sábado, 10 de maio de 2025

.: Teatro: "Trilogia Kafka" reflete sobre os sistemas de violência e desumanização


Montagem do Grupo Garagem 21 mistura referências do teatro de Tadeusz Kantor, das HQs e dos desenhos animados para contar a história dos textos "Um Artista da Fome", "Comunicado a uma Academia" e "Carta ao Pai" do autor tcheco. Foto: João Caldas

Buscando ampliar o debate sobre violência estrutural que leva à alienação, o diretor Cesar Ribeiro estreia seu novo trabalho, "Trilogia Kafka". O espetáculo faz sua temporada de estreia no Teatro do Núcleo Experimental entre os dias 23 de maio e 30 de junho, com sessões às sextas, aos sábados e às segundas, às 20h00; e, aos domingos, às 19h00, totalizando 24 sessões. No elenco estão Helio Cicero, André Capuano e Pedro Conrado.

A peça apresenta três textos curtos do escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924): "Um Artista da Fome", que conta a história de um artista cujo trabalho é passar fome publicamente e que se sente excluído da sociedade após uma mudança cultural que desvalorizou seu ofício; "Comunicado a uma Academia", sobre um macaco falante que relata a diversos intelectuais sua transição de animal para quase humano e como se tornou um artista de renome no teatro musical; e "Carta ao Pai", em que Kafka escreve ao pai para expor a mágoa diante de seu autoritarismo. A montagem ainda conta com outro escrito na abertura. "Diante da Lei" revela ao público um homem que vai até a porta da lei pedindo acesso à Justiça, sempre negado. 

Entre as referências teóricas do projeto estão obras da socióloga brasileira Maria Cecília de Souza Minayo, que define a violência estrutural como aquela "gerada por estruturas organizadas e institucionalizadas, naturalizada e oculta em estruturas sociais, que se expressa na injustiça e na exploração e que conduz à opressão dos indivíduos", e do jornalista e ativista indiano Pothik Gosh, que destaca o tema da justiça na obra kafkiana, entendida como uma esfera em que há completa ausência de sentido que não seja pelo fato de ser uma pura força de dominação, por meio de uma dialética em que a lei inclui ao excluir e exclui ao incluir, refletindo uma realidade em que as pessoas são excluídas hierarquicamente e incluídas produtivamente. 

Esse conceito remete à noção de corpos produtivos e corpos matáveis, abordando as políticas de morte e segregação presentes na sociedade contemporânea – assim como, na sociopolítica, abrange os movimentos de luta por soberania e direitos, em que os oprimidos podem escapar da opressão em certo momento temporal, mas os sistemas de opressão persistem.Apoie o Resenhando.com e compre os livros de Franz Kafka neste link.

Sobre a encenação
Dando sequência ao trabalho realizado pelo grupo Garagem 21 em Dias Felizes, O Arquiteto e o Imperador da Assíria e Esperando Godot, a montagem de Trilogia Kafka propõe uma visão das diversas faces dos sistemas de violência, observando, quase com uma lente de aumento, a relação entre opressores e oprimidos. Por meio dessas narrativas, a peça levanta questionamentos sobre temas como justiça, liberdade, censura, repressão, direito e democracia. 

"Debater esses conceitos é muito importante neste momento em que os fascistas propositadamente e estrategicamente buscam uma confusão desses termos, que abrangem até a tentativa de vitimização de bandidos que tentaram um golpe de estado", defende Cesar. Para dar conta da dualidade liberdade-dominação, tão presente na obra de Kafka, o cenógrafo J. C. Serroni propôs uma instalação que remete a um grande presídio. O chão preto está cheio de marcas de sangue, como se o local tivesse enfrentado uma chacina recente, simbolizando as vozes dos grupos silenciados ao longo das violências históricas. 

"Há uma grade cercando o fundo da plateia, uma grade dividindo público e plateia, que é removida depois da primeira cena, e diversas celas similares a jaulas em que ocorrem partes das narrativas. Os espaços se multiplicam conforme a narrativa por meio do desenho de luz e dessas variações cenográficas, colocando o público também dentro dessa dualidade perpetrador-vítima", detalha o diretor. 

Ao mesmo tempo, a composição das cenas foi inspirada na gestualidade do teatro de Tadeusz Kantor e na linguagem das HQs e dos desenhos animados. "Quisemos representar o humano e a humanidade sem dar a aparência de realidade. Por isso, partimos para referências que nos ajudassem a construir nosso próprio universo estético", comenta Cesar. Assim, a montagem foi tomando forma quadro a quadro, a partir de uma visão sobre direção de arte, formação da imagem e formação do olhar que incluem partituras gestuais, desenhos de luz, visagismo e figurinos. 

"Em 'Carta ao Pai', por exemplo, há um momento em que o escritor se lembra de sua infância e da vergonha ao ver seu corpo ainda pouco formado ao lado de seu pai forte quando vão nadar. Ele fala como se estivesse falando com o pai, mas na visão da criança o pai é um gigante, então ele olha muito para o alto, ficando nessa imagem durante esse tempo da narrativa. A montagem é decodificada sempre dentro desse campo simbólico, e não de tentativa de reprodução da aparência da realidade, o que não deixa de ser quase uma exigência quando você tem em uma narrativa um macaco falante", acrescenta.

Para o figurino, assinado por Telumi Hellen, existe a mistura de visual futurista com a moda elisabetana. Isso porque os artistas querem transmitir a noção de que, embora existam avanços em relação aos direitos humanos e progressos tecnológicos, a realidade apresenta um constante estado de guerra de grupos humanos privilegiados contra outros grupos humanos. "Em última instância, enquanto houver capitalismo haverá a construção de ossadas", pontua Cesar.

Em decorrência disso, as narrativas variam a voz central. "No primeiro texto há a voz de um antigo opressor que se tornou oprimido em um novo tempo histórico; no segundo, um ser aculturado pela violência torna-se um opressor e agente do sistema; no terceiro texto, o oprimido ganha voz e apresenta uma espécie de teologia da libertação", conclui o diretor. Apoie o Resenhando.com e compre os livros de Franz Kafka neste link.


Sinopse
A montagem reúne três textos curtos de Franz Kafka: em Um Artista da Fome é narrada a trajetória de um artista cujo trabalho é passar fome publicamente e que se sente excluído da sociedade após uma mudança cultural que desvalorizou seu ofício; Comunicado a uma Academia apresenta a história de um macaco falante que relata aos membros de uma academia sua transição de animal para quase humano; já em Carta ao Pai, Kafka escreve ao pai uma carta em que expõe a mágoa diante de seu autoritarismo. Abrindo a montagem ainda está o breve texto Diante da Lei, em que um homem vai até a porta da lei pedindo acesso, sempre negado. Com uma linguagem influenciada pelo teatro de Tadeusz Kantor e a linguagem de HQs e desenhos animados, o espetáculo aborda os modos com que os sistemas de violência conduzem à alienação.


