quarta-feira, 4 de março de 2015

.: Pitty se apresenta dia 7 de março no Circo Voador

E a espera acabou para os fãs cariocas. No dia 07 de março, Pitty sobe ao palco da lona mais famosa do Rio de Janeiro para fazer uma apresentação “daquelas” da elogiada turnê “SETEVIDAS”, baseada no último álbum homônimo, lançado no ano passado pela Deck.

Quem ainda não teve a oportunidade de ver o show dessa turnê vai se deparar com um rock cru e direto, mas ao mesmo tempo bastante psicodélico, e com pitadas de ritmos africanos, especialmente uma herança rítmica do candomblé. O trabalho de voz, assim como coros e aberturas vocais, vão um pouco além do que apresentaram em “Chiaroscuro” e o som está ainda mais pesado. Como o próprio nome sugere, as letras tratam de sobrevivência, resiliência e processos de transformação.

Gravado ao vivo, com todos os instrumentos tocados simultaneamente, no Estúdio Madeira em São Paulo, “SETEVIDAS” foi produzido por Rafael Ramos e mixado pelo inglês, Tim Palmer, que já trabalhou com U2, David Bowie, Robert Plant, Ozzy Osbourne e mixou o clássico "Ten" do Pearl Jam. “O resultado é um som grande, mas garageiro. Era a linguagem que queríamos” – explica Pitty.

Neste show, a cantora - que conta com Martin (guitarra), Duda (bateria), Paulo Kishimoto (lap steel, moog e percussão) e Guilherme (baixo), promete mesclar suas composições novas, como “Serpente” e “Setevidas”, com hits de toda a carreira como “Me Adora”, “Memórias” e “Máscara”, entre outros. 

Serviço
Show: Pitty - SETEVIDAS
Data: Sábado, 07 de março de 2015
Local: Circo Voador (Rua dos Arcos, S/N  Lapa - Rio de Janeiro)
Horário: 23h
Ingressos:
R$ 50,00 (meia-entrada para estudantes, menores de 21 anos e maiores de 60 anos)
R$ 50,00 (ingresso solidário válido com 1 kg de alimento)
R$ 50,00 (cliente Clube Sou + Rio)
R$ 100,00 (inteira)
Bilheterias do Circo Voador: terça à quinta: das 12h às 19h; sexta: das 12h às 24h (exceto feriados) e sábado a partir das 14h.
Ingressos Online: www.ingresso.com
Classificação: 18 anos (de 12 a 17 anos, somente acompanhado dos pais)
Capacidade: 2.000 pessoas
Informações: Telefone 21 2535 0354

.: Livro da Geração revela tudo sobre “O caso Pedrinho”

Nos treze anos do reencontro do menino com a família biológica, o repórter especial Renato Alves, Prêmio Esso, recupera os bastidores dessa história real que parece ficção, desde o sequestro do garoto até a sua volta para casa


A história de Pedro Rosalino Braule Pinto, o Pedrinho, daria uma novela ou um romance. Levado dos braços da mãe, em janeiro de 1986, de uma maternidade em Brasília, o adolescente é localizado quase dezessete anos depois, em Goiânia, vivendo com outra família e com outro nome. Logo depois exame de DNA mostra que na casa, também registrada como filha legítima, vive Aparecida Fernanda Ribeiro da Silva, sequestrada havia mais de 23 anos. A Geração Editorial acaba de lançar o livro reportagem O caso Pedrinho, escrito pelo repórter especial Renato Alves, em que ele revela tudo sobre essa história real que parece ficção.

A protagonista deste enredo é Vilma Martins, ex-cabeleireira, ex-empresária, ex-dona de bordel, mãe de criação de Pedrinho e Aparecida, presa e condenada a 15 anos e nove meses de prisão por subtração de menor, registro falso e falsificação de documentos.

O objetivo de Vilma, uma mulher muito bonita, era garantir marido e ter vida de madame. Para isso ela sequestrou os dois recém-nascidos, forjou gravidez, mentiu, aplicou golpes e abalou famílias. Nesse livro Renato Alves mostra as entranhas da investigação policial, da longa cobertura jornalística e acompanha de perto o drama das famílias envolvidas e os processos do caso que mobilizou e emocionou o país.

O caso Pedrinho é, ao mesmo tempo, uma história de muito sofrimento e também de perseverança e amor. De pais e mães que, contra todas as probabilidades, apostam no reencontro com os filhos roubados. Gente que acredita em milagres. No caso de Jayro e Maria Auxiliadora, pais de Pedrinho, o milagre aconteceu há dez anos, em novembro de 2002. Apesar dos vários alarmes falsos, a certeza de Maria Auxiliadora de reencontrar o menino era tanta, que ela escreveu uma espécie de diário sobre os momentos mais importantes da família para o filho ler quando voltasse.

Durante meses, no convívio estreito com famílias, vítimas, testemunhas, advogados, policiais e delegados, o repórter Renato Alves acumulou informações, segredos, fez descobertas e, desde esse lugar especial, das entranhas do caso, narra, de maneira simples e emocionante, esta história tão complexa, cheia de idas e vindas. Conta as alegrias da família quando da volta do filho, o primeiro almoço, a primeira carta do rapaz para a mãe biológica no Dia da Mães, o primeiro Dia dos Pais... E também do reencontro de Aparecida Fernanda com sua mãe biológica, Maria Francisca Ribeiro da Silva, e irmãos. Além das muitas estripulias de Vilma na prisão.

