quarta-feira, 11 de novembro de 2015

.: Coletivo Teremin, atração do 4º CulturalMente Santista, nesta quinta

"...esse futuro está nas mãos de pessoas como nós, que simplesmente fazem". 
Jota Amaral, do Coletivo Teremin

Das trilhas sonoras de filmes ao formato banda e um concerto que promete impressionar o público nesta quinta-feira, às 21h, no Teatro Guarany. Mas antes, os membros do Coletivo Teremin conversam sobre produção musical em Santos, às 19h30 do mesmo dia, no foyer do local. 

Depois, a apresentação ocorre no palco dentro do projeto "Quintas Autorais" que, neste mês, integra também a programação do 4º CulturalMente Santista, em uma parceria estabelecida com o Departamento de Eventos da Secretaria de Cultura de Santos. Abaixo, o baterista e produtor musical Jota Amaral fala da história do Coletivo Teremin, do processo de criação do CD, entre outros temas. 

Como surgiu o coletivo Teremin?
O Coletivo Teremin surgiu como proposta de criação de trilhas sonoras. Thiago Santos e Jota Amaral já acumulavam alguns trabalhos desde 2004. Em 2012, chamaram Matheus Bellini e, em 2013, Guilherme Meduza chegou para completar a base do grupo. 


Como tudo começou? 
O início aconteceu por meio de um convite do Instituto Querô, para a criação da trilha sonora de um curta-metragem. O filme em questão, chamado "Santos Eu Te Amo", apresenta imagens de vários pontos da cidade litorânea. O tema inspirador resultou na canção "Cantos de Santos".  

Por que Teremin para batizar o Coletivo?
A identificação com um instrumento peculiar, curioso e inventivo, que é o Theremin, foi a inspiração para preencher a lacuna do nome. A grafia foi adaptada para dar mais identidade. Assim surgiu o Coletivo Teremin, formado essencialmente por esses músicos e convidados. 



E o resultado disso?
O resultado foi tão positivo que outros convites apareceram. Em 2014, fomos contratados para criar as trilhas de um seriado chamado "A Grande Viagem". A produtora paulista Aurora Filmes lançou o desafio: cada episódio seria ambientado em um país diferente. Para isso, era preciso criar trilhas que remetessem a lugares como Espanha, Japão, França, Arábia, Estados Unidos... Ao todo foram cerca de 60 fonogramas que surgiram com muita pesquisa de escalas, instrumentos e timbres. E hoje, além desse trabalho, também temos a "Oficina de Trilhas Sonoras & Desenho de Som". Costumamos aplicar esse workshop em três dias de atividades teóricas e práticas, e contamos com um estúdio próprio para a realização. 

Como foi a evolução da trilha de cinema para a formação em banda? 
O caminho foi natural para que o Teremin se tornasse de fato uma banda, que conseguisse executar ao vivo uma coletânea dos melhores trabalhos desses três anos. A formação inicial de guitarra (Thiago Santos e Guilherme Meduza), baixo (Muniz Crespo), bateria (Jota Amaral) se completa com um quarteto de cordas (dois cellos, um violino e uma viola) liderado por Bellini. 


E o CD, como foi o processo de produção e também as dificuldades?
Esse CD é uma coletânea de três anos de existência do Coletivo Teremin. Não foi nada fácil selecionar 26 músicas de um repertório de mais de 80, que fizemos ao longo desse tempo. Muita coisa foi composta em uma época em que não tínhamos a menor pretensão de sermos uma banda. Algumas músicas são bem minimalistas no sentido de cumprir a função de trilha sonora para determinada demanda. Outras possuem uma grandeza de timbres que vão além do que conseguiríamos executar em palco, numa formação de quatro pessoas. 

O que é mais interessante, para vocês, nisso tudo?
O mais interessante para nós é perceber que esse caminho inverso que trilhamos, originalmente das trilhas e agora para o palco, nos guiou para uma música que não possui barreira de estilos, instrumentos, timbres… Somos o que a música precisa. Não existe baterista, guitarrista, baixista, violoncelista… O que existe são músicos. Operários do som. 


E no show, o que o público pode esperar?
Lembro que as primeiras músicas que fizemos, assistíamos aos filmes e sempre perguntávamos: que sentimento isso quer passar? Tristeza, alegria, desconfiança, desafio, superação, humor, solidão, estranheza... O ponto de partida era o sentimento que teríamos que buscar nos sons. E a tradução de algo tão genuinamente humano para o universo dos sons é um assunto inesgotável. 

Antes da apresentação, vocês participarão de um bate-papo sobre produção musical. Como é, para você, este setor em Santos?
Todos sabem sobre a dificuldade de viver profissionalmente da produção artística no país. Em Santos, comparado a São Paulo e Rio de Janeiro, essa dificuldade é ainda maior. O que percebemos são alguns setores da sociedade se mobilizando em causas comuns. É daí que surgem alguns festivais, saraus, simpósios… No ano passado, tivemos a oportunidade de participar do CulturaMente Santista numa mesa que falava sobre Coletivos Artísticos juntamente com Rubens de Farias, na época no "Dose de Criação" e o DJ Luiz Dias Lufer, do "Futuráfrica". Os três participantes dessa mesa se conheceram nesta ocasião. Este ano nos juntamos para produzir um filme chamado "Ponto Final". 


O que pode dizer sobre a participação de todos no filme?
Cada um, dentro da sua área de atuação, colaborou para que o filme existisse. Fizemos várias festas para arrecadar recursos. O dinheiro existe, nesse caso, para fazermos tudo da forma mais profissional possível. Se dependesse única e exclusivamente do amor ao ofício, também teríamos feito, porque é assim que tem que ser. Sou otimista sobre o futuro da produção artística na nossa região, porque acho que esse futuro está nas mãos de pessoas como nós, que simplesmente fazem, sem imaginar outra opção, e isso estimula o setor.

Voltando à produção musical...
Dentro da área de produção musical, temos ótimos profissionais, mas ainda vejo uma conduta amadora no que diz respeito à valorização. Temos alguns problemas de autoestima. Por exemplo, essa cultura do cover. O músico que tem um monte de músicas próprias de qualidade e sai de casa para tocar o cover. Em nenhum momento ele aproveita para colocar uma música sua no repertório. Criar público faz parte do trabalho do músico e já está na hora dele perceber isso. Aproveitar a exposição que tem tocando uma música de outro artista já consagrado para alavancar o seu trabalho. Pergunte aos músicos já consagrados como foi o início de sua carreira e você verá que muitos faziam isso. 

Fique à vontade para deixar um recado para o público.
Convidamos a todos para o lançamento do álbum Coletivo Teremin, nesta quinta, dia 12 de novembro, no Teatro Guarany, às 19h30, com o bate-papo sobre produção musical e, às 21h, com o concerto. 



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