quarta-feira, 30 de julho de 2025

.: Gabriel Braga Nunes e Luis Carlos Vasconcelos: leitura dramática em SP


Gabriel Braga Nunes e Luis Carlos Vasconcelos protagonizam leitura dramática de “Perfídia”, obra sobre amor, obsessão e vício emocional


Nesta quinta-feira, às 20h00, o Teatro D-Jaraguá, em São Paulo, recebe a leitura dramática do espetáculo "Perfídia - Viciados de Amor", protagonizada por Gabriel Braga Nunes e Luis Carlos Vasconcelos. O texto é assinado por Darson Ribeiro, ator e diretor que mergulha nas complexidades das relações humanas para criar uma história atemporal e provocativa entre dois homens marcados por uma ligação tão intensa quanto destrutiva.

Inspirado em uma experiência amorosa vivida pelo próprio autor com uma mulher, o texto migra para o universo masculino como forma de universalizar a narrativa e questionar a banalização de termos como “relacionamento tóxico”. “Criei uma história fictícia entre dois homens para expor que o amor é sobre tudo e todos - e que ele pode atravessar preconceito, vínculos familiares, suicídio e outros tantos temas difíceis”, explica Darson Ribeiro. A peça coloca em cena, inclusive, uma Medida Protetiva em vigor entre os personagens, algo raramente abordado quando se trata de relações homoafetivas.

A leitura propõe uma análise crua e sem estereótipos da dependência emocional por meio de um embate entre o amor idealizado e a racionalidade psicanalítica freudiana. O espetáculo se constrói como uma ode ao amor contemporâneo - aquele que não cabe mais em moldes pré-estabelecidos e que escancara as falências afetivas de indivíduos e da própria sociedade. Com estética arrojada, marcada por espelhos no piso e nas paredes, a encenação proporciona ao público uma experiência tridimensional, quase voyeurística. “O deleite é trágico, mas também é expurgatório”, afirma Darson, que dedica a obra à memória do diretor curitibano Cleon Jacques, brutalmente assassinado em plena juventude e que, segundo o autor, teria se tornado um dos maiores nomes do teatro brasileiro se estivesse vivo.

Inspirado também em peças como “Zoo Story”, de Edward Albee, "Perfídia" busca abraçar o público que já experimentou os abismos do amor — o platônico, o passional, o que se deseja, o que destrói. “É uma simbiose doentia. Um relacionamento que pode ter começado como amor, mas se transformou em vício. Com a Medida Protetiva em vigor, o público assume o papel de testemunha das visitas obrigatórias e torna-se cúmplice daquela relação em ruínas”, afirma Darson.

Serviço
Espetáculo “Perfídia  Viciados de Amor”
Quinta-feira, 31 de julho de 2025, às 20h00, no Teatro D-Jaraguá – Hotel Jaraguá São Paulo
Rua Martins Fontes, 71 – Bela Vista, São Paulo – SP
Duração: aproximadamente 80 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Ingressos: R$ 20,00
Gênero: drama contemporâneo

.: Nos cinemas, “Amores Materialistas” reúne três lendas da Marvel


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com.

Estreia nos cinemas brasileiros, nesta quinta-feira, a comédia romântica “Amores Materialistas” (“Materialists”) é um filme escrito e dirigido por Celine Song. A trama gira em torno de Lucy, uma casamenteira sofisticada interpretada por Dakota Johnson, que se vê dividida entre dois homens: Harry (Pedro Pascal), um empresário rico e encantador, e John (Chris Evans), o ex-namorado aspirante a ator e garçom. Ambientado em Nova Iorque, o filme combina luxo e ironia para refletir sobre escolhas afetivas, poder e as normas modernas do amor. 

A crítica especializada já reage com entusiasmo: o filme acumula 88% de aprovação no Rotten Tomatoes, e resenhas como as de TheWrap, Variety, BBC, Entertainment Weekly e The Hollywood Reporter destacam o caráter sofisticado do roteiro e a profundidade intelectual da direção, contrastando com o visual leve de uma comédia romântica clássica e questionando os valores contemporâneos sobre relacionamentos. 

Entre as curiosidades do filme, o relacionamento entre os três protagonistas gerou um “problema adorável” para a diretora Celine Song, pois a química natural entre Dakota Johnson, Pedro Pascal e Chris Evans era tão autêntica que criava tensão na narrativa: era preciso que houvesse resistência emocional, e não amizade entre os personagens. Além disso, os três atores compartilharam conexões com a Marvel: Chris Evans foi Capitão América, Johnson aparece como Cassandra Webb em "Madame Teia", e Pascal está brilhando como Reed Richards em "Quarteto Fantástico - Primeiros Passos".


"Amores Materialistas" aborda relacionamentos modernos e reflete tendência do Brasil
No Brasil, uma parceria entre o site MeuPatrocínio e o Instituto QualiBest revelou que 37% das jovens brasileiras manifestaram algum interesse em um relacionamento em que se busca um parceiro com maior status econômico e social (“Sugar Daddy” e “Sugar Baby”) - justamente o perfil representado por Pedro Pascal no filme. A pesquisa mostra que segurança emocional (38%) e estabilidade financeira (34%) são os atributos mais buscados. O enredo, portanto, toca uma tendência real ao questionar as prioridades modernas no amor e no casamento, como o pagamento de luxos e a autonomia feminina, alinhando-se com o lema que inspira a protagonista: “algumas pessoas apenas querem mais”

Caio Bittencourt, especialista em relacionamento do MeuPatrocínio, explica a tendência nacional: “Hoje em dia, ninguém quer perder tempo com aborrecimentos desnecessários. Com mulheres bem preparadas e financeiramente independentes, a busca é por alguém que realmente possa somar”, afirma. “Muitas mulheres estão equilibrando responsabilidades e bem-estar, e o estilo de vida Sugar oferece essa alternativa, permitindo que sejam apoiadas por seus parceiros, sem abrir mão de sua autonomia, enquanto vivem experiências únicas. Mimos, presentes luxuosos e viagens estão entre os agrados que os sugar daddies costumam oferecer. E vamos concordar que qualquer mulher decidida merece esse tipo de tratamento”, finaliza Caio.


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Programação do Cineflix Santos
“Amores Materialistas” | “Materialists” | Sala 3
Classificação indicativa:
14 anos. Ano de produção: 2025. Idioma: inglês. Direção: Celine Song. Roteiro: Celine Song. Elenco: Dakota Johnson, Chris Evans, Pedro Pascal, Zoë Winters, Marin Ireland, Dasha Nekrasova, Louisa Jacobson, Sawyer Spielberg, Eddie Cahill, John Magaro (voz), entre outros. Distribuição: Sony Pictures. Duração: 1h57. Cenas pós-créditos: não.

Sinopse resumida de "Amores Materialistas"
Lucy, uma casamenteira de elite em Nova York, vive unindo casais. Na véspera de seu décimo casamento de sucesso, conhece Harry, um verdadeiro “par perfeito”, mas reencontra John, seu ex-namorado garçom e aspirante a ator. Dividida entre conforto e paixão, ela precisa questionar se o amor pode ou deve ser quantificado a partir de status e segurança emocional, ou se ainda vale deixar-se levar pelo sentimento.

Dublado
31/7/2025 - Quinta-feira: 15h10
1°/8/2025 - Sexta-feira: 15h10
2/8/2025 - Sábado: 15h10
3/8/2025 - Domingo: 15h10
4/8/2025 - Segunda-feira: 15h10
5/8/2025 - Terça-feira: 15h10
6/8/2025 - Quarta-feira: 15h10

Legendado
31/7/2025 - Quinta-feira: 17h40 e 20h10
1°/8/2025 - Sexta-feira: 17h40 e 20h10
2/8/2025 - Sábado: 17h40 e 20h10
3/8/2025 - Domingo: 17h40 e 20h10
4/8/2025 - Segunda-feira: 17h40 e 20h10
5/8/2025 - Terça-feira: 17h40 e 20h10
6/8/2025 - Quarta-feira: 17h40 e 20h10

.: "Aldo Baldin - Uma Vida pela Música": a história do tenor que o Brasil ignora


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com.