Quando Vilma é presa e condenada, sua família, construída de forma nebulosa, começa a se desfazer, Pedrinho deixa a casa, assim como duas das suas quatro irmãs adotivas e a sobrinha. Aparecida Fernanda, registrada como Roberta Jamilly, permanece perto da mãe adotiva. O rapaz não abandona a antiga família nem os amigos, mas vai viver com os Braule Pinto. E em Brasília, com os pais, as duas irmãs e o irmão, ele muda de nome e reconstrói sua vida.  

Quase uma década depois, Renato Alves procura a família Braule Pinto, faz novas entrevistas para contar O caso Pedrinho, que pode ser lido como uma história real, como o relato dos bastidores de uma longa cobertura jornalística, como um grande caso judicial, ou como um romance. O que mudou na vida das famílias, como elas se reorganizaram, como estão Pedrinho, Roberta, e seus pais? Pedrinho, advogado, casado, espera o primeiro filho. É a vida que segue sua marcha. O caso Pedrinho é um livro que vai interessar a jornalistas e estudantes de Jornalismo, advogados e alunos de Direito, psicólogos e alunos de Psicologia, ou simplesmente a quem gosta de uma boa história.
Sobre o autor

Mineiro de Sete Lagoas, repórter do Correio Braziliense há mais de uma década, Renato Alves ganhou os prêmios Esso e Embratel e participou de coberturas internacionais, como a do terremoto que devastou o Haiti e da Copa do Mundo na África do Sul, ambos em 2010.


Livro: O caso Pedrinho
Autor: Renato Alves
Categoria: Reportagem
Acabamento: Brochura
Formato:  15,6 x 23 cm
Págs: 304
Peso: 430g
ISBN: 9788581301181
Preço: R$ 39,90
E-book
Eisbn: 9788581301198

terça-feira, 3 de março de 2015

.: Orquidário de Santos contará com atividades sobre a água este mês

Você sabe o que é água virtual e rios voadores? Não? Então não perca o programa "Águas de Março" que o Orquidário (Praça Washington, s/nº, José Menino., Santos) promoverá todos os finais de semana deste mês. As atividades, sempre das 10h às 11h e das 15h às 17h, no Recanto do Trovador, marcam a passagem do Dia Mundial da Água, a ser comemorado no próximo dia 22, e têm por objetivo conscientizar o público e evitar o desperdício do líquido, inclusive por meio de dinâmicas. 

No local, haverá painéis com informações e curiosidades, entre elas a água que vai para a atmosfera, o quanto do líquido é utilizado no dia a dia sem perceber, e a quantidade de água doce e salgada hoje disponível no planeta.

As crianças vão personalizar cartinhas com mensagens para evitar desperdício e como usar corretamente a água, e entregá-las para quem escolherem. Haverá monitores à disposição e os pequenos poderão fazer colagens com desenhos e garrafas pet.

.: Em fotos sem tratamento, Gui Inácio posa nu para divulgar crossfit

Adepto ao treinamento de crossfit há mais de quatro anos, o ator e apresentador Gui Inácio, acabou de realizar um ensaio nu nos Estados Unidos - onde mora, para divulgar a prática do exercício. 

Isso porque desenhou o corpo praticando o esporte e, contente com o resultado, resolveu "tirar a roupa" e mostrar que, aos 32 anos, a dedicação ao esporte lhe rendeu um resultado satisfatório, não só no fator estético, mas em uma vida mais saudável. 

Com maior disposição diária, o esporte trouxe ao modelo a vontade de seguir a rotina de treinos e se tornou mais uma de suas profissões. Há dois anos Gui é "coach" da atividade na cidade onde mora, Ft Lauderdale, na Flórida e pretende ampliar seus horizontes. Ele tem estudado a teoria do crossfit com o objetivo de palestrar ao redor do mundo sobre o tema, em um futuro próximo. 

Sua ideia é mostrar como homens podem ter uma vida saudável e mais ativa através da prática do crossfit, que é recomendado para todas as idades e, entre outras coisas, usa o peso do corpo e a própria força, como base do treinamento. As fotos são de Kemuel Valdes.

Galeria

Kemuel Valdes
Kemuel Valdes

Kemuel Valdes

Kemuel Valdes

Kemuel Valdes

Kemuel Valdes

Kemuel Valdes

Kemuel Valdes

Kemuel Valdes

.: "Vai Passar - Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores Também”

A abertura da exposição "Vai Passar - Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores Também” será neste domingo, às 19h, no segundo piso da Galeria de Arte do Teatro Municipal de Santo -  Av. Pinheiro Machado, 48 - Vila Mathias.

A iniciativa é uma fotoinstalação da Comissão de Frente da União Imperial, apresentada pelo Orgone Grupo de Arte, com fotos do grupo tirada em pleno desfile no Carnaval de Santos em 2015. 

As fotos são de Fernando Alonso e Priscilla Novaes e a realização é do Orgone, ONG TAMTAM e Clube Foto Amigos, em parceria com a  Secult da Prefeitura de Santos e escola de samba União Imperial. Apoio Cultural: Maison Vanucci e Gardênia Flores.

