sábado, 10 de agosto de 2024

.: Exposição inspirada na obra de Clarice Lispector pode ser vista até terça


Com sua personalidade enigmática e uma linguagem poética e inovadora, Clarice Lispector (1920-1977) é, merecidamente, cultuada em todo o mundo como um dos maiores nomes da nossa literatura. Inspirado pelas obras da escritora, o Caminhão de Histórias, um caminhão-baú de 15 metros, adaptado para receber mostras culturais interativas, apresenta a exposição “A Casa que Anda. Que Mistérios tem Clarice?” baseada nos livros "A Vida Íntima de Laura", "O Mistério do Coelho Pensante" e "A Mulher que Matou os Peixes"

O projeto fica no Parque Linear Bruno Covas até terça-feira, dia 13 de agosto, com entrada gratuita, tendo passado pelo Parque Horto Florestal entre os dias 22 de julho e 4 de agosto, e visa a atender ao público circulante, bem como um amplo programa para escolas públicas e privadas do Estado. Com o patrocínio do Instituto CCR, a entidade do Grupo CCR responsável pelos investimentos socioculturais que busca democratizar o acesso à cultura e à educação, o projeto visa incentivar a formação de novos jovens leitores.

Com curadoria de Eucanaã Ferraz, poeta, consultor de literatura do Instituto Moreira Salles (IMS) e professor de literatura brasileira na Faculdade de Letras da UFRJ, e com direção artística e cenografia de Daniela Thomas, cineasta, diretora teatral, dramaturga e cenógrafa, e intervenções artísticas dos artistas plásticos Maria Klabin, Marcela Cantuária, Raul Mourão e Mariana Valente, “A Casa que Anda” apresentará atividades e reflexões sobre o universo infantojuvenil da criação de Clarice de Lispector a partir de histórias que dialogam com seus jovens leitores, despertando curiosidades sobre sentimentos e emoções, que evocam inúmeras reflexões.

Um projeto de educação gratuito, inclusivo e democrático, “A Casa que Anda” sucede o exitoso projeto Busão das Artes, que trouxe “O Mundo Invisível”, concebido no pós-pandemia, e que abordava de forma lúdica o mundo dos fungos, vírus e bactérias, e é uma realização de Renata Lima, que dirige a Das Lima Produções, e da dupla Lilian Pieroni e Luciana Levacov, da Carioca DNA. “Um caminhão-baú transformado em espaço expositivo, que percorre praças e parques do Brasil, ‘O Busão das Artes’ nasceu da nossa vontade de educar, humanizar e sensibilizar o público em relação a temas importantes, sempre permeando questões ambientais. Esse projeto acontece em praças e outros espaços públicos, gratuitamente, e está aberto a todos”, afirma Luciana Levacov, sócia da Carioca DNA.

Segundo Eucanaã Ferraz, a obra de Clarice Lispector tem um raro poder de atração, não importando a idade e outros traços particulares de quem a lê. "Sua palavra é, nesse sentido, universal. Não há dúvida de que associar a escrita com a materialidade das artes visuais e as experiências propriamente lúdicas será impactante para todos que passarem pela ‘Casa que anda’. Também é importante observar que a maior parte das narrativas de Clarice se passa nos ambientes domésticos e, desse modo, criar um ambiente de experiências sensoriais e estéticas numa ‘casa’ trará para mais perto do público o mundo mágico e atraente da autora”, ressalta o curador.

O encantamento começa com o próprio baú do caminhão, totalmente adesivado com primorosas ilustrações de autoria de Mariana Valente, neta de Clarice, que abordam vários aspectos de sua vida, com imagens de cidades e países que visitou ou onde viveu, como Recife, Rio de Janeiro, Pisa, Genebra, e Washington, intercaladas com imagens da escritora cercada de crianças, jardins e animais. Instalações artísticas e interativas apresentam dois ambientes da casa: interno e externo. Quem guia o visitante por esse universo é a “própria” Clarice, com mediadoras caracterizadas que incorporam a personagem, dando a ideia de que a autora os recebe em sua própria casa.

Daniela Thomas, que recriou o espaço interno da casa de Clarice a partir de fotos da residência da autora, reflete sobre como conduziu essa experiência. "Clarice tem a capacidade de revelar a profundidade da experiência humana nas situações mais banais e corriqueiras da vida. Com isso, nos desperta da alienação diária e somos tomados de uma hipersensibilidade para a nossa própria vida. Nosso objetivo é que os visitantes possam ter a experiência de olhar as mesmas coisas que sempre olham, só que agora com a sensibilidade renovada, surpreendendo-se com o que a literatura pode oferecer para a ampliar nossas perspectivas e nossa própria vida".

Além da reprodução do ambiente onde viveu a escritora, que abriga inclusive sua mesa de trabalho, onde repousam manuscritos e uma máquina de escrever com um texto em andamento, o espaço inclui referências e curiosidades dos três livros abordados na exposição, como um aquário vazio - já que os peixes morreram por falta de alimento, quadros da galinha Laura, do Coelho e do peixe, além de vídeo gravado com câmera em primeira pessoa na visão dos animais - assim como fazia a escritora, que criava as histórias a partir da perspectiva dos bichos.

“Busquei replicar a experiência da leitura dessas obras recriando seu apartamento e povoando-o com suas reflexões escritas, cuidadosamente selecionadas por Eucanaã. Clarice, sentadinha em seu sofá com a máquina de escrever apoiada nos joelhos, digitava seus textos extraordinários, enquanto seu olhar não via mais do que as mesmas mobílias e animaizinhos que a cercavam, dia após dia. Uma imaginação fulgurante! Já do lado de fora, o quintal da casa foi reinterpretado por artistas contemporâneos. Também foi criado um filme, que me surgiu com furor quando li os livros pela primeira vez. Pensei: precisamos ver o mundo dos bichos como Clarice apontou, do ponto de vista deles”, ressalta Daniela.  

Do lado externo, as três histórias se unem com diversas atividades de referência aos animais retratados, como o cercado do coelho - que dá algumas pistas para que as pessoas tentem descobrir como sua fuga ocorreu. A Casa do Coelho, projeto do artista Raul Mourão, é representada por uma pequena casa de aço criada para retratar o misterioso desaparecimento do coelho da ficção de Clarice. “Uma gaiola/escultura sobre confinamento e fuga, confeccionada com o mesmo material das grades de segurança que nos acompanham nas grandes cidades brasileiras”, afirma o artista. 