Ficha técnica
Espetáculo "Trilogia Kafka"
Texto: Franz Kafka
Adaptação, direção e trilha sonora: Cesar Ribeiro
Atuação: Helio Cicero, André Capuano e Pedro Conrado
Cenografia: J. C. Serroni
Figurinos: Telumi Hellen
Iluminação: Rodrigo Palmieri
Produção: Marisa Medeiros
Assessoria de imprensa: Canal Aberto
Coordenação de projeto: Edinho Rodrigues

Serviço
Espetáculo "Trilogia Kafka"
Temporada: 23 de maio a 30 de junho, às sextas, aos sábados e às segundas, às 20h; e, aos domingos, às 19h
Teatro do Núcleo Experimental – Rua Barra Funda, 637 – São Paulo
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia-entrada)
Venda online em https://www.sympla.com.br/
Bilheteria física (sem taxa de conveniência): Teatro do Núcleo Experimental
Horário de funcionamento: em dias de espetáculos, a bilheteria abre 1h antes do início da apresentação.
Duração: 100 minutos
Classificação: 12 anos
Capacidade: 65 pessoas

.: Exorcista da Igreja Católica revela bastidores de possessões demoníacas


Especialista em demonologia e reconhecido pelo Papa Francisco, Padre Carlos Martins mostra como a fragilidade emocional abre brechas para a manifestação do mal


Longe do sensacionalismo das produções cinematográficas sobre possessões, o livro "Exorcista - Os Arquivos Secretos" revela em detalhes como o mal assombra em silêncio. Considerado um dos maiores especialistas em demonologia e fenômenos sobrenaturais da atualidade, Padre Carlos Martins abre seu diário de exorcismos e compartilha os casos que presenciou de levitação, vozes sobre-humanas, ataques físicos invisíveis e manifestações espirituais que desafiam toda lógica.

Nesta obra, que chega ao Brasil pela Citadel Editora, o autor destaca a importância de diferenciar distúrbios psicológicos de manifestações malignas e explica que nenhuma sessão de esconjuro é iniciada sem avaliações criteriosas, conduzidas, inclusive, por equipes médicas. Ao mesmo tempo, Padre Martins revela como doenças físicas e mentais, traumas, ambientes familiares disfuncionais e práticas espirituais distorcidas atuam como porta de entrada para o mal.

Trecho do livro
"[...] demônios trabalham para se misturar às condições e circunstâncias de seu hospedeiro de forma discreta. A doença mental costuma ser o disfarce perfeito porque os membros da família e a equipe médica acreditam ser ela – e não o demônio – a razão do comportamento aberrante da vítima." ("Exorcista - Os Arquivos Secretos", p. 29)

Livro vem de um podcast de sucesso
Um dos episódios detalhados no livro é o de Cheryl, uma mulher atormentada pelo desejo de ser mãe. Frustrada por não conseguir engravidar e mergulhada em uma depressão profunda, ela procura respostas no ocultismo, sem imaginar que abriria uma perigosa brecha espiritual. O sofrimento emocional logo dá lugar a episódios de violência, vozes graves e uma presença que a dominava.

Assim como nesse ocorrido, o padre mostra que não se trata “apenas” de expulsar o demônio: é necessário fechar brechas, tratar as feridas da alma e restaurar a dignidade da vítima. Sem esse processo, o inimigo retorna para o corpo ainda mais forte e vingativo. O exorcismo, de acordo com o autor, é mais do que um ritual: é uma batalha travada entre dois reinos, em que o profissional atua como um soldado armado com fé, autoridade e discernimento.

Para além dos relatos, o sacerdote apresenta o entendimento da Igreja sobre a atividade demoníaca: o que caracteriza uma possessão, de que forma os espíritos malignos se infiltram na vida das pessoas, como ocorre uma sessão de exorcismo e por que os demônios recorrem à possessão como forma de alívio. “Sua experiência da realidade é ainda mais dolorosa e exaustiva quando ele não está possuindo, semelhante à dor que um deserto seco e sem conforto oferece a quem o suporta”, explica o escritor.

Antes ateu, Padre Carlos Martins se converteu na juventude, tornou-se sacerdote e atuou por anos como exorcista – profissão que afirma jamais ter escolhido por vontade própria. Hoje, percorre o mundo como evangelizador e missionário da misericórdia, nomeado pelo Papa Francisco, com o objetivo de despertar a fé na população. Desdobramento do podcast de sucesso "The Exorcist Files", o livro "Exorcista - Os Arquivos Secretos" apresenta relatos perturbadores de possessão, que há muito aguçam a curiosidade e o temor em torno da fúria do demônio sobre a miséria humana. Apoie o Resenhando.com e compre o livro "Exorcista - Os Arquivos Secretos" neste link.   

Sobre o autor
Nascido no Canadá, Padre Carlos Martins é um dos mais renomados especialistas em atividade demoníaca e sobrenatural do mundo. Seu podcast de sucesso, "The Exorcist Files", atraiu milhões de ouvintes para encenações cheias de suspense de casos de exorcismo e os ensinamentos que os acompanham. Antes ateu, o Padre Martins descobriu Jesus Cristo quando era estudante. Agora padre católico e evangelizador apaixonado, viaja internacionalmente como pregador itinerante e é um renomado especialista em santos católicos e suas relíquias, tendo recebido a designação eclesiástica de Custos Reliquiarum. Exerce a função de Diretor de Tesouros da Igreja, um ministério de evangelização patrocinado pelo Vaticano que usa relíquias dos santos para comunicar a presença do Deus vivo. Papa Francisco designou Padre Martins como um Missionário da Misericórdia, com faculdades especiais para servir como delegado papal em todo o mundo.Apoie o Resenhando.com e compre o livro "Exorcista - Os Arquivos Secretos" neste link.

.: MASP apresenta exposição de Monet com obras inéditas no Hemisfério Sul


Mostra aborda a complexa relação do impressionista com as transformações da natureza no final do século XIX. Na imagem, Claude Monet, Ponte de Waterloo, 1903, McMaster University, McMaster Museum of Art, doação Herman H. Levy, 1984, Hamilton, Canadá. Foto: Robert McNair


O MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand anuncia a exposição "A Ecologia de Monet", apresentando uma leitura contemporânea sobre a relação de Claude Monet (1840–1926) com a natureza, as transformações ambientais, a modernização da paisagem e as tensões entre ser humano e natureza. A exposição apresenta obras que perpassam grande parte da carreira do artista - das décadas de 1870 até 1920 -, revelando diferentes momentos de sua relação com a paisagem e com o meio ambiente. Em cartaz de 16 de maio a 24 de agosto de 2025, a exposição reúne 32 pinturas do impressionista francês, sendo a maioria inédita no hemisfério sul.

Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Fernando Oliva, curador, MASP, e com assistência de Isabela Ferreira Loures, assistente curatorial, MASP, a exposição aborda diferentes aspectos da relação de Monet com a ecologia em cinco núcleos: Os barcos de Monet; O Sena como Ecossistema; Neblina e Fumaça; O Pintor como Caçador; Giverny: Natureza Controlada.  

“É inegável que o artista teve um olhar atento para as transformações ambientais de seu tempo, documentando desde a industrialização crescente até fenômenos naturais, como enchentes e degelos. No entanto, a relação de Monet com a ecologia da época era outra, muito diferente das dimensões atuais do termo, tanto no campo das ciências do clima como no da história da arte. Ainda assim, é possível traçar leituras contemporâneas sobre o seu trabalho, especialmente se considerarmos a força e o impacto que sua obra segue exercendo na sociedade”, afirma Fernando Oliva.

O núcleo “O Sena como Ecossistema” aborda a água como um motivo constante na produção do artista, que cresceu na cidade do Havre, no norte da França, onde o rio Sena deságua no Oceano Atlântico. Ao longo da vida, Monet percorreu grande parte dos 776 km do rio e seus afluentes, desenvolvendo uma relação profunda com as paisagens fluviais, que também expressam os hábitos sociais e o processo de industrialização. Na mostra, a importância do Sena para a vida e a obra do artista também é representada em um painel expográfico curvo que simboliza o percurso do rio. 

O curso d’água também tem destaque no núcleo “Os Barcos de Monet”, no qual o impressionista apresenta o afluente do rio Sena em uma imersão. As barcas são mostradas de pontos de vista elevados, eliminando, assim, a noção de uma linha do horizonte. A correnteza do rio é destacada por pinceladas onduladas em tons de vermelho e amarelo que se somam ao verde intenso.

