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sábado, 28 de outubro de 2023

.: Entrevista: Andreza Luisa, a vencedora da sexta temporada do "The Taste Brasil"


Decisão ocorreu nesta quinta-feira, dia 26, no Globoplay e GNT. Os dez episódios estão disponíveis no streaming da Globo. Foto: Adalberto de Melo “Pygmeu”

"Uma chef pronta, com trabalho sólido". É desta forma que o mentor e chef Felipe Bronze descreve Andreza Luisa, a grande vencedora da sexta temporada do reality gastronômico "The Taste Brasil", que também trouxe Claude Troisgros e as estreantes Manu Buffara e Manu Ferraz no time de jurados. Com a participação do chef convidado Rafa Costa e Silva, o episódio final foi ao ar na última quinta-feira, dia 26 de outubro, no Globoplay e GNT.   

Andreza enfrentou a decisão ao lado de Barbara Hioki e Matheus Cunha. A ousadia de sua culinária e as suas determinação e habilidade na cozinha foram alguns dos diferenciais que a consagraram campeã da sexta edição do programa. “Ao longo da competição, o trabalho com ela foi mais no sentido de se desafiar mais, acreditar em si mesma e sair da zona de conforto”, avalia Felipe Bronze. 

Todos os dez episódios do "The Taste Brasil" estão disponíveis no Globoplay. Com produção da Moonshot Pictures, o programa está entre as variadas opções de realities do Globoplay, que possui títulos como "Big Brother Brasil", "Túnel do Amor" e, em breve, "Let Love", além dos realities gastronômicos "Que Marravilha!" e "Que Seja Doce" já consagrados no GNT, e disponíveis para assinantes Globoplay +Canais. Todos os tutoriais e detalhes dos pratos dos programas gastronômicos, incluindo tudo o que rolou nesta edição, também estão disponíveis no site e no app do Receitas. 

"The Taste Brasil" é inspirado no formato do "The Taste", programa desenvolvido por Kinetic Content LLC e distribuído por Red Arrow Studios International. Na entrevista abaixo, Andreza Luisa fala sobre a experiência de vencer o programa e revela seus planos para o futuro.


Qual é o significado que a gastronomia tem na sua vida? Como essa relação começou?
Andreza Luisa - 
A gastronomia é tudo na minha vida. Já são 12 anos de profissão e cada dia que passa eu me sinto mais pertencente a esse universo. Cresci vendo a minha avó cozinhar, fazendo biscoitos para vender. Eu participava de alguma forma, mas nunca enxergava a gastronomia como uma profissão. Certo dia, a caminho do cursinho pré-vestibular, quando estudava para Arquitetura, vi uma propaganda atrás do ônibus que me chamou muita atenção e algo dentro de mim despertou. Foi aí que eu decidi que a gastronomia era o meu destino.   


Como foi a experiência de participar do "The Taste Brasil"?
Andreza Luisa - 
Foi a experiência mais louca que já vivi na minha vida. Foi no programa que me descobri como profissional, que realmente defini quem é a "Andreza" e qual o caminho desejo seguir. Tive a certeza de que a culinária mineira é a minha raiz, o que eu amo fazer. Sempre que eu penso em surpreender com alguma coisa, é para esse viés que eu corro. Não tenho dúvidas de que o The Taste Brasil foi determinante na minha vida.


E de vencer a competição, sendo orientada pelo Felipe Bronze, um dos grandes nomes da gastronomia brasileira?
Andreza Luisa - 
Desde que entrei no programa, o meu desejo era integrar o time do Felipe Bronze. Eu admiro todos os quatro mentores na mesma proporção, mas me identifico bastante com o estilo da cozinha e a forma de trabalhar dele. Em um curto espaço de tempo, aprendi muito com o Felipe e foi sensacional a experiência. Eu não poderia ter escolhido melhor o meu mentor, aliás, ele que me escolheu, né?   


Você imaginava chegar tão longe?
Andreza Luisa - 
Entrei desacreditada de que eu era capaz. Não imaginava nem ter passado na seletiva, pois quando você se depara com 30 profissionais extremamente competentes e é natural que haja uma comparação. As coisas foram acontecendo, eu fui ganhando mais confiança, acreditando mais em mim, tanto que as minhas melhores colheres foram mais para o final do programa.   