Um lindo tapete, desenhado pela artista plástica Maria Klabin, transmite a sensação do piso de um quintal, com caracóis, tatus-bola, folhas, restos de comida, que podem ser explorados com o auxílio de lupas de aumento. “Esses três livros fazem parte das minhas melhores lembranças com meus filhos crianças”, conta Maria. “Líamos os três em série. É nítida a memória do momento em que eu abria a capa de ‘A mulher que matou os peixes’. A capa era dura, como um pequeno portão. E éramos conduzidos dos risos, gargalhadas à confusão, tristeza, ternura, apreensão, e algumas emoções cuja existência só descobrimos pelos livros da Clarice.  É um privilégio visitar esse quintal pelo qual já devo ter passado muitas vezes, dessa vez, olhando para o chão que deu origem a tantos voos”, completa a artista, sobre a experiência de criar o piso.

Ainda no quintal, o ovo da Galinha Laura, criado por Marcela Cantuária, leva os visitantes a uma reflexão sobre o mistério da vida e a promessa de futuro. "Simboliza de maneira lúdica a gestação e as inúmeras possibilidades que a existência nos traz", explica Marcela. "Eu me senti honrada com o convite para participar da exposição, pois admiro imensamente o legado de Clarice. Uma mostra de arte circulante e interativa, como é o caso do Caminhão de Histórias, reforça o compromisso da arte com o coletivo, além de ser um movimento interessante e inovador", completa a artista.

A experiência traz práticas educativas que remetem ao ofício da escritora, como o espaço de leitura, atividades com máquinas de escrever, oficinas criativas inspiradas nos enigmas das histórias, produção e envio de cartão postal entre outras dinâmicas a serem conduzidas por educadores formados pela equipe da Percebe - consultoria especializada em educativos de museus e exposições.  Os estudantes que visitarem a exposição receberão um caderno de atividades para continuarem a experiência na escola, orientados por seus professores, ou mesmo em casa com seus familiares.

Contando de forma lúdica e participativa a história e obras de Lispector para as crianças, a exposição busca democratizar o acesso à arte e à literatura em diversas localidades do País.  Em 2024, “A Casa que Anda” passará por São Paulo (Parque Horto Florestal e Parque Linera Bruno Covas), Paraná (Londrina e Curitiba), Santa Catarina (Joinville), Goiás (Goiânia), Maranhão (Imperatriz), Bahia (Salvador), Minas Gerais (Belo Horizonte) e Rio de Janeiro (Rio de Janeiro e Niterói). A expectativa é que mais de 60 mil pessoas passem pelo Caminhão de Histórias nessa temporada.

Sobre os livros infantojuvenis de Clarice Lispector
Eucanaã Ferraz nos oferece um panorama sobre os livros de Clarice Lispector para a infância. “Os livros de Clarice Lispector para a infância – como suas obras para o público adulto – são inquietantes. Se a linguagem é acessível e próxima do universo infantil, lá estão as perplexidades, as dúvidas, as perguntas, os mistérios da vida e da morte. Os textos conversam com o leitor e, assim, criam uma intimidade que desarma seu olhar e lhe possibilita viver experiências nas quais a natureza e os animais são parte fundamental. Não são, de modo algum, textos que buscam educar pelo viés da obviedade ou da complacência, como se o leitor-criança fosse imaturo ou intelectual e existencialmente despreparado. Pelo contrário, no convívio do humano com a natureza há traumas, choques, incompreensões, tristezas, mas também amor, humor, alegrias, enfim, múltiplos afetos. O resultado é o exercício estético e vital que se exige de toda e qualquer literatura. E, isso, claro, faz com que esses textos sejam atraentes também para público adulto”.

A exposição é inspirada em três livros infanto-juvenis de Clarice
"A Vida Íntima de Laura" (compre o livro neste link):
conta a história de Laura, a galinha que mais bota ovos em todo o galinheiro. Compondo uma personalidade cheia de nuances para sua personagem, Clarice diverte os pequenos sem subestimar sua inteligência.

"O Mistério do Coelho Pensante" (compre o livro neste link): o sumiço de um simples coelhinho branco – quem diria! – inspira uma das mais instigantes histórias infantojuvenis de Clarice Lispector. Nesse livro a escritora discorre sobre profundas questões existenciais, na dose certa para a apreciação dos pequenos leitores. Qual a diferença entre "natureza humana" e "natureza de coelho"? Como a gente sai do terreno da necessidade para o da vontade e da criatividade? É possível um pensamento que seja também um sentimento e uma sensação?

"A Mulher que Matou os Peixes" (compre o livro neste link): aqui a sintonia com os leitores é obtida a partir do endereçamento direto, e o texto anuncia-se como uma confissão da narradora (“Essa mulher que matou os peixes infelizmente sou eu”) e um pedido de perdão à humanidade. Suspenses são encontrados a partir de pequenas tramas, em que perdão e culpa se sucedem. A união das obras busca explorar temas como mistério - o sumiço do coelho, culpa - matou o peixe, autoestima - galinha Laura que se acha feia, o mistério da vida - o ovo - e da morte - o peixe.


Serviço
Caminhão das Histórias em São Paulo
“A Casa que anda. Que mistérios tem Clarice?”
Parque Linear Bruno Covas (Av. Magalhães De Castro, R. Pedro Avancine - Jardim Panorama, São Paulo - https://maps.app.goo.gl/AVMEV67Ve81LQczB6?g_st=iw)
Datas e horário: até terça-feira, dia 13 de agosto, das 9h00 às 17h00
*Entrada gratuita
**A exposição não funciona na segunda-feira.

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

.: Crítica musical: a volta de Roberto Riberti em disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

O novo álbum “Estrela é o Samba” (distribuição Tratore) traz Roberto Riberti de volta, como um bem guardado segredo de São Paulo. Após um hiato de 38 anos, o compositor apresenta sambas feitos em parceria com grandes nomes do gênero, como Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho e Paulo Vanzolini, gravados entre 2012 e 2023.

Entre 1977 e 1986, Riberti lançou quatro discos, foi gravado por gente como MPB4, Elza Soares, Beth Carvalho, Quarteto em Cy, Marcia, Eliete Negreiros e Leila Pinheiro, e teve música até em novela das oito da TV Globo (“Passageiro”, na trilha sonora de “Os gigantes”). Sua produção como compositor e letrista abrange da MPB mais clássica - como “Passageiro” e “Apenas mais um” - até duas correntes aparentemente antagônicas que em sua obra se harmonizam perfeitamente: o samba e o choro de um lado, e de outro a vanguarda paulista (é parceiro de Arrigo Barnabé em clássicos como “Cidade Oculta”, “Lenda”, “A Serpente”, e “Mística”, do “Tubarões Voadores”).

Nesses 38 anos, Riberti se afastou da música, mas não da composição. Foi aos poucos gravando um álbum de seus sambas, o primeiro só com esse gênero, recheado de participações especiais de velhos ídolos e parceiros (muitos dos quais foram nos deixando). “Estrela é o Samba” é, na verdade, uma procura do samba feita por Riberti dentro de sua obra e por sua cidade, São Paulo.