O núcleo “Neblina e Fumaça” discute como Monet representou as transformações urbanas e industriais de seu tempo. A energia a vapor, as fábricas em expansão, a produção de carvão e as rápidas mudanças nos meios de produção modificaram o horizonte das cidades do século XIX, fazendo com que as torres das igrejas passassem a competir com as chaminés na paisagem urbana. Os trabalhos em que o artista retrata as pontes de Waterloo e de Charing Cross, de Londres, são emblemáticos, pois dão a ver a forma como Monet explorou a perspectiva atmosférica com cores e pinceladas singulares, conferindo espessura à neblina e evidenciando o ar carregado pela fumaça liberada pelas indústrias instaladas às margens do rio Tâmisa.

“O Pintor como Caçador” parte das longas caminhadas de Monet à procura de boas vistas as quais pintar ou, como ele próprio dizia, boas “impressões”. Se no início de sua produção o artista se limitava a áreas de fácil acesso, especialmente após os anos 1880 passou a se aventurar por trilhas em busca de pontos de vista originais. Nesse núcleo também são apresentadas pinturas de Monet realizadas em suas viagens pela costa francesa —Normandia, Bretanha e Mediterrâneo —, além de passagens por outros países, como a Holanda. 

“Giverny: natureza Controlada” apresenta obras como "A Ponte Japonesa" (1918–1926) e "A Ponte Japonesa sobre a Lagoa das Ninfeias em Giverny" (1920–1924), concebidas pelo pintor no refúgio que criou nos jardins de sua propriedade na cidade de Giverny, onde viveu por mais de quatro décadas. Esse núcleo faz uma reflexão sobre a paixão de Monet por seus jardins, que também pode ser analisada como um desejo de controlar e moldar a natureza. 

“A exposição reflete uma relação complexa do pintor com a paisagem natural e o meio ambiente. Em suas pinturas coexiste um elogio ao meio ambiente e uma tentativa de organizá-lo, de contê-lo”, conclui Oliva. "A Ecologia de Monet" integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da ecologia. A programação do ano também inclui mostras de Hulda Guzmán, "Mulheres Atingidas por Barragens", Frans Krajcberg, Clarissa Tossin, Abel Rodríguez, Minerva Cuevas e a grande coletiva "Histórias da Ecologia".


Sobre o artista
Claude Monet (1840–1926) foi um dos fundadores e principais expoentes do movimento impressionista, revolucionando a história da arte com sua abordagem inovadora da luz e da cor. Nascido em Paris e criado na Normandia, Monet desenvolveu desde cedo uma sensibilidade única para a natureza e suas transformações. Seu quadro Impressão, "Nascer do Sol" (1872) deu nome ao movimento impressionista. Ao longo de sua carreira, dedicou-se a capturar os efeitos transitórios da luz sobre a paisagem, muitas vezes pintando o mesmo motivo em diferentes horários e condições atmosféricas. 


Acessibilidade
Todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em Libras ou descritivas, além de textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem fácil — com narração, legendagem e interpretação em Libras que descrevem e comentam os espaços e as obras. Os conteúdos, disponíveis no site e no canal do YouTube do museu, podem ser utilizados por pessoas com deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessados em geral.


Catálogo
Por ocasião da mostra, será publicado um catálogo bilíngue, em inglês e português, reunindo imagens e ensaios comissionados que debatem a relação de Monet com a ecologia. O livro tem organização editorial de Adriano Pedrosa e Fernando Oliva, com assistência de Isabela Ferreira Loures. O catálogo tem texto curatorial de Oliva e artigos dos especialistas Ana Gonçalves Magalhães, Caroline Shields, Géraldine Lefebvre, Maria Grazia Messina, Marianne Mathieu, Michael J. Call, Nicholas Mirzoeff e Stephen F. Eisenman.


Loja MASP
Em diálogo com a exposição, a Loja MASP apresenta uma coleção exclusiva inspirada na obra de Claude Monet. A seleção de produtos inclui lenços de seda, vela aromática, aromatizador de ambiente, bolsas, ímãs, postais, marca-páginas, garrafa térmica, camisetas, cadernos de capa dura e bloco de anotação.


Realização
A Ecologia de Monet é realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e tem patrocínio exclusivo de Nubank.


Serviço
"A Ecologia de Monet"
Curadoria: Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Fernando Oliva, curador, MASP, com assistência de Isabela Ferreira Loures, assistente curatorial, MASP
16.5 —24.8.25
1° andar, Edifício Lina Bo Bardi

MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista / São Paulo
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terças grátis, das 10h00 às 20h00 (entrada até as 19h00); quarta e quinta das 10h00 às 18h00 (entrada até as 17h00); sexta das 10h00 às 21h00 (entrada gratuita das 18h00 às 20h30); sábado e domingo, das 10h00 às 18h00 (entrada até as 17h); fechado às segundas.
Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos
Ingressos: R$ 75,00 (entrada); R$ 37,00 (meia-entrada)

sexta-feira, 9 de maio de 2025

.: Evento de lançamento de "Cartografia para Caminhos Incertos" em Itaigara

Ian Fraser homenageia escola onde estudou e recebe fãs para sessão de autógrafos no evento de lançamento de Cartografia para caminhos incertos em Salvador na terça-feira, dia 13 de maio.



O autor Ian Fraser, finalista do Jabuti, receberá leitores e amigos em uma sessão de autógrafos no evento de lançamento de "Cartografia para Caminhos Incertos", seu segundo livro publicado pela Intrínseca, em Salvador. A cerimônia acontecerá a partir das 19h na terça-feira, 13 de maio, no Colégio Anglo-Brasileiro, em Itaigara, escola que fez parte da formação de Ian. A obra é uma história emocionante sobre um jovem poeta que, em busca do amor e de sua cidade itinerante no interior da Bahia, descobre que os caminhos por onde o coração nos leva nem sempre são os mais fáceis. Apoie o Resenhando.com e compre o livro "Cartografia para Caminhos Incertos" neste link.


Sobre o livro:
O quão longe precisamos ir para encontrar aquilo que sempre esteve conosco? Guiado por este questionamento, o autor baiano Ian Fraser escreveu "Cartografia para Caminhos Incertos", seu segundo romance pela Intrínseca, que chega às livrarias em maio. Finalista do Prêmio Jabuti em 2023 com a fabulosa ópera espacial nordestina A vida e as mortes de Severino Olho de Dendê, o autor foi destaque da Bienal do Livro da Bahia no ano passado. Em sua nova obra, ele apresenta uma narrativa fantástica sobre um rapaz que, na busca por sua cidade itinerante, acaba explorando o mais misterioso de todos os territórios: o próprio coração. 

Redenção é uma cidade na Bahia que vive em constante romaria, impossível de ser achada em mapas e alheia a qualquer tipo de geringonça tecnológica. Lá vive Mané, jovem inquieto e sonhador que “inventou de ser poeta”. Um dia, ele recebe um ultimato do namorado, Jeremias: se o próximo beijo do casal não provocar uma revoada de borboletas amarelas  tudo estará acabado entre eles. Em uma arriscada missão para cumprir o desejo do amado, Mané ultrapassa os limites da cidade e se perde de Redenção. Desesperado para retornar aos braços de seu amor e ao único lugar que conheceu como lar, ele inicia uma odisseia para regressar a casa.

