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domingo, 14 de setembro de 2025

.: Crítica: "Sonhar com Leões", a comédia da morte que obriga a rir da covardia


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com.

Existe algo de profundamente subversivo em um filme que decide tratar de eutanásia com a mesma naturalidade de quem fala sobre o preço do tomate na feira. “Sonhar com Leões”, de Paolo Marinou-Blanco, não tem a pretensão de ensinar nada, tampouco edificar algum tipo de "consciência moralista". O filme prefere rir, debochar e brincar de colocar o espectador diante de uma pergunta incômoda: afinal, quando a vida deixa de ser vida e passa a ser apenas resistência teimosa ao fim inevitável?

Denise Fraga, em um dos melhores momentos da carreira, encarna Gilda - e aqui esqueça a doçura cristalizada da atriz em outros papéis. A personagem dela oscila entre a ternura e a fúria, entre o humor ferino e a fragilidade de quem sabe que o tempo acabou. Ao lado dela, João Nunes Monteiro surge como Amadeu, um jovem que desistiu da vida sem ter vivido de verdade. Se Gilda quer morrer para não perder a dignidade, Amadeu só quer alguém que o enxergue. No fundo, os dois não querem a morte: querem pertencer. E é nesse choque de desejos que o filme encontra a transcendência.

Os diálogos são um espetáculo à parte: afiados, sarcásticos, deliciosamente maliciosos, lembram o frescor de “Pushing Daisies” (no Brasil, "Um Toque de Vida") aquela série que coloria a morte como se fosse uma festa pop. Só que em "Sonhar com Leões", em vez do tom açucarado, há o tempero ácido do pragmatismo, uma ironia que seduz enquanto esbofeteia. A câmera de Paolo, sensível e debochada ao mesmo tempo, transforma até a preparação para o fim em espetáculo metalinguístico: a protagonista fala com o público, chama-o para a intimidade de sua solidão, até não estar mais sozinha.

Victoria Guerra entrega uma participação que beira o politicamente incorreto - e como é bom ver um filme que não teme o risco da inadequação. Roberto Bomtempo aparece como presença especialíssima, discreta mas inesquecível, em uma espécie de presente para o público. Meio brasileiro, meio lusitano, “Sonhar com Leões” é um filme sobre a morte, mas sobretudo sobre propósitos. Discute a estranha e patética necessidade que as pessoas têm de encontrar alguém que segure a mão antes de saltar no escuro. É engraçado, é doloroso, é ridiculamente humano. A morte, nesse filme, não é a vilã. A vilã é a covardia cotidiana de viver sem desejo, de suportar sem sentido, de arrastar-se sem coragem de escolher.

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Ficha técnica
 "Sonhar com Leões" | Sala 4
Classificação indicativa: 16 anos. Ano de produção: 2024. Idioma: português. Direção e roteiro: Paolo Marinou-Blanco. Elenco: Denise Fraga (Gilda), João Nunes Monteiro (Amadeu), Joana Ribeiro (Isa), Victoria Guerra (Laurinda), Sandra Faleiro (Eva), Roberto Bomtempo (Lúcio), entre outros. Distribuição no Brasil: Pandora Filmes. Duração: 87 minutos. Cenas pós-créditos: não.


Sinopse resumida de "Sonhar com Leões" 
Gilda, uma imigrante brasileira em Lisboa, diagnosticada com câncer terminal, busca formas de morrer com dignidade. Após falhas em suas tentativas de suicídio, ela encontra a Joy Transition International, uma organização clandestina que oferece métodos de eutanásia. Lá, conhece Amadeu, um jovem também em busca de uma saída para sua dor. Juntos, enfrentam desafios que misturam humor negro e tragédia, questionando os limites da vida e da morte.


Sessões no idioma original
14/9/2025 - Domingo: 18h00.
15/9/2025 - Segunda-feira: 18h00.
16/9/2025 - Terça-feira: 18h00.
17/9/2025 - Quarta-feira: 18h00. Ingressos neste link.

.: Péri e as "Poesias Vermelhas": versos nasceram onde a canção não chegava


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Rafael Nogueira

De Gal Costa a Margareth Menezes, muitos já deram voz às canções de Péri. Mas em "Poesias Vermelhas", ninguém canta por ele. O artista que sempre escreveu para ser ouvido agora escreve para ser lido - e talvez decifrado. São páginas que nasceram entre 2020 e 2021, quando a música não bastava e a poesia se tornou abrigo contra a enfermidade do mundo.

Cantor, compositor e produtor, Péri estreia na literatura com um livro breve o bastante para caber no bolso, mas insistente o suficiente para permanecer na memória. Os poemas do livro vibram em vermelho, mas também acolhem os azuis da melancolia, os cinzas das incertezas e até os beges dos dias comuns. É nessa paleta que a palavra encontra outra função: deixar de ser apenas letra de música e assumir o risco de ser poesia - íntima, inquieta e, sobretudo, livre. Compre o livro "Poesias Vermelhas", de Péri, neste link.


Resenhando.com - Você diz que agora pode se declarar oficialmente poeta. O que o impedia de fazer isso antes?
Péri - Porque até então, o que eu escrevia servia, em princípio, a só uma música. Tinha que corresponder a uma métrica musical, servia ao estilo, à forma, ao ritmo da música. Mesmo que, na minha percepção, a letra da música sempre existiu por si só, independente da música. Mas como para as pessoas, pelo menos, aquilo está associado à melodia, aquilo se transforma em canção. Então, a libertação foi poder escrever poesia sem necessariamente pensar em música. Isso foi uma libertação, uma forma boa de libertação.


Resenhando.com - “Poesias Vermelhas” nasceu fora da métrica musical. Se a canção fosse um cárcere, qual verso o libertou primeiro?
Péri - Olha, a libertação poética a que eu me refiro não quer dizer que a prisão em relação à métrica musical fosse uma coisa ruim. Era só uma questão de princípio, de rotina, de pensamento artístico. Então, a partir do momento que eu defini na minha cabeça, olhando a página em branco, "puxa, não é música, é outra coisa"... E poesia também não é literatura, é uma coisa diferente. É uma outra trincheira. E eu me vi liberto das amarras da métrica musical. Todos os versos me levaram pra frente.


Resenhando.com - Você cita Augusto de Campos como epígrafe. Se pudesse escolher outro poeta para duelar com você numa roda de improviso, quem seria?
Péri - Eu gosto muito de ouvir, não só ler, mas ouvir áudios e assistir vídeos do Darcy Ribeiro, um grande pensador do Brasil, foi também político, candidato a governador do Rio de Janeiro, na época, muitos anos atrás, acho que o Rio teria muito a ganhar se ele tivesse ganho, um grande educador, um grande pensador do Brasil, um grande defensor das causas democráticas e humanistas. E eu gostava do jeito dele falar. Então, pensar uma poesia minha no sentido político, ser declamada por Darcy Ribeiro seria uma honra.


Resenhando.com - Você fala do vermelho como símbolo da paixão e da resistência. Mas e quando a poesia é azul, cinza ou bege? Ela ainda o interessa?
Péri - Eu acho que esse sentimento de cores da poesia é do jeito que a gente acorda, é do jeito que a gente está aquele dia. Talvez quando o poeta põe para fora todos os seus sentimentos e resolve escrever alguma coisa, isso para mim é uma forma de cura. E o estado de espírito é fundamental. até quando o assunto não é livre quando existe um objeto literário vou escrever sobre tal assunto que está me comovendo no momento o dia que você escreve aquilo é fundamental para o desenrolar tanto é que a gente escreve depois depura muito vai afinando as palavras afinando os sentidos a sintaxe no outro dia muda de novo no outro dia muda de novo então a gente tem que publicar logo senão a gente fica mexendo sempre, porque os sentimentos se alternam sempre, a cada dia, se um dia faz sol, se um dia faz chuva, se um dia a gente acorda assim, se a gente acorda de um outro jeito, isso tudo influencia na nossa escrita. Por isso que quando se escreve, depois de burilar, é melhor publicar logo.


Resenhando.com - Entre o palco e a página, qual deixa você mais nu - o microfone ou o papel?
Péri - O papel é muito mais íntimo. O microfone a gente se expõe muito mais, né? Se expõe na voz, se expõe no que está cantando, se expõe o corpo, a alma, espíritos, né? Subir no palco, olhar para as pessoas. É uma sensação muito forte, é uma ligação muito forte, o artista com o público na relação do palco. Quando está no papel, aí é uma intimidade, entendeu? É quase como eu posso fazer o que eu quiser e não vou ser julgado, mesmo que alguém valer aquilo depois, você colocou aquilo no papel de uma forma tão íntima que o julgamento não importa das pessoas. O que importa é o exercício do que você fez, do que você pôs ali, do que você revelou. E mesmo assim você escreve poesia de uma forma que às vezes não se revela e fica ali o mistério para sempre, ou pelo menos por algum tempo.