Nesta quinta-feira, dia 31 de julho, estreia nos cinemas brasileiros o documentário musical "Aldo Baldin - Uma Vida pela Música" ("Aldo Baldin - A Life for Music"). Dirigido por Yves Goulart, o filme traça a impressionante trajetória do tenor Aldo Baldin, natural de Urussanga, Santa Catarina, que conquistou os palcos mais prestigiados do mundo da ópera.

Com duração de 1h14, a produção trouxe depoimentos do próprio Aldo, entrevistas com familiares, amigos, músicos renomados - entre eles Isaac Karabtchevsky e o compositor Edino Krieger - além da viúva e filhas dele, em uma narrativa em primeira pessoa que revela tanto os desafios quanto os encantamentos da vida num mundo operístico internacional. Gravações dos mais de 100 discos dele, cenas íntimas e entrevistas ao longo de 14 anos reunidos entre tropeços e triunfos, compõem o mosaico de uma carreira que ganhou inúmeras premiações internacionais - 24 ao todo - mas que permanece relativamente desconhecida no Brasil 

O filme se distingue por humanizar uma figura do universo erudito sem recorrer a arroubos grandiosos: a direção de Yves Goulart privilegia a simplicidade e a autenticidade, mostrando aquele cantor de origem modesta que, guiado por vocação, alcançou fama mundial. O afeto pela música e o orgulho nacional presente em cada depoimento revelam o quanto Aldo Baldin era considerado um verdadeiro embaixador da ópera brasileira 

O documentário “Aldo Baldin - Uma Vida pela Música” tem sido enquadrado como uma celebração da força transformadora e redentora da música no universo da ópera. Esta produção levou 14 anos para ser concluída, evidenciando o compromisso de Goulart em capturar detalhes da trajetória de Aldo Baldin e climas diferentes de memória, emoção e contribuição cultural. O conjunto da obra - depoimentos íntimos, arquivos sonoros, prêmios internacionais e ambientação cruzando gerações - compõem não apenas uma biografia de um artista lírico, mas um registro afetivo e histórico de uma forma de arte que, por força da qualidade, transcende fronteiras.

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Programação do Cineflix Santos
“Aldo Baldin - Uma Vida pela Música” | "Aldo Baldin - A Life for Music" | Sala 2
Classificação indicativa: livre. Ano de produção: 2023. Idioma: português e alemão. Direção: Yves Goulart. Roteiro: Yves Goulart. Depoimentos de: Aldo Baldin (em imagens de arquivo), familiares, amigos e músicos como Isaac Karabtchevsky e Edino Krieger. Distribuição no Brasil: Pandora Filmes. Duração: 74 minutos. Cenas pós-créditos: não.


Sinopse resumida de "Aldo Baldin - Uma Vida pela Música"
O documentário apresenta a trajetória do tenor catarinense Aldo Baldin, desde sua origem humilde em Urussanga até sua consagração nos maiores palcos de ópera da Europa. Por meio de imagens raras, entrevistas e gravações musicais, o filme retrata a paixão de Baldin pela música e seu impacto duradouro na cultura erudita internacional. A produção é um tributo sensível a um artista brilhante e pouco reconhecido em seu país de origem.

Idioma original
31/7/2025 - Quinta-feira: 17h10
1°/8/2025 - Sexta-feira: 17h10
2/8/2025 - Sábado: 17h10
3/8/2025 - Domingo: 17h10
4/8/2025 - Segunda-feira: 17h10
5/8/2025 - Terça-feira: 17h10
6/8/2025 - Quarta-feira: 17h10

.: "Quando o Brasil Era Moderno" estreia nos cinemas depois de se destacar


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com.

O documentário "Quando o Brasil Era Moderno" estreia nos cinemas, depois de se destacar no Festival É Tudo Verdade, com exibições em São Paulo e no Rio de Janeiro, e receber menção honrosa pela pesquisa e clareza ao articular arquitetura, política, arte e educação brasileira. Dirigido por Fabiano Maciel, que também assina o roteiro junto com Guilherme Vasconcelos e Lauro Cavalcanti, o filme se inspira no livro "Moderno e Brasileiro", de Cavalcanti, e explora como o modernismo arquitetônico foi parte ativa de disputas de poder no Brasil entre 1930 e 1960 - desde o emblemático Ministério da Educação e Saúde no Rio até a construção de Brasília 

O elenco de depoimentos inclui personalidades como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Paulo Mendes da Rocha, além de críticos, sociólogos e historiadores como Guilherme Wisnik, Carlos Lemos, Renato Anelli, Lauro Cavalcanti e Maurício Lissovsk. Com duração de cerca de 93 minutos, a partir de 10 anos, o longa-documentário foi produzido pela Ocean Films e distribuído pela O2 Play, distribuidora ligada ao grupo O2 Filmes.  

As filmagens começaram durante as eleições de 2018. Com o desenrolar dos acontecimentos, o diretor percebeu que não se tratava apenas de estética, mas de um debate urgente sobre um projeto de nação abandonado. Segundo Fabiano Maciel, as disputas ideológicas dos anos 1930 se repetem hoje com forças tão radicais quanto antes, evidenciando o fracasso de um ideal de país mais justo, belo e moderno. A narrativa foi considerada por um veículo como "um dos filmes mais tristes que já vi", exatamente por expor a alienação entre o sonho modernista e a realidade de um país que, sete anos depois do início das filmagens, continuava na encruzilhada entre passado escravocrata e futuro prometido. 

Em um trecho impactante, alguém pergunta no documentário: “quando é que trocámos o modernismo pelo ‘burrismo’?”, resumindo a tensão entre o projeto cultural e político que falhou em se consolidar. O júri do festival "É Tudo Verdade" elogiou a amplitude da pesquisa, a estrutura narrativa e a forma contundente como o documentário conecta marcos da arquitetura à trajetória política do Brasil e a essa crise de identidade nacional.

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As principais estreias da semana e os melhores filmes em cartaz podem ser assistidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.

Programação do Cineflix Santos
"Quando o Brasil Era Moderno" | Sala 2
Classificação indicativa: a partir de 10 anos. Ano de produção: 2024. Idioma: português. Direção: Fabiano Maciel. Roteiro: Fabiano Maciel, Lauro Cavalcanti e Guilherme Vasconcelos. Depoimentos de: Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Paulo Mendes da Rocha, Guilherme Wisnik, Renato Anelli, Carlos Lemos, Lauro Cavalcanti, entre outros especialistas e estudiosos. Distribuição: O2 Play. Duração: 93 minutos. Cenas pós-créditos: não.

Sinopse resumida de “Quando o Brasil Era Moderno”  
O documentário revisita um momento crucial da história brasileira, entre 1930 e 1960, quando o país tentou se reinventar por meio do modernismo arquitetônico, representado por obras icônicas como o Ministério da Educação e Saúde e a cidade de Brasília. Através de imagens de arquivo e depoimentos de arquitetos, críticos e historiadores, o filme discute como a arquitetura moderna foi usada como instrumento político e símbolo de um projeto de nação que buscava romper com o passado colonial e desigual - um sonho que hoje parece esfacelado.

Idioma original
31/7/2025 - Quinta-feira: 19h40
1°/8/2025 - Sexta-feira: 19h40
2/8/2025 - Sábado: 19h40
3/8/2025 - Domingo: 19h40
4/8/2025 - Segunda-feira: 19h40
5/8/2025 - Terça-feira: 19h40
6/8/2025 - Quarta-feira: 19h40

terça-feira, 29 de julho de 2025

.: Rafael Dentini, o homem que virou Elton John, responde sem piedade


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação

Com mais de meio século de carreira, Elton John é daqueles artistas que atravessam décadas, estilos e gerações. Ícone da música pop mundial, as canções dele embalaram amores, despedidas e revoluções pessoais - e ainda seguem ecoando, mesmo para quem nasceu muito depois de "Your Song" tocar pela primeira vez nas rádios. Na próxima sexta-feira, dia 1º de agosto, a Arena Tatuapé recebe o espetáculo "Tributo a Elton John by Rafael Dentini", considerado o maior da América Latina. 