Há no álbum músicas e gravações inéditas, entre elas três sambas fruto da parceria com Elton Medeiros, o clássico “Estrela” (letra de Riberti e melodia de Elton e Eduardo Gudin) até então nunca gravado por Riberti, e “Imensidade” e “Pobre Amor” (melodias de Elton Medeiros e letras de Riberti), sendo dois deles com a participação de Elton Medeiros; “Túmulo do Samba”, com participação do saudoso Germano Mathias; “Todo Mundo Me Diz” (melodia de Riberti e letra de Paulo Vanzolini escrita na década de 40), com participação do MPB4; e Euforia (letra de Riberti e melodia de Nelson Cavaquinho e Eduardo Gudin), pela primeira vez gravada pelo autor.

Trata-se de um disco bem produzido que se encaixaria na rica e tradicional produção da década de 70, o que por si só já merece uma atenta audição do ouvinte. Porque trata-se de uma seleção de sambas que não possui prazo de validade.  Tão atemporal como aquele conhecido clássico  "Velho Ateu" (1978), composto em parceria com Eduardo Gudin, tão presente nas rodas de sambas do país.

"Quando o Amor Invade"

"A Força do Bem"

"Estrela"

.: Seu Jorge lança o podcast ao lado de Roberta Rodrigues e Shirley Cruz


Roberta Rodrigues e Shirley Cruz, renomadas artistas conhecidas por suas contribuições marcantes na televisão e no cinema brasileiros são as apresentadoras deste projeto inédito. Foto: Joana Rosário

O podcast "$em Glamour", o primeiro programa do canal Black Service, estreia hoje, às 21h00, no YouTube. O espaço de produção cultural do Seu Jorge, este projeto inovador promete oferecer uma experiência única ao público, explorando intimidade e conexões genuínas com grandes nomes do entretenimento. Roberta Rodrigues e Shirley Cruz, renomadas artistas conhecidas por suas contribuições marcantes na televisão e no cinema brasileiros são as apresentadoras deste projeto inédito.

O primeiro episódio conta com a participação especial da atriz Cris Viana. Cris, que raramente participa de podcasts, aceitou o convite devido a uma forte identificação com a proposta do "$em Glamour", prometendo uma conversa leve e informativa sobre os bastidores da fama e os aspectos mais humanos da vida artística. 

“O '$em Glamour' é sobre quebrar ciclos que nos foram impostos por séculos. É sobre honrar nossa ancestralidade junto com os que são de verdade. Por nós, pelos nossos. É pra todos. Isso é $em Glamour”, conta Roberta Rodrigues. “A verdadeira revolução começa dentro da gente. $em Glamour é a materialização da nossa revolução”, complementa Shirley Cruz. 

A primeira temporada do podcast "$em Glamour" estreia às 21h00, com transmissão às quartas e sextas-feiras no YouTube e Spotify. Além disso, trechos das entrevistas serão disponibilizados nas redes sociais, incluindo Instagram, TikTok, Facebook e Kwai, ampliando ainda mais o alcance deste novo formato de entretenimento. 

Segundo Seu Jorge, criador da Black Service, o primeiro programa vai aproximar muito o telespectador e o ouvinte do artista porque entrega sobretudo intimidade. "Além de ser um podcast ancorado por duas mulheres incríveis, atrizes renomadas do cinema brasileiro, trazendo muita referência e história de backstage de artistas aspiracionais!".

O podcast "$em Glamour" não apenas oferece entretenimento de qualidade, mas também se destaca por seu compromisso em explorar histórias e curiosidades inéditas de seus convidados. Com uma programação que inclui nomes como, a atriz Andréia Horta, Silvana Oliveira, empresária e mãe da cantora Ludmilla, o cantor Xande de Pilares e os atores Babu Santana e Douglas Silva. A primeira temporada promete ser um verdadeiro sucesso, e a segunda temporada já está em produção com um tema único e que irá emocionar os brasileiros. 

A Black Service é a produtora cultural do Seu Jorge, um espaço de experiências inéditas, relacionamentos, gestão de carreira, acessos e visibilidade para boas ideias. Uma produtora cultural que fomenta inovações para o mercado publicitário, música, cinema e outras intervenções socioculturais. Assista ao primeiro episódio no YouTube e acompanhe os próximos episódios todas as quartas e sextas-feiras: https://www.youtube.com/@SemGlamourpodcast

Assista ao teaser do primeiro episódio

 


.: Espetáculo "Escola Modelo" em nova temporada no Pequeno Ato


Peça dirigida por Fernando Vilela traz em cena Pedro Granato e Letícia Calvosa refletindo as estruturas sociais sob diferentes perspectivas. Espetáculo reestreia em agosto no Pequeno Ato. Foto: Camila Rios


O espetáculo Escola Modelo convida os espectadores a uma jornada e reflexiva sobre os impactos das ações afirmativas e do racismo estrutural na formação escolar. Com direção de Fernando Vilella e dramaturgia de Bruno Lourenço, a peça fará temporada no Teatro Pequeno Ato de 9 a 30 de agosto, com sessões às sextas-feiras, às 20h30.

Através das experiências pessoais dos performers Pedro Granato e Letícia Calvosa, o projeto propõe uma narrativa que atravessa as fronteiras entre o público e o privado, o político e o pessoal. Calvosa, uma mulher negra que enfrentou dilemas sobre as cotas ao ingressar na universidade, e Granato, um homem branco que foi gestor público de formação, refletem sobre como o racismo moldou suas trajetórias educacionais. 

“Como estudante negra, sei que a formação escolar é um momento de muitas descobertas sobre o mundo e sobre si. Um momento delicado que, se não for bem experienciado pelo aluno, pode apagar suas potencialidades e história. O racismo estrutural se apresentou pra mim nesse processo com professores sem letramento racial, com materiais didáticos pensados pela branquitude e para a branquitude, sem referências onde eu me visse representada”, conta a atriz.

Para Granato, que implementou cotas raciais em programas educacionais e levou escolas para as periferias durante sua atuação no poder público, também é preciso questionar sobre a forma que algumas instituições têm inserido alunos em seus espaços. "Incomoda quando essas mesmas escolas que por décadas segregaram agora buscam, à custa de muito dinheiro, se colocar como pioneiras da luta antirracista. Meu foco central é a defesa de uma transformação estrutural, política de nossa desigualdade racial. E que possamos também aprofundar esse debate encontrando as sombras do processo para não se transformar em algo maniqueísta que serve mais para redes sociais que transformações reais", reflete.

