terça-feira, 26 de novembro de 2024

.: Candide anuncia com exclusividade o Funko Pop! de Ayrton Senna


Em 2024, o mundo celebra os 30 anos do legado de Ayrton Senna, tricampeão mundial de Fórmula 1, cujo talento, coragem e superação o transformaram em uma fonte inesgotável de inspiração para gerações no Brasil e ao redor do mundo. Sua trajetória transcende o esporte: é lembrada por sua paixão inabalável pela velocidade, seu compromisso inquestionável com a excelência, sua busca incansável pela verdade e, acima de tudo, pelo profundo amor ao seu País. Essas qualidades fizeram de Senna mais do que um grande piloto, um verdadeiro herói nacional até mesmo para aqueles que não tiveram a oportunidade de vê-lo em ação.

Ao longo do ano, o legado do piloto brasileiro é celebrado com diversas homenagens ao redor do mundo, com ações dentro e fora das pistas de corrida, inclusive com uma série sobre sua vida e carreira. Em sintonia com esse momento especial para os fãs, a Candide e a Funko anunciam um lançamento que promete encantar todos os admiradores da trajetória de Senna: três versões exclusivas de Funko Pops.

Os bonecos capturaram momentos icônicos da carreira de Ayrton Senna. Dois deles representam suas passagens marcantes pela Lotus e McLaren, com seus macacões emblemáticos e o capacete icônico. O terceiro modelo, conhecido como Funko Rides, apresenta uma réplica rica em detalhes do carro amarelo que Senna pilotou enquanto corria pela Lotus na temporada de 1987.


A importância de Senna até os dias de hoje
A admiração por Ayrton Senna vai muito além das pistas. Sua personalidade, ética e sua maneira de se relacionar com as pessoas o tornaram um ícone de inspiração, especialmente no Brasil. "Senna não foi apenas um piloto, ele foi um exemplo de dedicação, superação e generosidade. Hoje, vemos seu legado sendo celebrado de diversas formas, como esta parceria com a Funko, que evoca a emoção do público ao ficar um pouco mais perto de sua história e levar um pouco de Senna para dentro de casa", comenta Bruno Verea, diretor de marketing da Candide.

Bianca Senna, sobrinha de Ayrton e CEO da Senna Brands, empresa que gerencia a imagem e as marcas do piloto, também expressou sua alegria com o lançamento. "A figura do Ayrton Senna transcende o automobilismo, inspirando gerações a buscarem sempre sua melhor versão e nunca desistirem dos seus sonhos. Com este Funko Pop Ayrton Senna, damos aos fãs a oportunidade de levar um pedaço desses valores para suas casas, celebrando o legado de um dos maiores ícones do esporte mundial”, declara.

Quem visitar a CCXP24, de 05 a 08 de dezembro, terá a chance de garantir os bonecos Funko Pop! que estarão disponíveis em quantidade limitada no estande da marca, além de conferir de perto a exposição do emblemático capacete e macacão da Lotus, usados por Senna na temporada de 1987. Na segunda semana de dezembro, será o lançamento oficial dos produtos nas principais lojas do mercado.

Boneco Funko Pop! Racing McLaren - Ayrton Senna: esta versão do piloto retrata Senna segurando seu icônico capacete e usa o famoso macacão vermelho da McLaren, equipe pela qual conquistou três títulos mundiais nos anos de 1988, 1990 e 1991.

Boneco Funko Pop! Racing Lotus - Ayrton Senna: com o capacete clássico e o macacão amarelo, essa figura homenageia um dos momentos mais marcantes da carreira de Senna, quando conquistou sua primeira vitória no prestigiado circuito de Mônaco, em 1987.

Boneco Funko Pop! Rides Deluxe Lotus - Ayrton Senna: neste modelo especial, Senna está no lendário carro de Fórmula 1, o Lotus 99T, que na época foi equipado com a inovadora suspensão ativa. Foi com este carro que Senna conquistou algumas vitórias, entre elas sua última pela Lotus, no circuito de Detroit em 1987.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

.: Diálogo de James Baldwin com a poeta Nikki Giovanni na revista "Serrote"


A 48ª edição da "Serrote", revista de ensaios do Instituto Moreira Salles, já está disponível nas livrarias, com destaque para a publicação na íntegra, pela primeira vez em português, do celebrado diálogo de James Baldwin (1924-1987) e Nikki Giovanni (1947). A conversa entre eles aconteceu em novembro de 1971 num estúdio em Londres, e foi exibida no talk-show "Soul!", programa revolucionário que, entre 1968 e 1973, levou à TV pública americana artistas e pensadores negros consagrados do país.

Escritores e ativistas, Baldwin e Giovanni discorrem sobre diversos assuntos, como questão racial, liberdade, justiça, religião e poder, num confronto entre pensadores de gerações diferentes – ele tinha na ocasião 47 anos, e ela, 28. É na divergência entre eles, temperada sempre com polidez, que o diálogo ganha força. O texto é entremeado por frames da entrevista, tratados como ilustrações. Um deles, de James Baldwin, estampa a capa da edição, um feito inédito em 15 anos na história da revista que sempre circulou com uma arte na capa.

A publicação traz também os textos das três autoras premiadas na edição deste ano do Concurso de Ensaísmo serrote. Primeira colocada, a poeta e artista visual Tetê (1998), nascida em Marabá (PA) e residente em Recife, com atuação também na cena musical, assina o ensaio “Políticas Espaciais do Afeto". Seu trabalho cruza as noções técnicas de arquitetura e urbanismo e vivência pessoal para implodir muros historicamente erguidos entre classes sociais, ideias e sexualidades.

Original e muito bem costurado, o texto é demarcado pela pauta do deslocamento: de chegar num lugar (no seu caso, a universidade pública) a partir da política de cotas e não conseguir transpor as distâncias sociais. A autora acaba de ser contemplada no Concurso de Residências Artísticas da Fundação Joaquim Nabuco, onde dará continuidade à sua pesquisa em arquitetura e urbanismo com foco na admissão das dissidências.

Segundo lugar no concurso, a antropóloga Camila de Caux (1982), mineira residente em São Paulo, evoca no ensaio “Vestígios da Natureza” a trajetória de Tibira, pessoa Tupinambá executada cruelmente pelos invasores franceses no Maranhão do século XVII. A autora faz uma reflexão contemporânea sobre a plasticidade de gêneros e identidades e as violências que permeiam a história.

Escritora nascida em Sergipe, mas residente em Porto Alegre, Maria Isabela Moraes (1990) conquistou o terceiro lugar como um ensaio pessoal sobre como enfrentou as enchentes que devastaram a capital gaúcha em 2024, para onde se mudara um ano antes. Ela foge ao óbvio para construir uma espécie de diário, em que narra seu cotidiano enquanto testemunha o mofo tomar conta do apartamento onde mora.

A revista publica ainda um texto sofisticado – pelas pontes históricas que constrói – do historiador italiano Carlo Ginzburg (1939). “Fake News?” faz parte do livro Secularism and its ambiguities (2023), versão ampliada de uma série de conferências realizadas na Central European University, em Budapeste, em 2019. A interrogação do título, explica o autor, “está ali a fim de criar alguma distância em relação a um fenômeno que, com demasiada frequência, é tido por óbvio. Tomar distância pode nos ajudar a abordar as fake news de um ângulo oblíquo", diz ele.

Outro texto desta edição que conversa com a atualidade é o da americana Moira Weigel (1984), professora de estudos da comunicação na Northeastern University e pesquisadora associada da Harvard Society of Fellows, de quem a serrote #29 já publicou o ensaio “Um álibi para o autoritarismo". Na serrote #48 ela contribui com o ensaio “O algoritmo Adorno", em que aborda como o pensamento frankfurtiano ajuda a compreender as novas encarnações do fascismo.

