sexta-feira, 11 de novembro de 2022

.: "Gal Costa - Eu sei que é assim", por Luiz Otero

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


Gal Costa deixou na música um legado rico e fértil. Sua partida inesperada deste mundo aos 77 anos na última quarta-feira não conseguirá apagar as sementes deixadas em seus álbuns. Considero impossível dimensionar o tamanho de sua influência como intérprete. Ela tinha um feeling único, aliado a um timbre agudo e extremamente afinado. Estava em um patamar diferente, assim como Elis Regina.

Minha primeira lembrança de sua voz vem da televisão, no ano de 1975, na abertura da primeira versão da novela Gabriela, cujo tema era cantado por ela. Anos mais tarde, ela passou a alcançar um público maior com discos que tinham hits como "Festa do Interior", "Balancê", "Açai", "Faltando um Pedaço," "Meu Bem Meu Mal" e tantos outros. Mesmo se rendendo aos apelos comerciais do mercado fonográfico na época, ela sempre conseguia se sobressair com interpretações marcantes, sempre acima da média.

Comecei então a pesquisar sobre a sua produção inicial, os discos dos anos 60 e do início da década seguinte. E me surpreendi ainda mais ao ouvir as pérolas gravadas em dueto com Caetano Veloso, como por exemplo a canção "Baby". Chamou muito a atenção o antológico álbum gravado ao vivo chamado "Fa-tal – Gal a Todo Vapor", que traz versões definitivas de clássicos como "Pérola Negra", "Vapor Barato", além de releituras tocantes de "Como Dois e Dois" de Caetano Veloso e de "Sua Estupidez", de Roberto e Erasmo Carlos. A dupla ainda ofereceria a canção "Meu Nome é Gal", que se tornou uma espécie de marca registrada nos shows da cantora.

A sua produção mais recente já não tinha o mesmo brilho de outras épocas. Muito embora ela como intérprete continuasse sendo a mesma Gal de sempre: afinada, mais madura e consciente de sua aura musical. E ainda continuava servindo como referência para intérpretes de gerações mais recentes, como por exemplo Marisa Monte.

Fica difícil imaginar a música sem algo novo da Gal para tocar nossos corações. Felizmente temos os seus discos para poder lembrar sempre daquela canção do Roberto e de tantos outros. Uma canção singela, brasileira, para lançar depois do Carnaval.


Não Identificado


Baby


Minha Voz, Minha Vida




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