Mais que um cover, Rafael Dentini mergulha na alma artística de Elton com voz, figurino, carisma e - principalmente - respeito. Nesta entrevista exclusiva para o Resenhando.com, Rafael fala sobre a trajetória, o que significa interpretar um ícone vivo, os desafios de não virar uma caricatura e os bastidores de um tributo feito com paixão, intensidade e muito glitter.

Resenhando.com - Rafael, a semelhança vocal com Elton John é impressionante, mas como você trabalha para ir além da imitação e trazer sua própria identidade artística para o palco?
Rafael Dentini - A minha voz natural, tanto falando quanto cantando outras músicas, normalmente não se assemelha à do Elton John. Mas para fazer esse tributo, estudei bastante. Foi um longo processo até entender a dinâmica e o jeito dele de cantar e falar. Por ser britânico, ele tem particularidades no inglês que são diferentes do inglês americano, o que influencia muito a forma de pronunciar as palavras. Ainda hoje continuo estudando bastante, e conforme avanço, descobri novas nuances e formas de cantar, ajustando minha voz para me aproximar mais do timbre dele. Tudo isso, somado ao figurino, ao visual do show e à produção como um todo, contribui para criar essa semelhança - fruto de muito estudo. A voz do Elton John também mudou bastante ao longo da carreira, então procurei focar no período em que ela mais se parecia com a minha, que foi nos anos 70 e início dos 80. Esse recorte me permitiu chegar mais próximo da essência dele. Foi um processo longo, mas muito divertido.


Resenhando.com - Em meio a figurinos e performances que marcaram gerações, qual foi o maior desafio que você encontrou para equilibrar espetáculo visual e autenticidade musical?
Rafael Dentini - O maior desafio foi, além de cantar e tocar músicas com alto grau de dificuldade técnica, incorporar a performance visual. Reproduzir os figurinos, os gestos e o comportamento de palco do Elton John - especialmente nos anos 70 - exigiu bastante. Ele era extremamente performático: subia no piano, corria pelo palco, interagia o tempo todo, tudo isso sem perder a qualidade musical. Para mim, o mais desafiador foi unir todos esses elementos de forma natural, reproduzindo cada performance com intensidade e fidelidade.


Resenhando.com - Elton John é conhecido por sua vulnerabilidade e personalidade multifacetada. Como você incorpora essa complexidade emocional na sua performance, especialmente para um público que já conhece tão bem o original?
Rafael Dentini - Desde o início, fiz questão de deixar claro que o show é de fã para fã. Eu não sou o Elton John, nem quero ser ele. O que busco é homenageá-lo da melhor forma possível. Me colocar no lugar do fã, ao lado de quem está assistindo, cria uma conexão muito especial. Todos ali reconhecem a importância e a relevância que Elton John tem em suas vidas. As músicas falam diretamente ao coração das pessoas, despertam lembranças e emoções. Isso tudo constrói um ambiente muito emocionante e cria uma conexão verdadeira entre a banda e o público.


Resenhando.com - A música de Elton John atravessa gerações. Qual história pessoal ou reação do público mais te marcou em algum show seu?
Rafael Dentini - Um momento que me marcou profundamente foi em um show, ao final, quando fui tirar fotos com o público. Uma senhora estava muito emocionada. Chorando bastante, ela se apresentou e disse que tinha 92 anos e quase não saía mais de casa, mas que o grande sonho da vida dela era ver um show do Elton John - algo que nunca conseguiu realizar. Quando soube do nosso show, decidiu ir. E para ela, aquela experiência foi tão significativa que disse que, a partir daquele momento, poderia morrer feliz. Histórias como essa nos tocam profundamente e dão ainda mais sentido a tudo o que fazemos.


Resenhando.com - O tributo é “feito por fãs e para fãs”. Como você lida com as expectativas do público mais tradicional versus os novos fãs que talvez conheçam Elton John apenas por memes ou redes sociais?
Rafael Dentini - O Elton John tem um público muito amplo e diverso, porque ele também é um artista que está sempre se renovando. É o único que conseguiu emplacar sucessos no topo das paradas por cinco décadas consecutivas. Fazer um show de no máximo duas horas tentando representar toda essa carreira é um grande desafio. Por isso, montamos o repertório com base no público que estará presente, escolhendo as músicas que acreditamos que irão tocar mais as pessoas naquele momento. O público costuma se entregar muito, canta, dança e se emociona... A conexão acontece de forma muito natural e espontânea, impulsionada pelos grandes hits e pelas músicas que marcaram a trajetória do Elton John.


Resenhando.com - Você acredita que um tributo pode ser considerado uma forma legítima de arte, ou ele está sempre à sombra do artista original?
Rafael Dentini - Acredito que um tributo pode levar a mensagem e a música de um artista para lugares e pessoas que nunca tiveram a oportunidade de vê-lo ao vivo. Encaro o tributo como um grande espetáculo musical, quase como uma peça de teatro, como acontece na Broadway, onde se reproduzem obras de outros autores. Orquestas tocam sinfonías de Beethoven, de Bach... E eu estou ali, fazendo a minha representação de um artista que considero um dos maiores músicos que já existiram. 


Resenhando.com - Qual o seu papel nesse diálogo entre homenagem e criação?
Rafael Dentini - Continuar o legado de Elton John, especialmente agora que ele encerrou as turnês, é uma forma de manter viva sua música e levá-la ao maior número possível de pessoas.

Resenhando.com - Em um mundo cada vez mais digital e efêmero, que papel você acha que a música ao vivo, especialmente tributos como o seu, tem para manter viva a memória de artistas lendários?
Rafael Dentini - Estar presente em um show, vivenciar a experiência ao vivo, muda completamente a forma como sentimos a música. Música é sentimento. E ali, além da música, há o visual, a iluminação, os detalhes pensados para emocionar e transmitir a essência do show original. Essa troca entre o público e a banda eleva a experiência a um nível que nenhuma gravação consegue alcançar. Isso é fundamental para manter viva a chama, especialmente porque o Elton John sempre transmitiu essa energia contagiante aos fãs.


Resenhando.com - Se pudesse sentar para uma conversa franca com Elton John, o que você gostaria de perguntar ou dizer para ele sobre o que representa seu trabalho como tributo?
Rafael Dentini - Se eu tivesse a chance de estar frente a frente com o Elton John, a primeira coisa que faria seria agradecer por tudo que ele representa para mim e pela influência que teve na minha vida. Também mostraria o trabalho que faço no Brasil em homenagem a ele. De resto, não teria nada muito programado... deixaria o momento guiar a conversa, falaria o que sentisse vontade ali na hora. Acho que seria algo muito natural e espontâneo.


Resenhando.com - Seu repertório inclui os clássicos que todos amam, mas há alguma música menos conhecida de Elton que você sente que deveria ganhar mais destaque nos shows?
Rafael Dentini - Nosso repertório é baseado nas músicas mais famosas do Elton John no Brasil, especialmente aquelas que tocaram em novelas e fizeram muito sucesso por aqui. São canções que marcaram épocas e momentos importantes na vida de quem vai ao show. Sempre incluímos alguma surpresa também - uma música menos conhecida, seja por satisfação pessoal ou para apresentar ao público outras obras do Elton que talvez ainda não conheçam. Escolher uma agora seria difícil, porque sempre trazemos algo diferente para renovar a energia do espetáculo.


Resenhando.com - Pensando na sua trajetória, qual foi o momento em que você percebeu que não estava apenas reproduzindo uma voz, mas contando uma história, uma vida, através da música de Elton John?
Rafael Dentini - Acredito que percebi o verdadeiro impacto do show já na estreia. Quando acabou, vi a reação do público, os comentários, os abraços sinceros. Muitos fãs de Elton John vieram falar comigo, dizendo o quanto acharam bonito e emocionante o tributo. A aceitação ali, no momento do show, e a repercussão on-line me trouxeram uma paz muito grande. Eu tinha muito receio de não estar à altura do que o Elton John representa. Mas perceber que consegui transmitir ao menos um pouco da sua essência ao público foi o que me deu a motivação e a certeza de que estou no caminho certo - e que devo continuar levando essa homenagem adiante.