A criação do texto partiu de duas forças condutoras, segundo o dramaturgo Bruno Lourenço. “O privado (relatos pessoais, pensamentos, reflexões) e o público (poder público, leis, instituições). Tudo isso permeado pelo discurso de raça e gênero, que atravessa o espetáculo, e a oposição fundamental entre trabalho e sonho (segundo a semiótica discursiva de Greimas), explica. Autores brasileiros importantes como Sílvio de Almeida, Sueli Carneiro, Lívia Sant'anna Vaz e Cida Bento também foram fontes de debates apresentados no texto.

A peça se desenrola em uma ambientação que mescla elementos de sala de aula com a linguagem da contação de histórias, permitindo ao público uma imersão profunda nas reflexões propostas. Através do Teatro Épico de Bertolt Brecht, a encenação busca criar um distanciamento que possibilita o pensamento crítico, convidando os espectadores a questionar as estruturas sociais e educacionais vigentes.

“Se estamos aqui hoje discutindo a desigualdade racial, o plano de ensino nas escolas, a estrutura da educação, uma pergunta que se lança é: qual o modelo educacional que gostaríamos de ter, que fosse comum a todos, para os próximos anos? O público é parte fundamental da discussão. Pois é a partir dele, pela sua identificação, que podemos elaborar juntos novos caminhos a serem tomados, quanto sociedade, quanto país”, diz o diretor Fernando Vilela. 

A cenografia, inspirada no filme "Dogville" de Lars von Trier, utiliza módulos rotativos que lembram lousas escolares, criando um espaço versátil que se transforma em diferentes ambientes conforme a narrativa avança. Cadeiras coloridas infantis dispostas entre o público reforçam a atmosfera escolar, enquanto os elementos cênicos provocam sobre as relações de poder e as dinâmicas sociais presentes no contexto educacional.


Ficha técnica
Espetáculo "Escola Modelo" | Elenco: Pedro Granato e Letícia Calvosa | Direção: Fernando Vilela | Dramaturgia: Bruno Lourenço | Desenho de luz: Ariel Rodrigues | Direção de arte: Fernando Vilela | Figurino: Thais Sakuma | Preparação Vocal: Malú Lomando | Técnico de Palco e Técnico de Som: Victor Moretti l Técnico de Luz: Ariel Rodrigues l l Produção Executiva: Carolina Henriques l Assistência de Produção: Julia Terron e Rommaní Carvalho l Fotos Divulgação: José de Holanda | Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli l Produção e Realização: Jessica Rodrigues Produções e Pequeno Ato l Direção de Produção: Jessica Rodrigues.


Serviço
Espetáculo "Escola Modelo"
Temporada: de 9 a 30 de agosto de 2024. Sextas às 20h30.
Ingressos: R$ 50 e R$ 25.
Link para vendas: https://www.sympla.com.br/produtor/jessicarodrigues
Duração: 60 minutos.
Classificação: 14 anos.
Pequeno Ato | Rua Dr. Teodoro Baima, 78, Vila Buarque, São Paulo - SP, 01220-040
Capacidade: 25 lugares. Informações: (11) 94131-3696

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

.: "Shakespeare Embriagado" segue em cartaz no Espaço Manivela em agosto


Munidos de álcool, atores encenam adaptação de Hamlet no Espaço Manivela, na Vila Leopoldina. Foto: Marcos Moraes


Já imaginou como seriam as clássicas peças de Shakespeare se os atores estivessem bêbados? Esse é o mote do espetáculo "Shakespeare Embriagado", que troca o teatro pelo bar para festejar a obra do dramaturgo inglês como você nunca viu. Muito improviso, plateia comandando cenas, risadas e bebidas! É isso que você encontrará no Espaço Manivela, na Vila Leopoldina, que durante o mês de agosto recebe o espetáculo Shakespeare Embriagado em sessões sempre às  quintas. O local abre às 18h e o espetáculo tem início às 20h30, com cerca de 1 hora de duração. Coquetéis e aperitivos estarão disponíveis para consumo da plateia durante a apresentação.

O diretor Dagoberto Feliz faz uma adaptação de Hamlet, príncipe dinamarquês que busca vingar a morte do pai. O espetáculo mistura o texto original com a liberdade do improviso dos atores, que constroem novas possibilidades junto com a plateia. “A função do elenco é contar a história completa. O tempo e o álcool podem alterar a forma de contá-la, mas não seu conteúdo”, explica Feliz.

No elenco, estão Lívia Camargo, Robert Gomez, Bruna Assis, Michel Waisman e Guilherme Tomé. A equipe é composta ainda pela dramaturgista Karol Garrett, o diretor assistente Guilherme Tomé e o diretor musical Fernando Zuben, com produção da Benjamin Produções. Para o diretor, o encanto da montagem é “fazer Shakespeare o mais ‘esteticamente popular’ possível”. “E nada melhor do que um ambiente de um bar, no qual as pessoas estejam à vontade para participar e mostrar seu entusiasmo, ou desaprovação, para o que acontece na cena”, diz.

Em cada apresentação os atores bebem um pouco, mas um dos atores bebe um pouco a mais, seja Whisky ou Tequila acompanhado, na primeira dose, por um espectador, para provar a veracidade da bebida. “Uma festa! Hilaridade e muita confusão acontecem quando os atores - alguns sóbrios e outros não - tentam manter o roteiro no trilho”, diz o produtor Henrique Benjamin, responsável pela montagem.

Com o álcool, as tragédias de Shakespeare se tornam comédias, brinca Benjamin. A plateia tem poder de decisão em várias cenas, obrigando os atores a improvisarem e manterem o foco. Cada show é diferente do outro, e cada apresentação precisa de um “patrono”, que terá uma experiência premium, um trono real com coquetel da casa e tomada de decisões importantíssimas para o desenvolvimento da trama. A plateia também pode ser escolhida como parte da “trupe de atores” ou como o “fantasma do rei”.

“Quem conhece, em pormenores, a tragédia toda poderá se divertir na comparação com o original e, para quem não conhece totalmente, a diversão estará na feitura e na descoberta dos quiprocós rocambolescos da família do Príncipe Hamlet”, aposta o diretor.


Ficha técnica
Espetáculo "Shakespeare Embriagado"
Autor: William Shakespeare. Dramaturgista: Karol Garrett. Direção Geral: Dagoberto Feliz.
Diretor Assistente: Guilherme Tomé. Direção de Produção: Henrique Benjamin. Produção Executiva: Lucas Andrade. Assistencia de produção:  Eduardo Lazoti. Direção Musical e Piano: Fernando Zuben. Elenco: Lívia Camargo, Robert Gomez, Bruna Assis, Michel Waisman e Guilherme Tomé. Fotos: Marcos Moraes. Gestão de mídias sociais: Felipe Pirillo. Programação Visual: Ton Prado. Realização: Benjamin Produções.