Qual impacto que o programa teve na sua vida e quais são os seus planos daqui pra frente?
Andreza Luisa -
 O programa mudou a minha vida em tudo. Ganhei confiança, vi que estou pronta e sou capaz. Em dezembro abro o meu primeiro restaurante em São Paulo. As pessoas passaram a me admirar de uma forma diferente, já que no "The Taste Brasil" eu tive a oportunidade de mostrar não só o meu lado profissional, como também como mulher e como pessoa.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

.: Entrevista: André Souto fala sobre a construção da real condição do homem


André Souto
 é servidor do TJDFT (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios) e conhece bem as estruturas de segurança pública. “Sob a Luz Negra”, publicado pela editora Penalux, romance de estreia do autor, ambientado em Brasília, onde o escritor mineiro reside, apresenta um panorama do cárcere e violência urbana no país, provocando discussões sociais, políticas e existenciais. A obra está concorrendo ao Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional na categoria Romance - Prêmio Machado de Assis.

O assunto complexo é conduzido através da escrita descritiva de André em um livro que cerca um mundo negligenciado pela população – mas diretamente relacionado ao bem-estar comum. A leitura apresenta as "regras do jogo" entre policiais e bandidos, investigando a maldade humana, sem deixar a desejar no suspense e estabelecendo uma trama envolvente. Uma adaptação para o teatro está sendo preparada pela companhia “Fábrica Grupo de Teatro”, sob produção e direção de Wellington Dias, e será anunciada em breve. Confira a entrevista completa com o autor. Compre o livro "Sob a Luz Negra", de André Souto, neste link.


Se você pudesse resumir, quais são os principais temas da obra?
André Souto - Um casal vivendo em uma casa repleta de dispositivos de proteção e regras de comportamento angustiantes, mergulhados em relacionamento conturbado, no qual, apesar da obsessão para resguardá-los, ambos acabam obrigados a enfrentarem seus temores enquanto encaixam as peças de uma realidade assombrosa em uma mente perturbada. Em paralelo, seguindo o tema da condição humana que limita os indivíduos pelo medo das punições, a obra retrata o cotidiano dos agentes penitenciários (na época que se passa o livro; hoje são chamados de policiais penais) e dos mais temidos presos do Brasil, chefes de facções e outros, alocados nas unidades federais de segurança máxima brasileiras.


Por que escolher esses temas?
André Souto - Uma forma de retratar a partir do cotidiano de pessoas comuns os medos e anseios dos indivíduos dentro da organização do Estado e da sociedade conduzidos por punições que condicionam o comportamento em busca da pacificação e convivência necessária como uma forma de afastar os seres humanos de seus instintos selvagens que culminariam em conflitos constantes, chamado de estado de natureza pelo filósofo Thomas Hobbes, desencadeando a “guerra de todos contra todos”.

O que motivou a escrita de “Sob a Luz Negra”?
André Souto - Já tinha uma ideia sobre uma história na qual a selvageria humana e a sociedade fossem trabalhadas de forma ficcional aos moldes do pensamento de Thomas Hobbes a partir da citação: “O homem é o lobo do próprio homem” e todo o contexto de enfrentamentos disposto em "Leviatã". Desta motivação, tracei um drama psicológico (Thriller) em um enredo que permeia a tensão interna e externa de um casal, tentando se adaptar a um insólito protocolo de segurança, partilhando seus dias com os outros personagens que vivem sob as sombras claustrofóbicas da recém-inaugurada Penitenciária de Segurança Máxima de Brasília, enquanto encaixam as peças de uma realidade angustiante. A história, narrada por Oscar, um policial penal federal paranoico, que enxerga o mundo de uma maneira obscurecida que se estende para todos os lugares, é centrada no conturbado relacionamento entre o protagonista e Nina, uma jovem que luta contra um transtorno de saúde relacionado ao controle dos impulsos (tricotilomania que evolui para tricofagia). “Sob a Luz Negra” é, portanto, uma metáfora sobre verdades e evidências fora do espectro visível, onde nada é o que parece, descortinando até que ponto um ser humano é capaz de ir quando se torna uma ameaça à própria espécie, denunciando a atual tragédia da segurança pública brasileira e a saúde mental das pessoas.


Como foi o processo de escrita?
André Souto - O processo de escrita se deu acompanhado da preparação do original feita por Alba Milena e Mari dal Chico, ambas da Agência Increasy (onde o autor foi agenciado até 2020), as quais, após oferecerem um contrato de agenciamento literário ao autor em 2017, o auxiliaram a adequar o texto ao nível desejado pelas casas editoriais.