.: Comédia policial "Corte Fatal" estreia no Teatro Uol com humor e mistério


Com Carmo Della Vecchia, Douglas Silva, Fernando Caruso, Hylka Maria, Paulo Mathias Jr e Fafy Siqueira no elenco, o espetáculo, que tem seu final decidido de forma coletiva pelo público, é um sucesso absoluto, com mais de 40 anos em cartaz, traduções para 28 idiomas e um público estimado em mais de 14 milhões de pessoas. Foto: Leo Aversa


Estreia em São Paulo, na sexta-feira, dia 8 de agosto, às 20h00, no Teatro Uol, o espetáculo "Corte Fatal", versão brasileira da consagrada comédia policial "Shear Madness", de Paul Pörter. Certificada pelo Guinness World Records como a peça não-musical há mais tempo em cartaz no mesmo teatro, a peça soma mais de 40 anos de sucesso mundial. A montagem brasileira, sob a direção e adaptação de Pedro Neschling, é renovada, contemporânea e eletrizante, apresentando uma estrutura ágil, atual e interativa. Nela, o público decide o final da trama. No elenco, estão Carmo Della Vecchia, Douglas Silva, Fernando Caruso, Hylka Maria, Paulo Mathias Jr e Fafy Siqueira.

A história se desenrola em um excêntrico salão de beleza em Santa Cecília. Uma trama que começa com risos termina em assassinato de uma famosa cantora reclusa. O crime acontece a poucos metros dos clientes e funcionários do salão, todos com motivos ocultos e atitudes suspeitas. Ao longo da peça, pistas vão sendo apresentadas e o público é convidado a participar da investigação, escolhendo coletivamente quem acredita ser o culpado. Essa interação acontece em momentos específicos e é conduzida pelos próprios atores, dentro da lógica cênica, garantindo que ninguém seja exposto individualmente. O resultado é um desfecho diferente a cada sessão, sempre fruto das decisões da plateia, em uma dinâmica leve e divertida.

“'Corte Fatal' tem humor afiado e situações hilárias. A peça quebra a quarta parede, transformando os espectadores no sétimo personagem. É uma mistura de comédia, investigação e  interatividade que nunca vi igual. O público se envolve, se diverte e se empolga tanto que parece uma espécie de teatro infantil para adultos", conta Pedro Neschling, diretor da montagem.


Ficha Técnica
Espetáculo "Corte Fatal"
Autor: Paul Pörter
Direção e adaptação: Pedro Neschling
Tradução: Gustavo Klein
Elenco: Carmo Della Vecchia , Douglas Silva, Fernando Caruso, Hylka Maria, Paulo Mathias Jr e Fafy Siqueira
Figurinista: Antonio Medeiros
Cenógrafo: Gustavo Paso
Iluminação: Adriana Ortiz
Direção de movimento: Toni Rodrigues.
Trilha original: Rodrigo Marçal e Rafael Papel
Produção geral: Sandro Chaim e Miçairi Guimarães
Fotos: Leo Aversa
Visagismo: Diego Nardes
Comunicação e Marketing: Lucas Sancho
Assessoria de imprensa: Pevi 56 - Angelina Colicchio e Diogo Locci
Financeiro - Vianapole
Realização: Magic Group


Serviço
Espetáculo "Corte Fatal"
Teatro Uol - Av. Higienópolis, 618 - Consolação/São Paulo
Temporada: de 8 de agosto a 2 de novembro de 2025. Sextas-feiras, sábados e domingos, às 20h00
Ingressos entre R$ 24,00 e R$ 150,00. À venda pelo site do Teatro Uol
Capacidade: 300 lugares
Classificação: 14 anos
Duração: 75 minutos

.: Vanguart faz show comemorativo aos 22 anos de carreira no Sesc Pinheiros


Formada por Helio Flanders e Reginaldo Lincoln, ambos compositores e vocalistas, a turnê "Demorou Pra Ser" faz uma retrospectiva dos seis álbuns lançados pela banda. Foto: Lucca Mezzacappa  


O Sesc Pinheiros recebe, no próximo domingo, dia 3 de agosto, às 18h00, a banda Vanguart, na turnê "Demorou Pra Ser", que comemora 22 anos de carreira da banda mato-grossense. O show acontece no Teatro Paulo Autran e os ingressos custam de R$ 18,00 (credencial plena) a R$ 60,00 (inteira). Formada por Helio Flanders e Reginaldo Lincoln, ambos compositores e vocalistas, a turnê "Demorou Pra Ser" faz uma retrospectiva dos seis álbuns lançados pela banda. 

Os fãs terão a oportunidade de reviver clássicos como "Meu Sol" e "Demorou pra Ser", além de desfrutar de novas composições que apontam para o futuro criativo do grupo. A Vanguart é conhecida por sua capacidade de conectar-se profundamente com o público, oferecendo apresentações carregadas de emoção e autenticidade. Este novo ciclo de apresentações marca mais de duas décadas de estrada, consolidando a Vanguart como pioneira na cena folk brasileira.


Sobre Vanguart
Nascida em Cuiabá, a Vanguart é um dos nomes mais respeitados da música independente no Brasil, destacando-se por sua abordagem única do folk. Com melodias cativantes e letras marcantes, a banda construiu uma base de fãs fiel e uma carreira sólida ao longo de seus mais de vinte anos.


Serviço
Show Vanguart na turnê “Demorou pra Ser”
Dia: domingo, dia 3 de agosto, às 18h00
Duração: 90 minutos  
Local: Sesc Pinheiros - Teatro Paulo Autran
Classificação: 12 anos
Ingressos: R$ 60,00 (inteira); R$ 30,00 (meia) e R$ 18,00 (credencial plena)
À venda nas bilheterias do Sesc SP, ou aplicativo Credencial Sesc SP
Mais informações acesse: Link 


Sesc Pinheiros  
Rua Paes Leme, 195, Pinheiros / São Paulo
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 10h00 às 22h00. Sábados, das 10h00 às 21h00. Domingos e feriados, das 10h00 às 18h30
Estacionamento com manobrista 

Como chegar de transporte público: 350 m etrosa pé da Estação Faria Lima (metrô | linha amarela), 350m a pé da Estação Pinheiros (CPTM | Linha Esmeralda) e do Terminal Municipal Pinheiros (ônibus).

Acessibilidade: A unidade possui rampas de acesso e elevadores, além de banheiros e vestiários adaptados para pessoas com mobilidade reduzida. Também conta com espaços reservados para cadeirantes.

.: João Baldasserini e Fernando Val fazem única apresentação de "Um Pelo Outro"


Com direção de  Valdir Ramos, texto escrito por Ronaldo Ciambronni explora as profundezas da amizade verdadeira e os desafios que ela pode enfrentar. Foto: divulgação


João Baldasserini e Fernando Val apresentarão no próximo dia 2 de agosto, no Teatro Unicid, na zona oeste de São Paulo, o emocionante espetáculo “Um Pelo Outro - Dois Amigos, Dois Irmãos”. Com texto de Ronaldo Ciambronni, direção de Valdir Ramos e produção Rama Kriya Produções, a peça explora as profundezas da amizade verdadeira e os desafios que ela pode enfrentar, sendo apresentados nas histórias dos protagonistas Guido e Will, dois amigos de longa data que se veem em uma jornada de autodescobrimento e superação. 

A trama gira em torno de Guido e Will, dois motociclistas que, após uma aposta em um racha de motos, se veem envolvidos em uma série de eventos que testam os limites de sua amizade. Obstáculos financeiros, dilemas familiares, desafios morais e até espirituais surgem em seu caminho, forçando-os a confrontar as verdadeiras forças que sustentam sua relação. Uma história que vai além da diversão e mostra o valor de um amigo em momentos de crise. 