Também nesta edição, um texto da carioca Bianca Tavolari (1988) escrito no marco dos 50 anos do golpe que derrubou Salvador Allende. Professora de direito da FGV, Bianca é neta de um deputado chileno preso e torturado pela ditadura do general Augusto Pinochet. Em “Santiago, 2023”, ela narra os cinco dias de setembro de 2023 em que percorreu as ruas e os memoriais da capital chilena, unindo o luto íntimo ao luto coletivo de uma nação.

Historiador que se especializou, em sua formação acadêmica na Universidade de Sheffield, nas culturas da bebida e intoxicação no início da Inglaterra moderna, o inglês James Brown revela, no texto “Feitiçaria Líquida”, como o gim, o ser introduzido na Inglaterra dos séculos 18 e 19, esteve no centro de uma cultura de delírio, loucura, alegria e morte.

Diplomata e um dos mais importantes tradutores da língua inglesa, Jorio Dauster (1937) verteu para o português autores como J. D. Salinger, Thomas Pynchon, Philip Roth, Ian McEwan, Jonathan Franzen, Paul Auster, Virginia Woolf e Vladimir Nabokov – é sobre este último que ele escreve no ensaio O professor Nabokov. Como o título antecipa, Dauster discorre não sobre o romancista célebre de Lolita, mas sobre o professor que encantava alunos nas instituições em que lecionava, tendo palestras e aulas reunidas em antologias como Lições de literatura, Lições de literatura russa e Lições sobre Dom Quixote. O texto é ilustrado com uma caricatura de Cássio Loredano.

Ainda nesta edição, Allan K. Pereira (1990), nascido em Queimadas (PB) e professor de história da Universidade Federal da Fronteira Sul, no campus de Erechim (RS), escreve sobre como as revoltas pela execução do adolescente afro-americano Michael Brown na cidade de Ferguson, no estado do Missouri, em agosto de 2014 inspiram as lutas contra o movimento global antinegritude. O ensaio “Ferguson, dez anos depois" parte da tese Impróprios para a história: rebelião, tempo e antinegritude em Ferguson, ainda não publicada, defendida no Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS em 2022.

A serrote #48 publica ainda um ensaio visual da artista mineira Solange Pessoa (1961). O designer gráfico Daniel Trench, diretor de arte da revista, apresenta a série de desenhos, chamando atenção para o peso e o volume que “parecem afixar essas figuras fugidias no papel". Também presentes nesta edição, trabalhos dos artistas Alvaro de Lara, Nara Amelia, Pedro França, Jorge Tacla, Regina Silveira e Damon Davis.

.: De Sérgio Corrêa, "Clara & Vincent" traz olhar humano para Van Gogh


Famoso por suas pinceladas fortes, tons vivos e imagens de girassóis, Vincent Van Gogh é um dos pintores mais adorados do mundo. Apesar da popularidade atual, a biografia dele é marcada por pobreza, relacionamentos fracassados e muitas especulações sobre uma suposta loucura que lhe rendeu a alcunha de "gênio incompreendido”. Hoje símbolo da cultura pop, ele ganha uma história mais comum e sem idealizações no livro "Clara e Vincent", do escritor Sérgio Corrêa.

O ponto de partida do romance é a temporada que o holandês passa no interior da França, pouco antes de morrer. Em 1888, o pintor até então desconhecido e malsucedido muda-se para Arles. Com esses elementos inspirados na história real do artista, a ficção inicia quando Van Gogh conhece Clara, uma jovem arlesiana responsável por lhe entregar o pão diariamente.

Ao entrar em contato com a obra artística dele, a moça se apaixona por seus quadros e personalidade criativa. Inspirada pela natureza de Arles, ela o incentiva a usar novas cores e elementos em seus quadros, como os famosos girassóis, e se torna testemunha da realização de algumas das telas mais famosas de Vincent. A convivência faz nascer uma paixão profunda que despertará o lado mais belo dos dois e transformará a história da arte mundial.

O livro é uma ficção que busca ir além do senso comum criado ao redor da figura de Van Gogh, e, para isso, o autor mergulha nas emoções e na psique dos personagens. “Isso proporciona uma visão mais íntima e sensível da experiência do artista, destacando como o amor e o apoio emocional podem ter impactado sua criatividade e bem-estar”, explica Sérgio Corrêa. O destaque está no modo como ele foge da associação corriqueira do pintor com a loucura, e constrói um personagem complexo e instável, movido principalmente pelo desejo de representar a beleza do mundo em sua arte.

Com descrições de obras conhecidas como “Noite Estrelada sobre o Ródano”, e das belas paisagens da Provença, "Clara e Vincent" é um retrato delicado sobre duas pessoas unidas pela sensibilidade e pelo fascínio com a vida. É uma leitura para agradar os fãs de romances históricos, assim como os das artes. Compre o livro "Clara e Vincent" neste link.

Trecho do livro
"Clara sentiu o ar lhe faltar. Ela tinha visto Vincent montá-lo, mas, de onde se encontrava, mesmo tendo uma imagem próxima do ponto de vista dele, nada daquilo que ali estava ressaltou aos seus olhos. Como podia ter ele visto daquela forma? A luz era exatamente aquela, lembrava-o bem. Ali estava um momento único, fixado na retina do pintor, transposto para a tela numa sobreposição de camadas de tinta que lhe dava composição tridimensional e faziam as imagens saltarem da tela numa pantomina de cores, acrescentando-lhe vida própria. Era a paisagem por detrás de sua casa, porém, como que vista em sonho. Um sonho maravilhoso, de cores intensas, explodindo de vida." ("Clara e Vincent", pág. 30)

Sobre o autor
Sérgio Luiz Almeida Corrêa
nasceu em 1958, em Colatina, no Espírito Santo. Formou-se em Odontologia pela UFES e, em 1988, mudou-se para Portugal. Estreou como escritor com o romance O Aroma do Café em Flor, premiado no Concurso Internacional de Literatura da União Brasileira de Escritores (UBE), no Rio de Janeiro. Seu mais recente livro é Clara e Vincent. Redes sociais do autor: Facebook: /drsergiocorrea e Instagram: @sergiocorreautor. Garanta o seu exemplar de "Clara e Vincent" neste link.

Ficha técnica
Livro "Clara e Vincent"
Autor: Sérgio Côrrea
ISBN: 978-65-5872-374-5
Número de páginas: 150
Compre o livro neste link.

.: "Fins & feriados": contos festivos para abraçar a transitoriedade da vida


Para alguns, datas comemorativas remetem a uma saudade quase palpável, parecida com um vazio existencial causado pela transitoriedade do tempo. Para outros, há a sensação de renovação, um desejo de celebrar não apenas o que foi, mas o que está por vir. A partir desses sentimentos paradoxais, o escritor G. H. Oliveira lança "Fins & Feriados", uma coletânea de contos que contempla começos e términos representados pelas festividades.

Com elementos do realismo fantástico, o autor retrata em cinco textos diferentes personagens e cenários para criar uma atmosfera que mescla reflexões filosóficas a situações cotidianas. Em "Neve Vermelha", por exemplo, a morte e o medo são explorados no dia do Halloween, quando, todo ano, as bruxas atingem o ápice de seus poderes e se aproveitam disso para invadir o vilarejo dos humanos.

Os personagens precisam lidar com a ideia de que, embora as festividades se repitam, as experiências e emoções não se renovam de forma igual, revelando a impermanência da vida, como é o caso do conto “Para Onde as Estrelas Vão” (Natal). Já em "Memórias de Um Milagre" (São João), o luto e a tentativa de encontrar um sentido após a perda são centrais. Enquanto em "Todas as Certezas" (Páscoa), uma morte injusta coloca em perspectiva crenças e verdades da protagonista.