Em suas andanças, Mané visita uma série de lugares insólitos: uma torre construída de cima para baixo e cujos andares atravessam diferentes épocas com seus respectivos costumes; dois territórios vizinhos que travam uma guerra inexplicável; uma cidade onde todos vivem num eterno espetáculo teatral. Por onde passa, o poeta conhece pessoas e aprende coisas que ampliam seu horizonte. Ao encontrar o palhaço Severino, Mané entende que o coração nem sempre nos guia por caminhos familiares. Dividido entre as memórias do que deixou para trás e a vastidão do mundo à sua frente, ele irá descobrir o valor de uma vida em movimento. Afinal, como afirma a Bruxa que criou Redenção, “certeza é coisa miúda, cabe no bolso. Grande mesmo é a dúvida”.

Encantador, emocionante e divertido, "Cartografia para Caminhos Incertos" é um relato singular sobre as descobertas que nos acompanham durante toda a vida. Ian Fraser mescla prosa e poesia, subverte forma e conteúdo e mergulha fundo na alma brasileira para apresentar uma narrativa poderosa que demonstra a importância de se perder para finalmente se encontrar. Apoie o Resenhando.com e compre o livro "Cartografia para Caminhos Incertos" neste link.


Serviço:
Lançamento de "Cartografia para Caminhos Incertos", de Ian Fraser
Terça-feira, 13 de maio, a partir das 19h00
Local: Colégio Anglo-Brasileiro - Rua Edith Mendes da Gama e Abreu - Itaigara / Salvador - BA
Entrada franca

.: 3° livro da série best-seller de "Os Dois Morrem no Final" debate saúde mental


Com mais de 250 mil exemplares vendidos no Brasil, Adam Silvera lança o terceiro volume da série Central da Morte, que começou com o best-seller internacional "Os Dois Morrem no Final". A obra, que chega ao Brasil em lançamento simultâneo mundial em maio pela Intrínseca, conta com tradução de Carlos César da Silva e Vitor Martins, e aborda temas importantíssimos como saúde mental e extremismo nas redes sociais. Em "O Sobrevivente Quer Morrer no Final", o autor explora dois personagens já conhecidos: Paz, que aparece em um momento crucial de O primeiro a morrer no final, e Alano, herdeiro da Central da Morte - empresa que consegue prever mortes e avisa às pessoas para que possam viver seus últimos dias ao máximo. 

Paz, um jovem que assassinou o pai para salvar a mãe e a si mesmo, cresceu sendo alvo constante de comentários negativos e ofensivos nas redes sociais. O menino foi inocentado pela justiça por agir em legítima defesa, mas grande parte da sociedade ainda o considera um assassino de sangue-frio. Há poucos meses, um documentário pró-naturalista - grupo de pessoas que são contra os serviços da Central da Morte - o colocou em evidência, e mais uma vez os olhares do público se voltaram para o incidente que mudou a vida de Paz.

Decidido a ser um grande ator, ele é rejeitado no teste para encarnar o personagem dos seus sonhos, de seu livro favorito, por conta da má fama que cerca seu nome. Viver nestas condições acarreta sérios problemas. Paz tentou tirar a própria vida duas vezes e anseia pela oportunidade de tentar a terceira, mesmo que não tenha recebido a ligação que antecipa o seu Dia Final. Pouco tempo antes, o jovem foi diagnosticado com transtorno de personalidade Borderline, laudo que o assusta, ao mesmo tempo que traz respostas importantes sobre como seu cérebro funciona. Tudo o conduz para um fim trágico.

Já Alano é o herdeiro da Central da Morte. O privilégio, porém, não lhe rendeu uma vida tão fácil: ele é constantemente monitorado e só anda com guarda-costas, principalmente após o cenário político se dividir e movimentos extremistas, como a Guarda da Morte, surgirem. O grupo é um braço do movimento pró-naturalista que tenta acabar com a Central de uma vez por todas, mesmo que isso signifique praticar violência contra aqueles que recebem a notícia de que vão morrer. Constantemente, Terminantes - como são chamadas as pessoas que recebem as ligações - são assassinados por eles, a partir de aproximações facilitadas por uma rede social.

Com sua liberdade restrita, Alano decide tomar as rédeas da própria vida. Por coincidência, acaba encontrando Paz em uma situação adversa e, com muito carinho, empatia e amizade, consegue convencê-lo a dar mais uma chance à vida. Juntos, eles fazem um pacto: Alano poderá mostrar que vale a pena viver e Paz se esforçará para acreditar nisso. "O Sobrevivente Quer Morrer no Final" é uma história emocionante e sensível, escrita com maestria, que exalta a importância da empatia ao mostrar que todos podem enxergar a luz no fim do túnel com a ajuda de alguém especial. Apoie o Resenhando.com e compre o livro "O Sobrevivente Quer Morrer no Final" neste link.


Sobre o autor
Adam Silvera é escritor e trabalhou por anos no mercado editorial. Best-seller do New York Times com os fenômenos Os dois morrem no final e O primeiro a morrer no final, também é autor de E se fosse a gente? e E se a gente tentasse?, escritos em parceria com Becky Albertalli, além de Infinity Son e Infinity Reaper, todos sucesso de público e crítica. Adam nasceu e foi criado no Bronx, em Nova York, e atualmente mora em Los Angeles, onde escreve em tempo integral. Foto: Elliot Knight. Apoie o Resenhando.com e compre o livro "O Sobrevivente Quer Morrer no Final" neste link.

.: Igor Miguel Pereira desconstrói o “eu te amo” em romance ambientado no Rio


Publicada pela editora Patuá, “Uma Breve História do Eu Te Amo”, romance do autor, roteirista e documentarista fluminense Igor Miguel Pereira, explora as múltiplas camadas de sentido, sensação e silêncio contidas na frase "eu te amo" em uma história ficcional que mistura relato de paixão, crônicas, entrevistas e teoria amorosa.

A narrativa começa com um encontro durante o carnaval no Rio de Janeiro, onde Pedro conhece Iara. Após uma noite juntos, Iara diz "eu te amo" e desaparece, deixando para trás uma tese de doutorado com o mesmo título do livro. Pedro mergulha na leitura do trabalho, composto por entrevistas, relatos e reflexões sobre diferentes contextos em que a frase foi dita ou ouvida. Ao longo da narrativa, ele começa a ouvir a voz de Iara narrando os trechos da tese, como se ela ainda estivesse presente. O texto se torna corpo, e a leitura, uma presença física.

Ambientado nos bairros do Catete, Glória e Lapa, o livro transforma o Rio de Janeiro em personagem, navegando pelas zonas ambíguas do amor contemporâneo: o desejo e o afastamento, o corpo e o texto, o afeto e a performance. “Falar de amor é também falar de ruído, expectativa, desencontro. “Um 'eu te amo' pode ser um pedido de desculpas, ser cotidiano como um bom dia ou dito para preencher um silêncio insuportável", comenta Igor. Apoie o Reesenhando.com e compre o livro “Uma Breve História do Eu Te Amo” neste link.


Sobre o autor
Igor Miguel Pereira é autor, roteirista e documentarista. Nasceu em Angra dos Reis (RJ), cresceu no interior fluminense e vive no bairro do Catete, no Rio de Janeiro, desde 2011. É formado em Comunicação Social – Jornalismo pela UnB, com especializações em Cinema Documentário (FGV) e Artes da Escrita (Universidade Nova de Lisboa). Publicou seu primeiro livro aos 18 anos e, desde então, alterna entre contos, crônicas e roteiros. “Uma Breve História do Eu Te Amo” é o quinto livro dele. Apoie o Resenhando.com e compre o livro “Uma Breve História do Eu Te Amo” neste link.

.: Entrevista: Sonya Ferreira canta a saudade da boa música


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico.