Serviço
Espetáculo "Shakespeare Embriagado"
Sessões sempre às quintas, 20h30
Duração: 60 minutos
Classificação: 18 anos.
Capacidade: 90 lugares.
Valor da entrada: R$ 60,00
Vendas on-line: https://bileto.sympla.com.br/event/90158
Espaço Manivela – Rua Schilling, 185 - Vila Leopoldina.

.: Thai de Melo estreia peça "Como É que Eu Vim Parar Aqui?", no Teatro Unimed


Peça de autoficção criada pela comunicadora, traz uma abordagem humorística e reflexiva sobre as situações do cotidiano. Com direção de Bruno Guida, Thai de Melo faz sua estreia nos palcos com o espetáculo Como é que eu vim parar aqui?, no Teatro Unimed. Foto: @maltoni / divulgação
 

Após fazer sucesso nas redes sociais falando sobre moda, comportamento e estilo, Thai de Melo faz sua estreia nos palcos com o espetáculo Como é que eu vim parar aqui?. Com direção de Bruno Guida e produção de Dani Angelotti, a montagem traz as experiências e reflexões da comunicadora de forma cômica e questionadora. O espetáculo estreia no dia 7 de agosto, às 20h00, no Teatro Unimed, com sessões toda quarta-feira, até 25 de setembro.

Com uma abordagem de autoficção, que busca conduzir o público por uma jornada profunda pela mente da protagonista, no palco são explorados os momentos em que ela se depara com situações inesperadas, questionando-se sobre as escolhas que a levaram até ali. “Senti a vontade de transpor o mundo da internet para o teatro sem necessariamente ser didática sobre o assunto. Quero testar essa persona em outro ambiente e nada mais diferente da Internet que o teatro. Segundo minha mãe, eu falei minha primeira palavra aos dez meses de idade, eu disse ‘água’, talvez isso explique minha sede de me comunicar que agora vou testar em outro lugar”, explica Thai.

A trama acompanha Thai, que inicia a peça de forma reflexiva. Aos poucos, ela transcende suas próprias experiências e começa a se questionar sobre temas universais que ecoam na sociedade contemporânea. Questões como maternidade, casamento, expectativas pessoais e sociais, carreira, traumas, busca pela fama, impacto da Internet e memórias de infância. A narrativa conduz a protagonista a uma jornada de compreensão dessas grandes questões sociais ao longo do enredo. “É sobre como lidar com as expectativas que as pessoas têm sobre a gente. Qual é a linha que nos separa do outro”, descreve Thai.

A narrativa é construída de forma cômica, que permite aos espectadores se identificarem com situações e reviravoltas que a vida apresenta. Simultaneamente, o espetáculo carrega uma carga emocional que ressoa com experiências universais e torna a história da comunicadora não apenas pessoal, mas também popular. O espetáculo convida o público a refletir sobre as escolhas, aventuras e desafios que marcam cada jornada individual. A obra, também, cria uma oportunidade para se conectar com as histórias de Thai, além de incentivar a reflexão sobre temas cotidianos.

"Estamos criando uma linguagem conjunta para o espetáculo. São criadores que muitas vezes vêm de outros universos, como Ana Ariette, diretora de arte, que não é exatamente cenógrafa, embora já tenha feito cenário; Alexandre Herchcovitch, gênio da moda, que não é necessariamente um figurinista teatral; e Flávia Lafer, que é uma stylist. Além disso, há profissionais teatrais como Dan Maia, responsável pela trilha sonora, e Gabriel Malo, pela direção de movimento. A combinação desses profissionais gera algo inusitado, com a estética apurada e um leve flerte da estética da bufonaria”, detalha Bruno Guida.

A produtora Dani Angelotti conta um pouco sobre desejo produzir uma peça com Thai de Melo, que faz sua estreia no meio teatral: “Acho que cada vez mais, em todas as linguagens artísticas, não somente nas artes cênicas, pensar novos caminhos, atrair novos públicos e dialogar com outras linguagens é um caminho necessário a ser explorado. Thai possui potência e será uma grande revelação nos palcos”, analisa.


Da internet aos palcos
Thai de Melo, nascida em Boa Vista, Roraima, formou-se em jornalismo. Embora nunca tenha exercido a profissão, foi onde aprimorou seu lado comunicativo e questionador e, então, passou a se comunicar na internet. Sua trajetória no mundo da moda começou em lojas de renome, como Cris Barros, e logo evoluiu para a criação de conteúdo digital. Sua habilidade atraiu a atenção de marcas prestigiadas como Gucci, Dior e Prada. Thai ganhou reconhecimento online por conta de sua abordagem como comunicadora de moda.


Sobre Bruno Guida - Diretor
Ator, diretor e tradutor, membro do Lincoln Center Director's Lab, com formação no Teatro Escola Célia Helena, na École Philippe Gaulier, em Paris, e na Escola de Teatro de Moscou (GITIS). Dirigiu espetáculos como Bárbara e A Última Entrevista de Marília Gabriela, de Michelle Ferreira; In Extremis, de Neil Bartlett; Blackbox, do coletivo P.L.U.T.O., The Pillowman, de Martin McDonagh, e outros. Como ator, participou de mais de 20 montagens teatrais.


Sobre Dani Angelotti - Produtora
Possui mais de 20 anos de experiência em direção artística e produção, atuando principalmente nas artes cênicas. É diretora e criadora da Cubo Produções e vice-presidente da APTI. É idealizadora do MIACENA e conta com mais de 50 produções com nomes como Mônica Martelli, Rodrigo Lombardi, Mel Lisboa, Maria Ribeiro, Caco Ciocler, Chico Buarque, entre outros.


Ficha técnica
Espetáculo "Como É que Eu Vim Parar Aqui?"
Dramaturgia: Juliana Rosenthal e Thai de Melo
Direção: Bruno Guida
Atuação: Thai de Melo
Direção de arte: Ana Arietti
Figurinos: Alexandre Herschcovitch e Flavia Laffer
Iluminação: Cesar Pivetti
Trilha sonora: Dan Maia
Direção de movimentos: Gabriel Malo
Assistente de direção: Giselle Lima
Fotografia: Mariana Maltoni
Designer: Lucas Cobucci
Assessoria e Imprensa do espetáculo: Adriana Balsanelli
Assessoria de Imprensa Teatro Unimed: Fernando Sant’ Ana
Assessoria jurídica Teatro Unimed: Carolina Simão 
Gerente técnico Teatro Unimed: Reynold Itiki
Comunicação Teatro Unimed: Dayan Machado 
Produção Executiva: Camila Scheffer
Direção de Produção: Dani Angelotti
Idealização: Thai de Melo e Dani Angelotti