Resenhando.com - Seu livro foi escrito entre 2020 e 2021. Que palavra o salvou durante a pandemia e que palavra você se recusa a escrever até hoje?
Péri - Essa época 2020, 2021, uma palavra muito triste que se repetia era a enfermidade, a enfermidade do mundo, a enfermidade das pessoas, a doença corroendo todas as coisas, os seres humanos, o seu pensamento, o seu comportamento, tanta gente sofrendo. Isso tem um impacto grande em qualquer obra artística e óbvio que teve na minha. E a emoção era tanta que só a música não foi capaz Então a poesia me salvou durante a pandemia Ela foi a que realmente conseguiu me libertar e me fazer expressar o que eu estava sentindo E também dar uma contribuição de sentimento, de esperança para quem estava sofrendo tanto, né?

Resenhando.com - Você já foi gravado por vozes como Gal Costa e Margareth Menezes. Se pudesse colocar uma das suas poesias na boca de alguém improvável - digamos, um político, um pastor ou um influencer - quem você escolheria?
Péri - Olha, Augusto é uma grande referência para mim, Augusto de Campos, a poesia concreta, junto com Décio Pignatari e Haroldo de Campos, sempre uma referência, uma descoberta, eu sempre estou descobrindo coisas novas, vendo a poesia concreta. E, além do mais, Augusto é um grande tradutor de outras obras, de outros artistas, um grande recriador, e ele me trouxe conhecimento da poesia do mundo. isso foi fantástico. Então, eu tenho uma referência muito forte em relação a ele como poeta e como recriador, tradutor. Mas eu pensaria também em Gregório de Matos, o baiano Boca do Inferno, porque é um dos primeiros que a gente tem notícia, escrevendo, fazendo poesia dentro de uma realidade do princípio de Salvador, do princípio da Bahia, do começo de tudo que a gente entende hoje como Salvador, como Bahia, como a classe dominante, a elite que comandava as coisas, a divisão com a religião. Gregório de Matos foi um banguardista.


Resenhando.com - A performance é parte do lançamento. Você acredita que a poesia hoje precisa de espetáculo para ser ouvida, ou é o leitor que ficou distraído demais para escutá-la em silêncio?
Péri - Hoje, com o advento das redes sociais, com a expansão das possibilidades de conexão de quem escreve para quem lê, se alargaram muito, é natural ter muitas feiras, muitos encontros em livrarias, fazer aproximação entre o público e o poeta, no caso, e ouvir o que ele tem a dizer e ouvir a forma que ele declama a sua poesia é um mapa do caminho para o leitor. Mas eu acho também que deve existir o momento do leitor sozinho, em silêncio para entender a poesia. Porque poesia, assim, você lê um dia, você entende uma coisa, se você lê uma semana depois, você vai entender outra, um ano depois, é uma outra poesia. Dez anos depois, acontece a primeira revelação uma vida inteira para você descobrir às vezes o sentido de um poema então, às vezes o silêncio a introspecção é importante e necessária.


Resenhando.com - Como seria uma playlist para acompanhar a leitura de “Poesias Vermelhas”? Tem mais Djavan, Fela Kuti ou silêncio mesmo?
Péri - Olha, eu não consigo ler poesia ouvindo música, principalmente se tiver letra, para mim não tem como. No máximo, um Devu-si, Eric Sati, Vila-Lobos, você ouve mais as melodias tocadas por instrumentos, não com letra, porque aí existe o conflito, você está fazendo o embate entre duas poesias, a que você está lendo e da letra da música que você está ouvindo, eu acho que não combina talvez o silêncio seja a melhor companhia no máximo uma música clássica.

Resenhando.com - Se “Poesias Vermelhas” fosse um corpo, o que ela tatuaria na pele, esconderia sob a roupa e gritaria na praça pública?
Péri - Acho que uma boa tatuagem seria meu sangue é vermelho e o seu também. Mostrando para todo mundo que nós todos somos iguais nesse pontinho azul perdido no meio do espaço. Somos uma obra maravilhosa da natureza, ao mesmo tempo somos tão pequenininhos e às vezes a gente se aborrece com coisas tão pequenininhas, a gente se apurrinha com minúsculas coisas, sem a menor importância. Acho que a gente tem que dar mais importância ao que nós somos de verdade, todos iguais. Pessoas passeando na poeira do espaço.

sábado, 13 de setembro de 2025

.: “Uma Semana, Nada Mais” escancara o amor líquido com humor e inteligência


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Foto: Caio Gallucci
 

O palco do Teatro Uol abre espaço para uma comédia que, sob a leveza do riso, desnuda as contradições das relações contemporâneas. "Uma Semana, Nada Mais", versão brasileira da peça francesa de Clément Michel, dirigida por João Fonseca, é daquelas montagens que parecem conversar diretamente com o diagnóstico de Zygmunt Bauman sobre o amor líquido: vínculos frágeis, sujeitos que evitam o confronto e afetos que se desmancham ao menor sinal de turbulência.

Na trama, Pablo (Leandro Luna) arma um plano mirabolante para terminar o namoro: chama o melhor amigo, Martín (Beto Schultz), para morar com ele e Sofia (Sophia Abrahão) durante uma semana, na esperança de que a convivência insuportável provoque a separação. O que poderia ser apenas um pretexto para o humor físico e os mal-entendidos típicos da comédia de costumes acaba se transformando em um cenário incômodo, no qual o público ri e se vê diante de uma realidade brutal.

O elenco está afiado. Luna e Schultz formam uma dupla carismática, com excelente timing para o jogo cômico. É Beto Schultz, porém, quem merece um destaque especial: seu Martín é o catalisador das reviravoltas e o responsável pelas gargalhadas mais espontâneas da plateia. Sophia Abrahão, por sua vez, vai muito além da doçura inicial que sua personagem sugere. A Sofia interpretada por ela é uma mulher que, enquanto lida com a busca por trabalho e realizações pessoais, tenta manter em pé uma relação que desmorona diante da falta de diálogo com o homem com quem divide a casa.

Essa inversão - a mulher que age de modo prático e objetivo diante de dois homens perdidos em suas subjetividades - dá à peça uma camada crítica que a aproxima não só das reflexões de Bauman, mas também de Milan Kundera, em "A Insustentável Leveza do Ser". Afinal, o que pesa mais: o compromisso ou a liberdade? O riso, aqui, funciona como a superfície brilhante de uma pergunta muito mais densa.

Há momentos em que o espetáculo parece um filme francês transportado para o palco brasileiro: diálogos rápidos, dilemas sentimentais e uma atmosfera que mistura leveza e melancolia. João Fonseca acerta ao evitar exageros, deixando que a comicidade surja do desconforto natural das situações. A tradução de Priscilla Squeff, ajustada ao ritmo brasileiro, garante que o humor mantenha frescor sem perder a universalidade do texto original. "Uma Semana, Nada Mais" é, no fundo, sobre aquilo que todos já experimentaram: a dificuldade de comunicar o que se sente, o medo de perder e, paradoxalmente, a pressa em encerrar vínculos sem medir as consequências. 


Serviço
"Uma Semana, Nada Mais"
De 6 de setembro a 26 de outubro, sábados e domingos às 18h00
Teatro Uol – Shopping Pátio Higienópolis, São Paulo
Ingressos: R$ 100 (inteira) / R$ 50 (meia)

.: "Drácula: um Terror de Comédia" é um clássico extremamente debochado


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação

Extremamente debochado e misturando o pop e o cult, o espetáculo "Drácula - Um Terror de Comédia" já chega aos palcos brasileiros com ares de clássico, mesmo sem ter essa intenção. A montagem, que estreou no Teatro Bravos, em São Paulo, e segue até dia 12 de outubro, é uma das produções mais inventivas e bem-acabadas dos últimos tempos, equilibrando humor inteligente, irreverência, sagacidade e um visual de tirar o fôlego. É teatro de primeira grandeza, desses que conquistam pelo riso, pelo cuidado e pelo talento dos artistas envolvidos.

Se Tiago Abravanel assume o papel do conde mais famoso da literatura com fina ironia e um gosto evidente pela liberdade que o teatro proporciona a ele, o elenco ao redor se revela uma engrenagem preciosa e muito bem escolhida. Abravanel poderia ter se acomodado na televisão, mas o palco parece ser o lugar em que ele se reinventa com mais força - e esse Drácula é, sem dúvida, libertador para ele.

