sábado, 12 de maio de 2018

.: Zélia Duncan e Jaques Morelenbaum revisitam Milton Nascimento

Por Luiz Gomes Otero*, em maio de 2018.

Com 14 músicas, o disco “Invento +” traz a magia da música de Milton Nascimento por meio da voz de Zélia Duncan e do Cello de Jaques Morelenbaum. Uma releitura de arranjo minimalista que confirma a beleza e genialidade da obra do compositor que se notabilizou com o movimento Clube da Esquina nos anos 70 e é consagrado como um dos maiores autores de nossa música popular.

A ideia surgiu em 2015, quando o executivo e produtor André Midani criou, no Rio, o projeto "Inusitado", com shows em que o tom era promover encontros experimentais e, como diz o nome, inusitados. O espetáculo, que chegou a ser apresentado em Inhotim em outubro daquele ano, chegou ao estúdio pela gravadora Biscoito Fino. A sugestão da parceria com Morelembaum veio nos shows do Prêmio da Música Brasileira, em que a cantora fez releituras de Jobim sob direção artística do violoncelista e arranjador

O disco não se prende a cronologias e traz composições como “Ponta de Areia”, “San Vicente”, “Cais” e “Cravo e Canela”, e algumas gravadas por ele, como “O Que Será”, de Chico Buarque, e “Beijo Partido”, de Toninho Horta, entre outras.

Profundamente identificados com a obra de Milton e do Clube da Esquina, selecionar o repertório foi “uma loucura total” para a dupla.  A vontade deles era tocar, cantar e gravar centenas de canções que povoaram nossos imaginários e corações durante anos. Morelenbaum buscou manter fidelidade total às obras em questão para esse projeto com Zélia.


“Eu costumo dizer que não estamos inventando a roda, estamos agradecendo, rendendo homenagens. O ouvinte pode perceber que estou quase dizendo as canções e que os arranjos são um desejo de com apenas dois instrumentos, relembrar imensas emoções, que a  voz de Milton, somada à essas melodias, sempre nos causaram”, pontua

Zélia Duncan, já havia gravado “San Vicente” em um DVD de Milton Nascimento. Por sua vez, nos anos 70, Jaques participou da banda de Milton na turnê do álbum “Minas”, formada, entre outros, por mestres como Nelson Ângelo, Novelli, José Roberto Bertrami (do grupo Azimuth, já falecido), Nenê, Nivaldo Ornelas, Danilo Caymmi e Paulo Jobim.

O disco traz de volta a magia da música de Milton, sem precisar ousar ou utilizar muitos recursos. Bastaram apenas dois instrumentos – o Cello e a voz – para mostrar a dimensão da força que tem as canções, que atravessaram décadas sem perder o encanto e o sentido.


"Mistérios"

"O Que Foi Feito Devera"


"Travessia"

*Luiz Gomes Otero é jornalista formado em 1987 pela UniSantos - Universidade Católica de Santos. Trabalhou no jornal A Tribuna de 1996 a 2011 e atualmente é assessor de imprensa e colaborador dos sites Juicy Santos, Lérias e Lixos e Resenhando.com. Criou a página no Facebook Musicalidades, que agrega os textos escritos por ele.

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