Uma das vozes do mítico grupo vocal Quarteto em Cy por mais de 50 anos, Sonya Ferreira sempre se destacou pela sua voz afinada e suave. E agora ela se mostra por inteiro como solista em um álbum intitulado Da Saudade Boa, que já foi disponibilizado nas plataformas de streaming. Um repertório que mescla canções inéditas com releituras de canções que fizeram parte de sua formação musical em várias épocas. Em entrevista para o portal Resenhando.com, ela conta como se deu o processo de produção, que contou com arranjos do experiente Luiz Claudio Ramos e sua relação com a obra de George Gershwin, um dos maiores nomes da música internacional. “Passei um ano estudando a vida de Gershwin nos Estados Unidos”.


Resenhando.com - "Da Saudade Boa" é um álbum que passeia pelas suas memórias afetivas. Como foi o processo de escolher quais músicas fariam parte desse retrato tão pessoal da sua história?
Sonya Ferreira - Dá Saudade Boa é um álbum que fala da minha memória afetiva com relação a todos os amigos, a todas as pessoas, sendo músicos, cantores que participaram desde o meu começo como cantora profissional. A ideia surgiu quando começou a pandemia. O maestro Luiz Cláudio Ramos, que foi sempre nosso arranjador no Quarteto em Cy, falou assim, “Soninha, você não pode parar não, você topa fazer um disco?”. Na hora topei, porque eu tinha um tempo, eu aceitei na hora, fiquei muito feliz com o convite dele. Então fui pedindo músicas a vários compositores, amigos e parceiros, uma das primeiras canções que chegou em minha mão, foi uma composição inédita do Miltinho, do MPB4, com o Magro. Aí eu pedi ao Sá, o “Samba da Aurora”, e foram surgindo as músicas.


Resenhando.com - João Donato deixou sua marca em “Gaiolas Abertas”, pouco antes de partir. Como foi trabalhar com ele e o que essa gravação representa na sua trajetória?
Sonya Ferreira -
João Donato eu já apreciava demais. Desde 1965, quando convivíamos em Los Angeles. Ele estava sempre com a gente e com todos os músicos. Foi maravilhoso gravar com o Donato, “Gaiolas Abertas”, porque os arranjos desse meu álbum, quem fez foi o Luiz Cláudio.  Mas aconteceu algo mágico nessa faixa. O João Donato chegou no estúdio, se sentou no teclado e já começou a tocar.  Então, dentro do estúdio, eu já comecei a cantar com ele, acompanhados pelos músicos. Mas, Donato, na hora, criou um arranjo com a marca dele e gostamos do arranjo feito por João Donato para “Gaiolas Abertas”, parceria dele com o Martinho da Vila.


Resenhando.com - Entre tantas regravações e homenagens, há também músicas inéditas. Como você equilibrou o novo com o nostálgico para manter a alma do disco?
Sonya Ferreira - 
Foi uma coincidência. Por exemplo, “Ao Amigo Tom”, que é uma música dos irmãos Vale (Marcos e Paulo Sérgio), eu sempre amei desde a minha adolescência, quando eu a ouvia com a Claudette Soares, que é uma cantora que eu amo e sempre fui fã. Eu amava o arranjo da gravação da Claudete. Quando fui gravar, optei por um arranjo baseado no da Claudette, que é do Osmar Milito. Então, ficou bem assim, no estilo daquele arranjo que a Claudete gravou nos anos 60.´ É todo baseado no arranjo mais antigo, com o toque moderno do vocal. E tem o contraste com as músicas inéditas, como a do Ivan Lins com o Gilson Peranzzetta e Nelson Wellington na faixa  “Doce Rotina”, que é muito bonita.


Resenhando.com - O título do álbum vem de uma canção de Miltinho e Magro Waghabi. Como essa amizade com eles influenciou não só esse disco, mas a sua carreira como um todo?
Sonya Ferreira - 
Quando eu pedi a música ao Miltinho, eu vi essa música com o título “Dá Saudade Boa”, que completou tudo, fechou toda a ideia. Foi o que influenciou a minha escolha, nos compositores, nas pessoas, nos cantores que iam cantar comigo e das participações nas composições de cada um deles.


Resenhando.com - Você homenageia ídolos internacionais como Michel Legrand e Gershwin. Como essas influências estrangeiras dialogam com a sua formação musical?
Sonya Ferreira - 
Esses dois compositores sempre me influenciaram. Michel Legrand, eu estive com ele na primeira vez quando ele veio ao Brasil. Eu já era fã, tinha discos, tinha vários álbuns. E era muito amiga do Pedro Paulo Castro Neves, o Pepe, irmão do Oscar Castro Neves, que foi nosso arranjador durante anos. Fomos assistir ao show do Legrand no Canecão. Era a primeira vez, e aí o convidamos. Pepe já conhecia Michel Legrand e aí eu os convidei para um almoço em casa na época em que morava no Leblon. Eles foram na minha casa almoçar. Eu tinha meus álbuns com as partituras de Michel Legrand. Ele assinou todos com dedicatória. E George Gershwin, sempre foi a minha paixão como pianista e compositor. Eu estive, inclusive, no centenário de George Gershwin, em 98, quando fui aos Estados Unidos. Passei um ano estudando sobre George Gershwin, sobre a vida dele. Estive em Nova York e fui à biblioteca do Congresso, em Washington, onde eu estive com o diretor do setor de música. Fiz uma grande pesquisa, trouxe vários álbuns de partituras, CDs, livros...  Gershwin está aqui na minha casa, nas paredes, nos quadros, no piano. Tenho uma grande paixão, por esses dois, Michel Legrand e George Gershwin. Gravei a valsa de Michel Legrand com a versão do Ronaldo Bastos. E gravei do George Gershwin com Ira Gershwin, a faixa  “Someone To Watch Over Me”.


Resenhando.com - Estar cercada por nomes como Luiz Claudio Ramos, Cristóvão Bastos, Jorge Helder... Como foi reunir esse time de músicos no estúdio e como isso contribuiu para a sonoridade do álbum?
Sonya Ferreira - 
Graças à Deus sempre estou cercada por esses músicos fantásticos, sendo violonista, pianista, baixista... músicos de uma categoria fantástica que sempre fizeram parte das nossas apresentações, seja tocando ao vivo ou gravando com o Quarteto em Cy. Cristóvão Bastos, um pianista, que já tinha tocado várias vezes com o Quarteto em Cy, Jorge Helder, um baixista de uma categoria fantástica, Luiz Cláudio um grande produtor. Fiquei muito feliz em tê-los nesse meu álbum.

"Você Vai Ver"

"Da Saudade Boa"

"Someone To Watch Over Me"

.: Warner Music Brasil investe em IA para reviver voz de Cleber Augusto


Projeto inédito no país revoluciona o mercado da música trazendo de volta uma lenda do samba, num álbum repleto de colaborações especiais

Em um projeto inovador que redefine os limites da tecnologia e da arte, a Warner Music Brasil faz uso do potencial da inteligência artificial (IA) para escrever um novo capítulo na história da música brasileira. A gravadora embarcou em uma jornada fascinante para dar vida à voz de uma ilustre lenda do samba, num case que experimenta como o uso adequado da IA pode ser relevante para a cultura. A tecnologia, muitas vezes vista com desconfiança, revela seu lado humano ao permitir a recriação da voz de um artista, possibilitando que ele celebre seu legado e compartilhe sua arte com as novas gerações.

 E assim surge o projeto “Minhas Andanças”, de Cleber Augusto, um dos nomes mais respeitados do samba, conhecido por sua composição, habilidades no violão e por ser ex-integrante do grupo Fundo de Quintal. Com 74 anos, e vivendo há 21 com afonia total após sofrer com um câncer na garganta que levou embora seu instrumento de trabalho, ele se prepara agora para lançar um novo álbum com a ajuda da tecnologia.

