sábado, 30 de agosto de 2025

.: Entrevista: Nirah fala sobre "Estrela da Casa" e projeta novos passos na carreira


Direto da Ilha de Marajó para o palco do Estrela da Casa, Nirah levou o tecnomelody para todo o Brasil e, mesmo como a primeira eliminada, conquistou visibilidade, novos fãs e planos ambiciosos para a carreira. Foto: Globo/ Gabriel Vaguel


Da Ilha de Marajó, no Pará, para todo o Brasil: Nirah levou para o programa "Estrela da Casa" o orgulho de suas raízes e mostrou a todo o país a música tecnomelody. A cantora foi a primeira competidora a deixar o reality, na noite de ontem, dia 28, mas conta que aproveitou cada segundo de sua permanência, especialmente as trocas com os outros participantes. Agora, está focada em seus objetivos pós-programa: aproveitar a visibilidade que atingiu e voltar a fazer shows, além de lançar um clipe já gravado e compor um próximo hit. 

"Vivi um sonho no 'Estrela da Casa'. Meu coração está cheio de gratidão", resume a eliminada sobre a experiência do programa. Em entrevista, ela fala sobre a experiência. "Estrela da Casa" é um formato original e inédito Globo, com apresentação de Ana Clara, produção de Maiana Timoner e Rodrigo Tapias, direção geral de Aída Silva e Carlo Milani e direção de gênero de Rodrigo Dourado. O reality é exibido de segunda a sábado, após "Vale Tudo", e domingo, após o "Fantástico".    
 

O que foi mais especial na sua participação no "Estrela da Casa"? 
Nirah - As pessoas me marcaram muito. Apesar do pouco tempo, o programa é muito intenso. No confinamento, eu já estava falando "semana passada" sobre algo que tinha acontecido na segunda-feira, só alguns dias antes. O carinho e a amizade de todos são coisas que ficam. Só tem gente linda e especial, com o coração e caráter lindos, ali. Falei que quero eles todos no Pará, tomando açaí com peixe e farinha da baguda, dançando brega, conhecendo a aparelhagem, e é verdade. Foi um convite que eu fiz de coração, quero todo mundo realmente junto comigo para a gente curtir muito.
 

Qual foi sua dinâmica preferida?
Nirah - A dinâmica em que eu mais fiquei impressionada e me senti mais desafiada foi a do jingle. O compositor que fez a parte inicial, Renno Poeta, começou a me seguir hoje nas redes sociais e eu fiquei muito feliz porque o encontro com ele foi uma oportunidade única. Eu, como compositora amadora, peguei dicas incríveis. Essa foi a coisa que mais me marcou. Foi uma honra ter a oportunidade de aprender com ele, e eu vou levar para o resto da minha vida o conhecimento que ele nos passou.
 

De qual apresentação sua você mais gostou?
Nirah - Estou feliz com tudo, mas acho que eu poderia ter sido melhor em todas elas. Eu sinto que me prejudiquei um pouco porque fiquei eufórica, gritei, cantei, fiz um monte de doidice, e acabei perdendo a voz. Foi difícil para mim aceitar isso porque eu sei que eu poderia ter entregado mais se eu tivesse tido responsabilidade com a minha voz. Deveria ter seguido as dicas da Nina [Pancevski, preparadora vocal do programa], que foram preciosas. Mas, acho que ninguém seguiu completamente porque no programa é uma loucura, uma empolgação enorme (risos).
 

Quais aprendizados você está levando do "Estrela da Casa" para a sua carreira?
Nirah - Muitos! Eu me testei em um nível muito elevado, e talvez tenha sido a coisa mais difícil que eu fiz na minha vida. Eu canto um ritmo diferente, que é o tecnomelody, o brega, e eu pensava em como as pessoas iriam abraçar isso. Pensei muito na minha vida, na minha família, e veio um misto de sentimentos. A gente fica muito aflorado, tentando separar as coisas e acalmar a mente. Mas eu fiquei muito feliz com o resultado que consegui porque pensei: "Eu sou forte demais, não é qualquer pessoa que chega até aqui". Cheguei, me testei e vi que sou capaz. Tudo foi muito gratificante. Preciso ainda citar o Michel Teló, uma pessoa incrível, e o que o Dinho Ouro Preto me falou após a minha eliminação. Ele olhou dentro dos meus olhos, na minha alma, e me disse que eu não podia parar, que eu era gigante. Eu vi a emoção que ele trazia. Aí, desabei -  não dá para ser forte o tempo todo (risos). Vivi um sonho no 'Estrela da Casa'. Meu coração está cheio de gratidão.
 

O que faria diferente, se tivesse a chance?
Nirah - Acho que eu teria batido mais o pé no Tecnomelody. Teria ido de brega já no início. Cantei Tecnomelody na música de apresentação, entrei grandona, mas outros clássicos do gênero estavam organizados para um pouco mais para frente, numa crescente. E acabei não chegando lá. Eu teria trazido essas músicas mais para o início da competição.


Na sua opinião, quem tem mais chances de sair vencedor ou vencedora? 
Nirah - Eu me apaixonei por todo mundo, e de cara pela Ruama Feitosa e pela Bea. Ri tanto com elas como nunca na minha vida, de doer a barriga! Até agradeci a Deus! (risos). Quanto à presença de palco, charme, admiro muito a Talíz. Ela domina o palco, é uma diva. Inclusive fui aprendendo com ela uma coisa aqui e outra ali que vou trazer para a minha vida. Também acho a Thainá Gonçalves uma coisa absurda. Olhava para ela e pensava: "Meu Deus, isso existe? Vem de outro planeta?". Ela canta como um anjo, você sente a presença de Deus. Quando ela abre a boca, com aquele vozerão, a gente fica arrepiado, emocionado. Quem chegar à final é um grande merecedor; todos têm uma história muito linda, também.


E para quem fica sua torcida? 
Nirah - Eu tenho um conterrâneo lá dentro, o Daniel Sobral, e a minha torcida com certeza é para ele. Torço por todos, mas quero muito que ele chegue à final, pelo menos. Ele canta absurdo, tem uma voz surreal! 


Quais são os próximos passos da sua carreira? Já consegue pensar em alguma coisa?
Nirah - Com certeza! Já avisei ao meu esposo: "Meu filho, vamos embora trabalhar porque a gente não pode parar!" (risos). Sei que agora é um momento de evidência, então vamos lá. Nunca parei na minha vida, não será agora. Quero montar um novo show, fechar apresentações e ir para os palcos cantar. Também me reunir urgentemente com outros compositores e lançar um próximo hit. E quero lançar o clipe da minha música "Meu Love", que já estava pronto antes do programa. A música está quase batendo 100 mil reproduções, e um outro clipe que eu já tinha lançado chegou a 500 mil. Tem noção disso? Consegui a marca de meio milhão de visualizações! Então, por tudo isso, o 'Estrela da Casa' já foi grandioso. Estou muito grata e muito feliz porque não é qualquer artista, com o tamanho como o meu, que consegue atingir essas marcas.

.: Cineflix Santos tem ingressos a R$ 10 na Semana do Cinema


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com.

Até dia 3 de setembro, o Cineflix Miramar, em Santos, participa da Semana do Cinema, iniciativa nacional que leva milhões de pessoas às salas de exibição em todo o Brasil. Durante o período, todos os ingressos custam R$ 10 em qualquer sessão e horário, inclusive no fim de semana. As estreias da semana são os filmes "Ladrões", "O Último Azul" e "Os Roses: até Que a Morte os Separe", mas também podem ser assistidos no valor promocional os filmes "Amores à Parte", "Os Caras Malvados 2" e "Uma Mulher Sem Filtro". 