Que livros influenciaram diretamente a obra?
André Souto - "Leviatã", de Thomas Hobbes; "O Estrangeiro", de Albert Camus; "O Senhor das Moscas", de William Golding e "Ilha do Medo", de Dennis Lehane

Como você definiria seu estilo de escrita?
André Souto - Uma escrita realista em um ritmo envolvente, numa tentativa de alcançar uma eficiência narrativa cirúrgica, a qual surge somente após muita pesquisa sobre a temática e os cenários.


Como é o seu processo de escrita?
André Souto - Eu não tenho uma fórmula, mantenho uma rotina de escrita e pesquisa.


Você tem algum ritual de preparação para a escrita?
André Souto - Como ritual é manter um lema: se estou escrevendo sobre uma temática, as leituras são sempre correlacionadas ao texto em produção. Por outro lado, não tenho metas diárias, mas procuro escrever sempre.


Quais são as suas principais influências literárias num geral?
André Souto - Machado de Assis; Augusto dos Anjos; Alvares de Azevedo; Milton Hatoum; Patrícia Melo e Ana Paula Maia.


Você escreve desde quando? 
André Souto - Desde a adolescência.


Como começou a escrever?
André Souto - Seriamente, a partir de 2017.


Quais são os seus projetos atuais de escrita? O que vem por aí?
André Souto - Lançar o e-book "Anjos do Haiti" para concorrer ao Prêmio Kindle de Literatura de 2023. Além disso, estou produzindo um outro romance também se passa em Brasília e um livro de contos que retrata os conflitos do interior do Centro-Oeste. Quanto ao livro “Sob a Luz Negra”, temos programado um evento de lançamento em Goiânia, em outubro, junto do anúncio da adaptação da obra para o teatro por uma companhia daquela cidade. Garanta o seu exemplar de "Sob a Luz Negra", escrito por André Souto, neste link.

domingo, 15 de outubro de 2023

.: Entrevista: Fábio BeGi afirma que jovens podem aprender com a literatura


Depois de ter um sonho mágico e digno de um enredo fantástico literário, o autor Fábio BeGi recorreu à escrita para dialogar com os jovens sobre princípios. Para ele, a literatura precisa ser um refúgio seguro para que jovens possam aprender em um cenário repleto de desinformação. Na entrevista abaixo, o autor conta como construiu os personagens para levar ao público juvenil noções de amizade, respeito, empatia e bondade. Além disso, ele compartilha mais detalhes sobre o processo criativo da obra.

No livro de estreia, Fábio BeGi embarca em uma fantasia para lembrar o público juvenil que a literatura é um refúgio seguro para aprender. Foi o mundo onírico que inspirou o autor a escrever "Os Números de Ághora: Seven". Ele foi rememorando o que surgiu no inconsciente, sem pressa, com carinho e atenção aos detalhes, e assim deu vida aos personagens baseados na literatura fantástica e em pessoas da sua vida, para dialogar com os jovens.

Na história, a protagonista vai precisar contar com as características de cada um de seus amigos, como apoio, motivação e companheirismo, para vencer suas batalhas. Segundo o escritor, “é apenas na cooperação entre esses três que a aventura se torna uma jornada fantástica”. Nesse sentido, o enredo reforça os valores que Fábio deseja transmitir: amizade, empatia, respeito e bondade, em uma realidade cercada pelo mundo virtual, repleto de informação, mas também desinformação. O seu intuito com a obra é lembrar que a literatura é um lugar seguro para aprender sobre princípios. Confira a entrevista com o autor e compre o livro "Os Números de Ághora: Seven" neste link.


“Os Números de Ághora: Seven” conta a história de uma menina comum, que inicia uma aventura em um mundo fantástico. Como foi o processo de criação deste novo universo?
Fábio BeGi
 - Por vezes a criação de uma história surge das próprias experiências humanas, porém quando lidamos com a fantasia o caminho é quase sempre mágico. A inspiração surgiu de um sonho e, passo a passo, relembrando tudo o que me foi mostrado, as peças foram se encaixando e nascia Ághora. Para moldar os personagens me inspirei na literatura fantástica e suas personalidades emprestei de pessoas que fazem parte da minha vida. Nada foi feito às pressas, e cada pedacinho do todo foi tratado com muito amor e cuidado.

Você trata sobre valores humanos universais, como amor, amizade, empatia, bondade, respeito... Por que você decidiu abordar estes temas em uma obra voltada para o público jovem?
Fábio BeGi - 
A tecnologia nos fornece avanços fundamentais em muitas áreas, porém também pode ser um desastre se apenas utilizada para futilidades. Os mais novos têm acesso a um mundo tão amplo na internet hoje que muito dos aprendizados que guiam suas condutas de vida acabam vindo, em grande parte, de pessoas que só fazem “bobagens” no meio virtual. A leitura ainda é um refúgio seguro e inspirador para levar a todos os valores que realmente nunca mudam e são tão importantes. Se uma história puder atingir o maior número de pessoas possíveis, ela tem muito a repassar sobre todos esses valores fundamentais para a vida em sociedade.


