bossa Nova, contada através de filmes caseiros de 16mm, diários, cartas e gravações musicais pessoais de Miúcha e João Gilberto. O filme cobre o período de 20 anos, de 1962 a 1982, a luta de Miúcha para se tornar cantora e seu turbulento casamento com João Gilberto. Direção: Liliane Mutti Duração: 98min Classificação: 12 anos Horários Alternativos: dia 30 de dezembro, às 02h e às 16h; dia 31 de dezembro, às 10h; dia 03 de janeiro, às 15h15; dia 04 de janeiro, às 21h15

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