sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

.: Crítica de "Lady Bird - A Hora de Voar", por Daniel Bydlowski

*Texto escrito pelo cineasta Daniel Bydlowski para o jornal A tarde


Greta Gerwig se tornou a quinta mulher a ser indicada pelo Oscar de melhor diretora com "Lady Bird - A Hora de Voar". O filme conta a história de Christine, interpretada por Saoirse Ronan, que também conseguiu a indicação como melhor atriz em 2018.

Christine é uma adolescente que tenta se encontrar no mundo adulto. A personagem, assim como o longa, tem todo o estilo do filme independente do festival de Sundance. Ela é forte, teimosa, engraçada e excêntrica. Suas ações são repentinas e difíceis de prever. Por exemplo, ela quer que todos se refiram a ela pelo nome de Lady Bird, nome que ela deu a si mesma, afim de se afirmar no mundo adulto com decisões próprias. Isto também a alegra, já que vai contra o que sua mãe deseja.

Christine, ou Lady Bird, faz de tudo para se afastar de Marion McPherson, sua mãe controladora e interpretada por Laurie Metcalfe, também indicada ao Oscar, na categoria de melhor atriz coadjuvante. Não é somente em suas palavras ou comportamento que a garota indiretamente protesta as ações de sua mãe. Ela até mesmo se joga de um carro em alta velocidade de repente, assustando a mãe que estava dirigindo e que, até então, não parava de falar.

Se Lady Bird quer se ver livre das regras de uma família conservadora, colegas de escola poderiam ser a ferramenta para conseguir tal objetivo. Porém, até mesmo estes são rodeados por segredos e mistérios que não deixam a vida da garota fácil.



A escola que frequenta é uma escola católica e é esperado que estudantes se conformem a regras de conduta e também de vestimenta. Assim, alguns destes estudantes, que não necessariamente conseguem se adequar a escola, acabam fingindo ser algo que não são e, consequentemente, tornando a complexa vida de uma adolescente ainda mais complicada.

Além de tudo isso, Lady Bird demonstra ter afeto por arte, mesmo quando não pareça ter talento. O gosto pela arte também se confunde pela busca de um amor. Assim, Lady Bird quer ganhar uma competição de canto para entrar em uma peça de teatro e ficar mais próxima de sua paixão, Danny O'Neill (Lucas Hedges). Porém, o garoto tenta corresponder os sentimentos de Lady Bird já que quer esconder o fato de ser homossexual.

Isto machuca a garota, que encontra em Kyle Scheible (Timothée Chalamet) o antídoto para suas dores. Porém, até mesmo este a magoa já que finge ser virgem para “perder a virgindade” com ela. E quem é a pessoa que a consola quando isto acontece? Sua mãe.

É exatamente este conflito em relação a uma mãe controladora, mas que sempre oferece sua ajuda nos momentos tristes da protagonista, que o filme explora eficazmente. De modo a deixar as cenas se desdobarem por mais tempo do que produções tradicionais, Greta Gerwig consegue trazer um olhar contemplativo para as dores de sua protagonista (que, segundo a própria diretora, é inspirada na sua própria vida).

Daniel Bydlowski é cineasta brasileiro e artista de realidade virtual com Masters of Fine Arts pela University of Southern California e doutorando na University of California, em Santa Barbara, nos Estados Unidos. É membro do Directors Guild of America. Trabalhou ao lado de grandes nomes da indústria cinematográfica como Mark Jonathan Harris e Marsha Kinder em projetos com temas sociais importantes. Seu filme NanoEden, primeiro longa em realidade virtual em 3D, estreia em breve.

Trailer


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