Para salvar um reino fantástico de seus problemas, a protagonista conta com a ajuda de Chien, um pequeno guerreiro, e Sheeva, uma gata alada. Qual o papel desses personagens para a trajetória da personagem principal e também para o desenrolar da história?
Fábio BeGi - 
Costumo dizer que não vivemos isolados, mesmo que possamos nos sentir assim no dia a dia. A convivência é que nos molda e também nos transforma no que podemos ser, mas por outro lado pode nos afastar daquilo que poderíamos ter sido. Elaine é corajosa e inteligente, mas há em seus amigos peças fundamentais além de características próprias de cada um que são: confiança, companheirismo, apoio, motivação e o amor que os une. É apenas na cooperação entre esses três que a aventura se torna uma jornada fantástica e cheia de significado.


Esta obra é uma fantasia, mas que mensagens os leitores podem levar para seus cotidianos após a leitura?
Fábio BeGi - 
Que não estamos sozinhos e que podemos aprender muito com as diferenças que temos entre nós. Muitas pessoas não carregam uma mesma visão de mundo por diversas razões, porém mesmo as mais diferentes entre si podem ter muito em comum quando se permitem conviver com respeito e cooperação. A também jamais desistir mesmo quando tudo parece querer que você desista, quando a pressão parece insuportável e isso pode ser o final, mas com as pessoas certas ao seu lado o que parece ser um final é apenas uma pequena parte de uma longa história à frente.


No livro, uma mãe conta as histórias de Seven para os filhos antes de eles dormirem. Por que você optou por esta voz narrativa?
Fábio BeGi - 
A narrativa se dá em terceira pessoa e escolher alguém que viveu a aventura para contá-la é essencial para passar ao leitor o fato de que não é algo que fora inventado meramente para distrair as crianças. Mas a principal razão para a mãe passar aos seus filhos toda essa aventura só pode ser compreendida no final e não queremos dar nenhum spoiler antes da hora! Garanta o seu exemplar de "Os Números de Ághora: Seven", escrito por Fábio BeGi, neste link.

sábado, 14 de outubro de 2023

.: Entrevista: Bernardo Lobo traz "Bons Ventos" para a MPB


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

O cantor e compositor Bernardo Lobo, filho do consagrado músico Edu Lobo, lançou o CD "Bons Ventos", oitavo de sua discografia. Gravado em Lisboa, o álbum que leva o nome de uma canção inédita do artista carioca no título, marca os 30 anos de sua carreira. O produtor foi Marcelo Camelo, que participou da seleção do repertório e toca quase todos os instrumentos no álbum: guitarra, piano, baixo, bateria e percussão.Em entrevista para o Resenhando.com, Bernardo Lobo conta como foi o conceito de produção do disco, relembra passagens marcantes de sua carreira e explica como está sendo feita a divulgação desse novo trabalho. “A música é uma parte importante da minha vida”.


Resenhando.com - Como foi seu início na música?
Bernardo Lobo - A música sempre esteve presente em mim. Meu pai tocava as fitas e eu cantava. Mais tarde participei de dois discos dele: o "Jogos de Dança" e o "Grande Circo Místico", no qual participei do coro infantil. Na adolescência gostava de rock, reggae. E um pouco mais tarde comecei a fazer teatro. E foi o teatro que me trouxe de volta a música brasileira. Caetano. Gilberto Gil, Jorge Benjor, Djavan,  Edu (Lobo). Eu me apaixonei por esses mestres. Em uma turnê do meu pai, ele me levou junto como roadie e decidi que queria ser músico. Passei a fazer aulas de violão com a minha mãe e no segundo mês de aula eu já estava fazendo música. Logo depois fiz minha primeira gravação profissional no songbook do meu pai, editado pelo Almir Chediak. Daí em diante passei a fazer shows e não parei mais. Tive projetos com Chico Buarque, Paulinho Moska e quando me vi já estava totalmente envolvido com a música. Em 1998, fiz minha primeira fita demo com as minhas canções. E no ano 2000 lancei meu primeiro disco autoral


Resenhando.com - Quais são as suas principais influências musicais?
Bernardo Lobo - Inicialmente Caetano Veloso. Mais tarde Chico Buarque, Djavan e Milton Nascimento, Gilberto Gil, João Bosco, Ivan Lins, Dori Caymmi. Essas são minhas principais influências da formação musical.