O espetáculo também consagra Ludmillah Anjos como um grande nome dos musicais. Dona de uma trajetória construída tijolo por tijolo desde a visibilidade que ganhou no talent show em que estreou, ela mostra, mais uma vez, toda a versatilidade que tem e confirma que chegou ao patamar das estrelas, sem precisar provar mais nada a ninguém. Bruna Guerin, por sua vez, entrega uma mocinha nada óbvia, cheia de nuances, em um papel à altura da carreira sólida que construiu no teatro com espetáculos como "Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812" e a própria Janet de "Rock Horror Show", que claramente é uma das fontes de inspiração dessa nova montagem de "Drácula".

Lindsay Paulino, na pele de Mina, também brilha. Além de provocar gargalhadas certeiras, ele capta todos os olhares para si, em um jogo de cena em que aparece bem à vontade. Visualmente deslumbrante, com uma trilha sonora moderna irresistível, "Drácula - Um Terror de Comédia" é esperto, sacaninha, sagaz, e inteligente sem jamais soar petulante e sem ter a pretensão de ser um novo clássico, mesmo já sendo. Um espetáculo memorável, daqueles que fazem rir, pensar e aplaudir de pé.


Serviço
"Drácula - Um Terror de Comédia"

Local: Teatro Bravos – Rua Corifeu de Azevedo Marques, 200 – São Paulo/SP
Temporada: até dia 12 de outubro de 2025
Horários: sextas, às 20h00; sábados, às 17h00 e 20h00; domingos, às 18h00
Ingressos: disponíveis na bilheteria do teatro e pelo site Sympla
Classificação etária: 12 anos

.: Editora Janela Amarela recoloca Julia Lopes de Almeida no mapa da literatura


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com.

Julia Lopes de Almeida nasceu em 1862 e atravessou o fim do século XIX e o início do XX como uma das escritoras mais ativas e influentes do Brasil. Jornalista, romancista, dramaturga, cronista e defensora do voto feminino, foi voz incômoda em uma sociedade marcada pelo patriarcado - e, ainda assim, acabou relegada ao esquecimento por décadas. Em 2025, 163 anos após ter nascido, a força da obra dessa artista retorna às mãos dos leitores graças ao trabalho da Janela Amarela Editora, comandada por Carol Engel e Ana Maria Leite Barbosa, que acaba de completar um feito inédito: reunir em catálogo todos os romances publicados em vida por Julia, além de novelas e livros infantis.

Mais do que reeditar, as editoras assumem uma missão: devolver Julia ao lugar de destaque que sempre lhe coube, sem que o gesto se limite a uma homenagem pontual ou simbólica. Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, Carol Engel fala sobre apagamento literário, silenciamento de vozes femininas, as escolhas editoriais que tornam a leitura de Julia acessível ao público contemporâneo e a atualidade inquietante de uma autora que, em 1902, já denunciava as falências morais e econômicas que ainda rondam o Brasil de 2025.


Resenhando.com - Julia Lopes de Almeida foi preterida na fundação da Academia Brasileira de Letras por ser mulher. Hoje, quando vemos homenagens tardias, você acha que estamos celebrando Julia ou apenas limpando a imagem de uma instituição que historicamente excluiu mulheres?
Carol Engel - Ao fazer esse tipo de análise, é importante levarmos em consideração o contexto, o local, a época. A sociedade brasileira de 1897 era marcada pelo patriarcalismo e pela exclusão da mulher da vida política, elas eram relegadas exclusivamente a vida doméstica. Partindo desse conhecimento, não é de estranhar que uma instituição criada naquele período seguisse os mesmos padrões sociais. Foi a sociedade que historicamente excluiu as mulheres, a ABL apenas espelhou o comportamento da época. Homenagens, sejam elas tardias ou não, são sempre válidas, principalmente quando usadas para demonstrar de admiração e respeito. É uma oportunidade de dar destaque a um nome/ uma personalidade que merece reconhecimento, fazer este nome, e seus feitos, conhecido por novas gerações. Qualquer homenagem que se faça à Julia Lopes de Almeida, que dê destaque ao seu trabalho e reverbere seu nome, é válido, desde que não seja um ação pontual, simbólica, mas uma ação contínua de perpetuação de seu nome, seu trabalho e sua arte.


Resenhando.com - O resgate de Julia passa pelo gesto editorial de atualizar ortografia e contextualizar termos. Mas até que ponto “modernizar” a autora não corre o risco de domesticar sua força original e a rebeldia de sua escrita?
Carol Engel - Há uma diferença entre modernizar a leitura e atualizar a ortografia. Modernizar seria trazer termos atuais para o texto, não trabalhamos desta forma, mantemos o texto original, integral. O que fazemos é atualizar a ortografia. A língua portuguesa mudou muito, não podemos publicar livros com “bibliotheca", “commentou", como eram escritos na época. Essa atualização não enfraquece a força da criação literária, mas garante uma leitura mais acessível. O mesmo trabalho já é feito em autores clássicos consagrados como Machado de Assis e José de Alencar, por exemplo. As notas de roda pé foram pensadas nos leitores contemporâneos menos habituados a leitura de textos clássicos, cujo vocabulário pode, muitas vezes, criar um distanciamento. Servem para contextualizar e enriquecer a experiência de leitura, para que o leitor mantenha o interesse no texto, mesmo que se depare com algum termo ou palavra que desconheça.


Resenhando.com - O esquecimento de Julia e de tantas autoras brasileiras não foi acidental. Quem lucrou com esse apagamento literário, e quem perde quando suas vozes voltam a circular?
Carol Engel - Adoraria descobrir essa resposta. Espero que o trabalho de resgate literário que temos feito estimule pesquisadores a desvendar esse mistério e descobrir os motivos deste apagamento. De maneira bastante simplista podemos verificar uma consolidação de um mercado editorial calcado em vozes exclusivamente masculinas. O que certo, é que podemos é definir quem perdeu com esse apagamento: perderam os leitores, privados desta diversidade de vozes; perderam as mulheres, que não viam retratada na literatura, modelos e referencias escritos por outras mulheres, e perdeu também a proporia história da literatura brasileira, que ficou empobrecida sem estes registros.


Resenhando.com - Julia defendia voto feminino, acesso popular à cultura, educação para mulheres e ainda escrevia crônicas sobre jardinagem. O que isso revela sobre a multiplicidade da escritora e a nossa mania de reduzir autoras a uma única faceta?
Carol Engel - A tendência reducionista não é “privilégio” da literatura, abarca muitos setores e ainda hoje lutamos contra ele. Julia, com sua multiplicidade dialogava com diferentes públicos, sem esforço, mostrava que não precisava ser apenas “OU”, era mulher E escritora E jornalista E esposa E mãe. Que nos inspiremos em Julia e aceitemos as diferentes facetas, nossas e dos outros. Não precisamos ser apenas um, mas precisamos respeitar os múltiplos que podemos ser.


Resenhando.com - Ao reeditar todos os romances de Julia, a Janela Amarela realizou um feito inédito. Mas qual foi o momento mais surpreendente do processo: descobrir a força da obra ou perceber o abismo da indiferença cultural que a engoliu por décadas?
Carol Engel - Cada nova obra de Julia que trabalhamos foi uma surpresa. Por variados motivos: A dificuldade de acesso de determinados títulos. A variedade de temas. A composição das personagens e suas complexidades, e mesclado a tudo isso, o inacreditável apagamento do nome da autora da história, da história literária brasileira.


Resenhando.com - Quando se fala em “resgate literário”, muitas vezes pensamos em arqueologia. Mas Julia não parece uma autora morta: as personagens femininas dela e as críticas sociais ainda respiram no texto da autora. Você diria que Julia foi “apagada” ou que ela sempre esteve à espreita, esperando ser relida?
Carol Engel - Essa pergunta é curiosa e mostra, do ponto de vista literário, como a bagagem do leitor influência na recepção da mensagem. Quando falamos de “resgate literário” focamos mais na ideia de recuperação e liberdade, mas é interessante perceber que outros percebem pelo viés arqueológico... curioso, né!? Acredito que o desejo de todo o escritor é ser lido, e com Julia não pode ser diferente. Ainda que tenha sido “temporariamente apagada” a força de sua escrita manteve-se latente e agora pode ser redescoberta.


Resenhando.com - A comparação com Jane Austen e George Sand é recorrente. Mas será que não é uma violência comparar Julia apenas pelo viés europeu, em vez de inseri-la numa tradição afro-latino-americana de escritoras invisibilizadas?
Carol Engel - Não diria compara, mas equiparar, em qualidade, talento e produção. Infelizmente, precisamos dar como referência nomes europeus para exemplificar os talentos importantes de nossa literatura que foram esquecidos e silenciados. O ideal, e assim espero, é que, num futuro breve, possamos dar como referência nomes como o de Julia como exemplo referencial literário. Será maravilhoso ouvir: “o texto dela é marcante como os da Julia Lopes de Almeida...”, “o perfil deste personagem lembra muito os da Chrysanthème...” ou ainda “segue um estilo da Ignez Sabino...” mas para isso estas escritoras precisam voltar a ser conhecidas e reconhecidas por suas criações. Este é o trabalho que está acontecendo agora, com o resgate e relançamento destas obras e destas autoras.