"A tecnologia, quando usada com respeito e propósito, pode ser uma grande aliada da arte. Esse projeto não substitui a genialidade de Cleber, mas permite que sua voz e sua história continuem vivas. É uma forma de celebrar seu legado e mostrar ao mundo a importância de sua obra”, afirma Tony Vieira, A&R Manager da Warner Music Brasil.

O processo de recriação dos vocais de Cleber contou com o trabalho de muitos artistas, com destaque especial para o Alexandre Marmita, cantor, compositor e cavaquinista, integrante do famoso Samba do Trabalhador, roda de samba que acontece toda segunda-feira no clube Renascença, no Rio de Janeiro. Por ter o mesmo timbre que Cleber Augusto, e ser grande fã de seu trabalho, o artista foi selecionado para interpretar as canções que alimentaram o software de IA, servindo como ferramenta essencial para guiar a tecnologia no processo de criação das canções.

 "Foi uma honra imensa participar desse projeto e dar minha voz para ajudar a tecnologia a trazer de volta o canto de um mestre como o Cleber. Ele é uma referência para mim e para muitos sambistas. Saber que meu timbre serviu como base para essa recriação é algo que me emociona profundamente”, conta Marmita.

A produção do projeto ficou a cargo de Alessandro Cardozo e Tony Vieira, que, sem se limitar apenas aos hits, selecionaram um repertório que atravessa a carreira de Cleber, reunindo artistas de várias gerações para imprimir frescor e autenticidade às composições. O resultado deste lindo trabalho poderá ser comprovado no álbum “Minhas Andanças”, previsto para ser lançado no dia 30 de abril deste ano, repleto de feats de peso com grandes nomes do mundo do samba, como Zeca Pagodinho, Péricles, Seu Jorge, Ferrugem, Diogo Nogueira, Xande de Pilares, Mumuzinho, Tiê, Roberta Sá, Pretinho da Serrinha, Sorriso Maroto, Marvvila, Menos é Mais, e Yan. Além disso, uma edição deluxe do álbum chega às plataformas digitais no dia 21 de maio, com mais quatro faixas inéditas.

Todos os artistas convidados não só se emocionaram com o projeto, como fizeram questão de declarar a admiração que nutrem por Cleber Augusto, que acompanhou de perto todas as fases do trabalho desenvolvido pela Warner. O projeto conta com 14 faixas, sendo 13 regravações de clássicos do sambista, e uma canção inédita - “Imã” - , que vem a ser a grande surpresa do álbum. Composta há mais de 20 anos, a canção foi resgatada de um tape antigo do artista e será lançada com a participação de Péricles.

 “A voz é a alma da música, e a IA me permitiu manter a essência da minha interpretação, mesmo com a tecnologia. O resultado final é surpreendente. A emoção e a mensagem das músicas continuam intactas, e isso é o que realmente importa. Agradeço a Warner e a todos os envolvidos que tornaram este projeto possível”, declara Cleber Augusto.


Tracklist completa - Projeto “Minhas Andanças”:

"Ímã" - Feat. com Péricles

"Falso Herói" - Feat. com Ferrugem

"Deixa Estar" - Feat. com Mumuzinho

"Fera no Cio" - Feat. com Sorriso Maroto

"Timidez" - Feat. com Diogo Nogueira

"Minhas Andanças" - Feat. com Seu Jorge

"Romance dos Astros" - Feat. com Roberta Sá

"Quantas Canções" - Feat. com Pretinho da Serrinha

"Livre pra Sonhar" - Feat. com Marvvila

"Lucidez" - Feat.com Menos é Mais

"A Amizade" - Feat. com Yan

"Nem Lá Nem Cá" - Feat. com Zeca Pagodinho

"Amor Não É por Aí" - Xande Pilares

"Antigas Paixões que Pena" - Feat. com Tiee

.: Espetáculo "Um Grito Parado no Ar" em cartaz no Teatro Itália


"Um Grito Parado no Ar", montagem do Teatro do Osso para o clássico de Guarnieri, volta em nova temporada no Teatro Itália. Com direção de Rogério Tarifa, o ato-espetáculo musical celebra os 52 anos da obra de Gianfrancesco Guarnieri. Foto: Cacá Bernardes


A nova versão de "Um Grito Parado no Ar", clássico de Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006), volta na sua segunda temporada, no Teatro Itália. Sob a direção de Rogério Tarifa e montagem do grupo Teatro do Osso, a obra revisita a icônica peça que reflete sobre os desafios da criação artística em tempos de censura e repressão. A dramaturgia, atualizada por Jonathan Silva, Rogério Tarifa e o Teatro do Osso, dialoga com o contexto contemporâneo, enquanto a encenação preserva o caráter crítico e metateatral que marcou a história do teatro brasileiro. A temporada segue até 28 de maio, com sessões às quartas, às 19h30.

Gianfrancesco Guarnieri foi ator, diretor, dramaturgo e poeta italiano naturalizado brasileiro. Figura central do Teatro de Arena de São Paulo, Guarnieri marcou a dramaturgia nacional com textos que abordavam questões sociais e políticas. Entre suas obras mais significativas está Eles Não Usam Black-Tie, reconhecida como um marco do teatro brasileiro.

Escrito em 1973, durante a ditadura militar brasileira, Um Grito Parado no Ar se destacou por expor os desafios de se fazer arte em um contexto de repressão. Na adaptação de Tarifa, a obra preserva sua essência crítica e amplia o diálogo com o presente, conectando as questões sociais da época em que foi escrita, aos desafios culturais contemporâneos.

A narrativa acompanha um grupo de artistas que ensaia uma peça a dez dias de sua estreia. Enquanto pressões externas, como dívidas e restrições financeiras, ameaçam o andamento da produção, a trama reflete a precariedade e a persistência da arte em tempos complexos. Com improvisações baseadas em relatos reais de moradores da cidade, o espetáculo revela as tensões sociais e econômicas que permeiam o cotidiano, reafirmando o teatro como espaço de resistência e transformação. 

O ato-espetáculo musical conta com a participação da atriz convidada Dulce Muniz, que interpreta a personagem Flora. O diretor Rogério Tarifa destaca que Dulce fez parte do Teatro Arena e da história do teatro brasileiro. O grupo costuma trabalhar com depoimentos de pessoas, e Dulce traz um olhar especial por ter vivenciado as duas épocas, 1973 e a atual.

“O espetáculo surgiu da colaboração entre meu trabalho e o Teatro do Osso, a partir de uma pesquisa sobre o Teatro Épico no Brasil, inspirada nas obras de Guarnieri. Realizamos um estudo aprofundado sobre esse período, coletando referências e realizando entrevistas com artistas da época. Fomos ao Rio de Janeiro e conversamos com Othon Bastos e Sonia Loureiro. Assim, a montagem representa um encontro entre a companhia Teatro do Osso e um Grito Parado no Ar, unindo características de 1973 e da atualidade, estabelecendo diálogos entre esses dois momentos”, comenta Tarifa.

A direção musical de William Guedes conta com músicas originais compostas por Jonathan Silva criadas especialmente para o espetáculo, enriquecendo a experiência e a conexão com o público. “Essa abordagem envolve algumas características essenciais, como a dramaturgia coletiva, a música ao vivo e as composições criadas especialmente para o espetáculo. Na nossa montagem, embora o texto tenha origem na dramaturgia de Guarnieri, incorporamos também toda a pesquisa necessária para a construção do espetáculo e desses elementos”, explica Tarifa.