Resenhando.com - Fale sobre a produção do novo disco.
Bernardo Lobo - Tive a ideia de chamar o Marcelo Camelo. E aí passamos a conceituar o que seria o disco. Ele escolheu oito músicas e a lista acabou ficando igual a minha. Queria um disco com as canções mais comunicativas. E acho que conseguimos atingir o nosso objetivo


Resenhando.com - Na sua discografia consta um disco com canções de Marcos Valle.  Como foi essa experiência?
Bernardo Lobo - Foi ótimo. Foi muito importante. Naquela época estava sem fazer nada. E um produtor de São Paulo me procurou depois de uma apresentação, me convidando para gravar esse disco. Quando estava gravando, me mudei para Portugal. E o Marcos Valle apareceu por lá. Desse contato resultou em uma parceria que fizemos e ainda faríamos outra canção. As duas por final para meus filhos. Não estava no script virar parceiro do Marcos, mas acabou acontecendo e foi algo incrível. Uma experiência gratificante da qual me orgulho muito.


Resenhando.com - Como é trabalhar com o Marcelo Camelo na produção?
Bernardo Lobo - Foi fácil demais. O Marcelo Camelo foi um gigante. Tocou vários instrumentos e me obrigou a tocar violão em todas as músicas, coisa que eu nem queria. Tinha intenção de trazer um violonista, mas ele (Camelo) disse que queria eu no violão. Acabei inclusive participando dos arranjos que partiam mesmo do meu violão. Foram dois meses de gravação sem uma única discussão.

Resenhando.com - Há planos para shows no Brasil para divulgar o álbum?
Bernardo Lobo - Sim. Devo me apresentar no Brasil em 2024, logo depois do carnaval. Tenho planos de shows em algumas capitais. Rio e São Paulo, com certeza estarão no roteiro.


"Bons Ventos"

"Na Palma da Mão"

"Arrebentação"

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

.: Entrevista: Rafael Martins fala sobre o segredo do thriller "Além das Lantanas"


Natural do interior de São Paulo, Rafael Martins lançou recentemente pela editora Patuá o romance “O Segredo das Lantanas”, que acompanha Humberto, um personagem que, por uma série de motivos, não consegue dormir. Partindo dessa premissa aparentemente banal, o autor, com uma linguagem crua e direta, busca chocar o leitor com acontecimentos inesperados e, ao mesmo tempo, provocá-lo a participar da construção da história, através de um mergulho em suas diversas camadas. O resultado: uma curiosa experiência de retrogosto na pós-leitura.

Rafael nasceu em Campinas, em 1982, no interior do estado, onde desde menino escrevia diários e contos em folhas de fichário. Hábito que permaneceu de alguma forma adormecido até a vida adulta. Já formado em direito e atuando como Procurador na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), resolveu se desafiar e entrar no mundo literário. O autor revela que em 2018 escreveu o romance “Água Turva”, porém não o submeteu a análise de nenhuma editora, pois reconheceu que sua escrita precisaria passar por um processo de maturação.

A partir daí, na busca de refinamento da própria escrita, estudou as obras de Assis Brasil, James Wood e Prose e incorporou à sua rotina de leitura um olhar mais atento às técnicas e construções narrativas. Amparado em um certo repertório, em poucos meses concluiu “O Segredo das Lantanas”, fruto de um progresso técnico e de um meticuloso planejamento prévio. Este processo deu ao autor um novo senso de si como escritor, que já planeja outras obras para um futuro próximo. Leia a entrevista completa com o autor Rafael Martins.


Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam? 
Rafael Martins - É um livro com muitas camadas de interpretação. Não há só um tema: ele passa por ressentimento, trauma, repetição de comportamento, recalque, abuso sexual. Em suma, diria que toca na complexidade humana. Imaginei que fossem temas que tivessem potencial de chocar, causar desconforto. Era o que eu queria.