Resenhando.com - Se Julia fosse publicada hoje, em pleno século XXI, com redes sociais, podcasts e clubes de leitura feministas, você acredita que ela seria uma estrela literária ou ainda assim encontraria os mesmos muros de silenciamento?
Carol Engel - Como sonhar é de graça, às vezes me pego imaginando como cada uma das autoras que redescobrimos seria se vivessem nos tempos atuais. É um exercício curioso... No caso de Julia, acho que ela seria uma estrela literária, sim, mas adaptada aos novos formatos, não ia se limitar apenas a publicação de livros, as redes sociais permitiriam uma interação estreita com seus leitores. Teria uma newsletter, onde ia publicar crônicas, e um podcast, para debater com convidados sobre temas da atualidade. Continuaria falando sem medo, batalhando pelas pautas que defendia... até por isso, às vezes, seria cancelada, mas sem medo continuaria defendendo suas ideias.


Resenhando.com - Há quem diga que reeditar Julia é um ato de reparação histórica. Mas reparação para quem? Para Julia, que já não está aqui, ou para os leitores que foram privados de conhecê-la?
Carol Engel - Para Julia é uma reparação simbólica, à sua memória. Em vida, como escritora, ela teve reconhecimento, o silenciamento de sua obra aconteceu depois de sua morte. É, portanto, uma reparação à nossa história da literária e aos leitores que podem, agora, ter acesso a este conteúdo.


Resenhando.com - Julia falava de falência econômica e moral em 1902. O Brasil de 2025, atolado em crises sucessivas, ainda não saiu da mesma encruzilhada? O que a leitura dela nos diz sobre o eterno retorno das nossas ruínas sociais?
Carol Engel - Romances, ainda que sejam histórias ficcionais, são um retrato de nossa sociedade e registros como os que Julia Lopes de Almeida faz em seus livros, servem como uma ferramenta crítica, nos lembra o quanto ainda temos que mudar, melhorar. Muitos dos problemas de outrora seguem nos assombrando, muito ainda precisa ser feito. Se as crises econômicas mudam, as questões morais parecem apenas se ajustar aos novos tempos. As obras de Julia podem ser vistas como uma sinal de alerta, será que 100 anos não foram suficientes para corrigir velhas falhas e entender com ser ou fazer melhor?

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

.: Entrevista: ZéVitor desmonta a própria torre para erguer "Imago Mundi”


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Fotos: Lucca Mezzacappa


Um álbum que surge de uma carta de Tarô desmoronando, de violões que carregam fantasmas de outras décadas, de aboios que ecoam como fósseis sonoros e de espaços silenciosos e familiares que só encontram voz na poesia. "Imago Mundi", o trabalho mais recente de ZéVitor, é mais que um conjunto de faixas. O álbum costura tradição viva e memória íntima em busca de um Brasil pessoal, seja ele medieval ou sertanejo, galego ou nordestino, melancólico ou solar, ou tudo isso misturado.

Na live session filmada em plano sequência, o disco se revela sem cortes, como quem encara o risco de ser visto sem máscara. Nesse cenário, ZéVitor reconstrói, arqueólogo e inventor,  as peças de um quebra-cabeça cultural que atravessa séculos e territórios. Entre colaborações que vão da voz do pai, o ator e músico Jackson Antunes, à artista galega Antía Muíño, o músico afirma um lugar raro: o de quem não se contenta com a repetição do que já foi ouvido. Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, ele fala sobre ritos de passagem, tradições que respiram, rebeldias estéticas e tormentas criativas que ainda pedem para virar música.

Resenhando.com - "Imago Mundi" parece ser mais do que um disco – soa como um rito de passagem. O que você precisou enterrar ou perder dentro de si para que esse álbum pudesse nascer?
ZéVitor - Muito legal você puxar esse termo “rito de passagem”, quando pensamos nas culturas através do mundo nos deparamos frequentemente com rituais que representam mortes simbólicas… talvez o art1ista morra em si mesmo várias vezes ao longo da sua trajetória… Eu sinto como se fosse uma nova vida, já que esse disco nasce com todo um novo processo pessoal de feitura artística completamente diferente de tudo que eu já havia experimentado… encontrei essas canções no fundo do fundo, quando por completo me desconheci e o fazer havia perdido o sentido… Nesse ponto houve um rompimento quase que completo com o que me fazia de alicerce, é como aquela carta do Tarô, A Torre… tudo vem ao chão e recomeça-se… "Imago Mundi" é o primeiro passo desse recomeço artístico, a porta que dá passagem a esse tempo novo… que está completamente ligado a "re-memória" daquilo de mais íntimo que sou, a volta para as minhas origens para a partir daí pensar na originalidade do meu fazer.


Resenhando.com - A live session foi gravada em plano sequência, um recurso estético que não permite cortes nem esconderijos. Que parte sua ficou exposta nesse processo - e você deixaria que alguém revisse esse plano sequência emocional da sua vida?
ZéVitor - Sem dúvidas o processo do ao vivo coloca a prova todos os envolvidos para que a capacidade de estarmos em sintonia possa transformar o momento em música… Momento que tem menos artifícios para esconder imperfeições… Mas sendo a música que busco fundamentada na busca pela verdade, a "não-perfeição" é acolhida pela expressão… Captura-se o momento, seja o melhor dia ou não, como as coisas tem de ser ali e agora. Sobre deixar alguém reviver o meu plano sequência emocional, acho que as canções acabam sendo mais interessantes do que isso, devo à invenção a razão desse parecer, já que criar, tem muito mais possibilidades… Todos temos nosso baú de dores incompartilháveis… Compartilho minha música, onde acho que posso servir um pouco mais de poesia do que a realidade crua e nua.  


Resenhando.com - Ao escolher instrumentos históricos e resgatar sons esquecidos, você parece dizer que o Brasil ainda guarda músicas que não ouvimos. Qual é a canção que o país insiste em calar?
ZéVitor - Acho que a ordem industrial de para onde a música precisa seguir para vender mais acaba por sufocar muitas experimentações… A música que vem de fora viraliza as nossas formas de fazer… Somos um povo extremamente complexo musicalmente, cheios de requintes rítmicos… então tenho me voltado culturalmente para o nosso país para criar a partir dele e de suas histórias… Sobre os instrumentos, essa espécie de arqueologia do som é uma parte de um processo em leque… É visual, sonoro, histórico. O timbre desses instrumentos antigos parecem nos contar sobre um futuro que não continuou… um tempo que se imaginou mas nunca houve pois tudo se deu diferente… nNsso vejo a  possibilidade de dar continuidade às buscas por música brasileira.


Resenhando.com - Você colocou seu pai, Jackson Antunes, para declamar versos em “Lira”, uma faixa sobre perdas. Quais silêncios ou segredos familiares ecoam nessa parceria artística?
ZéVitor - Meu pai sempre foi um guardião de histórias. Muitas dores que atravessaram nossa família nunca foram ditas em voz alta, mas a arte acaba funcionando como um espaço possível para que elas existam. Quando meu pai declama em “Lira”, sinto como se aquilo que não expomos ao mundo no cotidiano encontrasse lugar na música. É uma forma de quebrar o silêncio deixando que a poesia carregue o peso do indizível.