"Fins & Feriados" transita ainda por temas como amor, fé, fragilidade da vida, crenças, natureza cíclica, rituais e tradições. O livro é uma mediação sobre finais, tanto literais quanto simbólicos, e sobre como as celebrações, que muitas vezes representam recomeços, também são momentos de mudanças e despedidas.

Vencedor do Prêmio Conto Inesquecível da Amazon com “Nem Sempre É Para Sempre” (Dia dos Namorados), também presente neste lançamento, G. H. Oliveira apresenta um olhar introspectivo e sensível sobre as complexidades da existência humana, desde conflitos emocionais experenciados pelos personagens até momentos de alienação diante de situações externas. Compre o livro "Fins & Feriados" neste link.


Sobre o autor
Guilherme Henrique Vieira de Oliveira
nasceu em Teresópolis, mas cresceu em Volta Redonda, no interior do Rio Janeiro. Formado em Sistemas de Informação, divide seu tempo entre códigos e escrever histórias. É autor de "O Viajante do Tempo", um dos contos incluídos à coletânea do Prêmio OFF FLIP 2023. Agora ele lança seu livro de estreia "Fins & Feriados", que reúne cinco histórias baseadas em datas festivas. Dentre elas, a comédia romântica "Nem Sempre É Para Sempre", que foi vencedora do Prêmio Conto Inesquecível promovido pelo Amazon KDP. Acompanhe o autor no Instagram: @ghescritor. Garanta o seu exemplar de "Fins & Feriados" neste link.


Trecho do livro
"A morte não é uma questão de querer, é uma consequência. Ela vai acontecer. Tudo que você pode fazer é garantir que, quando ela te encontre, não tenha desperdiçado sua existência em uma vida vazia. Se você vive por algo maior, nunca morre de verdade." ("Fins & Feriados", pág. 199)

Ficha técnica
Livro "Fins & Feriados"
Autor: G.H. Oliveira
Editora: Clube de Autores
ISBN: 9786558727484
Número de páginas: 334
Compre o livro neste link.

.: Victor Grizzo lança a aventura infanto-juvenil "Onde Moram os Ventos"


Escrito e ilustrado pelo artista, o romance mescla ficção e personagens reais, como Leonardo da Vinci, Carmen Miranda e Bartolomeu Dias, de maneira sensível e poderosa

O multi-talentoso escritor, ilustrador e artista visual Victor Grizzo convida o público infantojuvenil para se aventurar pelo universo do imaginário e os enigmas da história no romance “Onde Moram os Ventos”, pela editora Numa. É um romance de aventura que entrelaça o real e o fantástico de maneira sensível e poderosa, proporcionando uma experiência de leitura enriquecedora para todas as idades. Prepare-se para um universo repleto de caravelas, descobrimentos, monstros marinhos e a enigmática presença de uma invisível família que guarda mistérios do passado. 

Na trama, em um tempo em que mares desconhecidos e faróis iluminam a escuridão, o leitor é transportado para um universo onde tendas de circo cruzam reinos e o destino é guiado por ventos caprichosos. Nesse lugar mágico, o valente faroleiro Eddie vive uma emocionante descoberta de cartas, trocadas há mais de 500 anos, que revelam segredos de personagens históricos icônicos. 

A obra transporta para a ficção Bartolomeu Dias, o intrépido navegador que desbravou os mares do sul; Leonardo da Vinci, o gênio renascentista que traz sua curiosidade insaciável e inventos brilhantes; e a voz encantadora de Carmen Miranda, que ecoa como um lembrete da riqueza cultural que une os povos e os tempos. Além dessa história encantadora, o livro tem as incríveis ilustrações criadas pelo próprio Victor Grizzo, usando acrílica, lápis de cor e aquarela para dar vida a esse mundo mágico e vibrante. Compre o livro "Onde Moram os Ventos" neste link.

Sobre Victor Grizzo
Victor Grizzo é um artista que transita entre as artes visuais, a escrita e a educação. Com licenciatura e bacharelado em História pela Universidade de São Paulo, ele desenvolveu uma carreira como ilustrador e escritor. Sua prática é marcada por narrativas que entrelaçam escrita e desenho, sempre explorando questões da infância com uma estética lúdica. 

Em 2024, ele lança "Onde Moram os Ventos", uma obra que reflete sua paixão pela literatura infantojuvenil e a profundidade de sua experiência artística. Além disso, contribui quinzenalmente com a coluna "Memórias Artificiais" para a Revista Philos. Além desse trabalho, ele publicou outros dois livros até o momento: “Luz dos Olhos Meus” (casa Philos) e "O Segredo que Habitava o Armário" (editora Flamingo no Brasil, Portugal e Angola).

Grizzo participou de diversas exposições e concursos, destacando-se por sua originalidade e criatividade, especialmente na exposição "O Mundo de Tim Burton", realizada no Museu de Imagem e Som de São Paulo. Em 2023, apresentou sua obra na exposição "Methamorphosis", realizada no Senac-Lapa Scipião, na qual mostrou a riqueza de sua técnica e seu envolvimento com a arte contemporânea. Garanta o seu exemplar de "Onde Moram os Ventos" neste link.


Ficha técnica
Livro “Onde Moram os Ventos”
Escrito e ilustrado por Victor Grizzo
Editora Numa
Número de páginas: 44
Compre o livro neste link.

.: Espetáculo "Corte Seco" Corte Seco faz nova temporada na Embaixada Cultural


Com direção de Claudia Schapira e dramaturgia de Marcelo Oriani, o espetáculo explora a polifonia para discutir os efeitos-causas da violência sexual. Foto: Sergio Silva

Os impactos e consequências do abuso infantil pelo resto da vida de uma criança é o ponto central de "Corte Seco", com texto de Marcelo Oriani e direção de Claudia Schapira, que faz nova temporada na Embaixada Cultural, em São Paulo, de 28 a 30 de novembro. O espetáculo, que teve provocação cênica de Eliana Monteiro, traz no elenco Camila Fernandes, Nanddà Oliveira e Raquel Domingues. O texto foi contemplado pelo Prêmio Carlos Carvalho de Dramaturgia (2022) e ganhou menção honrosa no V Prêmio Ufes de Literatura (2023). E a temporada é realizada com recursos do ProAC 01/23 – Produção de Espetáculos Inéditos.

"Corte Seco" conta a história da cantora Poliana, que, depois de sofrer um acidente de carro, entra em coma e passa a recordar o abuso que sofreu pelo pai aos 7 anos. Nesse estado onírico do inconsciente, o presente, o passado e o futuro da cantora se enredam, enquanto ela passa sua memória a limpo. 

A peça narra essa trama de maneira não-linear, com cenas que acontecem ao mesmo tempo em espaços e tempos distintos. “A dramaturgia proposta por Marcelo é uma cena polifônica, onde diversas personagens falam na cabeça da voz central. Ela é constituída por uma sequência de perguntas e afirmações, além de diferentes situações que sugerem lugares, acontecimentos e estados. E isso inspirou uma cena vertiginosa, um revezamento dessas vozes num jogo de narração, onde as atrizes comandam a ação”, explica Claudia Schapira.

A dramaturgia é toda fragmentada, de modo que o público precisa completar à sua maneira as lacunas que ficaram na história. “Como a questão do abuso ainda não é uma questão resolvida socialmente, não faria sentido, para mim, resolver essa questão ficcionalmente. E essa fragmentação também se dá porque a narrativa utiliza o processo cinematográfico do corte seco – que é usado numa sequência de cenas que podem ou não acontecer ao mesmo tempo, mas em lugares distintos. Isso causa três efeitos: 1) deslocamentos temporais na cronologia da narrativa; 2) aumento de tensão da cena; 3) mudança dos pontos de vista sobre a narrativa”, revela o autor Marcelo Oriani.

