sexta-feira, 21 de julho de 2017

.: A limonada musical da Graziela Medori faz bem


Por Luiz Gomes Otero*, em julho de 2017.


A frase clichê “filho de peixe peixinho é” pode muito bem se aplicar para a jovem Graziela Medori. Em seu segundo disco, "Toma Limonada", ela, que é filha da cantora Claudya e do músico Chico Medori, investiu em composições inéditas feitas pelo pai, além de algumas releituras de canções que fizeram a sua cabeça como intérprete. E o resultado ficou acima da média.

Graziela aprendeu a gostar do ofício desde menina, acompanhando as carreiras dos pais e com a convivência deles com outras personalidades da música. Desde o início conta com o apoio irrestrito dos dois. Se por um lado Claudya a convida eventualmente para participar de shows, Chico é o produtor musical dos seus dois discos, além de escrever canções para ela cantar.

O disco abre com "Brasil Multi Raça", de Chico Medori, uma canção com muitas citações clássicas de nossa MPB. Não por acaso, Graziela conquistou um prêmio ao defendê-la em um festival promovido no interior de São Paulo.

Dão sequência ao disco as ótimas faixas "Samba Malandro" e "Toma Limonada", esta segunda cantada em dueto com Seu Jorge, que acrescentou um brilho a mais para a faixa que dá título ao disco. O jeito irreverente e malandro de Seu Jorge caiu como uma luva no balanço composto por Chico Medori.

Há ainda "Na Pisada do Baião", onde Graziela passeia com desenvoltura pelo ritmo tradicional do Brasil. E em "Radical", ela canta com um arranjo que passa pela bossa nova e pelo jazz.

As releituras são um capítulo à parte neste trabalho musical. Graziela já cantava algumas delas com o projeto "Brazucália" (do qual ainda participa, por sinal). E Chico Medori teve o cuidado de produzir arranjos que se encaixaram no conceito musical que Graziela defende com uma incrível garra.

Um "Girassol da Cor do Seu Cabelo", de Lô Borges, ganhou um arranjo que mistura uma guitarra em estilo blues com um pouco de rock progressivo. De Marcos Valle, Graziela resgata a ótima "Paraíba Não É Chicago". E a veia roqueira da jovem intérprete pulsa forte em "Top Top" (dos Mutantes) e "Let Me Sing Let Me Sing" (de Raul Seixas).

Ela também regravou uma canção de autoria da mãe, "Golfinho de Ipanema", feita em parceria com Chico Medori nos anos 70. Uma homenagem justa para alguém que sempre serviu e que continua sendo fonte de inspiração para ela como intérprete.

Os arranjos de Chico Medori usam e abusam dos metais de sopro. E isso deu um colorido incrível para o disco, conferindo um balanço sonoro incrível. 

Graziela mostra uma maturidade indiscutível como cantora. O talento para a música está inserido no seu DNA, com toda certeza. E é por essas e outras que vale a pena experimentar a limonada musical de Graziela Medori.

"Toma Limonada"

"Brasil Multi Raça"

"Samba Malandro"

"Paraíba Não é Chicago"

*Luiz Gomes Otero é jornalista formado em 1987 pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Trabalhou no jornal A Tribuna de 1996 a 2011 e atualmente é assessor de imprensa e colaborador dos sites Juicy Santos, Lérias e Lixos e Resenhando.com. Criou a página "Musicalidades", que agrega os textos escritos por ele.



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