O que motivou a escrita do livro?
Rafael Martins - 
Quis, em alguma medida, surpreender e chocar o leitor. Chocar com os temas abordados em suas diversas camadas e surpreender com um final, que exige uma certa perspicácia do leitor. É um livro que foi concebido para desafiar. Já assistiram "Clube da Luta" e "O Sexto Sentido"? O final desses filmes, geralmente, surpreende as pessoas. Fiquei tão boquiaberto que reassisti e tudo fez mais sentido. Quis fazer algo assim: tentei passar a perna no leitor. Alguns relatam que “ruminaram” o livro por dias, outros dizem que fizeram releitura… Enfim, é um livro que deixa um “retrogosto”. Ele fica na cabeça porque eu não entrega tudo. Creio que, até por uma questão neurológica, sei lá, ele persiste porque o leitor fica tentando buscar sentido, ligar as coisas… 

Como foi o processo de escrita?
Rafael Martins - 
Este livro foi todo planejado. Não tem nada por acaso, não é fruto de escrita espontânea, muito pelo contrário: é todo deliberado. Exemplo: quando digo que uma determinada personagem se cortava, usava roupa comprida, parou de jogar vôlei, etc, não é por acaso, tem motivo. O leitor pode perceber ou não, pois não se trata de um livro didático. O livro tem uma linguagem simples e fluida, e foi constituído para que o leitor compreenda, com facilidade, o que foi dito, mas, também, para que ele perceba um certo “não dito”. Ou seja, para que se leia o que não está escrito. As respostas não são dadas, mas sugestionadas.


Quais são as suas principais influências literárias?
Rafael Martins - 
Um pouco de tudo. Gabriel Garcia Márquez, Franz Kafka, Dostoiévski. E de brasileiros, Milton Hatoum, Sérgio Sant’Anna, Machado de Assis, entre muitos outros. Machado que particularmente foi algo que estudei para a escrita de O segredo das Lantanas.

Que livros influenciaram diretamente a obra?
Rafael Martins - 
Nenhum diretamente. Trata-se de uma narrativa ficcional, com arrimo na crueza da vida e nas observações do cotidiano. Mas, na construção do narrador, pensei no Machado de Assis. Tanto é que, com o avançar da leitura, o leitor passa a desconfiar do narrador.

Escreve desde quando? Como começou a escrever?
Rafael Martins - Nem sei precisar desde quando. Fui um menino muito tímido, então a escrita foi uma forma de expressão. Fazia diário, escrevia contos em folhas de fichário, essas coisas… Porém, tinha o péssimo hábito de começar um texto e não terminar. Já deixei muita coisa inacabada. No âmbito profissional, a escrita se tornou minha ferramenta de trabalho. Contudo, a elaboração de peças jurídicas, ao meu ver, se distancia do trabalho com literatura, seja na linguagem, nos mecanismos, nos objetivos… Isso, inclusive, foi uma questão que precisei me atentar. Por volta de 2018/2019 fui perseguido por uma ideia. Comecei a escrever, sem técnica, sem planejamento, sem muito compromisso. Fui até o fim, pela primeira vez, e concluí um romance intitulado Água Turva. Não conhecia nada sobre o mundo literário/editorial, aí recomendaram-me submeter o livro a uma leitura crítica. Foi o que fiz. O leitor fez tantas críticas negativas - e com razão - que abandonei o projeto. Depois desta experiência, senti necessidade de estudar escrita. Não fiz oficina, pois, na época, não encontrei nenhuma em minha cidade, mas li muita coisa, dentre elas, cito Assis Brasil, James Wood, Prose. Assim, o Água Turva foi um livro de transição, diria: transição de um leitor para um escritor e de uma escrita amadora para uma mais técnica. A partir dos apontamentos do leitor crítico, do estudo sobre escrita e da mudança da minha própria leitura (agora mais atenta à construção), consegui desenvolver um trabalho mais técnico, com preocupação com linguagem, enredo e personagens. Assim, em poucos meses, nasceu O Segredo das Lantanas.


Como você definiria seu estilo de escrita?
Rafael Martins - 
Difícil dizer. Mas tento trabalhar com uma linguagem simples, seca, sem excessos e sem censura. É meio paradoxal, mas escrever fácil é muito difícil. Em minha primeira experiência com escrita literária (Água Turva) esse foi um ponto destacado pelo meu leitor crítico. Em alguns momentos o texto ficou rebuscado, complexo, fruto do meu contato diário com o “juridiquês”. Trabalhei bastante isso: desde a escolha semântica até a construção da frase. O resultado foi um livro (O Segredo das Lantanas) complexo, mas com linguagem fácil e corrente. Leitores relatam que leem com muita facilidade, avançam no enredo até com certo prazer, espero que proceda (risos).