Para o diretor Valdir Ramos, “Um Pelo Outro não é apenas uma história de amizade, é um retrato das trajetórias humanas que passamos como profissionais, como amigos e como seres espirituais. Esse espetáculo mexe profundamente com as emoções do público, pois a proposta não é apenas fazer teatro, mas viver o teatro, é permitir que as emoções guiem a experiência”. A peça oferece mais do que um simples enredo, levando o público a uma reflexão sobre os vínculos que ultrapassam a matéria e nos fazem repensar até onde estamos dispostos a ir por aqueles que amamos. Guido e Will nos mostram que, mesmo nas situações mais extremas, o amor e a lealdade são forças capazes de transformar vidas. 

A produção do espetáculo também destaca o trabalho Lucienne Cunha, na direção de produção; a colaboração de  Rafael Bugath na sonorização e iluminação, que juntos criam a atmosfera envolvente e emocionante necessária para que a história se revele da maneira mais impactante possível.

Deveras, um espetáculo que convida à reflexão  sobre a verdadeira natureza da amizade, os sacrifícios que ela exige e o quanto estamos dispostos a enfrentar por aqueles que chamamos de irmãos. Uma história que tocará o coração do público e ficará com ele muito após o fim da última cena. Não perca a chance de vivenciar essa emocionante jornada de amizade, lealdade e transformação. 

 
Serviço
Espetáculo “Um Pelo Outro - Dois Amigos, Dois Irmãos”
Teatro Unicid: Avenida Imperatriz Leopoldina,550; na Vila Leopoldina
Sábado, dia 2 de agosto, às 21h00
 R$ 100,00 (inteira) / R$ 50,00 (meia entrada). Para compra, acesse: https://www.diskingressos.com.br/evento/633/2025-08-02/sp/sao-paulo/um-pelo-outro

.: James Cameron toca o terror e “Fogo e Cinzas” é o "Avatar" mais sombrio


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com.

O aguardado terceiro filme da franquia “Avatar”, intitulado "Avatar - Fogo e Cinzas" ("Avatar - Fire and Ash"), tem estreia marcada para o dia 18 de dezembro de 2025 e promete levar os espectadores a uma jornada ainda mais profunda e sombria pelo universo de Pandora. Sob a direção do cineasta James Cameron, vencedor do Oscar e conhecido por sua obsessão pela perfeição visual e narrativa, o longa continua a saga épica iniciada em 2009, trazendo de volta personagens centrais como Jake Sully (Sam Worthington) e Neytiri (Zoe Saldaña), agora imersos nos dilemas familiares e espirituais provocados pela morte do filho Neteyam, ocorrida no final do segundo capítulo da saga, "Avatar - O Caminho da Água".

O trailer divulgado recentemente, que teve estreia nos cinemas antes das sessões de "Quarteto Fantástico - Primeiros Passos", revelou paisagens deslumbrantes, efeitos visuais de tirar o fôlego e uma nova ameaça: o Povo das Cinzas, um clã Na’vi que vive em regiões vulcânicas de Pandora e que rejeita a deusa Eywa, entidade espiritual venerada pelas outras tribos do planeta. Liderados por Varang, interpretada por Oona Chaplin - conhecida pelo papel marcante em "Game of Thrones" - os Ash People apresentam um olhar pragmático, cético e combativo diante da espiritualidade dominante, o que promete reconfigurar os embates éticos e políticos do universo criado por Cameron. Ao contrário dos vilões clássicos, Varang surge como uma figura multifacetada, que acredita estar lutando pela sobrevivência de seu povo, mesmo que isso implique em confrontar as demais tribos Na’vi e ameaçar o já frágil equilíbrio do planeta.

O roteiro, assinado por James Cameron, Rick Jaffa e Amanda Silver, a partir de uma história também desenvolvida com Josh Friedman e Shane Salerno, pretende explorar a tensão entre tradição e ruptura, espiritualidade e razão, coletividade e individualismo. Além de Worthington, Saldaña e Chaplin, o elenco traz de volta nomes como Sigourney Weaver, Kate Winslet, Stephen Lang, Cliff Curtis, Britain Dalton, Trinity Bliss, Jack Champion e Bailey Bass. Há ainda novas adições importantes, como David Thewlis, que interpreta um Na’vi de destaque, e Michelle Yeoh, vencedora do Oscar, cujo papel ainda é mantido sob sigilo, mas que já gera grande expectativa entre os fãs.

Filmado na Nova Zelândia entre 2017 e 2020, simultaneamente com "Avatar - O Caminho da Água", a continuação "Fogo e Cinzas" passou por uma série de adiamentos - nove, no total - até chegar à atual data de estreia. James Cameron, no entanto, justifica os atrasos como parte de seu esforço por entregar um épico visual e emocional à altura das expectativas. E promete: este será o mais longo dos três filmes lançados até agora, com duração superior a três horas. A fotografia é assinada por Russell Carpenter, enquanto a trilha sonora fica a cargo de Simon Franglen, que segue os temas criados pelo saudoso James Horner, compositor do primeiro filme.

Um dos grandes atrativos do novo capítulo é a introdução dos Wind Traders, um grupo nômade que viaja pelos céus de Pandora e representa um contraponto ao radicalismo dos Ash. A coexistência (ou não) entre esses povos distintos, além do retorno da ameaça humana encarnada na figura do coronel Quaritch (Stephen Lang), agora em sua forma recombinante, adiciona camadas à narrativa de resistência, pertencimento e reconstrução. Pandora, que já foi um cenário de fuga e refúgio, agora se torna o palco de disputas internas e fraturas culturais que ultrapassam a dicotomia entre humanos e Na’vi.

O filme será exibido em uma gama de formatos premium, incluindo IMAX 3D, RealD 3D, Dolby Cinema, Cinemark XD, 4DX e ScreenX, reafirmando o compromisso da franquia com a imersão tecnológica e sensorial. James Cameron já declarou que, embora esteja profundamente envolvido com a finalização deste terceiro capítulo, os roteiros dos episódios quatro e cinco estão prontos, com lançamento previsto para 2029 e 2031, respectivamente. Com isso, a saga Avatar pretende atravessar três décadas de cinema, consolidando-se como um dos projetos mais ambiciosos e visualmente revolucionários da história da sétima arte.

Com uma narrativa centrada no luto, na ruptura cultural e na resistência, "Avatar - Fogo e Cinzas" promete ir além do espetáculo visual. James Cameron desafia o público a refletir sobre o que é sagrado, quem define o bem e o mal, e até que ponto a sobrevivência justifica o conflito. Em meio a vulcões ativos, rituais de guerra, novos clãs e dilemas ancestrais, Pandora continua sendo um espelho grandioso das contradições humanas - mesmo quando estas vêm com cauda, pele azul e uma conexão neural com a natureza.


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"Avatar - Fogo e Cinzas" | "Avatar - Fire and Ash"
Classificação:
a definir (provavelmente 12 anos, como os filmes anteriores) | Ano de produção: 2020 (filmado entre 2017 e 2020) | Idioma: inglês e na’vi | Direção: James Cameron | Roteiro: James Cameron, Rick Jaffa e Amanda Silver | Elenco: Sam Worthington, Zoe Saldaña, Sigourney Weaver, Stephen Lang, Kate Winslet, Oona Chaplin, Cliff Curtis, Britain Dalton, Trinity Bliss, Jack Champion, Bailey Bass, David Thewlis, Michelle Yeoh | Distribuição: Walt Disney Studios Motion Pictures | Duração: estimada em mais de 3 horas (tempo oficial ainda não divulgado) | Cenas pós-créditos: não (seguindo o padrão dos filmes anteriores da franquia) | Sinopse resumida: em "Avatar - Fogo e Cinzas", James Cameron leva o público de volta a Pandora, onde Jake Sully, Neytiri e seus filhos enfrentam um novo e explosivo desafio: o clã rebelde dos Na’vi conhecidos como Povo das Cinzas. Vivendo entre vulcões e rejeitando a deusa Eywa, esse grupo liderado por Varang ameaça a harmonia do planeta, enquanto os Sully lutam para proteger sua família e seu lar em meio ao luto, à guerra e a um mundo cada vez mais dividido.

