sexta-feira, 5 de abril de 2024

.: Entrevista: Zé Geraldo, o menestrel folk da MPB

Zé Geraldo. Foto: Paulo Higa/Divulgação

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


Mineiro da Zona da Mata e radicado em São Paulo há vários anos, Zé Geraldo construiu uma carreira que sempre se manteve bem próxima do público.  Mesmo longe da grande mídia, seus shows sempre foram procurados tanto pelos admiradores de seu trabalho como pelos que curtem uma música com mensagens reflexivas e interessantes. Com forte influência da música folk representada principalmente por Bob Dylan, ele conseguiu produzir um repertório que se tornou atemporal, cada vez mais atual. Ele se apresentará com sua banda neste sábado (6) a partir das 20h30 no Sesc Belenzinho, da Capital Paulista. Em entrevista para o Resenhando, Zé Geraldo conta detalhes de sua carreira e como desenvolve sua produção musical. “Minha música é feita com liberdade total”.


Resenhando - Seu estilo de compor é frequentemente associado ao rock rural, mas percebe-se outras influências em seus trabalhos. Quais foram suas referências na música?

Zé Geraldo – A minha primeira influência veio da música caipira tradicional, bem simples em termos de harmonia. Quando cheguei em São Paulo, percebi que essa música tinha algumas semelhanças com o rock. Então, quando comecei a compor e cantar, o saudoso Zé Rodrix falava que eu fazia rock rural. Já o Renato Teixeira dizia que minha música era folk. Aí então assumi essas características da influência do rock dos anos 60 e 70 e do blues, mesclando com a música caipira e, claro, tendo Bob Dylan como referência também.


Resenhando - Seus três primeiros discos contém canções que se tornaram clássicos (Como Diria Dylan, Milho Aos Pombos, etc.) de seu repertório. Essa produção autoral surgiu a cada disco mesmo ou você já tinha esse material produzido antes de grava-lo?

Zé Geraldo – Quando eu lancei meus três primeiros discos pela CBS, eu tinha uma quantidade boa de músicas. Daria até para gravar mais dois discos naquela época. Uma ou outra foi composta naquele momento, mas a maioria eu já tinha realmente pronta na minha sacola de versos.


Resenhando - A indústria da música vem mudando nos últimos anos. Como você analisa o quadro atual para o músico?

Zé Geraldo – Depois dos discos na CBS e dos dois da gravadora Copacabana, em me tornei um artista independente, apesar de ter discos distribuídos pela Gravadora Eldorado, por exemplo. A partir do momento que eu descobri que eu tinha uma legião de admiradores, isso salvou a minha carreira. Eu estava pensando seriamente em parar, depois que as gravadoras passaram a investir para tocar seus lançamentos. Nessa época eu fui deixado de lado. Então, quando percebi que tinha admiradores, virei as costas para o mercado e cai na estrada para levar minha música para o público.


Resenhando - Como funciona o seu processo criativo? O que vem primeiro, melodia ou letra? Ou vem os dois simultaneamente?

Zé Geraldo – Eu não tenho um modelo definido. Às Vezes vem um pedaço de letra que cantarolo ao violão. Na maioria das vezes eu escrevo a letra primeiro. Mas já tive momentos em que a melodia veio antes da letra. Na verdade, não tenho um esquema definido. Minha produção é com liberdade total.


Resenhando - Você também participou de festivais nos anos 70. Ainda há espaço para novos festivais na atualidade?

Zé Geraldo – Sim. Eu acredito que há espaço. Lembro dos festivais das emissoras de TV que foram importantes em suas épocas. Eu sempre aconselho os músicos iniciantes a tocar nos festivais, que ainda são um veículo eficaz de divulgação. Eu sempre procuro tocar em festivais, porque gosto muito daquele ambiente que se cria nesses eventos.


Resenhando - Em um de seus trabalhos tem parceria com o Zeca Baleiro. Fale sobre essa parceria e cite outros parceiros também

Zé Geraldo – O Zeca Baleiro era meu vizinho na Vila Madalena. Minha filha uma vez me disse que eu tinha que conhecer um músico, que veio do Maranhão. Um belo dia ele convidou minha filha para almoçar em casa e disse para me levar junto. Daí nasceu nossa primeira parceria. E já tem uma segunda pronta que lançarei em breve. Ele é um grande amigo e um talento raro na música. Mas tive outros parceiros, como o Mario Marcos, irmão do saudoso Antonio Marcos, o Antonio Porto, músico do Mato Grosso do Sul. Não são muitos parceiros, mas todos eles são muito especiais.


Milho aos Pombos


Como Diria Dylan


Cidadão



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