"Vai passar... novamente o desfile, porque o Orgone Grupo de Arte, Comissão de Frente da União Imperial, sabe que não podemos esquecer dos tempos da Ditadura. Na liberdade do ato na avenida o fortalecimento dos ideais democráticos: respeito pelo direito de pensar diferente e ... principalmente, o direito à vida! A exposição (graças aos registros magníficos de fotógrafos envolvidos com a Arte, a ÉTICA, a VIDA) há de permanecer como um GRITO DE LIBERDADE na voz dos que agonizaram durante a Ditadura e desfilaram ... em imagens no terno do diretor Renato Di Renzo e na coreografia do grupo e objetos cênicos simbólicos... DITADURA, Nunca Mais! PARA NÃO ESQUECER!", explica Regina Alonso, uma das lideranças desta linda iniciativa.

.: "Arte em Família" na Pinacoteca Benedicto Calixto

A Pinacoteca Benedicto Calixto apresenta sempre no primeiro domingo de cada mês a programação "Arte em Família", que oferece atividades lúdicas e vivências artísticas baseadas na temática do acervo do pintor Benedicto Calixto. 

Os participantes são recepcionados pela contadora de histórias Eliane Grecco, conduzidos a uma visita monitorada pelo acervo do prédio e, no Salão Verde, participam de oficina de arte.

O objetivo principal do projeto é formar público para as artes visuais por meio da observação, da valorização e preservação da memória do artista e da difusão da história do Casarão Branco que abriga a Pinacoteca. 

Os encontros são gratuitos e ocorrem entre 15h30 e 17h. As inscrições são abertas 30 minutos antes do início das atividades, para crianças com idades entre 5 e 12 anos, acompanhadas de pelo menos um responsável. Fica na Av. Bartolomeu de Gusmão, 15, na orla do Boqueirão.

História da Arte
A Pinacoteca também está com inscrições abertas para o projeto ‘Encontros com a História da Arte’, que visa difundir a função museológica e, especialmente, estreitar laços com diferentes públicos que compõem sua comunidade.  Os seminários serão realizados uma vez por mês, na primeira segunda-feira, entre 18h  e 19h. 

O conteúdo das aulas é composto de exposição teórica apoiada em recursos multimídia, que vai oferecer um panorama da produção artística atual e do papel dos museus na vida das comunidades. Inscrições pelo e-mail: eventos@pinacotecadesantos.org.br. Outras informações pelo telefone: 3288-2260.

.: Alinne Moraes apoia campanha #GravidezSemAlcool

A campanha #GravidezSemAlcool objetiva levar à população o maior número de informações sobre a SAF – Síndrome Alcoólica Fetal


Integrante do elenco de dramaturgia da Rede Globo e mãe de Pedro, seu primogênito, nascido recentemente, a atriz Alinne Moraes acaba de abraçar a campanha da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) contra a Síndrome Alcoólica Fetal – SAF.

A campanha alerta a população paulista e brasileira sobre os malefícios da exposição pré-natal a qualquer tipo e quantidade de bebida alcoólica – evidências médicas demonstram que um só gole pode acarretar problemas graves e irreversíveis ao bebê.

São distúrbios que, revelados logo ao nascimento ou mais tardiamente, perpetuam-se pelo resto da vida, acarretando prejuízos físicos, psicológicos e ao sistema nervoso central.

De acordo com a Dra. Conceição de Mattos Segre, coordenadora do Grupo de Estudos sobre os Efeitos do Álcool na Gravidez, no Feto e no Recém-nascido da Sociedade de Pediatria de São Paulo, a campanha é mais uma iniciativa da Sociedade de Pediatria de São Paulo voltada a garantir a qualidade de vida da população e das crianças brasileiras.

“Temos percebido que poucas pessoas conhecem os efeitos do álcool sobre a gestante, feto e recém-nascido. Ingerir bebidas alcoólicas na gravidez é uma sentença condenatória para a vida”, comenta a Dra. Conceição.

Segundo o Dr. Mário Roberto Hirschheimer, Presidente da SPSP, a SAF é um problema que afeta toda a sociedade, não só na área de saúde, mas também na de segurança, por poder se manifestar como comportamento desequilibrado e, por vezes, agressivo.

A campanha #gravidezsemalcool contra a Síndrome Alcoólica Fetal tem apoio institucional da Marjan Farma e parcerias com a Sociedade Brasileira de Pediatria, Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo (SOGESP), Associação Paulista de Medicina (APM), Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Federação das Associações Brasileiras de Ginecologia e Obstetrícia, Academia de Medicina de São Paulo e Associação Brasileira das Mulheres Médicas – Seção São Paulo.

Sobre a Síndrome Alcoólica Fetal - O conjunto de efeitos decorrentes do consumo de álcool, em qualquer dosagem ou período da gravidez, é chamado de “espectro de distúrbios fetais relacionados ao álcool”, que inclui a SAF. Isso não significa que todos os bebês expostos serão afetados, mas a probabilidade é alta.

A Síndrome Alcoólica Fetal apresenta diversas manifestações, desde malformações congênitas faciais (dismorfias), cardíacas, renais e neurológicas, a alterações comportamentais. Além disso, o baixo peso ao nascer e comprometimento do sistema nervoso central também são características da SAF. No mundo, a cada mil nascidos vivos, de um a três nascem com a síndrome.