Além da promoção nos bilhetes, o público encontra um combo especial por R$ 29,90, com 2 pipocas pequenas e 2 refrigerantes de 500 ml, tornando a experiência ainda mais completa. A Semana do Cinema é organizada pela Feneec (Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas) e pela Abraplex (Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex), com o objetivo de democratizar o acesso à cultura e ao entretenimento.

Os ingressos já estão disponíveis nas bilheterias do Cineflix Miramar e também no site oficial da rede. Confira a programação completa com sinopses, dias e horários dos filmes em cartaz no Cineflix Miramar Santos na Semana do Cinema. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.

"Amores à Parte" (sessões legendadas)
Direção: Michael Angelo Covino – Romance/Drama – 1h44
Elenco: Adria Arjona, Dakota Johnson, Kyle Marvin e grande elenco.
Um casal em crise tenta se reconectar em meio a escolhas difíceis, amizades abaladas e novas paixões. O longa aborda as contradições dos relacionamentos modernos com emoção e toques de humor. Sessões todos os dias, até 3 de setembro, às 19h20


"Ladrões" (sessões legendadas)
Direção: Darren Aronofsky – Suspense/Ação – 1h46
Elenco: Austin Butler, Zoë Kravitz, Matt Smith e outros.
Um ex-jogador de beisebol se vê envolvido em uma trama sombria ao ser perseguido por criminosos e policiais corruptos. Repleto de tensão e reviravoltas, o longa traz o estilo intenso do diretor de “Cisne Negro” e “Réquiem para um Sonho”. Sessões todos os dias, até 3 de setembro, às 16h00, 18h30 e 20h50

"O Último Azul" (filme nacional)
Direção: Gabriel Mascaro – Drama – 1h25
Elenco: Denise Weinberg, Rodrigo Santoro, Adanilo
Um mergulho sensível em memórias, afetos e conflitos familiares. A trama acompanha personagens que enfrentam dilemas existenciais e questões sociais no Brasil contemporâneo, em mais um trabalho poético de Gabriel Mascaro. Sessões todos os dias, até 3 de setembro, às 15h10, 17h05, 19h00 e 21h00.


"Os Caras Malvados 2" (sessões dubladas)
Direção: Pierre Perifel – Animação/Aventura – 1h45
Depois de tentarem levar uma vida comum, os famosos vilões precisam se unir novamente para enfrentar uma ameaça que pode colocar o mundo em risco. A sequência promete ação, humor e aventuras eletrizantes para toda a família. Sessões todos os dias, até 3 de setembro, às 15h00.


"Os Roses: até Que a Morte os Separe" (sessões legendadas)
Direção: Jay Roach – Comédia Dramática – 1h38
Elenco: Olivia Colman, Benedict Cumberbatch, Kate McKinnon
Uma nova versão da clássica história de um casal que transforma a separação em uma guerra conjugal absurda. Entre humor ácido e emoção, o filme mostra os limites do amor, do ódio e da convivência. Sessões todos os dias, até 3 de setembro, às 15h40, 18h00 e 20h20

"Uma Mulher Sem Filtro" (filme nacional)
Direção: Arthur Fontes – Comédia – 1h32
Elenco: Fabiula Nascimento, Camila Queiroz, Samuel de Assis e grande elenco.
Cansada de ser submissa e “politicamente correta”, uma mulher decide falar tudo o que pensa, sem filtros. A mudança radical transforma suas relações pessoais e profissionais em uma montanha-russa de confusões e liberdade. Sessões todos os dias, até 3 de setembro, às 17h20.

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As principais estreias da semana e os melhores filmes em cartaz podem ser assistidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.

.: Deep Purple: "Made In Japan" ganha nova edição


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Um dos mais famosos álbuns gravados ao vivo, o icônico "Made In Japan" da banda Deep Purple ganhou uma edição especial, incluindo novas mixagens e versões raras editadas para singles na época. O disco captura as apresentações da banda no Japão no ano de 1972, ou seja, em pleno auge criativo da chamada formação clássica – Ian Gillan (vocal), Richie Blackmore (guitarra), Jon Lord (teclados), Roger Glover (baixo) e Ian Paice (bateria). O grupo vinha de três excelentes discos de estúdio ("In Rock", "Fireball" e "Machine Head") e havia uma crescente aceitação do público nos shows ao vivo.

O curioso é que a ideia de gravar um disco ao vivo inicialmente não agradava alguns integrantes. Richie Blackmore e Ian Gillan temiam que o resultado final do disco ficasse abaixo das expectativas. Entretanto a gravadora insistiu, porque naquela época o Japão tinha um grande número de apreciadores do hard rock tocado pelo Deep Purple. A representante da Warner no Japão disponibilizou o que havia de melhor na época em recursos técnicos para gravar o show.

Essa nova edição (Super Deluxe Edition) inclui novas mixagens estéreo e em Dolby ATMOS feitas pelo renomado produtor Steven Wilson, integrante da banda Porcupine Tree. Todos os três concertos foram completamente remixados por Richard Digby Smith e diversas versões raras editadas para singles. Eu lembro de ter ouvido esse disco pela primeira vez ainda na adolescência, na primeira metade dos anos 80.

O desempenho de Richie Blackmore, Jon Lord e Ian Paice (esse um monstro das baquetas) é simplesmente sensacional, assim como Ian Gillan em seu auge como vocalista. Traz uma energia nunca antes vista em um álbum ao vivo. Passou a ditar padrões para as demais bandas de hard rock sobre como produzir e gravar shows ao vivo. No repertório estão as clássicas "Highway Star", "Lazy", "Child In Time" e "Strange Kind Of Woman", com o famoso duelo de Blackmore e Ian Gillan no solo.

A edição já está disponível para pré-venda na loja oficial do Deep Purple, em diferentes formatos: box com 10 LPs de vinil, box com 5 CDs + Blu-ray, ou versão avulsa em vinil duplo com capa gatefold (com lançamento previsto para 3 de outubro nos EUA, Canadá e Japão). Também está disponível uma nova coleção de merchandising de "Made in Japan", além de pacotes musicais exclusivos. Poderia até falar mais coisas a respeito desse álbum. Mas o correto é você ouvir e conferir o motivo  desse registro ter se se tornado tão icônico. Se tiver acesso a alguma plataforma de streaming, basta apertar o play para iniciar a viagem musical com o Deep Purple, no seu auge na história do rock.

"Highway Star"

"Smoke On The Water"

"Strange Kind Of Woman"





.: Denise Weinberg desafia o exílio da velhice em "O Último Azul”


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com.

Em cartaz nos cinemas brasileiros “O Último Azul”, filme de ficção científica dramática dirigida por Gabriel Mascaro. Ambientado em uma Amazônia futurista e distópica, o longa-metragem traz como protagonista Tereza, uma mulher de 77 anos vivida por Denise Weinberg que, em face de um exílio compulsório para uma colônia destinada a idosos, embarca em uma última jornada pelos rios da região - uma travessia para realizar um sonho. Rodrigo Santoro, em uma curta participação, interpreta Cadu, personagem que acompanha Tereza em parte dessa travessia, ao lado de Miriam Socarrás e Adanilo no elenco.

Mundialmente aclamada, a produção teve sua première em 16 de fevereiro de 2025 na Competição Oficial do Festival Internacional de Cinema de Berlim, onde conquistou o Grande Prêmio do Júri (Urso de Prata), além do Prêmio do Júri Ecumênico e o Prêmio do Júri de Leitores do Berliner Morgenpost. O filme abriu o Festival de Gramado, em agosto, foi ambientado no Festival Internacional de Cinema de Toronto 

O roteiro é assinado por Gabriel Mascaro em parceria com Tibério Azul, com consultoria de Murilo Hauser e Heitor Lorega. Segundo o diretor, o filme emerge como um manifesto poético sobre o direito de sonhar - mesmo na velhice - e a possibilidade de ressignificar a vida a qualquer momento. 