Resenhando.com - Em “πNeo” você incorpora aboios e sons ancestrais, como se atualizasse uma memória coletiva em loop. Como diferenciar tradição viva de folclore embalsamado?
ZéVitor - Acho que tradição viva é tudo aquilo que respira do passado ao presente… a tradição que serve a comunidade e segue em contextos reais… A tradição viva no meu entendimento pode ser ainda de duas formas: ela mantida como é, para dar longa vida a sua origem e preservação a sua originalidade… e ela transformada na ótica de seu tempo, para que tenha possibilidades de pesquisa em sua expressão. Em diferença, o folclore embalsamado que no meu entendimento desse termo refere-se a uma forma de se tentar preservar algo morto para propósito de exibição… me parece essa coisa fria, numa mera representação de algo um tanto sem vida do que deveria ser aquilo… Troca-se o sangue por formol para evitar o que é desagradável e caber dentro de um ambiente de exposição sem muito interesse real em estabelecer uma ligação profunda…
 

Resenhando.com - “Kintsugi” encerra o disco com uma colaboração com Antía Muíño e uma metáfora japonesa sobre reconstrução. O que em você está colado com ouro?
ZéVitor - Tudo aquilo que um dia se partiu. Porque tudo que quebra a gente recolhe pra levar ou jogar fora. Algumas coisas acabam saindo de forma diferente do que gostaríamos, perdemos tantas coisas pelo caminho… nessa metáfora de aprendermos a lidar com as cicatrizes, todos nós vamos tendo que fazer algo com elas. Sobre a música, talvez ela possa explicar melhor a sua existência do que eu… Acho que ela tem o poder de reconfortar com uma beleza melancólica que no fim tem uma mensagem positiva sobre reconstrução e esperança. Eu escrevi essa música quando estávamos já no processo de feitura do álbum, e todo dia mostrava para o Aureo Gandur, produtor do disco, e tentava mostrar o quão me parecia especial… ela acabou por entrar como a última faixa do disco… lembro que ficamos por duas noites retrabalhado o arranjo dos violões e nessa altura era impossível pensar o trabalho sem a sua presença. É motivo de alegria compartilhar essa canção com Antía Muíño, que trouxe através de sua voz toda a ancestralidade e futuro da cultura galega… essa música nos fez cruzar o oceano e sua estreia foi no Festiletras, um festival na Aldea do Couto à convite de Antía. Conhecer a Galícia, foi ter contato com o próprio conceito do disco, em uma travessia transformadora e profunda. Kintsugi foi escolhida para estar na playlist "O Melhor da Aquarela Brasileira 2024" (Spotify) e fiquei feliz pois é uma oportunidade de mostrar que nossas raízes também podem estar além de nossas fronteiras.


Resenhando.com - Se o álbum fosse uma carta para o futuro, que faixa você gostaria que sobrevivesse a esse tempo líquido que esquece tudo rápido?
ZéVitor - Eu gostaria que “Deixe-me Ir” sobrevivesse, mas se ela se for, acho que é a música que pode ser redescoberta numa cápsula, e daqui a tantos e tantos anos poderá ainda narrar os dramas da humanidade de maneira contemporânea ou ser um retrato do nosso tempo… As bombas, as balas, a guerra e a corrida do dinheiro… Tenho dificuldade de acreditar numa melhora substancial do comportamento humano ainda mais com a forma como os donos do mundo decidem tocar o barco.


Resenhando.com - Ao dirigir a arte da live e os próprios arranjos, você se colocou em várias frentes criativas. Onde termina o ZéVitor artista e começa o ZéVitor obsessivo?
ZéVitor - Acho que a tentativa de controle a qualquer custo é sofrimento na certa, eu me cerco de pessoas que confio… O cenário foi fruto de uma direção simbólica, as coisas foram aparecendo e cada um presente colaborou com a sua sensibilidade. Quanto aos arranjos seria um exagero dizer que participei da direção, que é obra do meu grande amigo e produtor musical Aureo Gandur! Certamente me é impossível não palpitar e participar ativamente das decisões… fico muito empolgado com as escolhas de instrumentação para cada música, ainda mais nesses formatos de ao vivo, onde podemos reorganizar a forma de fazer… E sobre ser obsessivo, se fizesse uma tradução de obsessivo para excessivamente preocupado com algo… Poderia dizer que estou bastante envolvido com a minha música como objeto de pesquisa, ando restaurando instrumentos históricos com o objetivo de dar continuidade ao seu som, pensando sobre esse processo criativo e os caminhos inventivos para nossa música de hoje e de amanhã que não esteja dominada por modismos.


Resenhando.com - Você reúne em um mesmo projeto a cultura galega, sertaneja, nordestina, medieval e pop. Isso é curadoria pessoal ou rebeldia estética?
ZéVitor - É uma curadoria pessoal do que tocam as raízes desse trabalho e todo o processo que estamos envolvidos, acho que pode ser considerado uma rebeldia em relação as pedidas do mundo… Afinal são músicas para serem ouvidas em estado de envolvimento e atenção para todas essas coisas que as formam. Na Galícia, se deu surgimento da nossa língua portuguesa, os primeiros textos estavam lá escritos em galego-português na terra dos trovadores… A saudosa professora Jerusa Pires disse uma vez em uma aula, que nunca sentiu tanto Elomar do que quando desembarcou na estação de trem de Santiago de Compostela… O nosso sertão é medieval, a Espanha conta "Don Quixote" e nós lemos "Grande Sertão: Veredas"… as nossas violas caipira, nordestina… e todas as suas afinações descendem das violas Braguesas, Amarantinas, Da Madeira… todas violas portuguesas que acabaram afinadas pelas terras que as acolheram aqui no Brasil… não se trata então de saltos em todas as direções para encontrar uma estética extravagante, mas sim de acreditar estar numa linha de reconexão com um grande rio que se estende do mais remoto até o presente para formar a nossa cultura… Eu me sinto ligando alguns pontos desse grande mapa para encontrar um tesouro que é a própria música. Os instrumentos surgem como elos para trabalhar com essa tradição viva, acreditando que isso seja uma das bases mais fortes para se pensar o futuro… tradição em estado de movimento. O retrato do que estamos tentando fazer me parece uma raiz que tenta se projetar ao futuro…


Resenhando.com - Depois de “Imago Mundi”, o que ainda não foi dito por ZéVitor, mas já o atormenta querendo virar música?
ZéVitor - Acho que muitas coisas ainda não foram ditas, eu componho mais músicas do que sou capaz de dar conta… Existem vários projetos prontos esperando sua vez e seu lugar… Mas todas as músicas se encontram unidas no mesmo propósito de exploração e experimentação com base nesse processo que pude compartilhar um pouco nessa entrevista… O segundo passo desse caminho já começa a se insinuar em Gandaia, que é um disco mais solar, tropical e selvagem que estou trabalhando… Onde a variação de música para música já começa a desenhar sonora e poeticamente novas linhas desse mapa… Fiz uma expedição com o Aureo Gandur (produtor musical) e o Iuri Nascimento (engenheiro de som e músico) que estão comigo nessa pesquisa sonora, dirigimos por 21 horas para encontrar um lote de instrumentos que estavam sendo tratados como sucata… no meio de coisas mais que especiais descobrimos um instrumento chamado Oficleide, um sopro que parou de ser fabricado em 1900, de timbre doce e profundo… um som em extinção… esse instrumento só está presente no disco novo da forma que está por causa dessa inquietação, dessa coisa que atormenta, dessa voz que pede coragem… de confiar nas partes que não controlamos e de nos agarrarmos a um propósito maior que as coisas passageiras… de reverenciarmos e seguirmos nossos próprios caminhos dando continuidade para a imaginação.

.: Despedidas, dilemas e batalhas épicas são as estreias do Cineflix Santos


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com.

A semana de estreias no Cineflix Santos, no Miramar Shopping, traz produções que passeiam entre a emoção, a reflexão e o entretenimento de tirar o fôlego. Entre elas, destacam-se o adeus à família Crawley em “Downton Abbey: O Grande Final”, o drama luso-brasileiro sobre dignidade e escolhas de vida em “Sonhar com Leões”, o anime épico “Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito”, a cinebiografia artística “Picasso – Um Rebelde em Paris”. Segue em cartaz o terror intenso de “Invocação do Mal 4: O Último Ritual”, que vem batendo recorde atrás de recorde. Confira os detalhes de cada produção, horários e classificação indicativa. Programação completa e ingressos: clique aqui.


“Downton Abbey: O Grande Final” (“Downton Abbey: The Grand Finale”)
O encerramento da saga da família Crawley chega aos cinemas com direção de Simon Curtis e roteiro de Julian Fellowes, criador da série. Ambientado em 1930, o filme acompanha Lady Mary Talbot enfrentando um escândalo público, enquanto a família lida com dificuldades financeiras e pressões sociais. O elenco original retorna, incluindo Michelle Dockery, Hugh Bonneville, Laura Carmichael e Jim Carter, prestando homenagem à icônica Condessa Viúva de Grantham, interpretada por Maggie Smith. Distribuição da Universal Pictures Brasil.

Sessões legendadas na Sala 1
De 11 a 17 de setembro: todos os dias às 15h30 e 20h30
Classificação: 12 anos | Duração: 123 minutos | Distribuição: Universal Pictures Brasil


“Sonhar com Leões” (filme brasileiro)
Dirigido e roteirizado por Paolo Marinou-Blanco, o drama luso-brasileiro acompanha Gilda (Denise Fraga), professora diagnosticada com câncer terminal, que busca morrer com dignidade. Após falhas em suas tentativas de suicídio, ela conhece Amadeu (João Nunes Monteiro) em uma organização clandestina de eutanásia. O filme mistura humor ácido e tragédia, provocando reflexões sobre os limites da vida e da morte. Distribuição da Pandora Filmes.