Como é o seu processo de escrita?
Rafael Martins - 
Este processo ainda está em desenvolvimento, claro. Mas, após formular a ideia inicial, procuro estabelecer qual será o objetivo do livro: chocar, emocionar, fazer rir? No caso de O Segredo das Lantanas, foi chocar (tenho um original guardado que o objetivo é emocionar, causar reflexão, por exemplo). Tendo o objetivo definido, a construção deverá manter coerência com a finalidade. Passo a desenvolver a ideia ainda numa fase mental, até ter noção do desfecho. Atualmente, nem começo a escrever se não souber aonde quero chegar. Pois, tendo ideia do final, o caminho para se chegar ao resultado fica mais fácil e coerente. Este processo de maturação da ideia não tem prazo determinado. Só quando a ideia está madura, dou início ao processo de escrita. Diria que perco mais tempo no planejamento do que na execução propriamente. Claro que, neste interregno, faço muitas anotações e áudios no celular, para não esquecer. É até uma forma de deixar a ideia sempre viva. Terminada a primeira versão, guardo o arquivo e inicio outro projeto de escrita. Isso gera um distanciamento, quase um “detox”. Após meses sem contato com o texto inicial, faço uma releitura (que não estará mais viciada), realizo correções, ajustes, cortes de excessos… Após a revisão, submeto o texto a uma leitura crítica e a leitores próximos. Se fosse para fazer uma metáfora, diria que parece com o processo de fermentação de pão. Às vezes precisamos ter paciência e deixar a massa crescer, para conseguirmos um resultado satisfatório.

Você tem algum ritual de preparação para a escrita? Tem alguma meta diária de escrita?
Rafael Martins - Sem ritual e sem meta. O que faço é manter a constância. Escrevo todas as manhãs. Acordo muito cedo, às 4h50, vou para a academia e corro. Durante a corrida já vou pensando sobre o que escreverei. Faço, praticamente, uma construção mental. Quando chego em casa, não é raro sentar em frente ao computador (todo suado) com um parágrafo já pronto na cabeça. Aí é só questão de digitar. Meu tempo é curto, algo em torno de 45 minutos, pois logo na sequência vou para o trabalho. À noite não consigo escrever e por uma série de motivos: chego com a cabeça cansada, preciso dar conta das demandas domésticas e familiares: banho nas crianças, jantar, colocar para dormir, são três filhos, a coisa aqui funciona na “força-tarefa” (risos). Então, só tenho a manhã. Tem dia que sai uma página, em outros saem um parágrafo, mas pode ocorrer de não sair nada, no máximo a revisão de parágrafo do dia anterior. E assim vou construindo, aos poucos, mas com constância. Consigno que, em geral, não tenho problema de inspiração: o problema é a falta de tempo mesmo. Porém, acredito que é justamente esta correria que me inspira, que me serve de matéria prima. Talvez se eu tivesse muito tempo disponível a página em branco poderia me assustar.

Quais são os seus projetos atuais de escrita?
Rafael Martins - Tenho um romance engavetado (em processo de descanso e fermentação, aguardando releitura e ajustes), que tratará da relação complexa entre pai e filho. Atualmente, escrevo um livro de contos.

Adquira “O Segredo das Lantanas” através do site da Editora Patuá: https://www.editorapatua.com.br/o-segredo-das-lantanas-de-rafael-martins/p

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

.: Entrevista: Martina Sohn Fischer fala sobre atravessamentos poéticos

Estreia poética da escritora e dramaturga Martina Sohn Fischer, o livro “O que Estive Fazendo Quando Nada Fiz” é uma obra que propõe um diálogo entre as pulsões de vida e morte a partir de um reconhecimento sensível da própria voz e dos desejos, luzes e sombras - que fazem parte da composição de um eu-lírico demasiado humano. Publicada pela editora Urutau, a obra conta com a orelha assinada por Dione Carlos, roteirista, atriz, curadora e também dramaturga. 

A morte, o amor, a depressão, a mania e as marcas que ficam são os temas centrais da obra. Focado no tempo e em todos esses atravessamentos possíveis, a obra reúne poemas que começaram a ser escritos em 2017, quando a autora vivia momentos difíceis. Diagnosticada recentemente com Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), a autora, que já fazia análise por mais de dez anos, coloca na escrita sua subjetividade, promovendo um encontro de sensibilidades - fator ressaltado na orelha como um supertrunfo da escritora, e tem como origem a intencionalidade e também o método criativo utilizado: a associação livre e a escrita dos sonhos. 

Também nesse sentido, Dione Carlos afirma que há na poesia de Martina uma voz inflamada de uma mulher guiada por paixões que ela sequer tenta controlar. E isso, segundo a atriz e dramaturga, corporifica emoções e permite que elas modifiquem sua forma, além de transformar a do leitor que, a partir do que ela constrói, abraça a própria sombra e dá a ela algumas funções.