Teatro Unimed
O Teatro Unimed está localizado em um dos pontos centrais da cidade de São Paulo: esquina da Rua Augusta com a Alameda Santos, a apenas uma quadra da Avenida Paulista e da estação de metrô Consolação (linha 2 Verde). Muito versátil, com o que existe de mais moderno em tecnologia cênica, ideal para espetáculos de teatro, música, dança, eventos, gravações e transmissões ao vivo, o Teatro Unimed é o primeiro teatro criado pelo arquiteto Isay Weinfeld e ocupa o primeiro andar do Santos Augusta, empreendimento da desenvolvedora Reud, combinação única de escritórios, café, restaurante e teatro, o que permite uma experiência completa, antes e depois de cada espetáculo. Elegante e integrado ao lobby no piso térreo, o Perseu Coffee House é a porta de entrada do Teatro Unimed. Com mobiliário vintage original dos anos 50 e 60, assinado por grandes nomes do design brasileiro, como Zanine Caldas, Rino Levi e Carlo Hauner, e uma carta de cafés, pratos e drinks clássicos, é o lugar perfeito para encontros informais, desde um café da manhã até o happy hour. O Casimiro Ristorante, localizado no quarto andar do edifício, é uma iniciativa de um dos mais admirados e tradicionais restaurantes de São Paulo, o Tatini, fruto da dedicação de três gerações de profissionais voltados para a gastronomia italiana de qualidade: Mario Tatini, Fabrizio Tatini e Thiago Tatini.


Serviço
Monólogo "Como É que Eu Vim Parar Aqui?"
Com Thai de Melo
Teatro Unimed
Ed. Santos Augusta, Al. Santos, 2159, Jardins, São Paulo
Estreia: quarta-feira, 7 de agosto de 2024, às 20h
Curtíssima temporada: todas as quartas até 25 de setembro
Ingressos: Plateia - R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia-entrada) | Balcão - R$ 10 (inteira) e R$ 50 (meia-entrada)
Horários da Bilheteria: quartas, sextas e sábados, das 12h30 às 20h30. Domingos, das 10h30 às 18h30.
Duração: 55 minutos
Gênero: comédia
Classificação: 14 anos
Capacidade: 240 lugares
Acessibilidade: Ingressos para cadeirantes e acompanhantes podem ser reservados pelo e-mail contato@teatrounimed.com.br
Estacionamento com vallet terceirizado no local
Vendas pela internet: www.sympla.com.br/teatrounimed
Cancelamentos e reembolsos: https://ajuda.sympla.com.br/hc/pt-br/sections/360000213506-Cancelamento-e-reembolso
Ingressos para grupos: https://ajuda-bileto-sympla.zendesk.com/hc/pt-br/requests/new?ticket_form_id=11634520641684
Não será permitida a entrada na sala após o início do espetáculo, não havendo a devolução de valores ou troca de ingressos para outra data.

.: Teatro Vivo recebe "A Aforista", com Rosana Stavis e duelo de pianistas


Em cena, a premiada atriz Rosana Stavis, com texto de Marcos Damaceno, divide o palco com 2 pianos de cauda, tocados ao vivo pelos músicos Sérgio Justen e Fabio Cardoso, que duelam no palco e dão o tom da narrativa com a trilha original criada pelo compositor Gilson Fukushima. Foto: Priscila Prade


Sucesso de público e crítica - vencedor do Prêmio APCA 2023 de Melhor Espetáculo - "A Aforista" volta em cartaz em São Paulo em temporada no Teatro Vivo, de 8 de agosto a 12 de setembro. Escrita e dirigida pelo dramaturgo Marcos Damaceno, produzida pela Cia.Stavis-Damaceno de Curitiba, traz em cena a atriz Rosana Stavis (indicada aos prêmios Shell, APCA e APTR por sua atuação), acompanhada pelos pianistas Sergio Justen e Fabio Cardoso, com trilha sonora original composta por Gilson Fukushima.

O enredo tragicômico explora as complexidades das escolhas humanas, decisões tomadas e os caminhos seguidos. A trama gira em torno de uma mulher, que caminha incessantemente em direção ao funeral de um antigo amigo da faculdade de música. Durante essa jornada, ela reflete sobre sua própria vida e as trajetórias de seus amigos, todos do mundo musical, cujas escolhas os levaram desde o auge da realização até o fracasso.


A narrativa da peça
O enredo destaca o renomado pianista  John Marcos Martins como um dos personagens centrais, enquanto o pianista Polacoviski enfrenta um destino trágico. A história ocorre através das lembranças, pensamentos e imaginação da narradora, uma amiga próxima dos músicos, apelidada por eles de aforista.

A obra mergulha nas confusões e perturbações mentais da personagem principal, que apresenta um ritmo vertiginoso que oscila entre o angustiante, o hilário, o poético e o filosófico.  A narradora transmite seus pensamentos em uma experiência teatral intensa e hilariante.

A narradora, que está sempre andando e enquanto anda, pensa em como se deu tudo. Sua relação com seus antigos amigos de faculdade, o caminho que cada um seguiu, onde esses caminhos os levaram e o quanto esses caminhos tomados influenciaram, inclusive, na vida uns dos outros.

“É uma peça sobre as decisões que tomamos. Sobre as nossas escolhas. Os caminhos que seguimos. E onde eles nos levam. É também uma peça sobre nossos sonhos, nossos desejos, principalmente quando somos jovens. E de como lidamos com eles, com nossas frustrações e nossas insatisfações: “ser artista é saber lidar com as frustrações” – diz a aforista. Enfim, como toda peça de teatro, de como lidamos com os nossos sentimentos. E de como lidamos com os nossos pensamentos”, conta Damaceno.


Origem e trajetória da Obra
"A Aforista" é o segundo espetáculo de uma trilogia iniciada com "Árvores Abatidas ou Para Luis Melo", influenciada pelo escritor austríaco Thomas Bernhard. Segundo Damaceno, o texto da peça é uma conversa com questões postas por Bernhard, permitindo-se desviar para outros assuntos, outras situações e outros lugares, respondendo e contrapondo temas colocados pelo autor austríaco em sua extensa obra.

A mente como protagonista ou lugar de ação e o impacto quase que exclusivamente pela força do elenco e das palavras são marcas das encenações da Cia.Stavis-Damaceno. A estreia nacional de A aforista aconteceu em janeiro de 2023, no CCBB Rio de Janeiro, seguiu para temporadas no CCBB Brasília, CCBB São Paulo e CCBB Belo Horizonte, além de temporada em Curitiba, com mais de 150 apresentações até o momento.

"A Aforista" foi o vencedor do Prêmio APCA 2023 de Melhor Espetáculo; Prêmio Shell e APTR de Melhor Figurino; Prêmio Cenym nas categorias espetáculo, direção, iluminação e qualidade artística, entre outras 7 indicações. Rosana Stavis foi indicada ao APCA, Shell, APTR e ganhou o Troféu Gralha Azul (Prêmio Governador do Estado do Paraná) como melhor atriz.