Já a encenação tem forte influência do teatro hip-hop. “Venho trabalhando essa estética nos últimos 25 anos. A ‘palavra falada’ comanda a construção da cena a partir do ritmo que a própria palavra suscita criando nuances e camadas de significados. A poesia, o ritmo e a métrica narram. Essa dinâmica materializa, a partir da palavra falada, esses corpos no espaço. A palavra é corpo neste espetáculo. E o principal desafio foi compor as diversas figuras que desfilam ao longo da narrativa e que, pela fragmentação e a velocidade da troca, não daria tempo de construir personagens com precisão. O corpo, assim como o discurso, é fragmentado, lacunar,  mas aterram essas vozes que falam pelo espaço.  Neste espetáculo o gesto é lugar, é situação, é estado, é movimento, é discurso, e, por fim, é também dança”, diz a Schapira. Luaa Gabanini construiu a narrativa corporal com muita assertividade, e assina coreografia  e a direção de movimento,  elemento vital nesta posta em cena.

A ideia é suscitar o debate sobre o efeito-causa do abuso sexual infantil, mergulhando nesse tema-tabu a partir do campo da  estética e da poética para promover um debate sério, honesto e responsável. “Sempre foi uma escolha consciente não dar voz para o abusador. O que vemos em cena são pessoas tentando lidar com o rastro que um abusador deixa na vida de alguém. E também é uma vingança poética: uma maneira de fazer esse silenciamento – que faz com que essa violência se perpetue e favoreça o abusador – se volte contra ele. E pode ser lido também como mais uma camada de denúncia justamente porque o abuso é o único crime onde a vítima se envergonha. Por isso opta pelo silenciamento, quase sempre. Porque há, historicamente, uma responsabilização da vítima. É preciso começar desresponsabilizar as vítimas pelas violências que elas sofrem”, conta o dramaturgo.


Ficha técnica
Espetáculo "Corte Seco"
Direção:Claudia Schapira
Dramaturgia e assistência de direção: Marcelo Oriani
Elenco: Camila Fernandes, Nanddà Oliveira e Raquel Domingues
Live-DJ: Dani Hell
Ppreparação corporal e direção de movimento: Luaa Gabanini
Trilha sonora: Dani Nega
Desenho de luz: Rodrigo Palmieri
Preparação vocal: Sandra X
Cenografia: Juliana Fernandes
Figurinos: Rosângela Ribeiro
Provocação cênica: Eliana Monteiro
Cenotecnia: Victor Akkas e Vinícius Ribela
Assistência figurinos: Neemias Villas Boas
Operação de luz: Rafael Lopes
Operação de som: Marcelo Oriani
Hair Style: Klay Fausto
Intérprete de Libras: Adriane Macarini (Sorriso)
Designer gráfico: Tami Lemos
Assessoria de imprensa: Douglas Picchetti e Helô Cintra (Pombo Correio)
Produção geral: Rodrigo Palmieri e Leandro Ivo (Fulano’s Produções Artísticas)
Assistente de profução: Thauany Mesquita


Serviço
Espetáculo "Corte Seco"
Embaixada Cultural
Endereço: Rua Capitão Sérvio Rodrigues Caldas, 325 - Vila Dom Pedro II (próximo ao metrô Parada Inglesa)
Capacidade: 20 lugares
Apresentações: dias 28, 29 e 30 de novembro, de quinta-feira a sábado, às 19h00 e às 21h00
Duração: 65 minutos
Classificação: 16 anos

.: Imersa em cenários da Itália, autoficção investiga os mistérios da vida


No livro "Os Fantasmas de Borgo Palazzo", lançamento da Matrix Editora, a autora Gisela Rao narra os encontros da protagonista Adah com vários espectros no Cimiterio Monumentale di Bergamo, na Itália. Navegando por temas como amor, perda, solidão e busca pelo significado da vida, a obra incita reflexões profundas a partir de uma trama tragicômica cativante.

Enquanto passeia pelo cemitério na rua Borgo Palazzo, Adah se encanta pelas construções históricas que compõem as lápides e mausoléus e decepcionada com a humanidade, decide tornar-se voluntária de limpeza no local. O campo-santo vira, então, palco para uma série de encontros sobrenaturais que a levam, a princípio, a duvidar da própria sanidade.

O livro é uma exploração profunda das conexões humanas e dos fantasmas que caminham por aí e dos que carregamos dentro de nós. Os capítulos breves tornam a leitura dinâmica e fluida. A autora equilibra seriedade com pitadas de bom-humor e diálogos perspicazes, sua marca registrada na escrita. Gisela mora na Itália desde 2023, e suas experiências no país, assim como outros aspectos centrais da própria vida, servem de contexto para a narrativa autoficcional.

Além de um retrato íntimo, o livro também oferece uma janela para as paisagens, a cultura e a população da cidade de Bérgamo, repleta de arquiteturas pré-romanas, medievais, renascentistas e barrocas. O ambiente contribui para a atmosfera mágica da trama, criando um cenário repleto de elementos fantásticos.

"Os Fantasmas de Borgo Palazzo" transforma situações inacreditáveis e místicas em uma oportunidade para o leitor investigar a beleza e a tragédia das vivências humanas. Ao mesmo tempo em que entretém, o olhar curioso e atento de Gisela Rao transpõe para as páginas fragmentos da própria realidade e, por consequência, da realidade de outras mulheres imigrantes que tentam navegar nos próprios desafios e encontrar seu lugar no mundo. Compre o livro "Os Fantasmas de Borgo Palazzo" neste link.


Trecho do livro
Me despedi do pároco e fui caminhando e pensando se eu tinha me metido em uma enrascada ou se, na real, eu não era médium, mas, sim, esquizofrênica, e se esse pessoal que começava a aparecer não era criado por bilhões de neurônios confusos, fruto de muito estresse e de algo como um “jet lag” de imigrante que muda de país. ("Os Fantasmas de Borgo Palazzo", pág. 58)


Sobre a autora
Além de escritora, jornalista e publicitária, Gisela Rao é palestrante e já se apresentou duas vezes no TEDx, onde falou sobre autoconfiança e luto. É voluntária da Cruz Vermelha, idealizadora do projeto Estou Refugiado, e criadora do blog Vigilantes da AutoEstima, do Uol. Já escreveu de sete livros, cinco publicados pela Matrix Editora. Garanta o seu exemplar de "Os Fantasmas de Borgo Palazzo" neste link.


Ficha técnica
Livro "Os Fantasmas de Borgo Palazzo"
Autoria: Gisela Rao
Editora: Matrix Editora
ISBN: 978-65-5616-503-5
Páginas: 118
Compre o livro neste link.

domingo, 24 de novembro de 2024

.: Carlos Cardoso terá livro "Coragem" transformado em peça teatral


O carioca Carlos Cardoso é hoje um dos expoentes da geração de poetas brasileiros revelada entre o fim dos anos 1990 e início dos 2000. Fora do Brasil, seus poemas já foram traduzidos e publicados em 11 idiomas, circulando com prestígio por países como França, Itália, Espanha, Bulgária, Croácia e outros.  A potência estética de sua obra, referendada por acadêmicos, artistas e escritores, respalda sua candidatura à Cadeira 27 da Academia Brasileira de Letras (ABL), cuja eleição acontece no dia 11 de dezembro. Até outubro deste ano, a vaga era ocupada pelo notável poeta Antonio Cicero (morto no dia 23 de outubro), que descreveu a obra de Cardoso com profunda admiração: “Todo grande poeta, quando lido, transporta a gente para a terceira dimensão da vida, que é a dimensão transcendente da arte. Carlos hoje é um dos grandes”, declarou Antônio Cícero, em uma de suas últimas aparições públicas, em 2023.

