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quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

.: Pelo aniversário de Clarice Lispector, IMS lança curta com crianças


O curta já está disponível no canal de YouTube do IMS. Na imagem, Alice e Celeste em frame do curta-metragem A vida íntima de Laura

Nesta quarta-feira, dia 10 de dezembro, data de aniversário da escritora Clarice Lispector (1920-1977), o Instituto Moreira Salles lança um curta-metragem em homenagem a ela. No vídeo, que já está disponível no canal de YouTube do IMS, seis crianças recontam, atuam e ilustram a história do livro infantojuvenil "A Vida Íntima de Laura", publicado por Clarice em 1974.

O curta-metragem é fruto de um trabalho realizado durante este ano pelo Departamento de Literatura do IMS com estudantes da Rede Municipal de Ensino do Rio de Janeiro, unindo educação, literatura e arte, em três etapas. Na fase da preparação, cada criança recebeu um exemplar do livro, doados pela editora Rocco, e participou de uma atividade de leitura compartilhada; num segundo momento, discutiram a história com seus pais e mães em casa; já na terceira etapa - criativa e artística - elas fizeram um trabalho de encenação de algumas passagens da história e de ilustração de três cenas. São esses os desenhos que dão colorido ao filme, em uma releitura da história da galinha Laura.

O lançamento integra o projeto Hora de Clarice, criado em 2011 pelo IMS para celebrar o nascimento e o legado da autora. O projeto também faz parte das iniciativas para difundir o acervo de Clarice Lispector, sob a guarda do IMS desde 2004. O Instituto também mantém um site sobre a autora, com textos e materiais sobre a sua produção.


Serviço
Curta-metragem "A Vida Íntima de Laura"
Já disponível no canal de YouTube do IMS
Concepção: Bruno Cosentino e Eucanaã Ferraz
Direção: Laura Liuzzi e Bruno Cosentino
Montagem: Laura Liuzzi
Produção: Bruno Cosentino
Apoio: Editora Rocco


terça-feira, 9 de dezembro de 2025

.: Crítica: "Era Uma Vez Minha Mãe" retrata uma mãe zelosa e até sufocante

 

  "Era Uma Vez Minha Mãe" está em cartaz na Cineflix Cinemas de Santos


Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em dezembro de 2025


A comédia dramática "Era Uma Vez Minha Mãe", dirigida por Ken Scott ("Adeus Felicidade" e "Meus 533 Filhos"), exibida durante o Festival de Cinema Francês do Brasil de 2025, na Cineflix Cinemas de Santos, é a cinebiografia do advogado Roland Perez, fã da cantora e atriz búlgara-francesa Sylvie Vartan. Nascido com pé torto congênito em uma família numerosa, arrastando-se pelo chão de casa durante a infância, é levado pela mãe para tratamentos diversos que em nada resultam. 

Sem frequentar a escola, é diante da ameaça de perder o filho que Esther, a mãe (Leïla Bekhti), compra tudo de Sylvie Vartan e decide que o irmão irá ensinar o pequeno a ler. Embora tudo pareça uma confusão, o resultado surge por meio das canções de Vartan. Sem embarcar na ideia de que o filho somente poderia se mover com muletas, prótese ou em uma cadeira de rodas, após passar por tantos médicos e charlatões, Esther, esbarra na pessoa certa e capaz de reverter tal enfermidade.

Seguindo o desejo da mãe de ir para a escola andando, Roland frequenta os bancos escolares e até vira dançarino, apresentando-se em programas televisivos de grande expressão, o que possibilita o "primeiro encontro" do jovem com seu grande ídolo. No entanto, ele vai além e realiza uma entrevista, ficando cara a cara com Sylvie Vartan, até que se torna advogado dela. Vale destacar que a artista participa do longa.

Cativante, o longa que apresenta história verídica, consegue ir direto ao coração com uma mãe, com seus comportamentos sufocantes, mas capaz de mover mundos e fundos para que seu rebento possa ter uma vida sem grandes dificuldades. De fato, as realizações de Roland foram muitas e com Esther sempre apoiando. Filme imperdível!


O Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021. Para acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica no Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no GonzagaConsulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SAN.


