quarta-feira, 29 de maio de 2019

.: Entrevista: Léo Ramos, vocalista da Supercombo, sobre novo álbum e HQ


Por Helder Moraes Miranda e Letícia Santiago, em maio de 2019.


Recentemente a banda Supercombo lançou o álbum “Adeus, Aurora”, nome também dado ao HQ lançado pelo grupo de indie pop brasileiro. O álbum novo pode servir como trilha sonora durante a leitura da história em quadrinhos, trazendo uma experiência literária de mistérios, um pouco de ocultismo, cheia de conflitos e críticas sociais da atualidade.

A banda é conhecida nacionalmente pelos seus sucessos “Maremotos”, “Piloto Automático” e “Amianto” com músicas batendo a marca de 35 milhões de visualizações no YouTube e mais de 600 mil ouvintes no Spotify. 


Na letra da música “Amianto” somos apresentados à "Aurora", que seria a moça que está na sacada, e é no livro que sabemos um pouco mais da história dela. A HQ foi apresentada na Comic Con de 2018 e a banda foi a primeira a lançar uma história totalmente autoral e relacionada ao álbum, os quadrinhos foram ilustrados pelo quadrinista Jean Diaz. 


O lançamento do álbum aconteceu, oficialmente, em março e o Resenhando teve a oportunidade de conversar com o Léo Ramos, vocalista do grupo, que compartilhou um pouco da experiência de estar nessa nova cara da Supercombo e revela se há planos para a continuação da trama de “Adeus, Aurora”.


O novo álbum cheio de sentimentos já está disponível nas plataformas digitais e o HQ também está à venda. Um dos destaques do álbum é a faixa “Meu Colorista” por todo o jogo de palavras usado na letra que se encaixa totalmente no contexto da história, quando acontece toda uma pressão de terceiros sobre a vida enquanto o “eu interior” grita por uma mudança, uma espécie de atenção para colorir todo o branco da vida e começar a viver algo não planejado, mas feito por si mesmo.




RESENHANDO: Qual a dor e a delícia de ser uma banda de indie rock no Brasil?
LÉO RAMOS - É só alegria, na real (risos). Fazemos o som que acreditamos e amamos sem “nos vender” ou nos submeter ao que o mercado está mandando. Isso é muito libertador, talvez a única dor é saber que esse tipo de postura faz com que a banda não chegue a um público maior.

RESENHANDO - De que maneira participar do reality show "SuperStar" mudou a sua vida?

L.R. - O programa colocou a banda no mapa. Nosso som chegou a várias regiões do país e, consequentemente, fizemos tours iradas em lugares que sem uma projeção nacional como a do reality seria muito difícil.

RESENHANDO - 
Que diferenças você aponta entre o primeiro álbum "Festa?"  (2008) e "Adeus, Aurora" (2019)?
L.R. - O “Festa?” é um disco mais duro, imaturo e pouco conceitual em comparação com o “Adeus, Aurora”. Acredito que chegamos numa sonoridade menos “rock” e mais “introspectivo/pop”. Criamos um universo e estamos fazendo músicas sobre esse mundo. Plantamos essa semente desde o “Rogério” e daqui para frente vamos nos aprofundar cada vez mais.

RESENHANDO - 
E em relação à história em quadrinhos que leva o mesmo nome do álbum, em que eles se complementam?
L.R. - O disco é a trilha sonora dos quadrinhos, não ao pé da letra e nem segue muito as ações, mas narra sentimentos e batalhas internas que os personagens têm durante o percurso da história.

RESENHANDO - 
 Aurora foi apresentada ao público no terceiro álbum da banda, "Amianto", lançado em 2014. Na época, ela ficou conhecida como a “moça da sacada” citada na canção que dá nome ao álbum. Essa Aurora existe de verdade?  
L.R. - Não existe uma pessoa real na qual nos inspiramos para criar a Aurora. O roteiro e a história são inteiramente fictícios. Óbvio que temos várias referências que nos inspiraram, mas todas também fictícias. 