Em seus livros, Carlos Cardoso ganhou notoriedade por fazer do verso uma fonte de expressão de inquietudes e de prospecção da beleza. A natureza, o desamparo, a amizade, a própria arte poética, o amor e a solidão são temas de suas poesias. Seu último livro, “Coragem”, lançado em setembro de 2023 pela editora Record, está sendo transformado em peça de teatro pelo dramaturgo e encenador Flávio Marinho. O espetáculo vai se chamar “Coragem - Uma Ato de Amor” e tem estreia prevista para o primeiro semestre de 2025.

Ao refletir sobre a relevância da Academia no país, Carlos Cardoso ressalta o desejo de colaborar para fortalecer ainda mais o papel da instituição como símbolo da identidade cultural do Brasil: “Com minha experiência como engenheiro e gestor, somada à minha paixão pela literatura, espero humildemente contribuir para ampliar a atuação da ABL entre as mais variadas gerações, preservando e valorizando a riqueza da poesia na língua portuguesa”. Compre o livro "Coragem" neste link.


Sobre o autor
Engenheiro por formação, Carlos Cardoso descobriu o gosto pela poesia na adolescência. Alguns dos poemas do livro “Sol Descalço”, relançado em 2021 pela Record, foram escritos quando ele tinha 14 anos. Nas últimas três décadas, ele vem se dedicando cada vez mais ao ofício da escrita. Como bem definiu o professor e crítico literário Ítalo Moriconi: “o lirismo de Carlos Cardoso é moderno. Ele tem um controle muito grande do ritmo, são frases com uma pontuação, uma modulação sonora, que revela um grande talento para a linguagem poética. Alguns dos seus poemas integram o que há de melhor na poesia contemporânea brasileira.

Em sua poética, Carlos Cardoso defende que a escrita acompanha a experiência subjetiva do mundo. “O poeta deve incitar a reflexão nas pessoas ou provocar uma fagulha que leve ao questionamento sobre como estamos e como podemos nos tornar melhores a cada dia”, afirma. Garanta o seu exemplar de "Coragem" neste link.

.: “A Vida Afinal”: Cynthia Araújo defende a dignidade e autonomia para pacientes


Fruto de uma pesquisa com 50 pacientes de câncer metastático no Brasil e na Alemanha, o livro busca divulgar para o público não especializado a importância de ser devidamente informado pelos médicos e dos cuidados paliativos para doenças com mau prognóstico. Autora apresenta informações científicas junto à história de superação de sua mãe, que sofreu um AVC hemorrágico e decidiu cada detalhe de sua trajetória


Receber o diagnóstico de uma doença incurável é, certamente, das piores e mais temidas notícias que se pode ter. Além disso, lidar com informações, estatísticas, tratamentos, termos técnicos, médicos de diversas especialidades, num momento de fragilidade como este, é realmente um grande desafio para qualquer pessoa. Para dar respaldo neste momento, e na defesa da dignidade e da autonomia de pacientes com prognósticos de doenças incuráveis, como o câncer, a advogada da União, mestre e doutora em Direito pela PUC-Minas, e uma das responsáveis pelo blog “Morte sem Tabu”, na Folha de S.Paulo, Cynthia Araújo escreveu “A Vida Afinal: conversas Difíceis Demais para se Ter em Voz Alta”, pela editora Paraquedas.

O livro é baseado em sua pesquisa de doutorado, que incluiu conversas com pacientes com câncer metastático no Brasil e na Alemanha. Em 2009, Cynthia tomou posse como Advogada da União na AGU. Entre suas atribuições, estava a de defender o Estado brasileiro em casos de fornecimento de medicamentos caros pelo SUS a pacientes com câncer. “O que tornava o trabalho especialmente difícil, no entanto, era perceber que grande parte daqueles pacientes que recebiam os medicamentos requeridos acabavam morrendo algum tempo depois”, conta Cynthia na introdução do livro.

Após ouvir o médico José Luiz Nogueira, então coordenador do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde do Hospital das Clínicas da UFMG dizer, em um evento sobre saúde, que aqueles pacientes iriam morrer, mesmo com os medicamentos que desejavam obter - porque os estágios das doenças já eram muito avançados –ela teve certeza das hipóteses que construiriam a sua tese de doutorado. “Queremos acreditar que a Medicina sempre tem uma cura. Mas ela não tem – e dificilmente terá um dia – solução para tudo”, afirma.

“A Vida Afinal” é o terceiro livro que Cynthia escreveu a partir de sua pesquisa de doutorado. Os anteriores são “Existe Direito à Esperança?” (Lumen Juris, 2020) e “Palliative Treatment for Advanced Cancer Patients” (Springer, 2023), ambos voltados a públicos especializados em Direito, Bioética, Medicina e outras ciências da saúde. Desta vez, a autora busca atingir um público mais amplo. “Eu escrevi o 'A Vida Afinal', porque queria um livro estilo 'Mortais', do Atul Gawande, que chegasse ao público leigo, às pessoas que não são diretamente interessadas nos temas ou não têm conhecimento técnico”, afirma Cynthia.


"Este livro é sobre isso: essas duas pessoas [médico e paciente] e a sua conversa e o poder que a compreensão entre elas tem para de fato salvar o que resta. Este livro é sobre o médico que tem que ser filósofo e escritor. O médico que precisa aprender sobre a morte e o paciente que precisa, agora mais do que nunca, aprender a viver." - Mariana Salomão Carrara


A busca da dignidade e as informações certas para tomadas de decisões
“Acredito, sinceramente, que buscar a dignidade de cada qual dentro de uma sociedade deve ser o grande objetivo da humanidade. Mas, sem dúvida, ela precisa deixar de ser a palavra vazia que acabou se tornando, uma tábula rasa disposta a receber o significado que melhor convém a cada vez que é invocada”, afirma Cynthia. E ainda “drogas que são efetivas para ‘alguma coisa’, como a sobrevida de um ou dois meses, mas de que se espera ‘outra coisa’, como a sobrevida de décadas ou a cura, também estão no âmbito da manipulação da ilusão. Só que ilusão é o contrário de dignidade”, diz a autora.

Ela afirma que dignidade tem a ver com autonomia, possibilidade de escolha, “e não com a tentativa desesperada por qualquer coisa”, diz. E defende que os pacientes saibam e tenham todas as informações certas em mãos para tomarem melhores e acertadas decisões sobre os tratamentos e sobre o seu destino. “Há poucas décadas, começou-se a questionar o que chamamos de cultura paternalista. Até então, via-se com naturalidade que decisões médicas fossem tomadas exclusivamente pelos médicos, com pouca ou nenhuma participação do doente. Hoje, exalta-se o papel do paciente na condução de sua própria saúde, buscando-se promover decisões compartilhadas entre ele e o profissional. Para que realmente participe dessa relação, o paciente precisa entender o que é ou não esperado na sua saúde e na sua vida”, diz a autora.


"Cynthia viu o problema de alimentarmos uma falsa esperança, de sermos enganados em relação a tratamentos e prognósticos. E é sobre essa questão, em grande parte cultural, que ela trata nesta obra. Vem de uma dificuldade em comunicar a perspectiva de morte com clareza e sinceridade, de expor prós e contras de cada tratamento, informar estatísticas e pesquisas científicas. Dar o remédio pode ser, muitas vezes, o caminho mais fácil. Mas não o melhor para o paciente." - Camila Appel, jornalista, roteirista e fundadora do blog "Morte sem Tabu"


Uma das ‘chaves’ para esse processo está na capacidade e habilidade dos médicos de se comunicarem com os pacientes. “A informação acerca do efeito de não se iniciar qualquer tratamento é especialmente relevante em situações de fim de vida e principalmente à luz da realidade de excessiva tecnologização da Medicina. Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, não iniciar um tratamento de combate a sua doença pode ser a melhor opção em diversos casos”, diz a autora no livro.