Com distribuição da Vitrine Filmes, “O Último Azul” chega ao público nacional com o frescor da Amazônia como personagem-chave. Denise Weinberg, refletindo sobre sua experiência nas filmagens, destacou o privilégio visceral de estar na floresta: "Voltei ainda querendo mais... A Amazônia não foi retratada de modo romântico, mas real. É linda, mas assustadora", comentou. 


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Ficha técnica
“O Último Azul” | Sala 2
Classificação indicativa:
não recomendado para menores de 14 anos | Ano de produção: 2025 | Idioma original: português | Direção: Gabriel Mascaro | Roteiro: Gabriel Mascaro e Tibério Azul, com a consultoria de Murilo Hauser e Heitor Lorega | Elenco: Denise Weinberg, Rodrigo Santoro, Miriam Socarrás, Adanilo e participação de Isabela Catão, como Vanessa | Distribuição no Brasil: Vitrine Filmes
Duração: 1h 27m | Cenas pós-créditos: não.


Sinopse resumida de “O Último Azul”
Em um Brasil distópico, uma mulher de 77 anos, Tereza, recusa-se ao exílio compulsório para uma colônia de idosos e navega pelos rios da Amazônia em busca de realizar seu último desejo.


Sessões no idioma original
28/8/2025 - Quinta-feira: 15h10, 17h05, 19h00 e 21h00
29/8/2025 - Sexta-feira: 15h10, 17h05, 19h00 e 21h00
30/8/2025 - Sábado: 15h10, 17h05, 19h00 e 21h00
31/8/2025 - Domingo: 15h10, 17h05, 19h00 e 21h00
1°/9/2025 - Segunda-feira: 15h10, 17h05, 19h00 e 21h00
2/9/2025 - Terça-feira: 15h10, 17h05, 19h00 e 21h00
3/9/2025 - Quarta-feira: 15h10, 17h05, 19h00 e 21h00


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sexta-feira, 29 de agosto de 2025

.: Crítica: "Os Roses: Até Que a Morte os Separe" é releitura que faz gargalhar

Cena de "Os Roses: Até Que a Morte os Separe"


Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em agosto de 2025


Uma releitura modernizada cinematográfica para um clássico de 1989, originalmente adaptado do livro de "A Guerra dos Roses" (1981), de Warren Adler. Eis "Os Roses: Até Que a Morte os Separe" (The Roses), longa dirigido por Jay Roach ("Entrando Numa Fria" e "Austin Power: O Agente Bond Cama"). Com uma excelente escalação de elenco, capaz de entregar um super filme envolvente e divertido,  o longa é encabeçado pela dupla de perfeita sincronia composta pela vencedora do Oscar de melhor atriz, Olivia Colman e o inesquecível intérprete de Sherlock Holmes e Doutor Estranho, Benedict Cumberbatch.

A produção com texto atual e tão ácido quanto o primeiro filme com Michael Douglas e Kathleen Turner, tendo ainda Danny DeVito. Muito, muito ágil ao longo de 1h45 de duração, "Os Roses: Até Que a Morte os Separe" (The Roses) faz gargalhar e refletir a respeito das relações e seus impasses, incluindo a situação que pode ser comum atualmente, a troca de papéis entre marido e mulher, quando ela chega ao sucesso e ele vê seu fracasso virar meme na internet.

Sem cenas pós-créditos, "Os Roses: Até Que a Morte os Separe" (The Roses) dá o recado completo ao estampar um casal que parece estar em harmonia, mas que vê a parceria desmoronar, provocando assim, a todo momento, por incômodos gerados no público por meio dos ataques trocados entre Ivy (Olivia Colman) e Theo (Benedict Cumberbatch). Com desfecho impactante, o longa reforça que num embate entre pessoas que, pelo menos um dia se amaram -e talvez ainda se amem-, não há vencedores. E que desfecho para a trama!

No filme, Ivy (Olivia Colman) e Theo (Benedict Cumberbatch) são apresentados numa terapia de casal e, aos poucos, toda a história de amor de enlouquecer, vira ódio puro, com direito a um casal de filhos testemunhando tudo. Quando o amor é deixado de escanteio, todas mágoas protagonizam confrontos até mesmo diante de visitas e "amigos". No elenco ainda estão Kate McKinnon (Amy), Sunita Mani (Jane), Andy Samberg (Barry), Ncuti Gatwa (Jefrrey), Allison Janney (Eleanor), Jamie Demetriou (Rory).


O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN



"Os Roses: Até Que a Morte os Separe" (The Roses)Ingressos on-line neste linkGênero: comédia, dramaClassificação: 16 anos. Direção: Jay Roach. Duração: 98 min. Elenco: Olivia Colman (Ivy), Benedict Cumberbatch (Theo), Kate McKinnon (Amy), Sunita Mani (Jane), Andy Samberg (Barry), Ncuti Gatwa (Jefrrey), Allison Janney (Eleanor), Jamie Demetriou (Rory). Sinopse: A vida parece fácil para o casal perfeito Ivy e Theo: carreiras de sucesso, um casamento amoroso e filhos maravilhosos. Mas, por trás da fachada de sua suposta vida ideal, uma tempestade se forma – enquanto a carreira de Theo despenca e as ambições de Ivy decolam, um barril de pólvora de competição acirrada e ressentimento oculto se acende. Confira os horários: neste link

.: “Os Roses” devolve ao cinema a comédia sombria das separações


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com.

Quase quatro décadas depois de o público assistir, com fascínio e desconforto, à explosiva derrocada conjugal de Michael Douglas e Kathleen Turner em "A Guerra dos Roses" (1989), a Searchlight Pictures lança uma nova e ambiciosa releitura: "Os Roses: até Que a Morte os Separe" ("The Roses", no original, e com o título "Um Casal (Im)perfeito" em Portugal). O filme promete atualizar o olhar sobre os limites do amor, da competição e da sobrevivência emocional dentro de um casamento.

Dirigido por Jay Roach, conhecido por transitar da comédia escrachada de Austin Powers até o drama político de "Trumbo e O Escândalo", o longa-metragem conta com roteiro de Tony McNamara, aclamado por seu humor ácido e sua habilidade em expor, com sarcasmo, as falhas humanas em filmes como "A Favorita" e "A Bela e a Fera". Desta vez, McNamara revisita o clássico romance de Warren Adler, publicado em 1981, que inspirou o filme original de Danny DeVito. Mas o roteirista faz questão de frisar: não se trata de um remake, e sim de uma reinvenção - uma tragédia cômica que ressoa ainda mais no nosso tempo, marcado por disputas de ego e pela pressão do sucesso individual.

O coração da narrativa é o casal Theo e Ivy Rose, interpretados por dois gigantes do cinema britânico: Benedict Cumberbatch e Olivia Colman. Ele, um arquiteto de renome que vê sua reputação ruir após um projeto fracassado; ela, uma chef premiada que transforma um restaurante de caranguejos em verdadeiro império gastronômico. O que parecia ser a construção de um casamento sólido e admirável vai pouco a pouco se transformando em um campo de batalha, à medida que a ascensão de Ivy contrasta com a queda de Theo, abrindo espaço para ressentimentos antigos, ironias afiadas e uma guerra de poder que ameaça destruir não apenas a relação, mas também o mundo que construíram juntos.

Roach definiu o tom do filme como “uma tragédia quase shakespeariana disfarçada de comédia”, onde o riso funciona como faca de dois gumes: provoca catarse, mas também expõe a dor. “Esse filme explora como a linguagem do amor pode se transformar de uma provocação em um ataque. E, muitas vezes, é difícil distinguir uma coisa da outra”, afirmou o diretor em entrevistas recentes. Já McNamara observa que, em tempos em que o capitalismo fragmenta vidas e puxa casais em direções opostas, o casamento se torna ainda mais desafiador. Olivia Colman, por sua vez, diz que o roteiro “faz você rir e, em seguida, quebra seu coração”, enquanto Cumberbatch o descreve como “divertido, criativo e cheio de falhas humanas”.