.: “Pietá - Um Fractal de Memórias” em agosto, no Teatro de Arena, em SP


Espetáculo com texto de Marcelo Novazzi traz Dan Rosseto e Giselle Tigre como protagonistas em espetáculo ambientado nos anos 80

Com trajetória ampla no audiovisual, Paulo Gabriel encara um novo desafio: dirigir nos palcos um texto relevante a sociedade moderna: a saúde mental. A peça “Pietá, Um Fractal de Memórias” faz temporada de 1º a 17 de agosto no emblemático Teatro de Arena, em São Paulo, com dramaturgia original de Marcelo Novazzi, e sessões às quintas, sextas e sábados às 20h00 e domingo às 18h00.

O espetáculo será contado pelo prisma de uma dinâmica terapêutica, como uma espécie de um jogo teatral visto em psicodramas. Os então atores-jogadores tomarão posse de seus personagens e iremos vivenciar e presenciar as angustias de Pedro (Dan Rosseto), um fotojornalista, apaixonado pela escrita, imagens e pensamentos filosóficos, mas que acaba por viver preso nas lembranças e em seus traumas. Deslocado da realidade, Pedro se encontra refém das suas frustrações e mazelas e não consegue sair disso o que o leva a quadros de ideações suicidas- tema principal da sessão. 

Em uma noite de Natal da década de 1980, o protagonista já tomado pela depressão avançada, busca cúmplices e justificativas para tirar a vida, e nesse pensar e remoer sobre a própria trajetória, reavive fragmentos de densas lembranças com pessoas que marcaram sua vida, como a trágica mãe Odete (Giselle Tigre) e sua intensa namorada Carol (Mayara Mariotto), mas que encontra um farol de salvação na terapia inovadora aplicada por Susan Helena (Giovana Yedid).

A peça aborda temas importantes e atuais, como a depressão, que segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) é o principal fator de risco para o suicídio; o suicídio, que em si é considerado por especialistas, um dos grandes problemas do século e intenso entre os jovens; e por fim a Saúde mental, a conscientização e expansão da importância do assunto nos dias de hoje e da gama de processos terapêuticos convencionais e não convencionais, como forma de tratamento desses padrões comportamentais.

“O texto de 'Pietá' me foi apresentado na pandemia pelo autor Marcelo Novazzi. Um texto intenso que demonstrava já na leitura quilate para performances vertiginosas e intensas. Escolhi 'Pietá' para os palcos por dialogar com outras Obras que venho em diálogo e que complementam o tema acerca da saúde mental- a presença e ausência dela-, como o longa-metragem 'Fatalidade' que debate etarismo e Alzheimer; o 'Águas do Litigio' que debate a violência física e mental contra a mulher e ‘Caso Leonardo’, que debate o excesso de poder que resulta na truculência das corporações policiais contra o cidadão comum; Três anos depois, o sonho de ver 'Pietá' nos palcos se tornará realidade e com um time sedento e talentoso por contar essa história”, conta Paulo.

“Pietá, Um Fractal de Memórias” é uma produção independente da Emotion Cultural, Lugibi & Aplauzo Produções e conta no elenco ainda com Mayara Mariotto e Giovana Yeddid e direção de produção de Fabio Câmara. “'Pietá' é um espetáculo que permite valorizar a cena teatral: iremos transitar entre cenas, como em um jogo, fragmentando o ato de contar em prol de uma alegoria teatral em forma de mandala cênica. Debater no tablado estados avançados de depressão que podem levar a ideações suicidas é algo importante a ser explanado e que apesar do ‘pensar trágico’, existe também num outro extremo, o ‘pensar farol’, ou seja, é possível sermos luz ao próximo. O gatilho da esperança e do despertar pode ser um telefonema amigo, um abraço afetuoso, um simples ‘bom dia’ genuíno ou uma dinâmica teatral como esta proposta. A surdez social que vivemos por vezes nos ofusca ao outro, mas que se percebido e tratado a tempo o desfecho pode ser outro. A compaixão é um vetor muito forte na história”, finaliza Paulo Gabriel. Os ingressos de “Pietá, Um Fractal de Memórias” estão à venda neste link. 

Ficha Técnica
Espetáculo “Pietá, Um Fractal de Memórias”
Texto: Marcelo Novazzi
Adaptação e direção: Paulo Gabriel
Direção de produção: Fabio Camara
Direção residente: Dan Rosseto
Elenco: Dan Rosseto, Giselle Tigre, Giovana Yedid e Mayara Mariotto
Iluminador: Wagner Pinto e Carina Tavares
Assistente de direção: Giovanna Campanharo e Isabelli Zavarello
Preparação vocal: Gilberto Chaves
Preparação corporal: Bruna Longo
Figurino e cenário: Fabio Camara
Arquitetura cênica: Paulo Gabriel
Operador de luz: Beto Boing
Operador de som: Giovanna Campanharo
Fotos: Erik Almeida
Redes sociais e arte gráfica: Stephano Matolla
Comunicação: Fabio Câmara
Produtora associada: Girassol em Cena Produções e Candeal Produtora
Realização: Applauzo Produções, E!motion Cultural e Lugibi Produções
 

Serviço
Espetáculo “Pietá, Um Fractal de Memórias”
Temporada: 31 de julho a 17 de agosto
Teatro de Arena Eugênio Kusnet
Endereço: Rua Doutor Teodoro Baima, 94, República
Lugares: 99 lugares.
Dias e horários: quintas, sextas e sábados, às 20h00. Domingos, às 18h99
Informações: (11) 95077 7050
Ingressos: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia).
Duração: 75 minutos
Gênero: drama/ existencialista
Classificação: 14 anos

.: "Buraco Quente", de literatura erótica feminina, será lançada nesta quarta


Nesta quarta-feira, dia 30 de julho, às 20h00, a editora Garoupa vai fazer o lançamento de "Buraco Quente - Antologia de Literatura Erótica Feminina", o primeiro título de Piranha, seu selo destinado a literatura erótica. O evento acontece no UM55 - Rua Epitácio Pessoa 15, na Vila Buarque, Centro de São Paulo - SP. Algumas autoras estarão no evento e farão leitura de seus textos. A entrada é gratuita.

Organizada pela editora, escritora e pesquisadora Marina Ruivo, a antologia traz textos de Adriana Garcia, Adriana Mondadori, Alice Queiroz, Amara Moira, Ana Dos Santos, Anna Apolinário, Beth Brait Alvim, Carolina Montone, Catia Cernov, Cibely Zenari, Cida Pires, Cíntia Colares, Fernanda Jaber, Geruza Zelnys, Giselle Ribeiro, Helena Tabatchnik, Iara Rennó, Isabella Miranda, Kah Dantas, Leila Ferraz, Lídia Codo, Lúcia Santos, Maíra Valério, Márcia Barbieri, Maria Fentz, Marina Ruivo, Monique Prada, Ná Estima, Natália Nolli Sasso, Natânia Lopes, Sílvia Caselatto, Tereza Almeida, Yolanda Serrano Meana.


Sobre Buraco Quente, por Marina Ruivo
O universo dos contos eróticos - e da literatura erótica, de modo amplo - surgiu para mim quase por acaso. Era o ano de 2013, eu havia concluído há pouco meu doutorado e estava frequentando pela primeira vez uma oficina de escrita, na busca de enfrentar os fantasmas deste desejo, o da escrita. Tinha colocado algo de forma muito clara para mim: ou eu daria, enfim, vazão a tal desejo, sem medo, ou colocaria nele um ponto final e deixaria tudo para lá, fixando-me na carreira acadêmica.

Em meio a essa decisão, a primeira oficina de que participei foi do escritor Marcelino Freire, uma experiência marcante e que acabou me levando, com os anos, a desistir não da escrita, mas da outra opção, a academia — o que daria origem a outra história, mas esta não cabe aqui, onde o que importa é a erótica. E foi nessa oficina que ela abriu suas portas para mim, pois um dos exercícios que Marcelino nos passou foi o de escrever um conto do gênero. Era algo absolutamente novo para mim e parti de onde imaginei que podia, antes de qualquer tentativa de escrita: da leitura. 