A realidade que se impõe para os pacientes nem sempre é compartilhada com todas as nuances, e pode-se dar a impressão de que os tratamentos (muitas vezes dolorosos e extenuantes) podem dar resultados que não se concretizam ao longo do tempo. “Pacientes com cânceres metastáticos – ou outros incuráveis – viverão, muitas vezes, dois ou três anos, independente de tratamento”.

Ela afirma: “mas é muito comum que o médico considere mais fácil investir em mais tecnologia a iniciar conversas delicadas e difíceis sobre a proximidade da morte com seus pacientes”. Como exemplo, ela conta a história do AVC de sua mãe. A história de superação exemplifica a sua defesa sobre a dignidade e as escolhas serem feitas de acordo com cada história de vida, cada paciente e cada prognóstico. “Dona Ana Aurora tomou todas as decisões que quis. E me deixou tomar, junto com meu pai, as que não quis. Para isso, recebeu todas as informações sobre seu diagnóstico e prognóstico. Tudo que nós sabíamos, ela também sabia. (...) sem subterfúgios”.

"Foi com Cynthia que aprendi o significado da palavra cuidado paliativo: sentada no sofá de casa, lendo para minha mãe as palavras sempre didáticas dessa pesquisadora e escritora que comunica a partir do coração. Embora neste livro as verdades trazidas pela autora não sejam fáceis de ouvir, cada sentença chega com o cuidado que só existe em abraços afetuosos em momentos difíceis." - Jéssica Moreira, escritora e jornalista


Trecho do livro:
“Para mim, essa é a grande questão: se eu acho que serei curado, é provável que use meu tempo para me tratar, no lugar de fazer outras coisas que eu faria se soubesse que minha vida está mais ou menos próxima do fim, pois existe uma decisão de abrir mão de parte do meu presente pelo futuro que imagino ter. Mas se sei que não tenho essa perspectiva de futuro, há grandes chances de que eu só faça o mesmo tratamento se ele não ocupar muitas horas dos meus dias, se não me deixar enjoada, com mal-estar, se não me privar de coisas que eu gostaria de fazer antes de partir. Se, no fim das contas, não fizer com que eu me lembre o tempo todo da minha doença; com que eu me torne a minha doença”. Compre o livro “A Vida Afinal" neste link.


Sobre a autora
Cynthia Pereira de Araújo
é advogada da União, membro da Advocacia-Geral da União desde 2009, e coordenou a atuação contenciosa na área de saúde de Minas Gerais (2014-2015). Mestre e doutora em Direito pela PUC-Minas, sua tese, Existe direito à esperança? Saúde no contexto do câncer e fim de vida, foi indicada pelo programa de pós-graduação da PUC-Minas ao prêmio Capes de Teses 2020. Em 2021, foi convidada para expor sua pesquisa no 9º Simpósio Internacional Oncoclínicas e Dana Farber Cancer Institute. Nasceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, e mora em Belo Horizonte, em Minas Gerais, com o marido Daniel e a filha Beatriz, para quem compôs a música “Beatriz II”, lançada em 2022. Garanta o seu exemplar de “A Vida Afinal" neste link.


Ficha técnica
“A Vida Afinal: conversas Difíceis Demais para se Ter em Voz Alta”
Autora: Cynthia Araújo
Editora Paraquedas, 2024
Número de páginas: 158
ISBN: 978-65-84764-54-5 
Compre o livro neste link.

.: Andrea Schwarz lança o livro "Eu Parei de Andar e Aprendi a Voar"


Publicado pela editora FinAppLab, a obra conta como a autora transformou desafios em asas. Prepare-se para se emocionar, se inspirar e, acima de tudo, aprender a voar! Lançamento e autógrafos no dia 27 de novembro na Livraria da Travessa do Shopping VillaLobos, às 19h. Foto: divulgação


Aos 22 anos, um acontecimento inesperado tornou Andrea Schwarz em uma pessoa com deficiência, desafiando seus sonhos e projetos para o futuro. Enfrentando as barreiras impostas pela sociedade, a autora transformou seus desafios em asas. Com coragem, disciplina e uma pitada de rebeldia, ela enfrentou as dificuldades e demonstrou que é possível construir uma vida admirável e alcançar realizações significativas. Com uma narrativa emocionante e repleta de aprendizados, "Eu Parei de Andar e Aprendi a Voar", publicado pela editora FinAppLab, é um convite para todas as pessoas que desejam conquistar seus sonhos, independentemente dos desafios impostos pela vida. 

Neste livro, Andrea aborda temas como a inclusão, a acessibilidade, o propósito de vida e o empreendedorismo feminino, mas também fala sobre a importância do autocuidado, da autoaceitação e de valores como o amor e a família. A partir de suas vivências, a autora  ensina que os maiores obstáculos muitas vezes estão nas percepções sociais e nas barreiras estruturais, e que com determinação, utilizando apenas nossos próprios recursos, podemos viver uma vida plena e repleta de significados e realizações.  

O livro foi mais uma das conquistas da autora. “Sou uma pessoa de sucesso, e sucesso para mim é ser capaz de realizar os meus sonhos e ser feliz sendo quem eu sou”, comenta Andrea. Para levar o leitor às alturas, ela contou coma parceria da editora FinAppLab, que alça voo junto com a autora nesta publicação.

Em solo editorial, a editora boutique 360º FinAppLab dá seus primeiros passos para ocupar o nicho de publicações voltadas para autores em busca de inovação. “Buscamos inspirar públicos diversos, conectando autores inovadores e leitores apaixonados, promovendo transformação pessoal e profissional”, afirma a CEO Daniela Metzger Rochman.

Os números do mercado editorial reforçam essa tendência de crescimento. No cenário global, mais de 2,2 bilhões de livros são vendidos anualmente, gerando um faturamento estimado de US$ 78,07 bilhões em 2023, conforme dados do Wordsrated. Esse montante representa um aumento de 2,53% em relação ao ano anterior, refletindo o interesse crescente pela leitura e pela publicação de novos autores. No Brasil, o setor também apresenta força: o faturamento das editoras brasileiras alcançou R$ 4 bilhões no último ano, atendendo cerca de 25 milhões de leitores, onde 74% dos consumidores brasileiros manifestaram intenção de realizar novas compras nos próximos três meses, segundo a Câmara Brasileira do Livro. Compre o livro "Eu Parei de Andar e Aprendi a Voar" neste link.


Sobre a autora
Andrea Schwarz é uma empreendedora social, palestrante, influenciadora digital, ativista que transforma desafios em oportunidades. Aos 22 anos, tornou-se uma pessoa com deficiência, e descobriu seu propósito: construir um mundo mais acessível, inclusivo e empático. Fundadora da iigual, consultoria especializada em inclusão e diversidade, a autora já impactou grandes empresas e ajudou mais de 20 mil pessoas com deficiência a entrarem no mercado de trabalho. Foi nomeada entre as 500 Pessoas Mais Influentes da América Latina em 2021, 2022, 2023 e 2024 pela Bloomberg Línea. Entrou na lista das 22 mulheres mais influentes pela revista Marie Claire. Recebeu em 2024 o Prêmio Ibest que colocou o perfil da Andrea entre os 10 melhores de diversidade e inclusão e foi a primeira mulher com deficiência a ser reconhecida como LinkedIn Top Voice. Andrea parou de andar e aprendeu a voar! Garanta o seu exemplar de "Eu Parei de Andar e Aprendi a Voar" neste link.


