quarta-feira, 30 de agosto de 2023

.: Entrevista: Mu Carvalho fala sobre A Cor do Som em Santos


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Um dos grupos mais respeitados na nossa MPB, A Cor do Som marcou uma trajetória de mais de 40 anos mesclando elementos de nossa música tradicional com diversos outros estilos, promovendo uma fusão bem interessante que chegou a tocar bastante nas rádios nos anos 70 e 80. De uma certa forma, a banda ajudou a abrir as portas para o movimento do rock nacional que tomaria de assalto a rádios durante os anos 80. 

O fato é que Mu Carvalho (teclados), Armandinho (guitarra), Dadi Carvalho (baixo), Ary Dias (percussão) e Gustavo (bateria) conseguiram criar uma sonoridade que se tornou uma marca registrada da banda. E continua a atrair um público fiel em todos os seus shows. Nesta quinta-feira, dia 31 de agosto, eles estarão no palco do Festival Som das Palafitas, do Arte do Dique, a partir das 15h00, tocando seus sucessos cantados e instrumentais. Em entrevista para o Resenhando.com, Mu Carvalho conta como está a fase atual da banda, que acabou de conquistar o Grammy Latino com um elogiado álbum instrumental. E dá a sua opinião sobre a longevidade da banda. “Acho que conseguimos criar juntos um tipo de som que nos definiu como músicos”.

Resenhando.com - Qual é a receita para manter a mesma formação da banda há mais de 40 anos?
Mu Carvalho - No nosso caso, há realmente uma amizade sincera. Eu e o Dadi somos irmãos de sangue. Mas nós consideramos Ary, Armandinho e Gustavo como nossos irmãos também. Agora, se não houvesse uma empatia musical, isso não teria durado tanto tempo. É fato que nós, juntos, conseguimos criar um tipo de sonoridade que se tornou uma marca registrada da Cor do Som. Se você ouvir a gravação do Hino de Duran com o Chico Buarque na trilha da Opera do Malandro, vai perceber logo que o acompanhamento é da Cor do Som.


Resenhando.com - Há uma lenda sobre o início da banda. É verdade que vocês começaram a cantar por imposição da gravadora na época (Warner)?
Mu Carvalho Não foi bem assim. Já havia algumas faixas que cantávamos no terceiro disco. Com o tempo, percebeu-se na gravadora que algumas canções poderiam ser trabalhadas nas rádios. Foi um processo natural, que amadureceu aos poucos.


Resenhando.com - O último disco, chamado de Álbum Rosa, ganhou um Grammy Latino, só com peças instrumentais no repertório. Como foi a repercussão dessa premiação?
Mu Carvalho Foi uma surpresa muito agradável. Há tempos tínhamos esse desejo de gravar composições instrumentais, incluindo a regravação de duas canções que só tinham sido lançadas no disco ao vivo em Montreux, de 1977. Além de outras que foram importantes em nossa trajetória. O Grammy serviu como um reconhecimento dessa nossa área instrumental. É sempre um estímulo para continuar desenvolvendo a carreira.

Resenhando.com - Para o show de Santos vocês vão tocar esse repertório instrumental?
Mu Carvalho Vamos fazer meio a meio. Teremos uma parte instrumental e no final tocaremos algumas canções que foram sucesso de nosso repertório. Hits como "Beleza Pura", "Abri a Porta" entre outros

Resenhando.com - Além de A Cor do Som, você trabalhou na Rede Globo como produtor musical. Como foi essa experiência?
Mu Carvalho Foi importante demais para mim. Fiquei lá de 1994 a 2021. Fiz peças musicais para várias produções da TV. Isso me deu uma experiência incrível.

Resenhando.com - Além disso, você trabalhou com vários outros artistas e bandas?
Mu Carvalho Assim com o Dadi, fui muito requisitado para gravações em estúdio. E teve uma turnê da Legião Urbana na qual participei como músico de apoio da banda. Lembro com carinho a recepção do Renato Russo, que colocou um tapete vermelho para minha chegada no ensaio. Ele confessou que ia nos shows da Cor do Som antes de tocar profissionalmente. O Dadi também integrou por um tempo o Barão Vermelho. Gravou até um disco com eles.

Resenhando.com - De uma certa forma, A Cor do Som abriu portas para aquela geração do rock nacional nos anos 80.
Mu Carvalho Abrimos portas e acabamos atropelados por todas aquelas bandas (risos). Mas é interessante notar que muitos daquela geração 80 falam com carinho de nossa música. Tem um documentário sobre a Cor do Som no Canal Music Box Brasil que confirma isso.

Resenhando.com - Vocês já tocaram várias vezes aqui, no litoral paulista. Lembra de alguma passagem que te marcou?
Mu Carvalho Lembro de um show que fizemos na praia, em Santos, no início dos anos 80. Eu estava com um teclado novo, que havia acabado de adquirir. Aí, no meio do show, alguém da plateia cismou de jogar areia para cima. Em pouco tempo era areia pra todo o lado. Quando voltamos para o Rio de Janeiro, levei o teclado no técnico que fazia a manutenção nele. E ele ficou assustado com a quantidade de areia que havia entrado dentro do instrumento. Nunca me esqueci dessa passagem. Mas é preciso dizer que o público do Litoral sempre nos recebeu de forma calorosa. Toda vez que tocamos aí é sempre um prazer enorme.

Resenhando.com - Vocês têm canal de comunicação na rede social?
Mu Carvalho A banda está sempre atualizando informações nos canais das redes. No Instagram, Facebook e YouTube é só acessar @acordosomoficial, Eu também tenho um canal no YouTube : @MooCarvalho.

Serviço:
Festival Som das Palafitas. Instituto Arte no Dique - Av. Brigadeiro Faria Lima - Rádio Clube - Santos. Horário: 15h. Entrada Franca

"Beleza Pura"

"Abri a Porta"

"Frutificar"

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