terça-feira, 6 de setembro de 2016

.: Guia afetivo de Caldas Novas para um amigo que vai se casar

Por Helder Miranda
Em setembro de 2016

Querido Renato. Conforme prometido, escrevo uma espécie de guia "torto", mas muito afetivo, de minhas memórias sobre Caldas Novas, cidade em que passei dois réveillons e momentos bens felizes. Espero que essa felicidade se estenda a você ao longo da sua vida, que começa agora. O que seria de nós, homens, sem os recomeços que a vida proporciona? 

Caldas Novas é conhecida como "o paraíso das águas quentes", um título muito justo, é verdade, mas o que poucos dizem é que a cidade é - realmente - muito quente. Para quem sofre com calor, como eu, isso pode ser uma condenação a não se divertir. Sabe aquele sol ardido, de cidade interiorana? Se você gosta, terá uma sensação gostosa, mas se não gosta, o ar seco da cidade é um ponto a menos para ser arrebatado por esta cidade. Gostando ou não, é melhor usar filtro solar tanto para passear na cidade quanto para aproveitar os parques e as piscinas dos hotéis. E cuidado com as brotoejas!

Escrevi este pequeno e afetivo guia para você, que está se casando e, por esse motivo, é um roteiro muito pessoal e repleto de carinho. Fui para Caldas Novas duas vezes e, só nessas duas viagens de mais ou menos uma semana cada uma, é possível dizer que dá para conhecer a cidade com a palma da mão - e, como alguém que gosta de andar (fiz isso com a minha mulher, que também tem esse perfil), é melhor fazer tudo a pé para sentir a cidade e como vivem os habitantes dela). 

Duas informações importantíssimas para não cair em golpes ou não se aborrecer: primeiro, a cada esquina, pelo menos em época de temporada, casais são frequentemente abordados por vendedores querendo oferecer de clubes de viagens a empreendimentos de veraneio. Casais, apenas casais (mulheres sozinhas ou acompanhadas de outras não são aceitas) são convidados para palestras em troca de brindes, que variam desde a descontos fabulosos nos maravilhosos parques aquáticos da cidade a jantares em restaurantes regados a muita fartura. 

Vá nas palestras. Escute, dê sinais de que não irá fechar negócio, mas aguente firme. Toda a chatice compensa para ganhar os brindes mas nunca, jamais, em hipótese alguma, ceda à pressão das pessoas que querem vender as promessas milagrosas, porque nada do que dizem corresponde à realidade: é tudo golpe. Nessas palestras, você escutará duas horas de insistência, lavagem cerebral e promessas milagrosas, mas mais uma vez: não ceda.

Quando percebem que você não vai fechar negócio, eles,que começam muito simpáticos vão se tornando impacientes e liberam você rapidinho. É tanta insistência que numa das vezes cheguei a ficar com falta de ar, em outra, tive uma crise de gargalhada. Ao sair dali, você vai sair se sentindo para baixo, mas sairá com os prêmios que são muito bons e economizará alguns trocados. Segunda coisa, não se aborreça com filas: não sei se havia muitos turistas entre o final de janeiro e dezembro, ou se é mania do lugar, mas as pessoas que estavam ali, naquela ocasião, têm mania de furar fila e, se você reclama, querem discutir e até partir para brigas. Depois, quando voltar, você me diz se isso continuou ou foi uma falha da temporada.

Saindo de São Paulo, depois de aproximadamente 18 horas de viagem, o ideal é sair à noite, entre 18h e 19h, e chegar lá perto do horário de almoço. A comida lá é muito barata e, se o hotel não oferecer meia-pensão (conosco funciona melhor, pois comemos um bom café da manhã, não precisamos almoçar porque estamos bem alimentados e aproveitamos bem os parques - ir de barriga cheia e ficar pulando de toboáguas não é uma mistura que combina -, e voltamos a comer à noite. Se bem que os restaurantes dos hotéis que passei por lá servem à noite sopas e caldos, o que é ótimo para quem curte e um problema para aqueles que, como eu, detestam e sentem um pouco de nojo de qualquer caldo salgado. O que eu fazia? Pegava um pouco de caldo de frango, queijo, palmito ou milho, enchia de queijo ralado( disponibilizado ao lado dos caldos e sopas), ficava uma massa seca, e mesmo assim nojenta, colocava pimenta e umas torradas e comia bem.


Mas dizem que não dá para ir à Caldas Novas sem comer o "Empadão Goiano".Não comi, mas dizem que é muito bom. Para comer esta iguaria, há restaurantes em cada esquina. O "Empadão Goiano da Tânia", que figura no "Guia Quatro Rodas",está entre os mais conhecidos e fica no Centro de Caldas Novas, à Rua Antonio Coelho de Godoy. O "empadão" é grande, dizem que serve duas pessoas, mas pessoalmente não achei assim tão grande e se você estiver com muita fome, talvez precise de dois desses para matar a fome. Há ainda o "Rei do Empadão", que atende aos sábados, domingos e segundas, das 18h às 23h, na "Feira do Luar", que funciona na rua Cel. Cirílo, s/n.o - Centro. 