Serviço
Lançamento do livro "Eu Parei de Andar e Aprendi a Voar"

Quarta-feira, dia 27 de novembro de 2024, às 19h00
Livraria da Travessa - Shopping VillaLobos - São Paulo
Compre o livro neste link.

sábado, 23 de novembro de 2024

.: Japan House São Paulo apresenta exposição "A Vida Que Se Revela"


Um diálogo visual entre o trabalho das fotógrafas japonesas Rinko Kawauchi e Tokuko Ushioda, a mostra destaca pontos em comum entre duas gerações distintas. Neste diálogo, o público independente de seu país de origem ou da geração, poderá se identificar com o ambiente doméstico e momentos em família e refletir sobre o futuro do lar e da família em constante evolução. Foto: Gabriela Portilho


Realizada pela primeira vez no Brasil, a exposição “A Vida Que Se Revela” ocupa o segundo andar da Japan House São Paulo até dia 13 de abril de 2025, com entrada gratuita. Em colaboração com o “Kyotographie International Photography Festival” - reconhecido como um dos mais importantes eventos do gênero desde sua criação em Quioto em 2013 – a mostra exibe quatro séries de fotografias produzidas por Rinko Kawauchi (1972) e Tokuko Ushioda (1940), que retratam momentos familiares e a intimidade de seus lares no Japão. 

As séries, que capturam momentos com a família ou cenas cotidianas do lar, são baseadas em um diálogo entre essas duas importantes fotógrafas japonesas, Rinko Kawauchi e Tokuko Ushioda, que receberam grande reconhecimento no "Kyotographie International Photography Festival 2024".   

Kawauchi comenta o motivo por ter escolhido a Ushioda, que já conquistou vários prêmios e está expondo na América Latina pela primeira vez aos 84 anos de idade, como parceira desta interlocução: “Eu respeito o fato de que ela tem atuado como fotógrafa desde uma época em que a participação das mulheres na sociedade era difícil, além do fato e que ela encara a vida com sinceridade”

Dentre os fotógrafos da atualidade, Kawauchi é conhecida por suas reflexões profundas e pessoais de sua família. Seu estilo, que ressalta a fragilidade e a vitalidade fundamental escondidos no objeto retratado com a sua delicada sensibilidade, teve reconhecimento internacional e, em 2007, seu trabalho foi exibido no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Brasil. 

“São formas muito poéticas de mostrar esses cotidianos com um olhar bem cuidadoso e muito pessoais para os pequenos detalhes e momentos, alguns comuns, outros inusitados e até divertidos. O que a gente espera é que o público se aproxime desse dia a dia, que crie uma certa intimidade com a vida dessas duas mulheres, que nada mais é do que a vida de uma pessoa comum no Japão e que pode ter tanto em comum com as nossas vidas aqui, do outro lado do mundo”, comenta Natasha Barzaghi Geenen, Diretora Cultural da Japan House São Paulo. 

A série “Cui Cui”, de Kawauchi, documenta, ao longo de 13 anos, momentos do ciclo de vida de sua família como o casamento de seu irmão, o falecimento de seu avô e o nascimento de seu sobrinho. O título da série foi escolhido pela fotógrafa ao se deparar com a expressão francesa usada para descrever o gorjeio do pardal, canto possível de ser ouvido nas mais diversas partes do mundo, e, portanto, uma metáfora perfeita para os sons cotidianos que permeiam a vida familiar de Kawauchi. Já em sua série, “as it is” (algo como “tal como é”, em tradução livre), Rinko registra os três primeiros anos de vida de sua filha, complementada por uma projeção em vídeo.  

Na série “Ice Box”, Ushioda documenta, ao longo de 22 anos, a intimidade de famílias de parentes e amigos utilizando geladeiras como um ponto fixo de referência, oferecendo uma perspectiva única sobre a vida doméstica e a conexão familiar da época. Já em “My Husband”, ela compartilha cenas do cotidiano com seu marido e filha, registradas em um pequeno apartamento de estilo ocidental durante a década de 1970. 

A Japan House São Paulo oferece várias atividades paralelas para proporcionar aos visitantes uma compreensão mais profunda acerca da exposição. Destaque para uma visita guiada no dia 19 de novembro, às 15hs, conduzida pela fotógrafa Tokuko Ushioda e por Yusuke Nakanishi, co-fundador e diretor do festival Kyotographie – International Photography Festival. Outro evento importante que acontece também na terça-feira (19), às 19h, é um bate papo com Tokuko Ushioda, mediado pelo fotógrafo e pesquisador brasileiro, Lucas Gibson. Na ocasião, o público poderá conhecer sobre a trajetória da fotógrafa e se aprofundar nas séries “Ice Box” (Caixa de Gelo) e “My Husband” (Meu Marido), presentes na exposição.  “A vida que se revela” integra o programa JHSP Acessível, oferecendo recursos táteis, audiodescrição e vídeo em libras para proporcionar acessibilidade a todos os visitantes. 

Sobre Rinko Kawauchi
Rinko Kawauchi nasceu em 1972, em Shiga, no Japão. Graduou-se em fotografia e design gráfico na Seian Women’s College (atual Seian University of Art and Design, em Saga) em 1993, e trabalhou como fotógrafa freelancer em publicidade durante anos. Em 2002 recebeu o 27º Prêmio Kimura Ihei por sua série Utatane e Hanabi. Em 2023, foi laureada com o Prêmio Mundial de Fotografia da Sony por sua excepcional contribuição nesse campo. A obra de Kawauchi é exibida com frequência em mostras no Japão e ao redor do mundo, como na Fundação Cartier em Paris e no The Photographer’s Gallery em Londres. 

Sobre Tokuko Ushioda
Tokuko Ushioda nasceu em 1940, em Tóquio, Japão. Graduou-se na Kuwasawa Design School em 1963, onde teve aulas com os fotógrafos Yasuhiro Ishimoto e Kiyoji Otsuji. Entre 1966 e 1978 deu aulas na Kuwasawa Design School e na Tokyo Zokei University. Em 2018, sua série Bibliotheca lhe garantiu os prêmios Domon Ken, Photographic Society of Japan na categoria “Lifetime Achievement”, e o Higashikawa Awards na categoria “The Domestic Photographer Award”. Em 2019, ganhou o Prêmio Especial Kuwasawa, e em 2022, o Prêmio Especial do Júri no Paris Photo – Aperture PhotoBook com a série My Husband. 


Serviço
Exposição “A Vida Que Se Revela”
Período: até dia 13 de abril de 2025
Local: Japan House São Paulo, segundo andar - Avenida Paulista, 52, São Paulo/SP 
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 10h00 às 18h00; sábados, domingos e feriados, das 10h00 às 19h00.
Entrada gratuita. Reservas online antecipadas (opcionais) no site.

.: Entrevista: Antonio Pokrywiecki expõe medo do futuro em conversa


Uma geração criada em meio às consequências do neoliberalismo, assistindo filmes apocalípticos e observando a degradação ambiental em escalada, parece compartilhar uma série de temores. Utilizando-se da sátira e do potencial inventivo do conto para forçar as barreiras entre realidade e ficção, o autor Antonio Pokrywiecki aborda esses temores em “Dentes de Leite”, lançamento do selo Cachalote, da editora Aboio. As narrativas da obra, mesmo que  fragmentadas, conseguem criar um retrato certeiro da realidade contemporânea.