O elenco de apoio reforça o caráter multifacetado da trama: Kate McKinnon e Andy Samberg vivem Amy e Barry, casal que personifica ironicamente a “liberdade” conjugal, mas sem deixar de expor as próprias fissuras; Jamie Demetriou e Zoë Chao dão vida a Rory e Sally, um par competitivo e igualmente disfuncional; Sunita Mani e Ncuti Gatwa aparecem como aliados de Ivy em seu restaurante; e a veterana Allison Janney, vencedora do Oscar por "Eu, Tonya", surge como a advogada implacável de Ivy. Juntos, eles criam um mosaico de relações que serve tanto de espelho quanto de contraponto ao colapso dos protagonistas.

Um detalhe interessante é que o lançamento do filme coincidiu com a reedição do romance "A Guerra dos Roses" no Brasil, pela editora Intrínseca, o que reforça a ponte entre passado e presente. O autor Warren Adler, falecido em 2019, descrevia sua obra como uma sátira sobre as ilusões do amor romântico, mostrando como os pactos matrimoniais podem esconder batalhas silenciosas. A nova versão cinematográfica leva essa crítica um passo adiante, mergulhando na contemporaneidade - em que o culto ao sucesso e a sobrecarga emocional muitas vezes transformam parceiros em rivais.

Com 1h45 de duração, "Os Roses: até Que a Morte os Separe" promete dividir opiniões, provocar debates e arrancar gargalhadas nervosas. Não há cenas pós-créditos, mas talvez não seja necessário: o verdadeiro impacto do filme está no incômodo que deixa após os créditos finais, lembrando ao espectador que, em certas guerras íntimas, não há vencedores.


O livro que inspirou o filme
Se você era fã de comédia nos anos 1980, é muito provável que conheça a história de um casal recém-divorciado que disputa a propriedade do casarão em que morava. Afinal, a icônica guerra entre Jonathan e Barbara Rose no clássico "A Guerra dos Roses", de Warren Adler, já encantou vários leitores e espectadores em 1989, com Kathleen Turner e Michael Douglas. Agora, o aguardado remake estrelado por Benedict Cumberbatch e Olivia Colman promete honrar as memórias dos fãs, além de propor uma releitura moderna da trama. 

Casados há 18 anos, os Roses parecem levar a vida dos sonhos. Pais amorosos de dois adolescentes, Jonathan é um advogado bem-sucedido e Barbara, uma mulher que dedicou a vida à família. O casal mora num lindo casarão com os filhos e animais de estimação, uma valiosa coleção de antiguidades e ainda tem uma bela Ferrari. Mas uma inesperada disputa se inicia logo após Jonathan ter um repentino e suposto ataque cardíaco, que desperta em Bárbara profundas reflexões sobre seu casamento.

Ao perceber que não se importa mais com o marido e deseja uma vida livre dele, ela inicia os trâmites do divórcio. Só que há um desafio para a separação: decidir quem fica com a casa, que representa a paixão de uma vida inteira para ambos. A propriedade se transforma, então, numa completa zona de guerra, já que o casal se recusa a deixar o imóvel e tenta expulsar um ao outro, custe o que custar.

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Ficha técnica
“Os Roses: até Que a Morte os Separe” | “The Roses” | “Um Casal (Im)perfeito” (em Portugal) | Sala Classificação indicativa:
16 anos | Ano de produção: 2025 | Idioma original: inglês | Direção: Jay Roach | Roteiro: Tony McNamara (baseado no romance "The War of the Roses", de Warren Adler) | Elenco: Benedict Cumberbatch (Theo Rose), Olivia Colman (Ivy Rose), Andy Samberg, Kate McKinnon, Allison Janney, Belinda Bromilow, Ncuti Gatwa, Sunita Mani, Jamie Demetriou, Zoë Chao | Distribuição no Brasil: Searchlight Pictures (Disney) |  Duração: aproximadamente 1h 45min (105 minutos segundo Letterboxd, mas AdoroCinema indica 1h 45min) | Cenas pós-créditos: não.


Sinopse resumida de “Os Roses: até Que a Morte os Separe”:
Theo e Ivy Rose formam um casal que aparenta levar uma vida ideal – ele, um arquiteto talentoso; ela, uma chef bem-sucedida. Quando o projeto de Theo fracassa e sua reputação despenca, enquanto o negócio de Ivy decola, antigas tensões vêm à tona, transformando amor em competição feroz e colocando em risco tudo o que construíram. 


Sessões legendadas
28/8/2025 - Quinta-feira: 15h40, 18h00 e 20h20
29/8/2025 - Sexta-feira: 15h40, 18h00 e 20h20
30/8/2025 - Sábado: 15h40, 18h00 e 20h20
31/8/2025 - Domingo: 15h40, 18h00 e 20h20
1°/9/2025 - Segunda-feira: 15h40, 18h00 e 20h20
2/9/2025 - Terça-feira: 15h40, 18h00 e 20h20
3/9/2025 - Quarta-feira: 15h40, 18h00 e 20h20

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

.: Cinema: Austin Butler engorda para viver bartender caçado em "Ladrões"


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com.

Darren Aronofsky, diretor conhecido por obras intensas como "Réquiem para Um Sonho", "Cisne Negro" e "A Baleia", sai da zona de desconforto e mergulha no universo caótico e delirante dos anos 1990 com "Ladrões" ("Caught Stealing"). Adaptado do romance homônimo de Charlie Huston - que também assina o roteiro cinematográfico -, o filme resgata o cinema policial com humor ácido e estilo ultraviolento, costurando referências a "Pulp Fiction", "True Romance" e mesmo a Elmore Leonard, autor de romances policiais e thrillers que foram adaptados para o cinema.

A trama se passa em 1998 e acompanha Hank Thompson (Austin Butler), uma ex-promessa do beisebol que agora leva uma vida de bartender alcoólatra em Nova Iorque. A rotina aparentemente pacífica - com uma namorada atenciosa, Yvonne (Zoë Kravitz) - é virada de cabeça para baixo quando ele aceita cuidar de um gato do vizinho punk Russ (Matt Smith) e, de repente, se vê perseguido por uma gangue de criminosos que disputam uma misteriosa chave escondida na mobília felina  Também integram o elenco Regina King (como uma policial implacável), Liev Schreiber e Vincent D’Onofrio como gângsteres excêntricos, Carol Kane como a sábia Bubbe, além de Bad Bunny.

Para fazer o filme, Austin Butler mergulhou no método e chegou a dormir nu no set, no apartamento de seu personagem, para garantir a imersão; ganhou cerca de 16 kg (35 libras) e consumiu muitas cervejas para encarnar alguém que já foi atleta de elite e agora está fora de forma, ao ponto de Darren Aronofsky pedir que ele relaxasse um pouco para deixar a performance mais solta. 

A estética do longa aposta no humor politicamente incorreto e no clima retrô, com referências explícitas ao final dos 90: uma jukebox tocando Smash Mouth, um televisor exibindo Jerry Springer, aparelhos antigos e celulares “tijolões”. "Ladrões" chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 28 de agosto de 2025, mesmo dia do lançamento na Austrália, um dia antes de estrear nos Estados Unidos e no Reino Unido. Ele teve primeira exibição mundial em 7 de agosto, em Puerto Rico, num evento com presença de Aronofsky, Butler e Bad Bunny, aproveitando também a residência de shows do cantor na ilha.