"Era Uma Vez Minha Mãe"(“Ma mère, Dieu et Sylvie Vartan”). Classificação indicativa: 10 anos. Direção e Roteiro: Ken Scott. Elenco: Leïla Bekhti, Jonathan Cohen, Sylvie Vartan. Gênero: Comédia Dramática. Duração: 1h42min. Origem: França, Canadá. Ano: 2025. Sinopse: Uma história verídica sobre Esther, que promete ao filho Roland, nascido com pé torto, uma vida normal e maravilhosa, lutando para realizar esse sonho. 

Trailer de "Era Uma Vez Minha Mãe"



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"Foi Apenas Um Acidente" está em cartaz na Cineflix Cinemas de Santos


Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em dezembro de 2025


Uma família transitando num veículo, num lugar pouco iluminado e atropela um animal. Com problemas para seguir viagem, conseguem socorro de um morador próximo ao local, mas um reconhecimento confuso é capaz de tornar a trama de "Foi Apenas Um Acidente" cheia de reviravoltas e confusões. O longa franco-iraniano-luxemburguês dirigido por Jafar Panahi, nome reconhecido do cinema iraniano pós-Revolução de 1979 e tem sido associado à Nova Onda Iraniana, brinca com a dúvida em meio ao desejo de vingança e o humanismo.

Ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes, o longa foi gravado ilegalmente no Irã devido às restrições impostas ao diretor pela ditadura, em tomadas mais fechadas, a produção que soma 1 hora e 46 minutos de duração, expõe as emoções misturadas de torturados, prisioneiros do regime iraniano, diante de um homem que parece ter sido seu torturador e de uma peculiaridade: era manco. De fato, o ranger da prótese ortopédica surge nitidamente logo nos minutos iniciais, quando o homem desce do veículo para ver o que havia acontecido. 

Assim, o Perna de Pau, com sua outra perna ferida, nega veemente ser o tal torturador. Com a dúvida da maioria dos escalados para o reconhecimento imperando, sendo que foram vendados quando sofreram, instala-se o caos. Afinal, o receio de punir alguém que poderia não ser o vilão, de fato, protela qualquer ação definitiva. 

O filme que recebeu quatro indicações ao Globo de Ouro é bom e envolvente por entregar uma trama investigativa crescente, enquanto que também é repleta de medo de fazer justiça com as próprias mãos sem se ter certeza de quem foi capturado. Vale a pena conferir!


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"Foi Apenas Um Acidente"(“Un Simple Accident”). Classificação indicativa: 14 anos. Direção Jafar Panahi. Gênero: thriller, drama. Países de Origem: Irã, Luxemburgo. Duração: 1h 46. Distribuição: Imovision / MUBI. Elenco: Vahid Mobasseri, Mariam Afshari, Ebrahim Azizi, Hadis Pakbaten. Sinopse: O filme aborda a história de um mecânico que, após um encontro casual, acredita ter encontrado seu antigo torturador da prisão e planeja vingança, gerando dúvidas e tensão no processo. 

Trailer de "Foi Apenas Um Acidente"



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domingo, 7 de dezembro de 2025

.: Crítica: "O Apego" traça relações inesperadas que emocionam

"O Apego" está em cartaz na Cineflix Cinemas de Santos


Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em dezembro de 2025


"O Apego", drama dirigido por Carine Tardieu ("Os Jovens Amantes"), é sensível e cativante ao apresentar uma história que poderia acontecer com qualquer um, mas não da exata maneira como foi com a livreira Sandra (Valeria Bruni). A produção exibida durante o Festival de Cinema Francês do Brasil de 2025, na Cineflix Cinemas de Santos, soma 1 hora e 45 minutos de duração, mas capaz de mudar uma mulher ferozmente independente.

Sandra é vizinha de um casal, novatos no pedaço, mas que trouxeram com eles, um garotinho e um bebê na barriga. É justamente antes de dar a luz que a vizinha pede para que Sandra cuide do pequeno Elliott (César Botti). Contudo, uma tragédia acontece e Alex (Pio Marmaï, de "Os Três Mosqueteiros" e "O Próximo Passo"), volta do hospital sem a parceira. 