Pokrywiecki nasceu em Joinville, em Santa Catarina, e atualmente vive em São Paulo, capital. Ele estreou na literatura com o romance “Tua Roupa em Outros Quartos” (Patuá, 2017) e tem contos publicados nas antologias “2020, o Ano que Não Começou” (Reformatório, 2021), “Antologia - Contos” (Selo Off Flip, 2022) e “Realidades Estilhaçadas” (Mondru, 2023). Compre o livro "Dentes de Leite" neste link.


Quais são os temas centrais de “Dentes de Leite”?
Antonio Pokrywiecki - Embora o livro não tenha a intenção de debater temas específicos, após a escrita eu me dei conta de que alguns temas permeavam todos os textos: o medo do futuro, a opressão pelo trabalho e o hedonismo deprimido.


Por que você decidiu abordar esses temas?
Antonio Pokrywiecki - A consciência do fim do mundo é algo que faz parte da minha identidade, da minha forma de viver, das escolhas que faço desde quando acordo até quando me deito, embora eu sempre tenha recalcado esse sentimento. Acredito que muitas pessoas da minha geração se identifiquem com isso. Em meu livro há uma miríade de personagens erráticos ou fetichistas, escravos de um prazer individualizado e cada vez menos possível. Essa busca incessante e solitária pelo prazer é resultado de um esgotamento de alternativas políticas e sociais ao neoliberalismo. A sensação é de impotência coletiva, algo que Mark Fischer cunhou como hedonismo deprimido, e que permeia muito do meu texto. 


O que te motivou a escrever essa obra?
Antonio Pokrywiecki - Eu vinha trabalhando na escrita de um romance, e a verdade é que o processo de escrita de romance, para mim, é sempre torturante. Você se enfia em um buraco e não sabe como sair dele, fica meses sem encontrar o caminho de volta. Você fica travado, passa meses travado. Aí você se encontra e retoma a escrita, ou desiste. Foi o que eu fiz.


Por que você optou por contos?
Antonio Pokrywiecki - Desisti de escrever o romance e passei a escrever contos como uma forma de reencontrar a diversão na escrita, na invenção. Escrever contos, para mim, é como passar uma noite divertida com alguém, em que tudo pode acontecer. Você não tem um compromisso de longo prazo com a forma, com o estilo. Suas decisões podem ser revertidas em poucas páginas, quando uma nova história se inicia. Isso dá ao autor uma liberdade que o romance nem sempre permite.


De onde surgiu o título “Dentes de Leite”?
Antonio Pokrywiecki - De certa forma, o título veio antes do livro. “Dentes de Leite” foi um título que pensei aos  dezoito anos, para um livro que reunisse meus primeiros contos. Acabei desistindo da ideia, até que, dez anos depois, conforme o livro ganhava forma, eu escrevi um conto no qual um menino tem seus dentes arrancados em um episódio de violência escolar. É um conto muito especial para mim, porque explora essas experiências definidoras da infância e da juventude, que deixam marcas permanentes, algo que também está presente em outros contos. Os dentes são descartados, mas fica a lembrança de tê-los arrancados. “Dentes de Leite” foi uma escolha óbvia de título para mim e acabou, meio que sem querer, amarrando o livro.


Por que você escolheu contos fragmentados para essa obra?
Antonio Pokrywiecki - Quando eu começo a escrever um conto, eu nunca sei o que vai acontecer ao fim da história. Geralmente começo por uma cena, que puxa outra, que puxa outra. Isso faz com que meu processo de escrita seja fragmentado por si só. Eu vou descobrindo a história conforme avanço, e o leitor também. No fim, a soma das partes gera uma compreensão do todo. Esse é o motivo pelo qual os contos deste livro são fragmentados, é meu processo de criação. Existe uma tendência geral a fragmentação de conteúdo em vídeos curtos, parágrafos curtos, filmes curtos, músicas curtas. Tudo são pílulas e cortes, com a liberdade para acelerar e pular o que for. Existe uma obsessão por eficiência comercial, conquistar a atenção do consumidor exigindo o mínimo atrito, para se manter competitivo mercadologicamente. Minhas intenções passam longe disso, e evito pensar muito na experiência de leitura. Na literatura, paradoxalmente, a fragmentação exige mais do leitor, que leva mais tempo para entrar no texto, exigindo mais concentração e dedicação. Acaba sendo menos como uma história, mais como um quebra-cabeças que se monta a dois. Embora eu não queira propor um contraponto à lógica do algoritmo, acredito que ignorá-la e escrever sem abrir concessões seja uma forma de recusa. 

Quais são suas inspirações na escrita?
Antonio Pokrywiecki - O livro levou quatro anos para ser escrito, e foi influenciado, em forma e conteúdo, por muita coisa, além de literatura e arte. Eu sou fascinado por autoajuda, por exemplo, e às vezes sou influenciado por uma peça publicitária, desenho animado, reality show, livros técnicos e de negócios. Eu me divirto em livrarias de aeroporto, por exemplo.


Quais escritores te influenciaram?
Antonio Pokrywiecki - Na literatura, sou um entusiasta do Oulipo, especialmente influenciado por Georges Perec, do pós-modernismo norte-americano e do conto argentino. Destacaria também Roberto Bolaño, Lydia Davis, George Saunders e Donald Barthelme, que são autores-chave, para mim, quando se trata de escrita em formas breves.


Qual sua principal estratégia para desenvolver seu processo criativo?
Antonio Pokrywiecki - Meu processo criativo se baseia em fazer longas caminhadas pelo bairro e tentar escrever todos os dias. Sou bastante disciplinado nesse sentido, e acredito que a constância viabilize  a criatividade. Caminhar é a parte mais importante, para mim. Quando estou bloqueado, geralmente é porque não andei o bastante. Boa parte dos contos surgiram de ideias que tive caminhando, e anotei imediatamente. Com "Nico e Kira" tive a ideia inicial do conto enquanto caminhava na praia, sem nada para anotar. Lembro que naquele dia interrompi a caminhada ali mesmo, e voltei apressado para casa, repetindo a ideia em voz alta para não esquecer. Esquecer uma ideia é a pior coisa que pode acontecer, é imperdoável. De modo geral, meus contos surgiram com algum estalo, uma coceira, uma dor de dente. Nunca começo a escrever com uma ideia clara de como vou finalizar. É o trabalho diário de escrita - e investigação - que orienta o caminho da história, permitindo que o texto se mova em direções não planejadas. E para isso, é necessário constância e paciência. A maior parte dos contos deste livro levaram meses para serem escritos. 

Na sua obra, há uma recusa à verossimilhança, por que você fez essa escolha?
Antonio Pokrywiecki - Para mim, o realismo é uma doença, e a tradição literária brasileira está molecularmente contaminada. O compromisso com a verossimilhança impõe limitações criativas ao texto, impede que a história se desenvolva de tantas outras maneiras mais inventivas. Meus contos, de modo geral, são enquadrados dentro de parâmetros realistas, mas deixo o caminho aberto para outras possibilidades.  


Escrever o livro te ajudou de alguma forma a encarar os desafios da atualidade e a realidade que você aborda nos contos?
Antonio Pokrywiecki - Escrever me ajuda todos os dias a encarar o insólito da vida. Quando não estou escrevendo, estou ansioso e perdido. Minha vida só está em ordem quando estou trabalhando em alguma história, quando sinto que a roda está girando dentro da minha cabeça. Assim, consigo lidar com o que for. A única forma que tenho de lidar com os problemas, do mundo e os meus, os que controlo e os que não controlo, é escrevendo. O processo de escrita, que é um processo de investigação e descoberta, cria um paradoxo interessante, em que aquilo que me causa incômodo é a principal, a melhor e talvez a única ferramenta de trabalho que tenho. É um ciclo de dependência, vicioso mas também virtuoso, onde dependo do insólito para exercer o que amo - e em consequência, acabo por amar também o insólito.



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