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Ficha técnica
“Ladrões” | “Caught Stealing” | Sala 4
Classificação indicativa:
não recomendado para menores de 16 anos. Ano de produção: 2025. Idioma original: inglês. Direção: Darren Aronofsky. Roteiro: Charlie Huston. Elenco: Austin Butler (Hank Thompson), Zoë Kravitz (Yvonne), Matt Smith (Russ), Regina King, Liev Schreiber, Vincent D’Onofrio, Carol Kane, Griffin Dunne, Bad Bunny (Benito A. Martínez Ocasio), entre outros. Distribuição no Brasil: Sony Pictures. Duração: aproximadamente 107 minutos (1h 47m). Cenas pós-créditos: não.

Sinopse resumida de "Ladrões"
Hank Thompson, ex-jogador de beisebol do ensino médio e bartender alcoólatra, aceita cuidar do gato de um vizinho punk e, inadvertidamente, torna-se alvo de criminosos por causa de uma chave escondida na jaula do animal. Ele precisa lutar para sobreviver num submundo violento e absurdamente variado, enquanto busca entender por que está sendo caçado.


Sessão legendada
28/8/2025 - Quinta-feira: 16h00, 18h30 e 20h50
29/8/2025 - Sexta-feira: 16h00, 18h30 e 20h50
30/8/2025 - Sábado: 16h00, 18h30 e 20h50
31/8/2025 - Domingo: 16h00, 18h30 e 20h50
1°/9/2025 - Segunda-feira: 16h00, 18h30 e 20h50
2/9/2025 - Terça-feira: 16h00, 18h30 e 20h50
3/9/2025 - Quarta-feira: 16h00, 18h30 e 20h50

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

.: Cinco romances disputam a primeira edição do Prêmio Kindle Vozes Negras


Foram anunciados os cinco livros finalistas da primeira edição do Prêmio Kindle Vozes Negras, iniciativa que busca valorizar escritores negros independentes e ampliar a representatividade no mercado editorial brasileiro. As obras selecionadas apresentam diferentes perspectivas sobre identidade, memória, amizade, desigualdade e futuro. São essas:

“Amiga com Piscina”, de Daiana de Souza
O romance acompanha a trajetória de Leila e Marina, amigas desde o ensino médio, que enfrentam juntas vestibular, universidade e as transformações da vida adulta. A obra destaca como diferenças sociais podem afetar vínculos pessoais e questiona até que ponto uma amizade resiste às mudanças. Qual garota negra nunca teve uma amiga branca? A de Leila era rica, morava no melhor bairro da cidade, numa casa enorme e com piscina. A amizade começou na adolescência e foi pela vida afora, as duas trocaram sobre incertezas, sonhos e namorados. Até que precisaram se despedir uma da outra, para sempre. Daiana de Souza é escritora, roteirista e professora de História, é apaixonada pelo mar e pela palavra escrita. Pesquisa e escreve sobre as trajetórias de pessoas negras. De Macaé, interior do Rio de Janeiro, ela se conecta com o mundo pela literatura e pelo audiovisual. Redes sociais: @thenanadesouza. Compre o livro neste link.


“Borda Infinita”, de Tássia Nascimento
Narrado a partir das memórias de Ana Tereza, mulher negra e lésbica, o livro explora as relações familiares e afetivas da protagonista. O texto discute corpo, sexualidade e identidade, abordando contradições e limites que moldam sua subjetividade. O romance delineia o modo como cada experiência compõe a subjetividade da personagem. Os vínculos consanguíneos e as relações afetivo-sexuais são colocados a partir de suas contradições e limites e, de maneira minuciosa, a obra passeia por um acúmulo de vivências que constituem o corpo e a sexualidade da protagonista. Tássia Nascimento é pós-doutoranda em História da Arte pela Unifesp, doutora em Ciência da Literatura, mestre em Estudos Literários e licenciada em Letras. Atua como professora da rede pública e através de seus textos foi vencedora dos Prêmios Mulheres Negras Contam Sua História e Prêmio Palmares de Monografia e Dissertação. Em 2022, em parceria com a Editora Senac, lançou o livro"'Pesquisa, Tecnologia e Sociedade". Já publicou diversos artigos e ensaios sobre o tema da literatura afro-brasileira. Atualmente desenvolve projetos que dialogam com a linguagem audiovisual, incluindo a escrita de roteiros. Compre o livro neste link.


“Febre Inocente”, de J. Oliver Jr.
Ambientado em 2043, o romance de ficção especulativa apresenta o “Projeto Imáculo”, sistema que classifica crianças de 12 anos como “vidro”, “trigo” ou “joio”, definindo seus destinos de forma brutal. A trama questiona liberdade, controle social e sobrevivência. J. Oliver Jr. é graduando de Gestão Pública, profissional de licitações desde os dezesseis anos, além de compositor, roteirista e artista plástico. Escreve desde os oito anos, quando apresentou para sua professora de português, a história de um cachorrinho que salva seu tutor de um assalto. Em seu primeiro título, ele conta a história de um Brasil distópico, no qual crianças de doze anos, são condenadas a tirar a própria vida diante das câmeras de TV, com base em uma lei do ano 2000. Compre o livro neste link.


“Olhos Rubros de Sal”, de Márcia Moura
A narrativa traz a perspectiva de uma diarista que, ao acompanhar a vida de suas patroas, busca reconstruir a própria história após uma tragédia familiar. O livro aborda temas como perda, culpa e possibilidade de recomeço. Em meio à rotina de trabalho e enquanto acompanha de forma inevitável o desenrolar das histórias das suas patroas, uma diarista busca sentido ao tentar recomeçar sua vida após uma grande tragédia familiar. Márcia Moura nasceu em São Paulo e mora em Recife desde os 12 anos de idade. É médica, mãe de três garotos e professora de Ginecologia na Universidade Federal de Pernambuco e na Universidade de Pernambuco. É pós-graduada em Escrita Criativa pelo NESPE. Publicou, em 2023, sua primeira obra individual, "Como Dançam os Lírios-do-Mar" e foi uma das vencedoras do Prêmio Carolina Maria de Jesus. Em 2024, publicou "Neve Sobre Areia Quente", obra vencedora do prêmio Mar que Arrebenta, da Editora Arrelique. Compre o livro neste link.


“Via Pública”, de Tiago Costa
Ambientado em Salvador durante as comemorações da Independência da Bahia, o romance mistura política e cotidiano urbano. O contraste entre o desfile oficial e a escassez de água em algumas regiões da cidade serve de metáfora para as contradições sociais e históricas da capital baiana. Dois de Julho, Independência da Bahia: o governador desfila enquanto certas partes da capital passam o dia sem água. As pessoas vão às ruas de Salvador para viverem seus destinos nessa cidade que tem cor. Preta como seu povo, azul como seu mar, vermelha como pode se tornar quando o sangue de seus habitantes derrama sobre o asfalto. Transparente como a pergunta que se anuncia: desabastecida de tanto, haverá água suficiente na cidade para lavar essas manchas? Tiago Costa nasceu em Salvador, Bahia, no início dos anos 1990. Formado em medicina, especializou-se em psiquiatria em 2018 e trabalha desde então na rede pública e privada. Compre o livro neste link.

terça-feira, 26 de agosto de 2025

.: Tudo sobre "Coração Sem Medo", o novo romance de Itamar Vieira Junior




Publicado pela editora Todavia, o livro que conclui a Trilogia da Terra, iniciada por Torto Arado e seguida por Salvar o fogo, já está em pré-venda

O novo e aguardado romance de Itamar Vieira Junior, um dos maiores autores brasileiros, já tem data de lançamento: "Coração Sem Medo" chegará às livrarias no dia 13 de outubro e já está em pré-venda. O terceiro e final volume da Trilogia da Terra é uma obra potente que enfeixa, com engenho narrativo e extrema sensibilidade, os principais temas desfiados em "Torto Arado" e "Salvar o Fogo". A capa é de Elisa v. Randow sobre a imagem de Aline Bispo

Enquanto o romance não chega às livrarias, a editora Todavia criou a Comunidade Coração sem Medo, grupo de whatsapp e newsletter por onde os leitores de Itamar recebem conteúdo exclusivo e benefícios, como desconto na pré-venda, acesso a clubes de leitura, entre outras ações. Para fazer parte da comunidade, basta se inscrever neste link. Para comprar o livro "Coração Sem Medo", de Itamar Vieira Junior, basta clicar neste link.