Sozinho e enlutado, desperta o sentimento de querer ajudar em Sandra, uma mulher que vive e trabalha em volta de livros. Com um toque delicado de literatura, a trama vai se desenhando, ao fortalecer laços de amizade e até intimidade, o que confunde muito o pai solteiro. Assim, surge na vida da família despedaçada a pediatra Emilia Demetriu (Vimala Pons, "Os Bastidores do Amor" e "O Livro da Discórdia"), ainda que Alex comece a relação com uma grosseria e sobre uma ponta de ciúmes em Sandra.

Sem sentimentalismo barato, "O Apego" é retrato encantador que apresenta cada passo evolutivo nas relações inesperadas, sem floreios ou inverdades após perdas que mudam destinos. Assim, a dose de realidade no filme faz também com que o público se apegue à história emocionante. Filme imperdível!

 

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"O Apego"(“L'Attachement). Direção: Carine Tardieu. Gênero: Drama. Duração: 1h45. Classificação: 12 anos. Nacionalidades: França, Bélgica.  Ano de Produção: 2024. Idioma: Francês. Distribuição: Bonfilm. Elenco: Valeria Bruni Tedeschi (como Sandra Ferney), Pio Marmaï (como Alex Perthuis), Vimala Pons, Raphaël Quenard. Sinopse: Sandra, uma mulher na casa dos cinquenta, ferozmente independente, vê sua vida mudar inesperadamente quando acaba por compartilhar, de repente e sem querer, a intimidade de seu vizinho de andar, Alex, e dos dois filhos dele.  Contra todas as expectativas, e à medida que ela se aproxima dessa família "adotiva", surge uma comovente e reflexiva história sobre laços inesperados e as complexas relações humanas. O filme aborda temas como amor, luto, família e paternidade com emoção e sutileza, levantando a questão de quem são eles para ela e quem é ela para eles. 

Trailer de "O Apego"



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.: Crítica: "O Estrangeiro" e a indiferença à vida, até mesmo à própria


  "O Estrangeiro" está em cartaz na Cineflix Cinemas de Santos


Por: Mary Ellen Farias dos Santos, editora do Resenhando.com

Em dezembro de 2025


O drama psicológico existencial "O Estrangeiro", dirigido por François Ozon, adapta clássico de Camus, por meio da apatia incompreensível do protagonista, Meursault (Benjamin Voisin, de "Ilusões Perdidas", "Almas Gêmeas"). Na Argélia dos anos 1930, enquanto enfrenta o julgamento após cometer o crime de matar um árabe com cinco tiros numa praia, a postura dele ao perder a mãe recentemente é misturada e determinante para a sentença recebida.

Exibido durante o Festival de Cinema Francês do Brasil de 2025, em cartaz na Cineflix Cinemas de Santos, o longa que provoca desconforto em preto e branco, soma 2 horas de duração, mantendo o mistério do romance, assim como uma fidelidade infiel ao texto original. O resultado é um filme primoroso que trata o existencialismo e a apatia do protagonista ao explorar temas como o absurdo da vida e a indiferença humana.

Benjamin Voisin na pele do protagonista brilha mais uma vez numa adaptação da literatura francesa, entregando com primor a essência taciturna desta obra-prima filosófica. Tem-se um Meursault que caminha naturalmente entre a complexidade moral e o vazio existencial, desde o velório da mãe até sua prisão e julgamento. Tornando-se um verdadeiro estrangeiro de si. 

Ao questionar a justiça e a fé por meio de silêncios impactantes ou raras palavras, "O Estrangeiro" consegue ser bem-sucedido, comprovando merecer a seleção para o Festival de Veneza (2025) e para o Festival de Cinema Francês do Brasil (2025). O longa tem ainda no elenco Rebecca Marder ("A Garota Radiante"), Pierre Lottin ("A Noite do Triunfo" e "A Fanfarra"), Swann Arlaud ("Anatomia de Uma Queda") e Jean-Charles Clichet ("Vizinhos Bárbaros"). Filmaço imperdível que é pura poesia e reflexão!