Tinha em casa uma edição de "Delta de Vênus", de Anaïs Nin, e me pus a ler os seus contos, para depois brincar de me colocar em uma situação semelhante à que a autora se encontrou quando os escreveu. Ou seja, tentei imaginar como Preliminares seria se eu tivesse que escrever contos eróticos por encomenda — e com a missão explícita de que eles excitassem o leitor. Será que eu conseguiria?

Foi dessa brincadeira que surgiu a primeira versão de “Riozinho”. Mostrei o conto aos meus colegas de oficina e ao Marcelino, publiquei-o num zine da nossa turma e, depois, em uma revista digital só de arte erótica, hoje extinta (Sexus). Recebi críticas em geral positivas, tanto no âmbito literário, quanto no sentido de que, sim, as pessoas tinham se sentido excitadas durante a leitura. Alguns leitores homens, no entanto, disseram que o narrador ainda não estava plenamente convincente como uma figura masculina, uma observação que registrei em um canto da mente, deixando para verificá-la quando fosse publicar o conto em um livro.

No ano passado, ministrei uma oficina em que o desafio proposto aos participantes foi o mesmo que eu tinha me imposto: lermos os contos de Anaïs Ninn e tentarmos escrever a lgosemelhante, isto é, algo que funcionasse como um bom conto, em termos literários, e que tivesse a capacidade de excitar sensorial e sensualmente o leitor. Foi uma experiência saborosíssima e, dela, duas participantes comparecem aqui neste livro, Cida Pires e Sílvia Caselatto. Quando elaborei a oficina, havia pensado na publicação de um livro de contos como um resultado final, porém a ideia acabou não vingando. Ou melhor, não naquele momento.

Neste ano, conversando com Cristiano N. A. a respeito da editora e de seus caminhos possíveis, surgiu a ideia de criar um selo propriamente erótico, e foi então que ele apresentou a sugestão do nome. No universo dos peixes da Garoupa, o selo erótico só pode ser o Piranha, falou. Rimos muito e adoramos. Pronto, o selo tinha um nome e a Piranha tinha que nascer. Cristiano assumiu a missão de criar o logo, esta poderosa boca de piranha, e eu passei a pensar no que seria seu primeiro livro. Desde o início, imaginei que ele teria de reunir apenas textos escritos por mulheres, pois nós é que somos, ainda hoje e apesar de todas as lutas e conquistas feministas, situadas como objetos do desejo erótico masculino, ou, então, vistas como os seres que deveriam ser desprovidos de desejo, mero receptáculo assexuado do masculino. Dar voz ao desejo feminino e às muitas formas de olhar o sexo das mulheres é o que move este livro, cujo título, aliás, também foi sugerido pelo Cristiano, e novamente como uma brincadeira-provocação: "Buraco Quente".

Comecei a convidar as mulheres, cis e trans, procurando descobrir nomes de autoras que estivessem em várias regiões do país, de várias idades e vivências. E assim fui chegando, com o auxílio generoso das próprias autoras e do editor Genio Nascimento (da Gênio Editorial), a este time fantástico que está aqui, e que figura as múltiplas formas da erótica literária contemporânea. Há, assim, contos e poemas que falam orgulhosamente de nosso órgão sexual, como os poemas de Natália Nolli Sasso, Ana Dos Santos e Lídia Codo, e há textos paródicos e críticos, como o delicioso “Dolores”, de Geruza Zelnys, ou irônicos, como “Confissões de uma histérica”, de Márcia Barbieri, que nos leva a conhecer mais uma personagem feminina viciada em sexo. Há os textos em prosa poética, como “Me chame de Legião”, de Anna Apolinário, ou “Concupiscência”, de Kah Dantas, e ainda os diálogos eróticos com a própria língua e a literatura, feitos por Giselle Ribeiro.

Estão presentes também os textos que falam de experiências sexuais inusitadas, como a que se propôs a narradora de “O túnel”, no conto de Cida Pires, ou aqueles que se propõem ensinar o que o homem deve fazer para nos dar prazer, como “Manual”, de Helena Tabatchink, bem como textos que falam de encontros e desencontros sexuais e amorosos, como os poemas “Da epiderme ao osso”, de Ná Estima, e “É lá no céu que acontece”, de Cíntia Colares, ou os contos “Escrito na areia”, de Sílvia Caselatto, “Do doce ao gozo”, de Adriana Mondadori, e ainda “Quer café?”, de Maria Fentz, e “Cangote”, de Carolina Montone.

Estão aqui também os textos que falam especificamente das delícias do sexo entre mulheres, como o poema “Nas alturas”, de Cibely Zenari, e o conto “O jantar”, de Adriana Garcia, além de textos que enaltecem o prazer sexual inclusive quando o sexo é profissão, como o conto “Babel” de Monique Prada, ou o poema “Parafina”, de Alice Queiroz. E há, por outro lado, aqueles que trazem o peso da culpa que às vezes ainda permeia o sexo, sobretudo quando ligado a experiências não consentidas, questionando-a, como no conto “Camilo em uma noite”, de Tereza Almeida, ou mesmo experiências permeadas pelo tenso cruzamento com o universo religioso, como “Benedictus”, de Natânia Lopes, ou “A régua do desejo é uma palmatória”, de Maíra Valério. Há ainda um conto todo em bajubá, divertidíssimo e escrito a quatro mãos, por Amara Moira e Isabella Miranda, e textos provocativos e brincalhões, como o “Poeminha” de Iara Rennó, ou o delicado poema “Tarde de jogos”, de Yolanda Serrana Meana.

Há poemas curtinhos, como uma rapidinha, tal qual os haicais de Lúcia Santos ou Fernanda Jaber, e há poemas bem mais longos. Há também aqueles que dialogam com o surrealismo, como os de Beth Brait Alvim e Leila Ferraz, ou os afiados poemas de Catia Cernov, que fazem uso de um registro todo próprio da linguagem. Em Buraco quente, como se vê, a variedade é o que reina, como várias são as formas de dar vazão ao desejo erótico. Para a minha participação, resolvi voltar a “Riozinho”, e acabei por reescrevê-lo, ainda que preservando seu enredo e personagens. É ele, inclusive, o único conto que fala a partir da ótica de um narrador e personagem masculino, mas resolvi mantê-lo assim, até porque acredito que pode ser bem interessante uma mulher escrever um conto erótico do ponto de vista masculino. Fomos narradas e representadas por homens desde sempre, por que não podemos inventar experiências para narradores masculinos? A ficção é o território da liberdade — e nisso ela se aproxima de forma muito íntima da erótica. Este livro, leitora, leitor, é para você. Para você se divertir, se deliciar, rir, se emocionar e, evidentemente, se excitar. Compre o livro "Buraco Quente - Antologia de Literatura Erótica Feminina" neste link.


Ficha técnica
"Buraco Quente - Antologia de Literatura Erótica Feminina"
Editora Garoupa
Preparação de originais: Carolina Passos
Revisão: Maria Paula Lucena Bonna
Diagramação: Vagner Mun
Fotos do miolo: Nana Santos (@nanasantos.pa)
Capa: Cristiano N. A.
Edição: Marina Ruivo
Páginas: 172
ISBN: 978-65-987299-0-5


Serviço
Lançamento da antologia "Buraco Quente - Antologia de Literatura Erótica Feminina"
UM55 - Rua Epitácio Pessoa 15, na Vila Buarque, Centro de São Paulo
Quarta-feira, 30 de julho de 2025, às 20 horas
Entrada gratuita

segunda-feira, 28 de julho de 2025

.: Fran Ferraretto, a atriz que costura poesia e porrada com linha de cena


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Fotos:  Julieta Bacchin 

Se a arte fosse uma espécie de luta, Fran Ferraretto entraria no palco sem luvas, mas com a alma em punho. Ela faz mais que interpretar personagens - ela os encarna até o osso. E quando escreve, não faz literatura: brada em forma de texto. Atriz, dramaturga, professora, pesquisadora, premiada, inquieta e indisciplinadamente verdadeira, Fran transita entre o lúdico e o abismo com a naturalidade de quem se recusa a ser domesticada pela caretice estética, política ou espiritual.