Uma exposição virtual, "Do Canto ao Grito - Um Estudo sobre o Teatro Épico no Brasil", reúne músicas, vídeos, documentos históricos e materiais desenvolvidos ao longo do processo criativo. A mostra enriquece a experiência do espetáculo ao ampliar debates sobre temas como censura, violência e desigualdade, reafirmando a relevância da obra de Guarnieri no diálogo entre passado e presente da sociedade brasileira. A exposição pode ser visitada no site www.teatrodoosso.com.br.

“As pesquisas duraram 6 anos, buscando compreender a prática artística contemporânea em relação à montagem de 1973. Quando ouvimos pela primeira vez o nome 'Um Grito Parado no Ar', isso nos provocou uma reflexão profunda. Quais gritos estão parados no ar? Seriam gritos negativos ou violentos? O título criado por Guarnieri, é muito preciso e realmente convida à reflexão”, reflete Tarifa.

Junto ao elenco atua um coro, formado por oito integrantes, reunidos em cena como personificação da multiplicidade de experiências pessoais, éticas, estéticas e políticas. A proposta é trazer a pluralidade de vozes e experiências para contar o que é fazer teatro em 2025, numa convivência entre atrizes, atores e não atores, diferentes gerações, classes sociais, imigrantes, pessoas cis e pessoas trans.

A obra estreou há 52 anos, em um período de forte repressão política, e tornou-se um símbolo da resistência cultural. A frase “Nós vamos estrear nem que seja na marra!”, dita pelo personagem Fernando, ecoava como um manifesto dos artistas contra a censura. Hoje, o Teatro do Osso traz essa força para os palcos, reafirmando a importância do teatro como ferramenta de questionamento e crítica social. 


Ficha técnica do espetáculo

Espetáculo "Um Grito Parado No Ar". Direção: Rogério Tarifa. Dramaturgia: Jonathan Silva, Rogério Tarifa e Teatro do Osso. Direção de Atores: Luis André Cherubim e Rogério Tarifa. Texto original: “Um Grito Parado no Ar”, de Gianfrancesco Guarnieri. Elenco: Guilherme Carrasco, Isadora Títto, Maria Loverra, Oswaldo Ribeiro Acalêo e Rubens Consulini. Atriz convidada: Dulce Muniz. Coro: Dan Nonato, Thiego Torres, Ísis Gonçalves, Marcela Reis, Nduduzo Siba, Rommaní Carvalho, Sofia Lemos e Wilma Elena. Iluminação: Marisa Bentivegna. Direção musical e treinamento vocal: William Guedes.Composições originais: Jonathan Silva. Músicos: Gabriel Moreira, Felipe Chacon e Ju Vieira. Direção de movimento e treinamento: Marilda Alface. Direção de Arte: Rogério Tarifa. Cenário: Diego Dac e Rogério Tarifa. Figurino: Juliana Bertolini. Desenho de som: Duda Gomes. Produção Executiva: Carolina Henriques. Diretor de palco: Diego Dac.Assistentes de Palco: Clara Boucher e Mayhara Ribeiro. Técnica de Luz: Gabi Ciancio.  Técnico de som: Duda Gomes. VJ: Lui Cavalcante. Assistente de Produção: Julia Terron. Assistente figurino: VI Silva. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli. Fotos: Mauricio Bertolin e Cacá Bernardes. Designer gráfico: Fábio Vieira. Ilustração: Elifas Andreato. Realização: Teatro do Osso. Produção: Jessica Rodrigues Produções Artísticas. Direção de Produção: Jessica Rodrigues.


Serviço
Espetáculo "Um Grito Parado No Ar"
Direção: Rogério Tarifa
Reestreia dia 7 de maio, quarta, às 19h30. Temporada até 28/05.
Todas as quartas, às 19h30
Teatro Itália (278 lugares). 14 anos. Duração: 2h45m sem intervalo.
Valores: R$40 (Meia) e R$80 (Inteira).
Ingresso promocional: R$60 - com 1kg de alimento, na bilheteria
https://bileto.sympla.com.br/event/105367

quarta-feira, 7 de maio de 2025

.: Cantora Izzy Gordon festeja "Rainhas do Samba" em show no Sesc Santos


A cantora Izzy Gordon canta "Rainhas do Samba" em show no Sesc Santos, neste sábado, dia 10 de maio, às 20h00. O show faz uma homenagem às grandes rainhas que marcaram a história do samba e da música brasileira. Izzy Gordon revisita clássicos e dá vida às canções imortalizadas por mulheres que abriram caminhos e eternizaram o gênero, como Clara Nunes, Dona Ivone Lara, Beth Carvalho e muitas outras. 

No show, Izzy Gordon convida a celebrar a rica herança cultural brasileira, exaltando o poder feminino e o legado das grandes vozes que continuam a inspirar gerações. Na comedoria. R$ 12,00 (credencial plena). R$ 20,00 (meia-entrada). R$ 40,00 (inteira). Livre.


Ficha técnica
Show "Rainhas do Samba"
Izzy Gordon - voz
Dre Vilaqua - teclados/violão
Camila Silva - cavaco
Pirituba - Percussão
Thiago Damasio - baixo
Léo Carvalho - bateria


Serviço
Show "Rainhas do Samba"
Sábado, dia 10 de maio, às 20h00.
Comedoria. R$ 12,00 (credencial plena). R$ 20,00 (meia-entrada). R$ 40,00 (inteira). Livre. 

Sesc Santos
Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida - Santos / SP. Telefone: (13) 3278-9800. Site do Sesc SP.  Instagram. Facebook. @sescsantos. YouTube /sescemsantos. A programação completa está disponível no portal sescsp.org.br/santos.

Bilheteria Sesc Santos - Funcionamento
Terça a sexta, das 9h às 21h30 | Sábados e domingos, das 10h às 18h30   

Venda de ingressos    
As vendas de ingressos para os shows e espetáculos da semana seguinte (segunda a domingo) começa na semana anterior às atividades, em dois lotes:  on-line pelo aplicativo Credencial Sesc SP e portal do Sesc São Paulo:  às terças-feiras, a partir das 17h00. Presencialmente, nas bilheterias das unidades: às quartas-feiras, a partir das 17h00.

.: Ian Fraser exalta cultura e identidade brasileiras em novo romance


O quão longe precisamos ir para encontrar aquilo que sempre esteve conosco? Guiado por este questionamento, o autor baiano Ian Fraser escreveu "Cartografia para Caminhos Incertos", seu segundo romance pela Intrínseca, que chega às livrarias em maio. Finalista do Prêmio Jabuti em 2023 com a fabulosa ópera espacial nordestina "A Vida e as Mortes de Severino Olho de Dendê", o autor foi destaque da Bienal do Livro da Bahia no ano passado. Nessa nova obra, ele apresenta uma narrativa fantástica sobre um rapaz que, na busca por sua cidade itinerante, acaba explorando o mais misterioso de todos os territórios: o próprio coração. 

Redenção é uma cidade na Bahia que vive em constante romaria, impossível de ser achada em mapas e alheia a qualquer tipo de geringonça tecnológica. Lá vive Mané, jovem inquieto e sonhador que “inventou de ser poeta”. Um dia, ele recebe um ultimato do namorado, Jeremias: se o próximo beijo do casal não provocar uma revoada de borboletas amarelas  tudo estará acabado entre eles. Em uma arriscada missão para cumprir o desejo do amado, Mané ultrapassa os limites da cidade e se perde de Redenção. Desesperado para retornar aos braços de seu amor e ao único lugar que conheceu como lar, ele inicia uma odisseia para regressar a casa.

