sábado, 14 de maio de 2022

.: Artigo: em tempos difíceis, o que aprendemos com Marcos Mion?

Marcos Mion é o apresentador do "Caldeirão", nas tardes de sábado  na TV Globo. Foto: Globo/João Miguel Júnior


Por Ju Farias, jornalista e autora do livro "Com Licença, Posso Entrar?".


Em tempos de desesperança, precisamos falar sobre Marcos Mion. Não só falar, mas ouvir Marcos Mion. Isso porque esse cara é necessário - e não apenas às famílias que lutam pelos seus afetos no universo do transtorno do espectro autista (TEA), mas para todo mundo, inclusive, para o mundo.

Mion é a cara da esperança: tem olhar de menino, espírito jovem, uma benevolência meio Peter Pan e uma “bobice” que não cansa. Mion é bobo. Bobo, não burro. Mion é bobo porque é fofo, se emociona fácil, não tem medo de chorar, menos ainda de rir até doer a barriga. Mion se joga no chão no meio do programa com a mesma alegria que uma criança brincando no parque.

Mion é a cara do Brasil (não desse Brasil horripilante de agora, mas o da época em que éramos felizes). Mas não é por isso que Mion é bom. Mion é bom por culpa de Décio e Carmem; de Suzana e, claro; de Donatella e Stefano. Arrisco dizer que Mion é bom principalmente por causa de Romeo - o filho mais velho, cheio de carisma e doçura, uma verdadeira figura!

Romeo desperta dois lados de Mion: o do amor, que a gente sente transbordar para além da televisão e do Instagram. E o da sabedoria, que utiliza, aliás, muito bem para conscientizar as pessoas sobre os direitos que as pessoas portadoras de autismo têm, seja nas áreas da saúde, educação ou mesmo na prioridade em atendimentos.

Para quem duvida do poder de fala e luta de Mion, vale dizer: o cara conseguiu com que o Senado sancionasse uma lei que determina a criação da carteira nacional de identificação do autista, possibilitando esses direitos que citei logo acima. A lei leva o nome de Romeo Mion.

Mas também não é só isso. Mion tem um negócio que a gente quase não vê mais: transparência. Mas não essa de fachada, estou falando daquela que vem no DNA de poucos. Em um mundo dominado por egos e harmonização facial, o cara não tem vergonha de beijar o crachá e agradecer pelo novo emprego. O que muitos tentam construir ao longo dos anos, parece que veio de fábrica no caso do Mion.

Mion é necessário pra gente. Pra gente lembrar todos os dias que a vida é uma dádiva. Que rir é o melhor remédio. Que pais de filhos especiais têm sempre uma missão a mais. Com Mion a gente aprende que sonhar não tem a ver com idade, mas com disposição para realizar nossos sonhos - legado inegável de Xuxa também.

Em terra de mitos falsos e demônios, arriscaria dizer que Mion é quase anjo. Não o é, pois Mion é tão de verdade, mas tão de verdade, que não tenta ser perfeito. Ele só quer ser a melhor pessoa que pode nesses tempos difíceis. E pasmem: ele é.

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