Sobre a Trilogia da Terra
Quando "Torto Arado" foi publicado, em 2019, Itamar Vieira Junior já anunciava que aquele romance daria o pontapé inicial naquilo que seria uma Trilogia da Terra: livros profundamente calcados na realidade e nas injustiças sociais brasileiras, em que seus personagens (descendentes de indígenas e escravizados) estariam às voltas com a luta pela dignidade assegurada por um quinhão de terra. Uma batalha que tem a ver com território - mas também com herança cultural, religiosidade afro-indígena e emancipação feminina.

Sobre "Coração Sem Medo"
Rita Preta, uma operadora de caixa de supermercado e mãe de três filhos, vê sua vida ser transformada quando um deles - o adolescente Cid - some sem deixar rastro na comunidade onde reside, em Salvador. Na sua jornada em busca de respostas, ela enfrenta as possibilidades de perder seu emprego, seu relacionamento amoroso, e até mesmo a própria vida, ameaçada pela atmosfera de violência que envolve o desaparecimento do primogênito.

Ao ter seu presente interrompido por esse evento inesperado, Rita se vê imersa nas memórias de seu passado: a saída precoce da casa da família no campo para trabalhar como empregada doméstica na cidade; a difícil relação com a avó Carmelita, a filha desaparecida de Donana; além da culpa que carrega por um trágico acidente envolvendo seus irmãos.

Se, por um lado, ela tenta reunir os fragmentos de sua história para se manter íntegra no presente, por outro, procura a chave para um recomeço. Forte e obstinada, Rita Preta é descendente direta de alguns personagens daquela Água Negra de "Torto Arado". Sua história, no entanto, parece espelhar a dor de muitas mães das periferias brasileiras, assoladas pela violência. Uma narrativa que, por isso mesmo, precisa ser contada, como percebe seu filho Cainho, espécie de alter ego do próprio autor: um jovem que passa a enxergar nas histórias do seu povo o alimento para a criação literária.

"Coração Sem Medo" é uma narrativa sobre o poder da imaginação contra o esquecimento: o novo romance de Itamar Vieira Junior é o testemunho literário sobre a força das histórias que precisam ser contadas, revelando o vigor inquebrantável do espírito humano. É, acima de tudo, uma história da gente brasileira.


Sobre Itamar Vieira Junior
Vencedor de prêmios no Brasil e no exterior, como o LeYa, o Oceanos e o Montluc, além de ter conquistado duas vezes o Prêmio Jabuti, Itamar Vieira Junior foi o primeiro brasileiro a chegar à final do International Booker Prize. O escritor, nascido em Salvador, na Bahia, em 1979, é doutor em estudos étnicos e africanos (UFBA) e autor da coletânea de contos "Doramar ou a Odisseia", de "Chupim", e dos romances "Salvar o Fogo""Torto Arado".  Esse último se tornou um dos maiores sucessos de crítica e de público da literatura brasileira nas últimas décadas. O livro foi traduzido para mais de trinta idiomas e inspirou adaptações para o teatro e um musical. Desde 2019, Itamar já vendeu, no Brasil, mais de um milhão de livros. Compre a Trilogia da Terra, de Itamar Vieira Junior, neste link.

.: Novo livro investiga a dupla natureza de eros a partir de Platão


Em tempos de relacionamentos líquidos e amor digital, o filósofo português João Constâncio resgata uma das questões mais fundamentais da existência humana: o que é o amor? Em "Três Discursos sobre Eros: meditação sobre o Fedro de Platão", lançamento da Tinta-da-China Brasil, o autor oferece uma investigação filosófica e literária sobre a natureza contraditória do amor que atravessa milênios e segue atual. A obra integra a coleção Ensaio Aberto, que une filosofia e literatura. 

Três discursos sobre eros parte do diálogo Fedro, de Platão, para investigar como a paixão amorosa pode ser, simultaneamente, uma forma de loucura e uma experiência do divino em busca da verdade. Para desenvolver essa investigação, Constâncio se vale da poesia, da literatura e da filosofia, desde a Antiguidade até os dias contemporâneos. Assim, o autor conecta as imagens poéticas de Platão aos versos de Safo e às Confissões de Santo Agostinho, e demonstra como pensadores e escritores vieram interpretando eros ao longo dos séculos, como Hegel, Nietzsche, Heidegger, Marcel Proust no Em busca do tempo perdido, Thomas Mann em A morte em Veneza e Anne Carson em Eros: o doce-amargo. 

O resultado é uma obra híbrida que une rigor filosófico e fluidez literária, explorando temas universais como ciúme, temporalidade do amor, ilusão e autocontrole - questões ainda centrais na experiência humana contemporânea. “O leitor tem em mãos um precioso tesouro, que pode frequentar com deleite, cuja leitura é capaz de produzir arrebatamento, isto é, aquela loucura ou mania extática, que é condição tanto da filosofia como da poesia, e que pode nos conduzir para o que verdadeiramente somos”, afirma Oswaldo Giacoia Junior, que assina a orelha do livro. Compre o livro de "Três Discursos sobre Eros: meditação sobre o Fedro de Platão", de João Constâncio, neste link.


Sobre o autor
João Constâncio
é professor catedrático do Departamento de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa (Nova FCSH), onde se doutorou, em 2005, com uma dissertação sobre imagens e concepções da vida humana em Platão, e onde exerce os cargos de diretor do Instituto de Filosofia da Nova (IFILNOVA) e coordenador do Doutoramento em Filosofia. É autor do livro "Arte e Niilismo: Nietzsche e o Enigma do Mundo" (Tinta-da-china, 2013), bem como coorganizador de cinco livros sobre Nietzsche — incluindo, com Maria João Mayer Branco e Bartholomew Ryan, "Nietzsche and the Problem of Subjectivity" (Walter de Gruyter, 2015). Tem escrito e lecionado igualmente sobre questões fundamentais da estética, da antropologia filosófica e da filosofia da história nas obras de Platão, Kant, Hegel, Schopenhauer e Heidegger. Os seus projetos mais recentes incluem a publicação de um opúsculo sobre "As Tentações de Sant’Antão", de Hieronymus Bosch ("Sobre o Absurdo, Documenta", 2024); a tradução e comentário - com uma introdução escrita em colaboração com Luisa Buarque - da peça Lisístrata, de Aristófanes (em curso de publicação); e a coorganização, com Simon May, de um volume de ensaios intitulado "Who Is Heidegger’s Nietzsche?" (Cambridge University Press, previsto para 2026).

"Três Discursos sobre Eros" é o quinto título da coleção Ensaio Aberto. Coordenada por Tatiana Salem Levy e Pedro Duarte, a coleção é resultado de uma parceria originada no âmbito do Programa de Internacionalização da Capes (Capes‑PrInt) entre a Universidade Nova de Lisboa e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Os livros são publicados pela Tinta-da-china, em Lisboa, e pela Tinta-da-China Brasil, em São Paulo, com apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT – Portugal).