Em suas andanças, Mané visita uma série de lugares insólitos: uma torre construída de cima para baixo e cujos andares atravessam diferentes épocas com seus respectivos costumes; dois territórios vizinhos que travam uma guerra inexplicável; uma cidade onde todos vivem num eterno espetáculo teatral. Por onde passa, o poeta conhece pessoas e aprende coisas que ampliam seu horizonte. Ao encontrar o palhaço Severino, Mané entende que o coração nem sempre nos guia por caminhos familiares. Dividido entre as memórias do que deixou para trás e a vastidão do mundo à sua frente, ele irá descobrir o valor de uma vida em movimento. Afinal, como afirma a Bruxa que criou Redenção, “certeza é coisa miúda, cabe no bolso. Grande mesmo é a dúvida”.

Encantador, emocionante e divertido, Cartografia para caminhos incertos é um relato singular sobre as descobertas que nos acompanham durante toda a vida. Ian Fraser mescla prosa e poesia, subverte forma e conteúdo e mergulha fundo na alma brasileira para apresentar uma narrativa poderosa que demonstra a importância de se perder para finalmente se encontrar. Apoie o Resenhando.com e compre o livro "Cartografia para Caminhos Incertos" neste link.


Sobre o autor
Nascido e criado em Salvador, Ian Fraser vive escrevendo e cuidando de sua gatinha paraplégica, Gouda, e de sua cadela Gorgonzola, e nunca se cansa de rever seu filme preferido, "A Múmia". Autor dos premiados romances "O Sangue É Agreste" e "Noir Carnavalesco", além da saga "Araruama", que teve uma campanha de sucesso em uma plataforma de financiamento coletivo, Ian publicou pela Intrínseca "A Vida e as Mortes de Severino Olho de Dendê", finalista no Prêmio Jabuti na categoria Romance de entretenimento. Cartografia para caminhos incertos também foi adaptado para os palcos e recebeu o 28º Prêmio Braskem de Melhor Texto. Foto: Lígia Rizério. Apoie o Resenhando.com e compre o livro "Cartografia para Caminhos Incertos" neste link.

sábado, 3 de maio de 2025

.: Entrevista com Paulinho Guitarra: seis décadas em seis cordas


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Na atividade como músico desde 1967, Paulinho Guitarra mantém um currículo invejável. Fundador (e padrinho) da célebre Banda Vitória Régia, que acompanhou Tim Maia, ele também fez trabalhos memoráveis com vários outros nomes, como Marina Lima, Ed Motta, Marcos Valle, Cassiano, Sandra de Sá, Cazuza e Paula Lima, só para citar alguns exemplos

E o veterano músico nem cogita uma aposentadoria. Seu elogiado trabalho instrumental segue em plena atividade. O seu último disco, o Baile na Suméria, mescla uma sonoridade soul com o jazz de forma singular. E ele desenvolve atualmente um projeto de show ao vivo com foco na sonoridade soul dos anos 70, além de participar do projeto em tributo ao músico Raul de Souza. Em entrevista para o portal Resenhando.com, Paulinho conta alguns detalhes dessa sua trajetória na música, incluindo seus projetos atuais.

 

Resenhando.com - Quais foram suas principais influências musicais?
Paulinho Guitarra - Minhas influências vieram dos anos 60, com nomes como Eric Clapton (da fase das bandas Cream e Blind Faith), Jimi Hendrix, Leslie West (da banda Mountain), além de George Harrison dos Beatles. Posso citar ainda B.B. King e Freddie King, na área do blues. Já na área do jazz citaria nomes como John McLaughlin, Pat Metheny, Miles Davis e John Coltrane. Acrescentaria ainda as bandas de soul, como a Mar-Keys, que acompanhava os astros da gravadora Stax. É um universo bem amplo.


Resenhando.com
 - Como foi tocar na banda Vitoria Regia, que acompanhava o Tim Maia?
Paulinho Guitarra - Foi um aprendizado e tanto. Eu participei das gravações dos discos da fase inicial do Tim, de 1971 até 1977. E um fato curioso é que eu acabei sendo o padrinho da banda. Naquela época, a banda ainda não tinha nome. Nós ensaiávamos em uma casa que ficava na rua Vitória Régia, no Rio de Janeiro. Um dia sugeri pro Tim nomear o grupo como a Banda da Rua Vitória Régia. Ele adorou a ideia. Mais tarde, para encurtar o nome, ele tirou a rua e passou a se chamar somente Banda Vitoria Régia. E ficou assim desde então. Foi uma escola para um músico como eu, tocar ao vivo e gravar em estúdio. Aprendi muita coisa.


Resenhando.com
 - Mais tarde você tocou com o Cassiano. Por que essa parceria não foi para frente?
Paulinho Guitarra - Foi depois que saí da banda do Tim Maia. O Cassiano me chamou para participar de um disco dele. Fizemos vários ensaios mas o disco nunca chegou a ser lançado. Depois fui tocar com o Sidney Magal, que fêz um sucesso grande naquele período, além de tocar com Carlos Dafé, entre outros.


Resenhando.com
 - Nos anos 80 você integrou a banda da Marina Lima com um time de feras da música (Renato Rocketh, Jorjão Barreto, etc). Fale sobre essa experiência.
Paulinho Guitarra - Depois de tocar com vários nomes, veio o convite para participar do grupo que acompanharia a Marina Lima. Acabei ficando oito anos com ela. Era época dos discos "Fullgas", "Todas" e "Virgem". Foi um período muito produtivo. A banda dela teve várias formações até chegar na época do disco 'Todas" , que tinha o Rocketh no baixo, o Sérgio Della Monica na bateria, Jorjão Barreto nos teclados e Miguel Ramos no sax. Foi uma experiência bem marcante. Fizemos muitas coisas legais.


Resenhando.com
 - Conte como aconteceu o solo de guitarra da gravação de "Nada por Mim", com a Marina.
Paulinho Guitarra - Eu tinha também uma banda com o Claudio Zoli nesse período. E quando surgiu a gravação para fazer, eu estava ainda esperando chegar uma guitarra nova, que eu havia comprado. Por isso, pedi emprestado a guitarra Fender Stratocaster do Zoli para gravar. O solo aconteceu praticamente ao vivo no estúdio. Sem parar de fazer a base, eu fiz o solo que saiu em um estilo meio blues e acabou ajudando a canção a fazer o sucesso que foi na época. Também marcou muito o solo da canção "Uma Noite e Meia", do Renato Rocketh, que virou um hit da Marina nos shows da época do álbum Virgem.


Resenhando.com
 - Na sequência você tocou na banda do Ed Motta. Como foi tocar com ele?
Paulinho Guitarra - Um pouco antes toquei com o Claudio Zoli. E realmente depois toquei com o Ed Motta. Foram quase 22 anos tocando com ele, que é um cantor incrível. Um dos melhores, sem dúvida. E toquei ainda com Marcos Valle, que foi uma outra experiência incrível.


Resenhando.com
 - Fale sobre seu projeto autoral instrumental.
Paulinho Guitarra - Tenho um selo musical, o Very Cool Music, pelo qual lancei quatro discos: Very Very Cool Band, Trans Space, Romantic Lovers e Baile na Suméria. E tenho mais um, o primeiro que foi pela Niteroi Discos, que leva o meu nome no título. Dos projetos atuais, tem o Superfly, um show com foco na sonoridade soul dos anos 70. E também faço parte do projeto Tributo ao Raul de Souza,        que foi um dos maiores músicos do País. Continuo compondo e produzindo coisas novas nessa linha instrumental.


"120 Shars Beat"

"Shem Shem"

"Ianna Fun"
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