No decorrer do desenvolvimento, os pacientes com a síndrome podem apresentar retardo mental, problemas motores, de aprendizagem, memória, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, entre outros. Adolescentes e adultos demonstram problemas de saúde mental em 95% dos casos, como pendências com a lei, comportamento sexual inadequado e dificuldades com o emprego.

A SAF acomete uma criança de forma completa ou incompleta. Quando completa, o recém-nascido tem os sinais faciais, como pálpebras pequenas, lábio superior muito fino, nariz antevertido e com base achatada, entre outros sinais, além dos problemas mentais e psíquicos. Quando de forma incompleta, os sinais faciais não existem, mas há o risco de sequelas como retardo mental, problemas de aprendizagem etc.

Existem alguns sinais do sistema nervoso central que podem ser identificados em ultrassonografia na fase antenatal, mas não é simples. Por isso, ainda de acordo com a Dra. Conceição Segre, o diagnóstico é dado somente depois do nascimento. “O pior de tudo é que para cada criança que tem a síndrome completa, pelo menos dez tem a incompleta, ou seja, não tem os sinais faciais, mas tem os problemas, que só aparecem anos mais tarde, quando ela vai para a escola”, conclui.

Vale lembrar que os efeitos do álcool ocasionados pela ingestão materna de bebidas alcoólicas durante a gestação não tem cura. Porém, o diagnóstico precoce da doença e a instituição de tratamento multidisciplinar ainda na primeira infância podem abrandar suas manifestações.

.: "Banksy - O Rei do Grafite", campeão da arte fora-da-lei

A biografia não-autorizada do campeão da arte fora-da-lei chega com exclusividade pela Editora Nossa Cultura

Por trás das paredes é a uma biografia que desvenda a arte do grafiteiro Banksy, já que ninguém sabe ao certo quem ele é. Artista de personalidade genuinamente enigmática, cuja identidade nunca foi revelada, ele permanece como uma incógnita, tanto para o público como para a crítica, desde 1990 quando surgiu.

O desafio do autor, jornalista Will Ellsworth-Jones - que não tem a intenção de desmascará-lo - foi reunir diversas peças e mostrar como, no espaço de apenas uma década, alguém cujo trabalho era considerado por muitos como mero vandalismo, tornou-se uma espécie de tesouro da Grã-Bretanha. Para escrever o primeiro relato completo da carreira de Banksy, o autor conversou com conhecidos e adversários grafiteiros.

“Ele é o fora da lei que foi arrastado, relutante, mas reiteradamente, cada vez mais em direção ao sistema da arte. Ele é o artista que zombou tanto dos museus quanto das galerias de arte”, descreve o autor.

Banksy é um artista único e responsável por todo um novo movimento na arte. Capitalista relutante, atualmente suas obras são vendidas em leilões por centenas de milhares de libras. Para alguém que foge dos holofotes, oculta seu verdadeiro nome, nunca mostra o rosto e concede entrevistas apenas por e-mail, ele é notavelmente famoso. Sobre o anonimato, Banksy alega que o mantém para se proteger da lei e da ordem.

Em 2003, disfarçado com barba, sobretudo, lenço no pescoço, chapéu e portando uma grande sacola de papel, Banksy adentrou na galeria Tate, em sua cidade natal, Bristol. Passando direto pelos seguranças, ele caminhou calmamente até a sala 7, no segundo andar e, em um espaço vago na parede, quase que escondido, fixou o quadro que trazia na sacola.

Tal ação se repetiu em galerias de Paris, Nova York e Londres. Banksy “presenteou” também os museus Met e MOMA, em Nova York, nos Estados Unidos,  que o ajudou a tornar-se um grafiteiro conhecido internacionalmente.

Certa vez um entrevistador de uma rádio norte-americana perguntou a Banksy se ele fazia esse tipo de incursões sozinho. Ele respondeu: “Faço, sim, porque levar outras pessoas junto não é o tipo da coisa que se faz”. Estritamente falando, ele disse a verdade - uma pessoa só bastou para entrar e colocar a pintura na parede.

Artista que faz da rua sua galeria, Banksy já foi selecionado para a lista das 100 pessoas mais influentes do planeta, organizada pela revista Times, em 2010, ao lado de pessoas como o atual presidente dos Estados Unidos Barack Obama, o empresário Steve Jobs e a cantora Lady Gaga. Seu documentário [Exit Through the Gift Shop] [Saída Pela Loja de Presentes] foi indicado ao Oscar.

Sua busca pela fama e reconhecimento é para que pessoas que nunca chegaram perto de uma galeria ou um museu possam ver suas imagens pela primeira vez, em jornais ou na televisão, e especialmente na rede mundial de computadores. Rapidamente, o grafiteiro tornou-se o primeiro artista internacional da internet.

Na obra, os leitores também vão apreciar alguns dos mais polêmicos trabalhos de Banksy. Fazem parte do caderno de fotos do livro grafites e exposições como a “Turf War”, de 2003, que provocou reações de defensores dos direitos dos animais, e que na época gerou a ele ainda mais publicidade e exposição.

Como já mencionado acima, este livro não tenta desmascarar Banksy. Durante as entrevistas com pessoas que conhecem o grafiteiro, o autor afirmou a todo momento que não solicitaria nenhuma revelação sobre a identidade real do artista, que, segundo o jornal inglês The Observer, “faz questão de manter e preservar seu próprio mito”.