RESENHANDO -  Há planos para a continuação da personagem?
L.R. - Temos planos, sim, de continuar a HQ. Gostamos muito do resultado dessa primeira edição, aprendemos muito com isso.

RESENHANDO - 
A história dos quadrinhos é cheia de mistérios e teorias que foram inspiradas em comentários dos seguidores da banda em suas redes sociais. Como foram os processos de criação do álbum e da HQ? 
L.R. - Foi tudo embolado e feito ao mesmo tempo (risos)! Eu sempre faço as músicas antes de fazer as letras e, nesse caso, tive que abrir uma exceção para conseguir montar o circo inteiro.



RESENHANDO - "Rogério", de 2016, e agora "Adeus, Aurora". Por que colocar nomes de pessoas em dois álbuns?
L.R. - Confesso que isso começou no “Rogério” como uma piada interna e acabou evoluindo para uma coisa mais conceitual em “Adeus, Aurora”. Gosto quando temos uma “pessoa”, mesmo que fictícia, para a gente situar em diversas situações nas músicas. Acredito que funciona muito bem...

RESENHANDO - 
De que maneira a diversidade pode contribuir para a arte que vocês fazem?
L.R. - Sempre tento fazer um exercício de empatia, me ver em situações e contextos que nunca vivi e me colocar no lugar do outro. Tentar enxergar o mundo por outras óticas faz muito bem na hora de criar, isso é bem presente no nosso som.

RESENHANDO - 
O que há de autobiográfico nas canções que você canta?
L.R. - Sinceramente? Nada (risos)... 



RESENHANDO - Vocês são antenados o tempo todo com o que está acontecendo? 
L.R. - Cada um tem um radar e a gente acaba compartilhando as vivências.

RESENHANDO - 
O que mais preocupa a banda, em relação ao cenário nacional, em 2019?
L.R. - A preocupação para esse ano é a de que os artistas se unam cada vez mais e se abstenham de rótulos musicais.

RESENHANDO - 
Do Espírito Santo para o mundo. Como se deu essa mudança? 
L.R. -  Na época, sentimos que a banda cresceu o que poderia no cenário capixaba e decidimos expandir os horizontes indo para uma grande metrópole. 

RESENHANDO - 
Essa mudança foi gradativa ou brusca? 
L.R. - Foi semi-brusca (risos).

RESENHANDO - 
Do que sente mais falta?
L.R. - Sinto muita falta da praia e do ritmo mais "relax" de Vitória!

RESENHANDO - 
Sendo o nome original da banda vindo do personagem Alex Kidd, e o atual Supercombo de "Combo", palavra comumente usada em jogos como uma sequência de ataques ou acertos. Sendo até as palavras "Super combo" ditas no jogo Killer Instinct e escritas na série Street Fighter, com a finalização "Super combo finish", explique: qual a importância que os videogames têm na vida dos componentes da banda e por quê?
L.R. - No meu caso, jogo no PC diariamente, faço streams pela twitch e acompanho um pouco o cenário competitivo dos jogos que mais gosto.
Pra mim é uma terapia, sei que todos da banda, meninos e meninas, também jogam, cada um com uma plataforma. Consegui trazer o Toledo para o PC agora, possivelmente, teremos lives jogando juntos (risos). 



*Helder Moraes Miranda é bacharel em jornalismo e licenciado em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura, pela USP - Universidade de São Paulo, e graduando em Pedagogia, pela Univesp - Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Participou de várias antologias nacionais e internacionais, escreve contos, poemas e romances ainda não publicados. É editor do portal de cultura e entretenimento Resenhando.

*Letícia Santiago é aprendiz de técnico em informática, aspirante a jornalista, nomeada por quatro anos consecutivos e em diferentes instituições como “Melhor Redação”, apaixonada em língua portuguesa, literatura e conhecimentos gerais, nomeada duas vezes como aluna destaque com direito a diploma e amante da informação (Afinal, quem não adora uma fofoca?). Futura “Mackenzista” ou “Casperiana”, tudo depende do quanto conhece a língua e a si mesma.

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