Sobre Rosana Stavis
Atriz versátil e premiada, reconhecida por suas performances marcantes em uma variedade de papéis e gêneros dramáticos. É frequentemente apontada pela crítica especializada e por profissionais diversos com uma das melhores atrizes do teatro brasileiro na atualidade. Com formação pela PUC-PR, acumula seis Prêmios Governador do Estado do Paraná (Troféu Gralha Azul) de Melhor Atriz e é cofundadora da Cia.Stavis-Damaceno.


Sobre Marcos Damaceno
Diretor e dramaturgo, formado pela Faculdade de Artes do Paraná. Fundou o Núcleo de Dramaturgia do SESI-PR, promovendo a formação de dramaturgos e recebendo prêmios como o Shell de Melhor Dramaturgia por Homem ao Vento. Marcos também foi elogiado pela revista Bravo! como um dos principais jovens dramaturgos do país e ministra oficinas para atores em dramaturgias contemporâneas.


Sobre a Cia.Stavis-Damaceno
Fundada por Marcos Damaceno e Rosana Stavis em 2003, completou 20 anos em 2023, como uma das principais companhias teatrais do sul do Brasil. Reconhecida por espetáculos de renome nacional como Psicose 4h48 e Árvores Abatidas ou Para Luis Melo, a companhia destaca-se por abordar temas contemporâneos e valorizar a performance dos atores. Além disso, colabora com importantes instituições culturais brasileiras.


Ficha técnica
"A Aforista" | Texto e Direção: Marcos Damaceno. Elenco: Rosana Stavis. Pianistas: Sergio Justen e Fabio Cardoso. Composição e Direção Musical: Gilson Fukushima. Iluminação: Beto Bruel. Figurinos: Karen Brustollin. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli. Produção Executiva: Bia Reiner. Criação e Produção: Cia.Stavis-Damaceno.


Serviço
Espetáculo "A Aforista"
Reestreia dia 8 de agosto, quinta, às 20h, no Teatro Vivo.
Temporada: de 8 de agosto a 12 de setembro - Terças, quartas e quintas, às 20h.
Classificação: 14 anos.
Duração: 75 minutos.
Ingressos: R$ 100,00 e R$ 40,00.
Valor Preço Popular conforme determinação da Lei Rouanet, havendo um limite de ingressos por sessão.
Venda on-line: https://bileto.sympla.com.br/event/95024/d/261371/s/1784070
Teatro Vivo - Avenida Doutor Chucri Zaidan, 2460 – Morumbi. Telefone: 11 3430-1524.


Bilheteria
Funcionamento somente nos dias de peça, duas horas antes da apresentação.
Ponto de Venda Sem Taxa de Conveniência: Av. Dr. Chucri Zaidan, 2460 (antigo 860) – Morumbi
Estacionamento no local: Valor R$30 - Funcionamento: 2h antes da sessão até 30 minutos após o término da apresentação.

.: Alessandra Negrini estreia solo escrito por Silvia Gomez no Centro Cultural SP

Alessandra Negrini em "A Árvore". Foto: Priscila Prade 

O relato de uma transformação. Em seu primeiro solo, "A Árvore", que estreia no dia 15 de agosto no Centro Cultural São Paulo, a atriz Alessandra Negrini dá voz a uma mulher em processo de reflexão depois de ganhar uma pequena planta e ver-se sozinha com ela em seu apartamento. A temporada segue até 1º de setembro, com apresentações de terça a sábado, às 21h, e aos domingos, às 19h.

O trabalho tem dramaturgia de Silvia Gomez, direção de Ester Laccava e produção de Gabriel Fontes Paiva e Alessandra Negrini. Mirella Brandi (luz), Camila Schimidt (cenário), Ana Luiza Fay (figurinos) e Morris (trilha sonora) completam a equipe de criativos.

O projeto de Alessandra Negrini e Gabriel Fontes Paiva tem uma trajetória muito bem-sucedida. A peça estreou durante a pandemia de forma on-line e, depois, virou um longa-metragem que está sendo distribuído pela O2 Filmes. O espetáculo foi convidado para participar do Festival Mujeres en Escena por La Paz, na Colômbia, em 2021, e também fez parte da programação da MOBR em Portugal e da Mostra Internacional de Teatro - MIT-SP. Também em 2021, o texto da peça foi publicado pela Editora Cobogó. Em 2024, foi apresentado no Encuentro Internacional de Artes Escénicas Expandidas Yvyrasacha, em La Paz, Bolívia, e lido no Encuentro Iberoamericano de Dramaturgia, no evento Punto Cadeneta Punto, organizado por Umbral Teatro em Bogotá, Colômbia. 

Em cena, Alessandra Negrini dá vida à personagem A., que, sozinha em seu apartamento, dirige-se a um interlocutor não identificado para fazer o relato de uma viagem interior iniciada quando ela ganha uma pequena planta de uma vizinha. Certo dia, ao tentar limpar sua estante, A. se vê presa à planta por um fio de cabelo e submerge em um estranho processo, no qual observa seu corpo transformar-se lentamente em algo que desconhece. Despedindo-se de sua forma humana, tomada de novas sensações e percepções, A. ora narra fatos de seu cotidiano, ora se entrega a reflexões diversas, que transitam entre o lírico e o cômico. Uma experiência extraordinária, a um só tempo particular e coletiva.

De acordo com a atriz, a peça é composta por muitas camadas dramatúrgicas. “A Árvore é um relato. Um relato de amor. A personagem M. nos conta a sua história, a sua aventura mais íntima e nos oferece o testemunho de ver o seu corpo se transformando em algo outro. As angústias e as alegrias dessa viagem viram palavras e imagens potentes que ela mesma cria. É uma escrita performática, uma página, uma peça, uma narrativa dessa metáfora de virar algo que não é mais si mesmo. A ideia de virar uma árvore lhe parece bela e necessária e não há mais como escapar”, comenta.

"A Árvore" também é o primeiro monólogo escrito por Silvia Gomez, que teve sua inspiração para criar a personagem a partir de uma imagem. “Um dia, regando uma planta na estante, vi um fio do meu cabelo preso a ela. Pedi para meu filho fotografar e transformei o episódio em textos. Nesta peça, ele disparou a cena da metamorfose, elaborando a sensação de certa forma delirante de ter sido agarrada por aquela planta, como se ela tivesse algo a dizer”, revela.

Outra inspiração para a criação do texto veio de livros como “Revolução das plantas”, do biólogo Stefano Mancuso. Para a autora, a peça faz questionamentos sobre nossa relação de amor e ruínas com a natureza e nosso planeta. “Mancuso fala sobre adotar a metáfora das plantas para pensar nosso futuro coletivo. Olhar para elas como forma de buscar novas perguntas – e respostas – para essa relação em vias de esgotamento”, acrescenta.