Sobre o autor
Will Ellsworth-Jones foi repórter-chefe e correspondente em Nova Iorque do jornal The Sunday Times, além de ter trabalhado como editor nas revistas Telegraph, Independent e Saga. Seu livro de estreia foi uma pesquisa histórica sobre aqueles que se opuseram conscientemente à Primeira Guerra Mundial, We Will Not Figh [Não Lutaremos - não lançado no Brasil]. Vive em Londres.

.: Outra Vez, um conto de João Tavares Neto

Por João Tavares Neto
Em março de 2015

Ela já teve muitos amores. Com alguns deles até chegou pensar em casamento, construir uma casa, morar junto, ter filhos. Infelizmente, os sonhos e planos de romance com final feliz acabaram em desilusão. Todos. Não, ela não gostava de rimar amor com dor, mas é que a força do orvalho que alimenta os corações não batia no mesmo ritmo do desejo, quando o assunto era união matrimonial. Em desalinho, depois de tanto desamor, ela se alto intitulava incrédula.

- Não acredito mais no amor. Eu juro nunca mais me entregarei de corpo e alma numa relação.

Sentada no sofá da sala, solteira, aos 40 anos, Fernanda Amorim revia a lista de ex-pretendentes - músicos, advogados, jogadores de futebol, engenheiros, quando tomou mais uma decisão.

- Vou tentar entrar para equipe de Médicos Sem Fronteiras (MSF).

Decidida e dedicada ao novo objetivo de vida, ela procurou executar o plano. Depois de um rigoroso processo de seleção e um estágio em Aracaju, no nordeste brasileiro, Fernanda estava de malas prontas.

- Vou embarcar para Madagascar, uma ilha que fica na África Oriental no meio do Oceano Índico.

Nesse período, em Madagascar, uma política de acesso gratuito à saúde para as pessoas em necessidade foi oficialmente abolida e, por isso, diversas agências de ajuda humanitária responderam o chamado, inclusive uma equipe de MSF.

Com todas as forças e energias voltadas para o seu trabalho, Fernanda não pensava mais em coisas do coração. Não havia mais tempo para devaneios e sonhos de amor. Cuidar de pessoas carentes era sua única missão na vida.

- Hoje eu vivo a vida com os pés no chão. Namoro, mas não quero me apaixonar.

Mas o amor não escolhe hora nem lugar. Ele nasce de um gesto, um simples olhar e onde menos se espera. E foi assim que aconteceu, naquele dia, enquanto atendia mais um paciente, num local improvisado da ilha.

Quando a luz dos olhos da Fernanda encontrou os olhos do enfermeiro Fabrício, outra vez, ela foi atingida pelo cupido do amor. Então, ela juntou a sede com a vontade de beber. Ganhou asas para voar, flutuar nas nuvens, e a certeza de que quando o amor acontece não se pode dizer não.

.: Dependência da tecnologia: a doença do século XXI

Especialistas abordam o impacto psíquico e clínico dos meios virtuais, celulares, computadores, tablets, redes sociais e outros


Quem são e como vivem os dependentes de tecnologia? Quais os reflexos psíquicos e clínicos e ambientais do uso inadequado desses recursos? O que está por trás dessa dependência? Ela surge como?

Para colocar luz sobre uma importante questão de saúde pública do século XXI, a Editora Atheneu lança, em 13 de março, na Livraria Travessa do Shopping Leblon, Rio de Janeiro, a obra Nomofobia, um tratado inédito no campo da psiquiatria brasileira.

Nomofobia aborda de maneira pioneira em nosso país, de forma estruturada e científica, a massificação e a utilização obsessiva de celulares, computadores, e outras ferramentas. Faz um sinal de alerta à sociedade, com o objetivo de estimular famílias e empresas a promoverem debates e processos de reeducação digital para resgatar o calor das relações humanas, priorizar a vida real, sem, por outro lado, perder os benefícios desses recursos.

Produzido pelo Grupo DELETE – Desintoxicação Digital e Uso Consciente de Tecnologias do Instituto de Psiquiatria (IPUB), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a organização de Anna Lucia Spear King, Psicóloga Clínica, Membro do Comitê de Bioética do IPUB-UFRJ e Pesquisadora do Laboratório de Pânico e Respiração (LABPR/IPUB/UFRJ); Antonio Egidio Nardi, Psiquiatra, Professor Titular do Departamento de Psiquiatria do IPUB-UFRJ e Coordenador do LABPR; e Adriana Cardoso, Professora do Programa de Pós-Graduação  em Pesquisa e Saúde Mental do IPIB-UFRJ e Vice-Coordenadora do LABPR, Nomofobia abrange os aspectos clínico, cognitivo e ambiental da dependência digital. Traz como base a experiência diária do DELETE da Universidade Federal do Rio de Janeiro, único centro especializado do Brasilno manejo e terapêutica deste tipo de paciente.

“Recebemos consistente número de pessoas com transtornos sociais e observamos que suas queixas são relacionadas ao uso abusivo de computadores. Logo, enxergamos a necessidade de construir um guia para auxiliar os profissionais de saúde e leigos a lidarem com esse quadro”, explica.