É um lugar típico que todo turista deve conhecer. Há muitas opções de artesanato como roupas, moda praia, chinelos decorados com pedrarias, pijamas, pedras e madeiras talhadas a bons preços. Há muita variedade de lanches, como sanduíches de pernil, mas algumas pessoas consideram a limpeza do local um pouco duvidosa. Sábado é o dia mais movimentado, se quiser visitar com mais tranquilidade, é melhor ir na segunda-feira, mas algumas barracas não abrem porque o movimento é menor. Mas gostei, mesmo, de uma franquia de sorvetes que tem ali perto e você logo vai ver, antes de entrar na "Feira", que tem uma casquinha de sorvete que é parecida com a do MCDonald's, mas parece maior e é mais barata. Quase em frente, há um parque de diversões. Tomara que você tenha a sorte de pegar aberto, porque é uma explosão de luzes e cores.


Para quem procura tranquilidade, o parque "Náutico Praia Clube" (Av Caminho do Lago, S/N - Fazenda S. Antônio das Lages) é o ideal. Localizado às margens do rio Corumbá, oferece um passeio de escuna em que um guia fica mostrando as mansões de famosos. Eu, particularmente, achei aquilo um marasmo e fiquei, com minha esposa, numa piscina de ondas até o horário de fechamento, às 18h, pois os toboáguas, pouco confiáveis, estavam em manutenção.


O "Water Park" (Rua do Balneário, Quadra 10, Lote 19, s/n - Turista) se tornou o meu parque do coração em Caldas Novas. É compacto, barato (não compre as entradas no parque, mas na loja de boias da esquina próxima ao local, porque é bem mais barato - vai entender a lógica) e com atrações divertidas. Há dois toboáguas que ninguém dá nada por eles, mas são os melhores: um amarelo e um preto. Como ninguém dá nada por eles, preferem o mais alto, branco - que é chato e sem emoção - são vazios e chegamos a ir umas 30 vezes, indo e voltando. O toboágua preto é incrível porque parece que você está caindo em um buraco negro que não para de descer, até que quando está começando a se desesperar vê a água. O amarelo tem mais curvas, mas é igualmente delicioso. Em ambos, quando ver a água, tape o nariz. O bom desse parque é que dá para comprar ingresso para meio período, recomendo ir depois do almoço. Além disso, se não gostar de programas radicais, pode relaxar com a piscina com correnteza, cascatas e bar molhado. E, se tiver sorte, conferir algum showzinho no palco.


O "DiRoma Acqua Park" (R. São Cristóvão, 805 - Solar de Caldas) está entre os melhores para quem gosta de muitas opções de brinquedos com água, tipos diferentes de piscinas e muito agito. Os preços de serviços e produtos são bem caros. Cobram cheque-calção para o uso do guarda volumes, mas é bom ter para não se preocupar com as coisas. Vale a pena se atirar do vulcão, há um com uma curva e outro totalmente reto. Não tive coragem de me jogar do reto, mas o com curva vale, porque você se joga, grita e, quando percebe, já está no chão. O problema é que, com a velocidade, a roupa de banho, seja sunga, bermuda ou biquíni entra na bunda com a água e dá uma sensação horrível de ter feito cocô nas calças enquanto pulava daquela altura toda - porque, sim, o vulcão é muito alto. Mas, assim que desce, você gosta da adrenalina e, quando percebe, está pulando várias outras vezes. Passar o último dia do ano ali, em casal, como já fiz duas vezes, é uma experiência mágica que pretendo repetir outras vezes. 


Já o "Lagoa Thermas Parque" (Avenida Lagoa Quente, 5 - Lagoa Quente), além de muito longe, é extremamente desorganizado. Não vá sem repelente de mosquitos ou se você for chegar tarde, porque não tem local para guarda-volumes, estão sempre ocupados, e falta um pouco de manutenção nos brinquedos que, aparentemente, são bem perigosos. Não fui no "Beach Park", mas dizem que é o lugar ideal para quem procura fortes emoções, o que não é o seu caso (risos).

A Av. Cel. Bento de Godoy, no Centro de Caldas Novas é, também, o centro comercial. Andando por ela, dá para encontrar alguns conhecidíssimos, como as Lojas Americanas e as Casas Bahia, além de franquias de fast foods, como o "Subway e Bob's. Sem contar que há várias drogarias então, se pegar uma gripe por conta da exposição às piscinas, você não vai passar apuros. Sobre ir para Brasília ou a Goiânia, há uma rodoviária que leva, mas tem de ficar muito atento aos horários porque, se não me engano, o último horário de Brasília e Goiânia para Caldas Novas é 20h, fora que pode ser arriscado voltar tarde em um lugar desconhecido. No mais, desejo boa sorte e que seja muito feliz nessa nova fase da vida. E que aproveite Caldas Novas!


Sobre o autor
Helder Miranda é editor do Resenhando.com há 12 anos. É formado em Comunicação Social - Jornalismo e licenciado em Letras pela UniSantos-Universidade Católica de Santos, e pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura pela USP. Atuou como repórter em vários veículos de comunicação. Lançou, aos 17 anos, o livro independente de poemas "Fuga", que teve duas tiragens esgotadas.

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