“Na tradição ocidental, deu‑se por certa a separação entre Filosofia e Literatura, tendo‑se como consequência um entendimento histórico que cindia, de um lado, a mente, a reflexão ou a razão, e, de outro lado, o corpo, a criação ou a emoção. Perdia‑se, assim, a possibilidade de um conhecimento que, em vez de separar, aproximasse Filosofia e Literatura, perguntando‑se: mas escritores não filosofam, e filósofos não escrevem? Os Ensaios Abertos desta coleção surgiram da vontade de explorar como, apesar da conhecida crítica metafísica que a Filosofia dirigiu à Literatura, elas não cessaram de se aproximar”, explicam os coordenadores. Compre os livros da coleção Ensaio Aberto neste link.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

.: Pedro Süssekind coloca Shakespeare, Homero e Guimarães Rosa na conversa


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação

Finalista da 2ª edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, na categoria Letras, Linguística e Estudos Literários, o livro "O Mar, o Rio e a Tempestade: sobre Homero, Rosa e Shakespeare", publicado pela editora Tinta-da-China Brasil, confirma Pedro Süssekind como um dos mais inquietos intérpretes da relação entre filosofia e literatura no Brasil. Professor titular da Universidade Federal Fluminense, pesquisador do CNPq e autor de obras como "Shakespeare, o Gênio Original" e "Hamlet e a Filosofia", Süssekind propõe em sua mais recente publicação um diálogo improvável - e ao mesmo tempo necessário - entre a "Odisseia", de Homero, "Rei Lear", de William Shakespeare, e "Grande sertão: veredas", de Guimarães Rosa.

Com uma escrita que desafia fronteiras acadêmicas, o autor percorre desde a Grécia Antiga até o sertão mineiro, costurando filosofia, estética e crítica literária para revelar como essas obras ecoam entre si. Em entrevista exclusiva ao Resenhando.com, Süssekind comenta os riscos de colocar clássicos em confronto, o papel da filosofia como mediadora da literatura e até os dilemas do pesquisador que também escreve ficção. Compre o  livro "O Mar, o Rio e a Tempestade: sobre Homero, Rosa e Shakespeare", de Pedro Süssekind, neste link.


Resenhando.com - 
Seu livro aproxima Homero, Shakespeare e Guimarães Rosa - três universos culturais e históricos distintos. O que seria mais arriscado: reduzir Rosa a um “Homero do sertão” ou enxergar Shakespeare como um “dramaturgo de jagunços”?
Pedro Süssekind - Dizer que Guimarães Rosa é um “homem do sertão” não o reduz, se pensarmos a partir da perspectiva dele. Numa célebre entrevista que deu a um crítico alemão, ele concorda inteiramente com essa classificação e ainda acrescenta que não se trata só de uma afirmação biográfica, e sim de uma determinação essencial. Porque “o sertão é do tamanho do mundo”, como diz Riobaldo. Não é um lugar determinado, mas uma dimensão existencial. Isso tem a ver com um “super-regionalismo”, para usar um termo de Antonio Candido. Segundo a concepção que aparece na tal entrevista e que remete a "Grande sertão: veredas", Goethe também é do sertão, assim como Tolstoi, Flaubert e Balzac. Me parece que tanto Homero quanto Shakespeare entrariam nessa lista também. Agora, de fato falar de Shakespeare e de jagunços no mesmo livro pode ser estranho. Um trabalho de Literatura Comparada corre sempre o risco de forçar aproximações, ou estabelecer conexões arbitrárias, entre autores que pertencem a contextos culturais distintos. Penso que evitei esse risco no livro, por escrever ensaios dedicados a cada obra (dois sobre a "Odisseia", dois sobre "Rei Lear" e dois sobre "Grande sertão: veredas"), sempre com o cuidado de considerar o contexto histórico dos autores. As aproximações dizem respeito a temas (como por exemplo a errância, que é abordada nas três obras de modos diversos), ou à forma de narrar as histórias (por exemplo, a incorporação de elementos épicos e dramáticos na construção do romance de Guimarães Rosa).


Resenhando.com - Na sua análise, a filosofia funciona como ponte entre literatura e pensamento. Mas até que ponto a filosofia não corre o risco de engessar a força poética da literatura, transformando metáfora em tese?
Pedro Süssekind - Eu diria que o pensamento funciona como ponte entre a filosofia e a literatura. A relação entre as duas foi tradicionalmente carregada de tensão, desde a Antiguidade, quando a filosofia afirmou seu domínio como discurso verdadeiro, em contraposição ao discurso falso (ficcional) da poesia. Isso remete, claro, às críticas a Homero na República de Platão. Mas essa separação foi repensada e posta em questão muitas vezes, em especial desde o Romantismo, no final do século XIX. Em todo caso, concordo que a tentativa de extrair filosofia de uma obra literária pode levar a um engessamento, como se essa obra fosse a ilustração metafórica de determinadas ideias ou correntes de pensamento. Esse tipo de exercício não me interessa muito, ou me interessa só como um aspecto a ser usado a serviço de uma tentativa de entender o que você chamou de força poética da literatura. Podemos chamar isso também de criação literária de uma instância de reflexão. Certamente, como mostrei nos ensaios desse livro, Shakespeare e Guimarães Rosa dialogam com a filosofia, ou seja, incorporam elementos filosóficos em suas obras. Aliás, Riobaldo é um personagem altamente filosófico, à altura de Hamlet... Mas numa peça ou numa narrativa as questões que foram objeto de reflexão teórica por parte de filósofos são apresentadas e pensadas de outra maneira. Não basta identificar questões ou remeter a teorias. Isso é só um aspecto. O trabalho do crítico é discutir essa maneira de pensar da literatura, que muitas vezes põe em xeque teorias e questões do campo da filosofia.


Resenhando.com - "A Telemaquia", "Rei Lear" e "Grande sertão: veredas" podem soar, para muitos, como textos distantes do leitor comum. O que esse “diálogo erudito” oferece ao público que não vive na academia?
Pedro Süssekind - Por que ler os clássicos? Essa pergunta foi usada por Ítalo Calvino no título de um livro do qual gosto muito. Pensei nesse livro muitas vezes enquanto escrevia os ensaios de O mar, o rio e a tempestade. Até usei uma frase dele na orelha: “um clássico é um livro que nunca terminou de dizer o que tinha para dizer”. Não considero que a literatura De Homero, de Shakespeare ou de Guimarães Rosa seja objeto de estudo acadêmico, assunto de eruditos, peça de museu. A erudição da leitura, no sentido de recorrer a um aparato crítico, tem a ver com a intenção de revelar as marcas das leituras precendentes, porque elas fazem parte de uma história da recepção que vai sendo incorporada a cada um desses livros. Mas esse tipo de erudição fica a cargo do crítico, ou do professor, e só faz sentido se enriquecer a descoberta que é feita numa primeira leitura: a descoberta de algo inédito, inesquecível, inesperado, que vai muito além do que se imagina conhecer por ouvir falar de um clássico. Então, penso que o leitor, qualquer leitor que se interessa por literatura, tem muito a ganhar ao dedicar seu tempo a livros como a Odisseia, Rei Lear ou Grande sertão: veredas. Quando escrevi sobre eles, ou quando dou aula sobre eles, também quero proporcionar um caminho de aproximação para leitores e alunos, tentando mostrar a riqueza, o encantamento e a atualidade desses livros.


Resenhando.com - Quando coloca Adorno e Horkheimer para “lerem” a Odisseia, você não teme que a filosofia crítica alemã se sobreponha a Homero - como um ruído moderno que silencia a oralidade arcaica?
Pedro Süssekind - Nesse caso específico, tomei como ponto de partida a leitura da Odisseia que esses autores fazem na Dialética do esclarecimento. Uma obra literária da Antiguidade lida numa obra de filosofia do século XX. Isso me pareceu um bom ponto de partida não só para pensar a relação entre filosofia e literatura, como também para discutir a atualidade de Homero de um ponto de vista contemporâneo. Mas eu não quis simplesmente adotar a leitura que esses filósofos fazem, para não perder de vista a leitura direta da Odisseia e a minha própria compreensão desse poema, que eu amo profundamente e releio sempre que posso. Explico as hipóteses de Adorno e Horkheimer, ligadas à Teoria Crítica, para discutir e problematizar alguns aspectos da intepretação deles, justamente porque, como você disse, ela silencia elementos importantes da epopeia, ligados à passagem da oralidade para a escrita. É isso que discuto no ensaio “As Sereias e o Narrador”.