Sessões na Sala 4
De 11 a 17 de setembro: todos os dias às 18h00
Classificação: 16 anos | Duração: 87 minutos | Distribuição: Pandora Filmes


“Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito” (“Gekijouban Kimetsu no Yaiba: Mugen-jou-hen Movie 1”)
A aguardada trilogia final do anime japonês estreia com direção de Haruo Sotozaki. Tanjiro Kamado e seus aliados enfrentam demônios no misterioso Castelo Infinito, protagonizando batalhas épicas e revelações emocionantes. A produção apresenta narrativa inédita, distinta das compilações anteriores da franquia. Distribuição da Sony Pictures.

Sessões legendadas na Sala 3
De 11 a 17 de setembro: todos os dias às 16h20 e 19h30
Classificação: 18 anos | Duração: 2h36min | Distribuição: Sony Pictures


“Picasso - Um Rebelde em Paris” (“Picasso: un Ribelle a Parigi – Storia di Una Vita e di Un Museo”)
Documentário dirigido por Simona Risi que explora a vida de Pablo Picasso em Paris, revelando aspectos pouco conhecidos de sua trajetória. Com narração de Mina Kavani, a obra mistura imagens do acervo do Museu Nacional Picasso, entrevistas com especialistas e cenas de Montmartre, proporcionando uma reflexão sobre a personalidade e o legado do artista. Distribuição da Autoral Filmes.

Sessões legendadas na Sala 1
De 11 a 16 de setembro: todos os dias às 18h30
Classificação: livre | Duração: 90 minutos | Distribuição: Autoral Filmes

“Invocação do Mal 4: O Último Ritual” (“The Conjuring: Last Rites”)
O nono filme do universo cinematográfico Invocação do Mal acompanha Ed e Lorraine Warren investigando o caso mais sombrio de suas carreiras, envolvendo a família Smurl. Dirigido por Michael Chaves e produzido por James Wan e Peter Safran, o longa traz Vera Farmiga e Patrick Wilson de volta aos papéis icônicos, ao lado de Mia Tomlinson e Ben Hardy. Distribuição da Warner Bros. Pictures.

Sessões dubladas na Sala 3
De 11 a 17 de setembro: todos os dias às 15h10
Sessões legendadas na Sala 3
De 11 a 17 de setembro: todos os dias às 20h00
Classificação: 16 anos | Duração: 115 minutos | Distribuição: Warner Bros. Pictures



Serviço Cineflix Santos
Miramar Shopping – Rua Euclides da Cunha, 21, Gonzaga, Santos/SP
Programação completa e ingressos: clique aqui.
Disponível também no app da Cineflix
O portal Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

.: Com Denise Fraga, "Sonhar com Leões" debate a dignidade para morrer


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com.

Em um cenário em que a dor se mistura ao humor, "Sonhar com Leões" estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 11 de setembro, trazendo à tona questões profundas sobre dignidade, identidade e a busca por controle em meio ao caos da vida. Dirigido e roteirizado por Paolo Marinou-Blanco, o filme é uma coprodução luso-brasileira com toques de surrealismo e humor ácido, que desafia o público a refletir sobre temas como a eutanásia e o suicídio assistido.

A trama segue Gilda (Denise Fraga), uma professora brasileira que, após ser diagnosticada com câncer terminal, decide buscar formas de morrer com dignidade e sem dor. Suas tentativas de suicídio falham, levando-a a procurar a Joy Transition International, uma organização clandestina que oferece workshops sobre eutanásia. Lá, ela conhece Amadeu (João Nunes Monteiro), um jovem português também em busca de uma saída para sua dor. Juntos, embarcam em uma jornada que mistura tragédia e comédia, desafiando normas sociais e legais.

O elenco é composto por Denise Fraga, João Nunes Monteiro, Joana Ribeiro, Victoria Guerra, Sandra Faleiro, Roberto Bomtempo, entre outros. A produção conta com o apoio de empresas como Capuri Filmes (Brasil), Promenade (Portugal), Darya Films (Portugal) e Cinètica Produccions (Espanha), além do suporte do programa Eurimages, do Conselho da Europa .O filme foi selecionado para o 53º Festival de Cinema de Gramado, destacando-se como uma das produções mais aguardadas do ano.

A estreia internacional ocorreu no Tallinn Black Nights Film Festival, na Estônia, e foi exibido em Cannes em 2024. Com uma duração de 87 minutos e classificação indicativa de 16 anos, "Sonhar com Leões" promete provocar e emocionar o público, oferecendo uma reflexão sobre os limites da vida e da morte, e o que significa manter a dignidade em tempos de sofrimento.

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As principais estreias da semana e os melhores filmes em cartaz podem ser assistidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.


Ficha técnica
 "Sonhar com Leões" | Sala 4
Classificação indicativa: 16 anos. Ano de produção: 2024. Idioma: português. Direção e roteiro: Paolo Marinou-Blanco. Elenco: Denise Fraga (Gilda), João Nunes Monteiro (Amadeu), Joana Ribeiro (Isa), Victoria Guerra (Laurinda), Sandra Faleiro (Eva), Roberto Bomtempo (Lúcio), entre outros. Distribuição no Brasil: Pandora Filmes. Duração: 87 minutos. Cenas pós-créditos: não.


Sinopse resumida de "Sonhar com Leões" 
Gilda, uma imigrante brasileira em Lisboa, diagnosticada com câncer terminal, busca formas de morrer com dignidade. Após falhas em suas tentativas de suicídio, ela encontra a Joy Transition International, uma organização clandestina que oferece métodos de eutanásia. Lá, conhece Amadeu, um jovem também em busca de uma saída para sua dor. Juntos, enfrentam desafios que misturam humor negro e tragédia, questionando os limites da vida e da morte.


Sessões legendadas
11/9/2025 - Quinta-feira: 18h00.
12/9/2025 - Sexta-feira: 18h00.
13/9/2025 - Sábado: 18h00.
14/9/2025 - Domingo: 18h00.
15/9/2025 - Segunda-feira: 18h00.
16/9/2025 - Terça-feira: 18h00.
17/9/2025 - Quarta-feira: 18h00. Ingressos neste link.

.: "Picasso - Um Rebelde em Paris" e nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com.

A cinebiografia documental "Picasso - Um Rebelde em Paris" ("Picasso: un Ribelle a Parigi – Storia di Una Vita e di Un Museo") estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 11 de setembro. Dirigido pela cineasta italiana Simona Risi, o filme oferece uma visão inédita sobre Pablo Picasso, explorando aspectos pouco conhecidos da vida e obra do artista a Paris do início do século XX. 

Com uma duração de 90 minutos, o documentário é narrado pela atriz iraniana Mina Kavani, vencedora do Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza de 2022 pelo filme "No Bears". A obra alterna entre o vasto acervo do Museu Nacional Picasso em Paris e os bairros que marcaram a trajetória do artista, como Montmartre. Além disso, o filme conta com entrevistas de especialistas renomados, como Cécile Debray, presidente do Museu Picasso, e Annie Cohen-Solal, autora de Un étranger nommé Picasso, que ajudam a contextualizar a vida e o legado de Picasso.

O filme é uma coprodução entre Itália e França, com roteiro assinado por Sabina Fedeli, Didi Gnocchi e Arianna Marelli. A direção de fotografia é de Lorenzo Giromini, a montagem de Beatrice Corti e a música original de Emanuele Matte. A distribuição no Brasil é da Autoral Filmes, uma distribuidora independente focada no cinema de autor e documentários de arte.

O documentário revela aspectos pouco conhecidos do pintor, incluindo seu status de "estrangeiro" em Paris, seu papel como anarquista entre anarquistas em Montmartre e seu olhar "queer" sobre sua própria obra. Acompanhado por leituras de cartas do Museu Picasso e de vários livros, o filme apresenta entrevistas com críticos de arte, curadores, intelectuais e artistas. "Picasso – Um Rebelde em Paris" é uma obra que vai além da biografia tradicional, oferecendo uma reflexão profunda sobre a natureza contraditória de Picasso e seu impacto duradouro na arte e na cultura.

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Ficha técnica
"Picasso - Um Rebelde em Paris" | "Picasso: un Ribelle a Parigi – Storia di Una Vita e di Un Museo" | Sala 1

Classificação indicativa: livre. Ano de produção: 2023. Idiomas: italiano e francês. Direção: Simona Risi. Roteiro: Sabina Fedeli, Didi Gnocchi, Arianna Marelli. Elenco: Mina Kavani. Distribuição no Brasil: Autoral Filmes. Duração: 90 minutos. Cenas pós-créditos: não.

Sinopse resumida de "Picasso - Um Rebelde em Paris"
Em 1930, a família Crawley enfrenta um escândalo envolvendo Lady Mary e dificuldades financeiras que ameaçam a estabilidade de Downton Abbey. Com a ajuda de novos aliados e a força de sua história, eles buscam um novo rumo para o futuro da propriedade e de seus habitantes.