Anna Lucia Spear King informa ainda que recebe muitos pacientes viciados em jogos eletrônicos e que utilizam os aparelhos celulares indevidamente, como, por exemplo, ao dirigir.

“Deixamos claro como diferenciar esses padrões e nos disponibilizamos para eventuais atendimentos. Contamos com equipe preparada para avaliações e orientações quanto ao bom uso das novas tecnologias. Quando pertinente, oferecemos tratamento psicológico e médico gratuitamente”, esclarece.

Também há discussão sobre a etiqueta digital, o relacionamento entre pais e filhos sobre a conduta online e ao cyberbullying. Os pais são responsáveis por dar exemplo e educar sobre como se comportar na internet, além de fiscalizar o tempo de permanência conectado, evitando, assim, o desenvolvimento de dependência.

Em suas 352 páginas, renomados médicos e psicólogos, doutores e pós-doutores, distinguem a dependência normal da dependência patológica, aquela que necessita de acompanhamento. Os 37 colaboradores dividem-se em 29 capítulos retratando a história da expressão ‘Nomofobia’, tangenciando a dependência em redes sociais, ansiedade e o coração dos nomofóbicos, depressão, psicose, encerrando com o lixo eletrônico (e-lixo) e o impacto ambiental.

Professora da UFRJ da Pós-Graduação no tema O Impacto das Novas Tecnologias Interferindo no Comportamento Humano, Anna Lucia Spear King destaca ainda como a ecologia também é prejudicada pela maior adesão a utilização de dispositivos tecnológicos. “Enfrentamos um uso exagerado, sem a reciclagem devida deste lixo, o que entope o planeta com material que requer descarte adequado”.

Lançamento do livro Nomofobia
Data: 13 de março de 2015
Horário: 19h
Local: Livraria Travessa, Shopping Leblon
Endereço: Avenida Afrânio de Melo Franco, 290 - Leblon, Rio de Janeiro/RJ

.: Entrevista com Nelson Fernando, ator e guia do parque Mini-Mundo

“Cada pessoa que eu encaro é uma gota d’água que purifica sempre as emoções”. - Nelson Fernando


Por Helder Miranda
Com a colaboração de Mary Ellen Farias dos Santos
Em março de 2015


Eu nunca vou me esquecer daquela tarde ensolarada de janeiro em que entramos no Parque Mini-Mundo, logo nos primeiros dias de 2015. Sem dúvida a melhor atração de toda a cidade, o lugar fala por si só. Mas, quando você for para Gramado, além de visitar esse parque, que é um passeio obrigatório para quem estiver por lá, a dica é pedir uma visita monitorada com o limpador de chaminés que, além de entender de tudo e contar minúcias sobre o já detalhado local – é tanta miniatura bonita que um olhar desavisado não consegue acompanhar tudo, por mais que queira – ainda tira fotos. 

Por trás desse querido personagem, que com uma narração enérgica atrai curiosos que o seguem em sua monitoria, e lembra muito aqueles personagens encantadores da Disney, há um rapaz cuja história de vida merece ser contada. Ele é Nelson Fernando, que desde os cinco anos sonha em trabalhar no Mini-Mundo. 

Como tudo na vida é querer, poder e conseguir, ele transborda, a partir de suas atitudes emprestadas ao “limpador de chaminés”, a felicidade por estar naquele mundo mágico que parece sempre querer se expandir cada vez mais – estão previstas novas instalações para os olhares dos visitantes sempre terem mais o que ver - embora tenha “Mini” no nome. 

O parque fica quase em frente ao Hotel Rita Höppner, da família proprietária que, desde o dia 24 de setembro de 1958, foi o primeiro hotel com calefação na cidade de Gramado. A Rita, que dá nome ao hotel, que é chiquérrimo, falecida em 1970, era a esposa do senhor Otto. Saindo do parque, a dica é conhecer, mesmo que por fora, o visual do hotel e as casas vizinhas, com as hortênsias que nesta época do ano insistem em aparecer e torna tudo ainda mais lindo e acolhedor. É, garantimos, um espetáculo para os olhos. 



RESENHANDO - Como é trabalhar no Mini-Mundo?
NELSON FERNANDO - Eu sonho em trabalhar aqui desde 1990, quando tinha cinco anos, pois eu também tive um avô maravilhoso, como aquele que construiu todo esse parque para os netos. A partir dessa ideia de um grande homem, eu digo com todo carinho que esta história sempre se multiplicou. E hoje eu vejo no neto Guilherme a figura do senhor Otto, que tanto amou todos os netos. Eu dou seguimento ao meu trabalho e, por mais que eu faça a mesma apresentação, ela sempre muda, porque cada pessoa que eu encaro é uma gota d’água que purifica sempre as emoções. 


RESENHANDO - Antes da entrevista, você disse que sonhava em trabalhar por aqui...
N. F. - Sim, como eu disse a vocês, o sonho de trabalhar aqui é desde os cinco anos de idade. E porque foi a última vez que vim como visitante. Como eu colecionava os bonecos Gulliver e gostava das histórias do Walt Disney, saiu uma enciclopédia da Disney em livro em capa dura. E eu transformava esses livros, abrindo eles, e fazendo ocas para os bonecos. 