Depois de colocar a infância para pensar sobre relacionamentos abusivos em "A Minicostureira", ela volta ao palco agora com "Adulto" - um espetáculo que não pega o espectador pela mão, mas empurra pela consciência. A peça se divide em duas camadas narrativas: a da autora que escreve a obra enquanto, em cena, acontece uma crise conjugal entre os personagens João e Sara, intensificada com a chegada de Vitor e Paula, um casal de amigos que acende o pavio de questões silenciadas. 

Entre revelações, rachaduras e provocações, temas como traição, monogamia, maternidade, machismo, saúde mental e o mito do amor romântico explodem em cena com honestidade brutal. Nesta entrevista exclusiva ao Resenhando.com, Fran não economiza palavras, não disfarça verdades, não posa de musa e nem tenta parecer simpática. Ela é. Ela existe. Ela grita. Ela arrebata. E ponto. Quem não estiver preparado, que desvie o olhar. O palco já está armado.


Resenhando.com - Você já disse que “o palco a deixa em carne viva”. No Brasil de hoje, ser atriz é mais ato político, exercício espiritual ou sadomasoquismo profissional?
Fran Ferraretto - Eu disse isso? (risos). Bom, sem dúvida é um ato político! E se a gente pensar na falta de incentivo que temos no nosso país, eu diria que é um ato de resistência também. Mesmo que os teatros estejam lotados, e com toda a repercussão do cinema nacional pelo mundo, o investimento na cultura ainda é muito difícil, e sem isso não viabilizamos nada. Portanto, quando conseguimos realizar alguma coisa, esse trabalho é um retrato de luta. E isso precisa mudar!


Resenhando.com - Você fala com propriedade sobre relacionamento abusivo em obras para crianças. Mas e no mundo adulto da cultura, qual foi o "relacionamento abusivo" mais difícil de romper: com um diretor, um personagem ou com a ideia de sucesso?
Fran Ferraretto - Eu acredito que foi comigo mesma. Em me enxergar e me aceitar como uma mulher realizadora, não foi fácil. Tentei negar, diminuir essa pulsão, me descredibilizar, e isso tudo porque ainda temos muito poucas figuras de mulheres de autoridade e poder no nosso meio, infelizmente. Os espaços artísticos ainda são dominados por homens. E isso nos faz pensar que a gente não pode, ou não consegue. Mas isso não é verdade, e estamos concretizando essa mudança.


Resenhando.com - O espetáculo “Adulto” estreia em breve. Na sua opinião, quando é que a gente vira “adulto”? Ao pagar boletos, ao se apaixonar por quem não retribui ou ao ter que aplaudir colega ruim só por educação?
Fran Ferraretto - Sim, estrearemos muito em breve. Dia 29 de agosto no Sesc Ipiranga, e ficamos até 12 de outubro. Eu estou muito feliz! Acho que entre os muitos temas que a peça aborda, esse é um deles, o marco de entrada na vida adulta. Não existe uma regra, um guia, então acho que cada pessoa vai encontrar o seu caminho. Mas o capitalismo é imponente, e sem dúvida essa conquista passa pela liberdade financeira, seja para sair da casa dos pais, ter filhos, viajar, fazer uma faculdade, enfim. O dinheiro não é uma escolha, mas cada pessoa lida de uma forma com essa demanda, e isso será bem debatido no espetáculo.


Resenhando.com - Você já viveu o teatro sob direções muito distintas - das mais experimentais às mais afetivas. Qual foi a maior revolução estética ou ética que um processo de criação já provocou em você?
Fran Ferraretto - Olha, estou justamente passando por isso agora. Trabalhar com a Lavínia Pannunzio era um sonho antigo. Nos conhecemos em 2014, e eu sou louca nessa mulher desde então. E agora estar vivendo e dividindo a criação de uma obra com ela, tem sido extraordinário. A escuta, o cuidado, a atenção, o respeito, a inteligência, a generosidade, tudo isso tem sido uma revolução pelo amor. Um dia antes da gente começar os ensaios ela disse: "vamos colocar nossas almas nessa peça, Fran". E assim tem sido!


Resenhando.com - Você já lavava as mãos antes da pandemia. Hoje, o que você não lava mais: a consciência, as mãos de certos convites ou o sangue simbólico dos papéis que te atravessam?
Fran Ferraretto - Eu não sei se entendi a pergunta, mas acho que estou cada vez mais lavando a ideia de dar conta de tudo, sabe? Uma hora na vida adulta a gente entende que depende de nós, aí vamos virando uma máquina de fazer, render, produzir, e isso é muito perigoso. É uma armadilha dos nossos tempos, e tem adoecido muita gente. Então estou tentando me livrar dessas expectativas idealizadas que colocam nas nossas cabeças, e a gente aceita sem pensar.


Resenhando.com - Você disse que as crianças a ensinam a assimilar melhor as coisas do mundo. O que os adultos, principalmente os homens, ainda têm a aprender com você no palco?
Fran Ferraretto - Não sei se aprender comigo, mas o meu próximo espetáculo, "Adulto", vai propor algumas reflexões importantes nesse sentido, principalmente sobre a consciência de um privilégio estrutural direcionado aos homens. E sem esse entendimento não avançaremos.


Resenhando.com - “A Minicostureira” tem inspiração no Tarô egípcio. Se você tirasse uma carta hoje para o teatro brasileiro, qual seria e por quê?
Fran Ferraretto - A primeira que eu pensei foi a "Roda da Fortuna". Que é também um desejo de que as coisas mudem e se transformem para melhor. Que os projetos encontrem as pautas, que os artistas encontrem as oportunidades, que o teatro encontre fomento e o público sempre.


Resenhando.com - Se a Fran Ferraretto de 2025 encontrasse a Fran criança, aquela que não tinha respostas nem acolhimento, o que ela diria? E o que a pequena responderia?
Fran Ferraretto - Primeiro eu a abraçaria, e tenho feito isso diariamente. Diria que as coisas seriam melhores do que ela pensava, pediria para ela não perder alegria, e nem aquela confiança interna que sempre acompanhou a gente. E também agradeceria, afinal, de certa forma foi ela que me trouxe até aqui.


Resenhando.com - Como é trabalhar em um país em que o maior cachê de um artista pode vir de uma publi no Instagram e não de uma peça que esgota ingressos? Isso a desespera ou a desafia?
Fran Ferraretto - É desolador, né!? Foi tudo o que falei nas outras respostas. São tantos desafios, que sem resistência a gente não dura um dia nessa profissão. Mas falando individualmente, eu prefiro não colocar muito meu foco nessa questão, até porque acho que me desanimaria demais, sabe? Eu estou ciente, mas prefiro trabalhar nos meus projetos e brigar pelas minhas peças.


Resenhando.com - Entre Blanche Dubois, de "Um Bonde Chamado Desejo", Mirella, de “Feras”, Clara, “a minicostureira”, e a Fran da vida real - qual delas você levaria para uma ilha deserta? E qual você deixaria na rodoviária sem olhar para trás?
Fran Ferraretto - Eu levaria a Clarinha, óbvio. "A Minicostureira" foi minha primeira dramaturgia e idealização, significa muito para mim essa peça. Inclusive estamos voltando a circular aqui em São Paulo, depois de oito anos da estreia, e tem sido maravilhoso. Em setembro estaremos no Sesc Interlagos, e estou muito feliz. Acho que não conseguiria deixar nenhuma, sou apegadinha (risos).


Serviço
Espetáculo "Adulto"
Temporada: de 29 de agosto a 12 de outubro de 2025
Dias e horários: sextas e sábados, às 20h00; domingos, às 18h00
Sessão extra para grupos: quinta-feira, 9 de outubro, às 20h00 (em substituição ao dia 7 de setembro)
Local: Sesc Ipiranga – Teatro
Endereço: rua Bom Pastor, 822 - Ipiranga / São Paulo
Duração: Aproximadamente 90 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Ingressos: à venda no site sescsp.org.br/ipiranga e nas unidades do Sesc
Valores: R$ 12,00 (credencial plena), R$ 20,00 (meia-entrada), R$ 40,00 (inteira)
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