Sessões legendadas
11/9/2025 - Quinta-feira: 18h30.
12/9/2025 - Sexta-feira: 18h30.
13/9/2025 - Sábado: 18h30.
14/9/2025 - Domingo: 18h30.
15/9/2025 - Segunda-feira: 18h30.
16/9/2025 - Terça-feira: 18h30. Ingressos neste link.




 


Ficha Técnica Completa:


Nome do filme: 


Sinopse resumida: Um olhar íntimo e revelador sobre Pablo Picasso, explorando sua vida em Paris, suas contradições pessoais e seu impacto na arte moderna.

.: "Downton Abbey: o Grande Final" põe fim à saga da família Crawley


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com.

Nesta quinta-feira, dia 11 de setembro, os cinemas brasileiros abrem as portas para a despedida da família Crawley com o lançamento de "Downton Abbey: o Grande Final". Dirigido por Simon Curtis e roteirizado por Julian Fellowes, criador da série, o filme encerra com elegância e emoção a saga que conquistou gerações.

Com 2 horas e 3 minutos de duração, o longa-metragem se passa em 1930, sete meses após os eventos de "Downton Abbey: uma Nova Era" (2022). Lady Mary Talbot (Michelle Dockery) enfrenta um escândalo público após um divórcio, enquanto a família Crawley lida com dificuldades financeiras e pressões sociais. A trama promete um adeus comovente e nostálgico, reunindo personagens queridos e introduzindo novos rostos, como Joely Richardson e Alessandro Nivola.

O elenco original retorna para esta última aventura, incluindo Hugh Bonneville, Laura Carmichael, Jim Carter, Joanne Froggatt, Elizabeth McGovern, Brendan Coyle, Kevin Doyle, Michael Fox, Phyllis Logan, Lesley Nicol, Sophie McShera, Allen Leech, Tuppence Middleton, Robert James-Collier, Sue Johnston, Imelda Staunton, Dominic West e Penelope Wilton. A ausência de Dame Maggie Smith, que faleceu em setembro de 2024, é sentida profundamente. Michelle Dockery e outros membros do elenco destacam que o filme serve como uma homenagem à sua icônica personagem, a Condessa Viúva de Grantham. 

A produção foi filmada entre maio e agosto de 2024, com locações no Hampshire, incluindo o majestoso Highclere Castle, que serve como cenário principal desde a série original. O filme também apresenta cenas em Londres e no Royal Ascot, capturando a transição dos anos 1920 para os anos 1930. "Downton Abbey: o Grande Final" é uma celebração da história, da classe e da emoção que marcaram a série. É uma oportunidade única para fãs e novos espectadores vivenciarem o encerramento de uma era cinematográfica.

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Ficha técnica
 "Downton Abbey: o Grande Final" | "Downton Abbey: The Grand Finale" | Sala 1
Classificação indicativa: 12 anos. Ano de produção: 2025. Idioma: inglês. Direção: Simon Curtis. Roteiro: Julian Fellowes. Elenco: Michelle Dockery, Hugh Bonneville, Laura Carmichael, Jim Carter, Joanne Froggatt, Elizabeth McGovern, Brendan Coyle, Kevin Doyle, Michael Fox, Phyllis Logan, Lesley Nicol, Sophie McShera, Allen Leech, Tuppence Middleton, Robert James-Collier, Sue Johnston, Imelda Staunton, Dominic West, Penelope Wilton, Joely Richardson, Alessandro Nivola. Distribuição no Brasil: Universal Pictures Brasil. Duração: 123 minutos. Cenas pós-créditos: não.


Sinopse resumida de  "Downton Abbey: o Grande Final" 
Em 1930, a família Crawley enfrenta um escândalo envolvendo Lady Mary e dificuldades financeiras que ameaçam a estabilidade de Downton Abbey. Com a ajuda de novos aliados e a força de sua história, eles buscam um novo rumo para o futuro da propriedade e de seus habitantes.


Sessões legendadas
11/9/2025 - Quinta-feira: 15h30 e 20h30.
12/9/2025 - Sexta-feira: 15h30 e 20h30.
13/9/2025 - Sábado: 15h30 e 20h30.
14/9/2025 - Domingo: 15h30 e 20h30.
15/9/2025 - Segunda-feira: 15h30 e 20h30.
16/9/2025 - Terça-feira: 15h30 e 20h30.
17/9/2025 - Quarta-feira: 15h30 e 20h30. Ingressos neste link.

.: Do Japão, "Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba - Castelo Infinito" estreia


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com

"Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba - Castelo Infinito" estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 11 de setembro, dando início à aguardada trilogia final da franquia que conquistou fãs ao redor do mundo.. Dirigido por Haruo Sotozaki e produzido pelo renomado estúdio Ufotable, o filme é uma adaptação cinematográfica do arco "Castelo Infinito" do mangá de Koyoharu Gotouge. Diferentemente de seus predecessores, que foram lançamentos de compilação, esta produção apresenta uma narrativa inédita e cinematográfica, com duração de 2h36min.

O elenco original japonês conta com Natsuki Hanae como Tanjiro Kamado, Akari Kito como Nezuko Kamado e Hiro Shimono como Zenitsu Agatsuma. A trama segue os heróis após o treinamento intensivo, enquanto enfrentam os demônios no misterioso Castelo Infinito. O filme destaca batalhas emocionantes, como o confronto entre Zenitsu e Kaigaku, além da luta de Tanjiro e Giyu contra Akaza, um dos mais poderosos demônios da série. 
Diario AS

Com estreia internacional programada para 12 de setembro, o longa já é considerado um sucesso de público e crítica, superando recordes de bilheteira no Japão. A expectativa é que o filme também conquiste os fãs brasileiros, consolidando "Demon Slayer" como um dos maiores fenômenos do anime contemporâneo.


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Ficha técnica
"Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito" |  "Gekijouban Kimetsu no Yaiba: Mugen-jou-hen Movie 1" | "Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito" | Sala 3

Classificação indicativa: 18 anos. Ano de produção: 2025. Idioma original: japonês. Direção: Haruo Sotozaki. Roteiro: Koyoharu Gotouge. Elenco: Natsuki Hanae, Akari Kito, Hiro Shimono. Distribuição no Brasil: Sony Pictures. Duração: 2h36min. Cenas pós-créditos: não.


Sinopse resumida de "Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba - Castelo Infinito"
Após o treinamento intensivo, Tanjiro Kamado e seus aliados enfrentam os demônios no misterioso Castelo Infinito, onde batalhas épicas e revelações emocionantes aguardam.


Sessões legendadas
11/9/2025 - Quinta-feira: 16h20 e 19h30.
12/9/2025 - Sexta-feira: 16h20 e 19h30.
13/9/2025 - Sábado: 16h20 e 19h30.
14/9/2025 - Domingo: 16h20 e 19h30.
15/9/2025 - Segunda-feira: 16h20 e 19h30.
16/9/2025 - Terça-feira: 16h20 e 19h30.
17/9/2025 - Quarta-feira: 16h20 e 19h30. Ingressos neste link. 

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

.: Entrevista com Beta Rivellino: a filha do craque encontra a própria música



Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Fotos: divulgação

Filha do lendário craque Roberto Rivellino, a cantora Beta Rivellino poderia ter se contentado em ser apenas uma herdeira de um sobrenome pesado. Mas não: aos 50 anos, trocou a vida corporativa pela música e decidiu estrear em grande estilo, longe do Brasil, em Kuala Lumpur, na Malásia, onde hoje é presença mensal nos palcos. O mais recente single dela, “Soltei Minha Voz”, produzido por Tuco Marcondes, é mais do que um título: soa como uma declaração de independência tardia e, justamente por isso, mais forte.

 Beta mistura samba e jazz com uma vibração de bossa nova, oferecendo ao público não apenas música, mas alegria e reinvenção. Ne entrevista a seguir, Beta fala, com exclusividade ao portal Resenhando.com, sobre dribles existenciais, sobre como é ser brasileira no oriente e sobre o momento em que decidiu que não dava mais para viver sem cantar. Uma conversa sobre música, coragem e, sobretudo, sobre finalmente soltar a própria voz.