RESENHANDO - Como você se prepara para as visitas monitoradas?
N. F. - Nenhuma apresentação é igual, mas eu consigo captar a essência daqui, que é mágica, familiar e reúne várias partes do mundo em um só lugar. Eu vim uma única vez e marcou. Foi uma sensação boa. Tenho fotos deste momento.


RESENHANDO - Por que demorou tanto tempo para voltar?
N. F. - Porque não sou natural da cidade de Gramado. Eu sou de Rio Grande, primeira cidade do Rio Grande do Sul. Então através dos tempos que eu tive vontade de voltar a este lugar, eu busquei informações, porque sempre fui uma pessoa decidida em exercer minhas funções . Assim como eu tenho amor familiar, eu busco a união de outros lugares, as culturas e os encantos para cada visitante que nós temos aqui.  


RESENHANDO - E como é realizar um sonho de tantos anos?
N. F. - Tanto profissional quanto pessoal, eu estou realizado. Porque a própria família Höppner permite trabalhar e exercer minhas funções sérias, por mais que eu brinque. 


RESENHANDO - Qual o seu lugar favorito no parque?
N. F. - A casinha de bonecas. Lá está a essência de tudo. Está a natureza e principalmente o significado da palavra amor. São sete complexos de várias partes do mundo, onde temos a referência maior do Brasil, o Museu Paulista,  temos a Prefeitura de Gramado, em que o senhor Otto Höppner, que é o dono do parque, ajudou a projetar. É uma construção de 1982, com estilo das casas da Bavária, ao Sul da Alemanha, e a representação do castelo do rei Ludovic II, e quem hoje habita é o príncipe Philip, principalmente na parte de inverno da Alemanha.


RESENHANDO - E o personagem favorito entre os mini-habitantes?
N. F. - Eu vou puxar para o meu lado, que é o limpador de chaminés, que é o símbolo da sorte de quem avista o Parque Mini-Mundo. Eu represento o filho do senhor Otto, o senhor Hein e, como vocês vão conhecer depois a Bruxinha Ju, que é a representação da matriarca, a dona Jussara.  A quantidade de mini-habitantes do parque, pelo censo de 2014, é de 2183 cadastrados. 


RESENHANDO - Das historias que você conta para os visitantes sobre os mini-habitanres, qual a sua favorita?
N. F. - Entre tantas historinhas que nós temos pelo nosso Mini-Mundo, eu escolho a do “Antonio Pula-Cerca” pela mancha de batom no colarinho dele. Mesmo estando grávida, a última coisa que ela joga pela sacada é a mala, por duas situações. Primeiro, ele não soube amá-la, e segundo, porque ele foi um “mala” na vida dela. Como nós temos aqui representados os mini-Beatles, com o Paul de pés descalços, como na capa do famoso disco de 1966,em que eles passam por uma faixa de pedestres. Há, também, a homenagem a Roberto Bolaños, o eterno Chaves, com a representação dele, da Chiquinha, do Kiko e do barril. 


RESENHANDO - Como as miniaturas resistem a sol, chuva e até neve?
N. F. - Eu tenho que falar com vocês que esse parque suporta as intempéries do tempo. As réplicas são feitas em acrílico, resina, e são pintadas com tinta automotiva. Todas elas projetadas e construídas pelo núcleo de engenharia do Mini-Mundo, localizado o hotel da família, em frente ao parque. 


RESENHANDO - Qual das réplicas é a sua favorita?
N. F. - O que gosto não é de determinada réplica específica, direcionada. Mas, sim, toda a história por trás dela. O porquê das construções, a posição dos mini-habitantes, porque cada etapa é um ponto para ser vencido. Então, uma réplica que leva nove meses para ser construída, ou o Museu Paulista que levou um ano para fazer somente o prédio, dividido em quatro etapas, e o seu jardim, levou oito meses para ser feito. O meu respeito pela família é o mesmo pelos criadores do parque, pois são eles que fazem o meu sucesso e uma coisa leva a outra.


RESENHANDO - E vocês fazem ações sociais?
N. F. - Além de promover belas visitas e acompanhamento no nosso Parque Mini-Mundo, temos ações sociais, voltadas para o aluno “Nota Dez”, também qualificação da escola em atendimento. O melhor aluno recebe o Quiquito. E, também, nós tivemos em 2014, a 12ª Campanha do Alimento, em que tudo é arrecadado para as comunidades carentes de Gramado e Canela, quando visitantes podem entrar com apenas um quilo de alimento e recebe surpresas, além do acompanhamento do parque, ações sociais, tudo beneficente.


RESENHANDO - Quer fazer um convite para os leitores do Resenhando?
N. F. - Eu faço um convite a todos, pois não é apenas se permitir conhecer o parque, mas, como eu digo a vocês, exercitar o lado criança. E aqui é um parque para todas as idades. Pelo site Trip Advisor ganhamos o prêmio de melhor atendimento e excelência de parques de 2014. O objetivo não é sempre ganhar prêmios, mas manter a qualidade para quem nos visita.

.: Façanhas de ontem e de hoje, por Jacinto Flecha

Por: Jacinto Flecha


Os escritores famosos redigem suas obras para cerca de vinte pessoas, e os de menor alcance escrevem para bem menos. Esta informação constava em artigo de um literato talentoso e muito respeitado, que li no século passado. Mas a minha idade, prezado leitor, não deve ser avaliada com base nesse século passado aí atrás, pois qualquer pessoa com mais de vinte anos lembra-se do que leu no século passado. Faço também a ressalva de que não era uma estatística, mas uma estimativa pessoal. Merece credibilidade, sendo ele do ramo e bom conhecedor dos meios literários.