“As personagens que escrevo são essas que, de repente, olham para a realidade, mas não cabem mais nela, adentrando então um espaço de delírio que, para mim, é na verdade, extrema lucidez. Um exercício de tentar elaborar o tremendo real por outra camada, reconhecendo nele as fissuras que nos permitem formular novas perguntas”, completa Silvia Gomez, que foi indicada ao Prêmio Shell de dramaturgia em 2019 por “Neste mundo louco, nesta noite brilhante”, e ao APCA de 2022, por “Gesto”.


Sinopse: Há alguns meses, A. vem enfrentando um estranho e inexplicável processo ao ver seu corpo transformar-se em algo que desconhece. Prestes a completar a mudança, ela se despede de suas feições mundanas com um relato que reflete sobre os aspectos extraordinários da experiência vivida por um corpo humano.


Ficha Técnica

Uma produção de Alessandra Negrini e Gabriel Fontes Paiva

Com Alessandra Negrini

Texto e Argumento de Silvia Gomez

Direção Ester Laccava

Assistência de Direção Giulia Lacava

Desenho de Luz Mirella Brandi

Cenografia Camila Schimidt

Figurinos Ana Luiza Fay

Trilha Sonora Original Morris

Realização de Peruca Feliciano San Roman

Técnica de Luz Giorgia Tolaini

Técnicos de Som e Vídeo Thiago Rocha e Bruna Moreti

Fotos Priscila Prade

Designer Gráfico Alexandre Brandão

Assessoria de Imprensa Pombo Correio

Produção Corpo Rastreado – Leo Devitto

Gestão de Projeto Luana Gorayeb

Realização Fontes Realizações Artísticas Ltda


Serviço

A Árvore, de Silvia Gomez

Temporada: 15 de agosto a 1º de setembro

Terça a sábado, às 21h, e aos domingos, às 19h

CCSP – Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho - Rua Vergueiro, 1.000, Liberdade, São Paulo 

Ingressos: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)

Venda online em https://rvsservicosccsp.byinti.com/#/ticket/

Bilheteria: Terça a sábado, das 13h às 22h; e domingos, das 12h às 21h

Classificação: 14 anos 

Duração: 70 minutos

Capacidade: 321 lugares

Acessibilidade: Teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida


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Imagem de "É assim que acaba" que estreia na Cineflix Cinemas

A unidade Cineflix Cinemas Santos, localizada no Miramar Shopping, bairro Gonzaga, estreia no dia 8 de agosto, o longa, para ser assistido com balde de pipoca quentinha, "É assim que acaba".

Seguem em cartaz os sucessos de bilheteria, o longa de ação e comédia "Deadpool e Wolverine" e as animações "Meu Malvado Favorito 4" e "Divertida Mente 2". Programe-se e confira detalhes abaixo! 


O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.

Estreia da semana na Cineflix Santos


"É assim que acaba" ("It Ends With Us"). Ingressos on-line neste linkGênero: drama, romanceClassificação: 14 anos. Duração: 2h10. Ano: 2024. Distribuidora: Sony Pictures Motion Picture Group. Direção: Justin BaldoniRoteiro: Christy Hall. Elenco: Blake Lively, Justin Baldoni, Brandon SklenarSinopse: Adaptação cinematográfica do livro de mesmo nome da autora Collen Hoover, apresenta a trama de Lily Bloom (Blake Lively), uma mulher que, após vivenciar eventos traumáticos na infância, decide começar uma vida nova em Boston e tentar abrir o próprio negócio. Como consequência dessa mudança de vida, Lily acredita que encontrou o amor verdadeiro em Ryle (Justin Baldoni), um charmoso neurocirurgião. No entanto, à medida que o relacionamento se torna cada vez mais sério, também surgem lembranças de como era o relacionamento de seus pais. Até que, repentinamente, Atlas Corrigan (Brandon Sklenar), seu primeiro amor e uma ligação com o passado - uma alma gêmea, talvez? - retorna para a vida de Lily. As coisas se complicam ainda mais, quando um incidente doloroso desencadeia um trauma do passado, ameaçando tudo o que Lily construiu com Ryle. Agora, com seu primeiro amor de volta em sua vida, ela precisará decidir se tem o que é preciso para levar o casamento adiante. Confira os horários: neste link


Seguem em cartaz na Cineflix Santos

"Deadpool e Wolverine" ("Deadpool and Wolverine"). Ingressos on-line neste linkGênero: ação, comédiaClassificação: 18 anos. Duração: 2h07. Ano: 2024. Distribuidora: Walt Disney Studios Motion Pictures. Direção: Shawn LevyRoteiro: Ryan Reynolds, Shawn Levy, Wendy Molyneux, Rhett Reese, Zeb Wells, Paul Wernick, Lizzie Molyneux. Elenco: Ryan Reynolds (Wade Wilson/Deadpool), Hugh Jackman (Logan/Wolverine), Emma Corrin (Cassandra Nova), Morena Baccarin (Vanessa)Sinopse: Wolverine está se recuperando quando cruza seu caminho com Deadpool. Juntos, eles formam uma equipe e enfrentam um inimigo em comum. Confira os horários: neste link



"Meu Malvado Favorito 4" ("Despicable Me 4"). Ingressos on-line neste linkGênero: animação infantil, comédiaClassificação: livre. Duração: 1h34. Ano: 2024. Distribuidora: Universal Pictures. Direção: Chris Renaud, Patrick DelageRoteiro: Ken Daurio, Mike White. Vozes: Leandro Hassum (Gru), Maria Clara Gueiros (Lucy)Sinopse: Gru dá as boas-vindas a um novo membro da família, Gru Jr., que pretende atormentar seu pai. No entanto, sua existência pacífica logo desmorona quando um mentor do crime escapa da prisão e jura vingança contra Gru.. Confira os horários: neste link



"Divertida Mente 2" ("Inside Out 2"). Ingressos on-line neste linkGênero: animação infantilClassificação: livre. Duração: 1h36. Ano: 2024. Distribuidora: Walt Disney Studios Motion Pictures. Direção: Kelsey Mann Roteiro: Dave Holstein, Meg LeFauve. Vozes: Otaviano Costa (Medo), Dani Calabresa (Nojinho), Miá Mello (Alegria), Katiuscia Canoro (Tristeza), Gaby Milani (Inveja) e Fernando Mendonça (Vergonha)Sinopse: Com um salto temporal, Riley se encontra mais velha, passando pela tão temida adolescência. Junto com o amadurecimento, a sala de controle também está passando por uma adaptação para dar lugar a algo totalmente inesperado: novas emoções. Confira os horários: neste link

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