Resenhando.com - Shakespeare, Guimarães Rosa e Homero são três autores “canônicos”. O que seria mais subversivo: retirar esses gigantes do pedestal ou recolocá-los em diálogo com vozes literárias marginalizadas?
Pedro Süssekind - Certamente esses autores entraram para o cânone, se pensarmos na História da Literatura, com maiúsculas. Mas essa ideia de um cânone literário me parece problemática por dois motivos. Primeiro, recuperando o que já discutimos, porque distancia as obras dos leitores, nesse sentido de posicioná-las num pedestal, como se só pudessem ser lidas por grandes eruditos, ou como se já tivessem seu lugar determinado e estivessem ali fechadas, prontas, definidas. Um livro fechado não tem vida, um livro já entendido não precisa ser relido. Em segundo lugar, porque o cânone não pode ser nunca definitivo. Uma tradição só continua a existir na medida em que continua a influenciar e alimentar o que é criado atualmente. Aliás, é isso que nos mostraram as vanguardas artísticas, ao criar suas próprias tradições e seus próprios cânones, muitas vezes tirando do esquecimento obras que não eram mais lidas e que se tornaram clássicas a seu modo. Nesse sentido, eu estava mais interessado no meu cânone pessoal de obras clássicas que li e reli ao longo da vida. Mas vou tomar como exemplo "Grande sertão: veredas", que se tornou um grande clássico da literatura brasileira. Como Silviano Santiago comenta em seu ótimo estudo Genealogia da ferocidade, a importância histórica desse livro tem a ver com o impacto destruidor que ele teve sobre o cânone literário: o quanto ele bagunçou as categorias da história da literatura, como regionalismo, modernismo etc. A cada vez que lemos esse romance - e o mesmo se pode dizer sobre obras de Homero ou de Shakespeare -, ele sai daquele pedestal e se torna uma coisa viva, em aberto, a ser interpretada segundo a perspectiva do leitor agora. O diálogo com vozes literárias marginalizadas, por exemplo, faz parte dessa experiência viva da leitura e da crítica.


Resenhando.com - Em sua trajetória, você também escreveu romances. O ficcionista Pedro Süssekind sente inveja da liberdade do filósofo Pedro Süssekind ou é o contrário? Há algum momento em que a filosofia atrapalha a literatura? Ou, ao contrário?
Pedro Süssekind - As formas de escrita da filosofia e a da literatura são muito diferentes. O jargão acadêmico e as exigências formais de artigos e teses atrapalham quem quer desenvolver uma forma própria de pensar, por isso tento escapar das fórmulas e do jargão quando escrevo ensaios. Mesmo assim, quando estou escrevendo teoria, tenho a impressão de que nunca poderia escrever ficção. Mas o contrário não se aplica, e acho meio difícil explicar o motivo. Tem a ver com a imaginação e a carga afetiva do texto de ficção... Por outro lado, meus interesses teóricos alimentam o trabalho ficcional, como aconteceu com meu último romance, "Anistia", que recria o enredo da primeira parte da "Odisseia", a chamada Telemaquia, no contexto brasileiro dos anos de chumbo da ditadura militar. Ou seja, o romance tem uma conexão com os ensaios da primeira parte de "O Mar, o Rio e a Tempestade". No fundo, eu gostaria de aproximar as duas formas de escrita, ficcional e teórica, ou escrevendo ensaios mais literários, ou escrevendo uma ficção ensaística. Mas até o momento me sinto sempre dividido, oscilando de uma forma para outra.


Resenhando.com - Grande parte da crítica insiste em fazer de Rosa um “enigma intraduzível”. O que a sua leitura revela: Rosa é realmente intraduzível ou os críticos é que têm medo de encarar a simplicidade por trás de algo complexo?
Pedro Süssekind - Não considero Guimarães Rosa intraduzível, de modo algum. E a fortuna crítica da obra dele é muito vasta e muito rica, composta por diversas abordagens: leitura sociológica, crítica genética baseada na pesquisa de arquivo, leitura mística e filosófica, discussão linguística. A coisa parece inesgotável. Não rejeito nem adoto em definitivo nenhuma dessas abordagens em particular, mas respeito cada uma delas e tento aprender com os trabalhos de críticos de diversas linhas, até porque me parece que a literatura de Rosa de fato abre a possibilidade de todas essas leituras. Aliás, ela não só está aberta para várias possibilidades, como também se mantém ambígua, inclassificável, desafiadora apesar de todas. Por isso, desconfio de críticas que procuram resolver tudo de uma vez e propõem interpretações definitivas, dogmáticas. Dogmatismo não tem nada a ver com Guimarães Rosa. Considero que os bons críticos lidam com a complexidade e a riqueza da obra dele sem medo.


Resenhando.com - O Prêmio Jabuti Acadêmico é recente e já começa a moldar um cânone acadêmico. Você acredita que prêmios desse tipo consolidam ou engessam o pensamento crítico no Brasil?
Pedro Süssekind - Acho iniciativas como essa importantes porque dão visibilidade ao trabalho acadêmico e contribuem para romper essa barreira entre o que é produzido nas universidades e os leitores que não pertencem a esse mundo. Mas no meu caso, como eu trabalho com literatura e não com uma área mais técnica ou mais árida das ciências, não faço muita distinção entre obras de divulgação (para leigos) e obras acadêmicas. Quando escrevo ensaios sobre literatura e filosofia, a serem publicados em livro, procuro usar uma linguagem clara, sem exigir conhecimento técnico prévio ou formação numa determinada área. Claro que o leitor precisa ter interesse no assunto, em literatura, em filosofia, em história, essas coisas. Sou professor universitário e pesquisador, então faço um trabalho dentro do mundo acadêmico, mas nunca quis ser um especialista. A forma do ensaio me dá liberdade para discutir questões literárias e filosóficas, propor comparações e recorrer a diferentes áreas do conhecimento.


Resenhando.com - Se Homero, Shakespeare e Guimarães Rosa entrassem em uma taberna imaginária, como profundo conhecedor dos três, o que eles discutiriam primeiro - política, poesia ou a tragédia de ser humano?
Pedro Süssekind - Homero, Shakespeare e Guimarães Rosa entram num bar. Talvez seja um bom começo de anedota para literatos... Aliás, Guimarães Rosa gostava muito de anedotas, como sabemos pelo prefácio de Tutaméia. Nesta, ele teria que fazer a tradução simultânea da conversa de um poeta cego da Grécia Arcaica (que não sabemos se existiu de verdade) com um dramaturgo elisabetano. Até porque ele é, dos três, quem leu e poderia reconhecer os outros dois. Mas essa conversa que você imaginou só poderia ser sobre poesia, eu acho. Porque a política, a tragédia e a comédia fazem parte da poesia. O encontro poderia ser no reino dos mortos, como aquele que Dante pôs em "A Divina Comédia". E talvez os três pudessem falar a mesma língua, uma língua original, anterior a todas as outras segundo o mito da Torre de Babel. Estou elaborando a cena porque não sou capaz de inventar uma tirada para encerrar a anedota... Mas um lado bom de autores serem considerados clássicos é que eles foram traduzidos para diversas línguas, por décadas (Rosa), séculos (Shakespeare) ou milênios (Homero), de modo que continuam a reverberar, a despertar interesse e a ter leitores em épocas, lugares e culturas diferentes. Isso me remete às ideias de Walter Benjamin sobre a tradução poética como tarefa que remete àquela língua original, adâmica, capaz de capturar a essência das coisas. Enfim, nem precisamos inventar uma conversa imaginária, já que o encontro entre os três autores existe, na verdade, por meio de suas obras. Como procurei mostrar nos meus ensaios, podemos ler essas obras e fazê-las dialogar.


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