A estimativa pode parecer estranha, mas contém dados razoáveis e verossímeis. Em primeiro lugar, porque nenhum escritor conhece todos os seus leitores. À medida que vai pondo no papel os fatos, pensamentos, comentários, é também natural ele se perguntar qual seria a opinião de tal e tal amigo cujas posições conhece, tal grupo de pessoas com o qual tem afinidades ou discrepâncias. Assim agindo, pode avaliar o que pensará da obra a média dos seus leitores. E pode prever, por essa amostragem, se os termos que usa, a construção das frases, os conhecimentos necessários para entender o conteúdo, tudo corresponde ao adequado para seus leitores.

Qual o meu objetivo com essas informações? Bem, não mencionei ainda os que escrevem, ou empreendem grandes esforços, ou produzem algum objeto para agradar a apenas uma pessoa. Existem sim, e já vou lhe dar exemplos.

No século passado (de novo) houve um atentado contra a vida do presidente Ronald Reagan, e logo se constatou o motivo. O autor, mentalmente desequilibrado, queria impressionar uma única pessoa, atriz de um filme em cartaz. Imagino que no filme ela se envolvia em algum atentado, e talvez ele tenha procurado demonstrar sua capacidade para fazer a mesma coisa; em seguida passaria a exibir-se diante dela com objetivos fáceis de imaginar. Há loucura para tudo...

Outro fato bem antigo (parece que tudo hoje aponta para o século passado) se refere a uma menina que teve poliomielite (doença considerada extinta... no século passado). A recuperação exigia fisioterapia, durante a qual ela reclamava das dores e outros aspectos desagradáveis. Num dia de choramingos especialmente irritantes, a mãe chamou-a às falas, em termos como estes:

— Minha filha, estamos fazendo tudo ao nosso alcance para você voltar a andar como uma pessoa normal. É o que podemos fazer, mas se não houver cooperação da sua parte, os resultados não serão esses. Você vai ficar aleijada para toda a vida, não vai conseguir emprego nem um bom marido. Se você quer ficar assim, basta parar de fazer os exercícios, mas depois não ponha a culpa em nós.

Resultado: Poucos anos depois, ela se tornou campeã olímpica de corrida. É fácil imaginar quantos esforços fez para agradar à mãe. Parece até que exagerou...

O personagem central de um dos maiores clássicos da literatura mundial dedica todo o tempo dos dois grossos volumes tentando praticar algum ato heroico a fim de impressionar a dama dos seus sonhos. Ou melhor, da sua imaginação, onde Dulcineia del Toboso adquire belezas e virtudes que passaram bem longe da supervalorizada vizinha. Empenhado em praticar façanhas para impressionar a Dulcineia imaginária, Dom Quixote de la Mancha se dá mal ao investir contra moinhos de vento, atacar inofensivos peregrinos que supõe serem malfeitores, atribuir poderes legendários a objetos corriqueiros. Imagina-se dotado de virtudes sobre-humanas, como as que os literatos da época atribuíram a seus personagens dos romances de cavalaria.

Quem eram esses grandes heróis imaginários? Se você conhece Batman, Flash Gordon, Super-homem, Capitão Marvel, Capitão América, Homem Aranha, Jedi, Príncipe Submarino, Tarzan, ou até o Capitão Atlas, troque as roupas deles, as armas que usam, os meios de transporte e mais umas coisinhas, e terá os mirabolantes personagens daqueles romances. São farinha do mesmo saco. O curioso é que os mesmos admiradores desses imaginários heróis modernos caem de porrete em cima de cavaleiros medievais, heróis reais de carne e osso. Por que essa discriminação?

Acontece que a verdadeira cavalaria medieval era realmente heroica, dedicada a causas nobres. Seus feitos grandiosos estão consignados na história das Cruzadas e em muitas outras batalhas decisivas, relegadas hoje a um esquecimento proposital e inexplicável. Os romances de cavalaria deturparam os feitos desses heróis e aviltaram seu objetivo real, substituindo-o pela conquista do amor de uma dama. Cervantes, por meio do seu imaginário Dom Quixote, lançou no ridículo os romances de cavalaria e seus heróis mirabolantes, levando de roldão a real cavalaria medieval, cujas lutas heroicas e memoráveis impediram, entre inúmeras tragédias, a conquista do mundo inteiro pelos muçulmanos. O próprio Cervantes participou de uma delas.

Hoje não temos mais esses heróis. Sua imagem negativa, tal como foi falseada por Cervantes, foi o resultado mais corrosivo e mais permanente, talvez o real objetivo do autor espanhol. Quem o afirma é um grande escritor, para quem Dom Quixote fez mais mal à cavalaria medieval, à nobreza e à civilização cristã do que toda a obra de Voltaire. Não é dizer pouco.
Você vê alguma utilidade nesses mirabolantes personagens de quadrinhos e filmes? Ontem e hoje, farinha do mesmo saco, inúteis e prejudiciais.

(*) Jacinto Flecha é médico e colaborador da Abim
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