Resenhando.com - Você solta a voz aos 50 anos e em um palco na Malásia. Foi preciso sair do Brasil - e da zona de conforto - para finalmente se ouvir?
Beta Rivellino - Venho em um processo de buscar a minha voz a muitos anos que se intensificou quando cheguei aos 40 após um burnout. Mas ao longo da minha vida, cada saída do Brasil, e foram várias, já que a Malásia é o décimo país que eu moro, sempre me permitiram ser de uma forma ou de outra um pouco mais livre e assim me conectar mais comigo. A mudança para a Malásia em 2021 e a ida do meu filho para os Estados Unidos fez com que eu precisasse de flexibilidade para poder ir e vir. Isso somado a chegada da menopausa e um desejo de desacelerar minha vida como executiva, foram as justificativas perfeitas para eu decidir me “aposentar “ do mundo corporativo. Mas precisava fazer algo com toda a minha energia, sempre fui muito inquieta, e foi no reencontro com a música, saindo de novo da zona de conforto, que tudo mudou.  Gosto de estar fora da zona de conforto, e nessa hora que encontro combustível para fazer, aprender coisas novas, me desafiar, me reinventar, só que desta vez tudo aconteceu muito rápido e as mudanças posso dizer que foram “radicais”.

Resenhando.com - Seu sobrenome carrega um peso futebolístico quase mítico. Em algum momento da vida, esse sobrenome calou sua voz?
Beta Rivellino - Eu tenho o maior orgulho do sobrenome que eu carrego, do meu pai, de tudo o que ele construiu e representa. Eu já estive em inúmeras situações no Brasil e fora do Brasil, onde pessoas, ao reconhecerem meu sobrenome, me pararam para conversar para saber mais sobre ele, ou  relembrar momentos de sua carreira. Mas admito que nem sempre foi fácil ser filha de alguém tão famoso. Ser a filha de Roberto Rivellino vem, desde cedo, com um sentido de muita responsabilidade. Para o meu pai seu nome, e o legado que ele construiu, sempre foram levados muito a sério dentro de casa. Eu, filha mais velha e a única mulher fui ao longo da vida entendendo o que era esperado de mim e procurando sempre atender a todas as expectativas, que muitas vezes eram mais fortes da sociedade do que de dentro de casa. Mas apesar disso não sinto que meu sobrenome tenha me calado, mas com certeza me deu contornos, e me deu também habilidades que fazem parte de quem eu sou hoje e com certeza vão me ajudar nessa nova etapa da minha vida.

Resenhando.com - A vida corporativa foi seu “cartão vermelho” ou apenas um aquecimento para o show que viria depois?
Beta Rivellino - Nao! A vida corporativa nunca foi um cartão vermelho, muito pelo contrário, em Soltei Minha Voz falo disso :  Sou muitas em uma só!  A vida corporativa me trouxe habilidades que estão provando ser muito úteis. Exemplo: presença de palco. Estar no palco, e me conectar com a plateia, não foi o maior desafio quando voltei a cantar, porque desde os 23 anos tenho sido treinada para falar em público, para todos so tipos e tamanhos de plateias. Também me trouxe um entendimento de comunicação, marketing, e gestão de projeto que não tem preço. Aqui na Malásia, por exemplo , eu sou a cantora, a produtora, a diretora musical, a que negocia com o com a casa de show. Então, a gestão de projeto é fundamental para eu conseguir dar conta de fazer tudo isso. Posso dizer que minha vida corporativa, todos as minhas experiências somados aos valores que aprendi com os meus pais, são alicerce de quem eu sou e me ajudam muito a navegar nesse no o momento da minha vida.

Resenhando.com - A bossa nova, esse som solar e sofisticado, faz muito sucesso na Malásia. Mas, sinceramente, o que os asiáticos entenderam da nossa música que os próprios brasileiros ainda não captaram?
Beta Rivellino - Não sinto que os asiáticos entendem mais do que os brasileiros sobre a nossa música, não se trata disso. A bossa nova e um gênero de música que está no mundo inteiro. Eu viajo bastante pelo mundo, já morei em muitos países, e não tem um lugar onde eu fale que sou brasileira e as pessoas não comecem a falar sobre a nossa música, e o futebol! Para o resto do mundo a nossa música faz parte da nossa identidade. Nos meus shows a  bossa nova e a porta de entrada para o publico local se conectar comigo, mas eu sempre trago interpretações de diferentes compositores e outros gêneros. Já cantei músicas de Ivan Lins, Toquinho, Milton Nascimento, Maria Rita, Roberta Sá, Peninha, Rita Lee, até a famosa romaria de Renato Teixeira acompanhada de uma viola caipira! Então a percepção que se tem de fora do Brasil é que somos assim, esse país solar, alegre, onde as pessoas vibram na música.


Resenhando.com - Aos 50 anos, sua estreia nos palcos te fez perder mais o medo ou a vergonha? Ou são coisas diferentes?
Beta Rivellino - Nunca tive muita vergonha, ao contrário desde pequena podia falar com qualquer pessoa sem me sentir intimidada, já o medo esse me acompanha na forma da autocrítica e ansiedade, as vezes me tirando o sono e até o foco. Mas o sentimento que apareceu muito forte quando voltei a cantar e que precisei  trabalhar muito dentro de mim, foi o de inadequação. Nesse processo de me escutar descobri a crença limitante : menina boa não canta? Frase que provavelmente escutei em algum momento e que muitas mulheres de gerações passadas da minha família também escutaram. Hoje não me sinto mais assim, graças a muita terapia e um trabalho intenso de autoconhecimento e cada vez mais trago para o palco essa autenticidade, admito com muito humor quando erro, me solto cada vez mais nas minhas interpretações e sou eu, de verdade!


Resenhando.com - Você diria que cantar samba e jazz em Kuala Lumpur é, de certo modo, uma forma poética de vingança contra o tédio do mundo?
Beta Rivellino - Cantar aqui na Malásia, onde moro, é um jeito de me aproximar do Brasil, de matar a saudade do que está lá longe, para mim e para a comunidade de brasileiros que vivem por aqui. Também e a oportunidade de mostrar mais a diversidade da nossa cultura, a final somos muito mais do que os carnaval e futebol. Também quero criar pontes, e poder fazer o inverso, levar para o Brasil a música da Malásia que me impacta por aqui, e juntar os dois mundos, imagina poder cantar uma música em bahasa malayo, com a harmonia de músicos brasileiros e aqui da Malásia? Um bom projeto para 2026. Quanto ao tédio do mundo, pode parecer piegas mas precisamos de mais cor, amor, menos intolerância, mais empatia e eu canto para trazer luz,  alegria e compartilhar minha energia, cantar me faz feliz.


Resenhando.com - Seu novo single se chama “Soltei Minha Voz”, mas se você pudesse batizar a sua fase anterior com um título de música, qual seria?
Beta Rivellino - Seria "Encontros e Despedidas". já moreiem dez países, viajei muito, estou sempre indo embora e voltando, Sou essa alma inquieta. Minha vida sempre foi de encontros e despedidas,de pessoas, situações, de coisas, carreiras, de jeitos de ser. Essa música de Milton Nascimento, que faz parte do meu repertório, Representa bem a minha vida, em constante transformação e movimento.


Resenhando.com - Em tempos em que tudo precisa viralizar para existir, como é para você fazer arte que não grita, mas sussurra com sofisticação?

Beta Rivellino - Por que já não preciso mais provar nada a ninguém e principalmente pra mim mesma! Tive uma carreira executiva que considero de sucesso, por onde passei dei o meu melhor, trabalhei em parceria com muita gente incrível e pude fazer a diferença. Agora, nessa altura da minha vida, recomeçando de novo, e só confiar e abraçar o que está por vir deixar fluir, como a música que abraça e vai preenchendo, com leveza, todos os espaços sem precisar gritar.

Resenhando.com - Filha de um ídolo brasileiro, morando na Malásia e cantando MPB. Qual foi o maior drible que você deu em si mesma até chegar aqui?
Beta Rivellino - Acho que o maior drible que eu dei em mim mesma foi nunca ter tido medo de ousar. Um exemplo recente disso que mudou tudo, partiu da coragem de fazer uma pergunta. Conto essa história no capítulo do livro Protagonista que fui convidada a participar com outras 64 mulheres lançando esse mês. Em novembro de 2023, ao final de um show que fui assistir de Bossa Nova de Ter Cher Siang, músico, compositor, produtor e um dos maiores pianistas de jazz da Malásia junto com Xiong Lee cantor e compositor Que morou no Brasil e desde a decada de 90 promove a Bossa Nova por aqui, me aproximei de Cher Siang, me apresentei e disse: Sou uma cantante, fã dos seus arranjos e interpretações, e amaria poder  fazer um show piano e voz com você, topa? Ele me olhou e sem titubear me respondeu: “Sure!” E a partir dai tudo mudou, intensifiquei meus estudos de musica, comecei a me apresentar com diferentes músicos para ganhar mais desenvoltura de palco e me preparei para o nosso primeiro show juntos, que aconteceu quase um ano depois, com direito a casa lotada e muita música boa. Desde então, juntos, já fizemos três shows, gravações em estúdio e tem muita coisa vindo por ai. Então, voltando a pergunta: o meu melhor “elástico” (famoso drible do meu pai) e ter coragem e acreditar que nunca é tarde pra recomeçar.


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