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"O Estrangeiro"(“L’Étranger”). Classificação indicativa: 14 anos. Ano de produção: 2025. Idioma: francês. Direção: François Ozon. Roteiro: François Ozon, Manu Dacosse. Elenco: Benjamin Voisin, Rebecca Marder, Pierre Lottin, Denis Lavant, Swann Arlaud. Distribuição no Brasil: California Filmes. Duração: 2h00m. Cenas pós-créditos: não.

Trailer de "O Estrangeiro"



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sábado, 6 de dezembro de 2025

.: Jafar Panahi reaparece mais afiado que nunca em “Foi Apenas Um Acidente”


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com
Foto: divulgação

A estreia de “Foi Apenas Um Acidente”, novo filme de Jafar Panahi, chega aos cinemas cercada de expectativas que ultrapassam a própria ficção. O longa-metragem, uma coprodução entre Irã, França e Luxemburgo, venceu a Palma de Ouro no 78º Festival de Cannes e se tornou, desde então, um símbolo de resistência artística em meio às restrições impostas ao cinema iraniano. Escritor e diretor do projeto, Panahi - que já foi preso diversas vezes e proibido de filmar pelo regime - volta agora com um thriller político que recupera o terreno moral e ético onde sua filmografia sempre encontrou força: o cruzamento tenso entre indivíduos, Estado e memória.

A trama acompanha um grupo de ex-prisioneiros políticos que acreditam ter reencontrado o próprio torturador, agora vivendo sob outra identidade. A partir desse encontro o filme constrói uma espiral de dúvidas, vingança e testemunho. O elenco encabeçado por Vahid Mobasseri, Mariam Afshari e Ebrahim Azizi sustenta, com naturalismo bruto, a tensão de um país ainda marcado por feridas que nunca cicatrizam. Panahi filmou clandestinamente, sem autorização do governo, e permitiu que suas atrizes atuassem sem o uso constante do hijab, gesto que já rendeu críticas internas e elogios internacionais. Segundo a AP News e a IndieWire, parte da força do filme está justamente em sua precisão documental: o espectador sente que a câmera registra algo que nasce da urgência, e não do mero desejo de ficção.

O filme provocou reações diplomáticas reais. Após a consagração em Cannes, o governo francês exaltou a vitória como “um gesto de resistência”, enquanto o regime iraniano classificou o comentário como “interferência flagrante”. O embate gerou notas oficiais, convocação de representantes estrangeiros e uma nova onda de apoio a Panahi entre artistas iranianos no exílio, como a vencedora do Nobel da Paz Narges Mohammadi, que definiu o filme como “um triunfo da arte diante da opressão”.

Lançado na França sob o título "Un Simple Accident" e apontado pela crítica internacional como um dos grandes filmes da década até agora - ocupando posição de destaque em listas da IndieWire -, o longa-metragem consolidou a volta de Panahi ao centro do cinema mundial. Com recepção crítica impressionante (97% no Rotten Tomatoes e 91 no Metacritic), “Foi Apenas um Acidente” chega ao Brasil como uma obra que não se limita à sua trama: é a própria biografia de seu diretor expandida no território da ficção. A história de um país é contada ali, na secura dos diálogos, na crueza das paisagens e no ranger da perna protética de um homem que pode ou não ser quem todos temem. Panahi transforma esse som em metáfora: o passado sempre volta, mesmo quando tentamos enterrá-lo.

  
Ficha técnica
“Foi Apenas um Acidente” | “Un Simple Accident” | “Um Simples Acidente” (em Portugal)
Gênero: Suspense/Thriller político. Classificação indicativa: 12 anos. Ano de produção: 2025. Idioma: Persa / Francês. Direção e roteiro: Jafar Panahi. Elenco: Vahid Mobasseri, Mariam Afshari, Ebrahim Azizi, Hadis Pakbaten, Majid Panahi, Mohammad Ali Elyasmehr, Delnaz Najafi, Afssaneh Najmabadi, Georges Hashemzadeh. Distribuição no Brasil: Mubi. Duração: aproximadamente 1h43. Cenas pós-créditos: não


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Cineflix Miramar | Santos | Sala 4
6/12/2025 a 10/12/2025 | Sessões legendadas | 18h00 e 20h40
Miramar Shopping | Rua Euclides da Cunha, 21 - Gonzaga - Santos/SP. Ingressos neste link.

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