Natural de União da Vitória (PR), que faz divisa com Porto União (SC), a escritora, dramaturga e poeta viveu grande parte da sua vida entre as duas cidades. Formada em psicologia, reside em Curitiba, capital paranaense, desde 2011. Teve três peças encenadas: “Aqui”, por Club Noir (SP), “Casa de Inverno”, por Artrupe (AM) e “Coração de Baleia”, por Ateliê 23 (AM). A peça “Aqui”, publicada pela editora 7Letras, obteve uma crítica na Folha de S. Paulo por Luiz Fernando Ramos. Martina também já escreveu contos para o site Caos Descrito, revista Jandique e Mathilda Revista Literária. Leia a entrevista com Martina Sohn Fischer na íntegra.


O que motivou a escrita do livro? 
Martina Sohn Fischer - São poemas que venho escrevendo desde 2017, então cada um tem um tempo e juntos fazem um tempo próprio da obra.


Como foi o processo de escrita?
Martina Sohn Fischer - Escrevia eles quando nada mais podia fazer frente a situações difíceis, os poemas foram minha forma de criar uma existência possível, mesmo desejando o próprio desaparecimento. É sobre pulsão de morte, mas pulsão de vida também. É sobre depressão mas é também sobre um olhar lírico que invade o dia para que seja possível vivê-lo.

Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam?
Martina Sohn Fischer - Tempo, morte, vida, amor, depressão, mania, marcas, erotismo, suicídio. Mas acho que o mais central mesmo é como o tempo atravessa tudo isso. Um corpo que atravessa o tempo. Hora querendo morrer e hora vivendo, porque a vida seduz. A morte também, mas disso não escapamos. A sedução da vida, do que é vivo, é poético e precisamos de tempo, de pausas, de olhos em todos os órgãos pra poder sentir e perceber.

Por que escolher esses temas?
Martina Sohn Fischer - Só escrevo sobre o que me atravessa, a escrita é meu modo de sobreviver. Escrevo para morrer um pouco mais devagar. Escrevo para poder aproveitar as sensibilidades do corpo, para poder habitar a loucura sem que ela me consuma. O que me empolga muito é quando a escrita circula, se movimenta a partir de um outro que lê. É muito delicado, pois é partilhar da minha loucura, de algo que na maioria das vezes me faz mal, me dissocia, me perturba, mas tenho relatos de leitores que se identificam e que se sentem acompanhados nessa loucura, podendo juntos (leitor e obra) encontrar uma saída possível, um retorno e um fundar a vida de cada dia, com e apesar da loucura. Quando digo loucura, isso pode ter várias formas, a mais recente é que fui diagnosticada com Transtorno Afetivo Bipolar. Fiz análise por 11 anos, até eu vivenciar uma crise muito pesada de dissociação e agora preciso tomar remédios. Tenho lutas diárias com os medicamentos, mas é uma das coisas que me ajuda muito, poder entender e separar as coisas, me encontrar com uma outra versão de mim, encarar o que é sintoma e o que sou eu, mesmo que a cada dia isso se transforme. Tenho um histórico familiar intenso de transtornos mentais e eu não percebi que também sofria de um. Levava a minha análise como garantia de nunca sucumbir, me equivoquei e no mundo não existe garantia para nada mesmo. Entende porque escrevo? É para tentar me livrar de muita coisa, para elaborar, para fazer luto, para me conectar com o outro. Em vários momentos me inspiro com alguém, com alguma palavra dita, um gesto e escrevo incansavelmente sobre essa paisagem. Mostro para a pessoa, fico atenta às reações, quase como quando a gente grita num lado de um penhasco para ouvir um eco, uma outra voz que nos retorna: “Também há vida e morte aqui, sigamos”. Muitas vezes sou invasiva, faço do outro algo meu ou vice-versa, é difícil perceber os limites do que escrevo. 

Como você definiria seu estilo de escrita?
Martina Sohn Fischer - Poética e por livre associação.

Quais são as suas principais influências literárias? 
Martina Sohn Fischer - Clarice Lispector, Mia Couto, Assionara Souza, Virginia Woolf, Sylvia Plath, William Faulkner, Sarah Kane, Hilda Hilst. Clarice e Mia revolucionaram minha forma de ler e escrever, Com Clarice eu consigo fazer da minha própria cabeça uma casa inteira que se transforma constantemente em paisagens íntimas espetaculares, em alguns momentos é maravilhosamente insuportável e eu preciso levantar a cabeça do livro pra lembrar onde está a minha cabeça, meus braços e pernas. E com o Mia, as paisagens saem e percorrem a terra de dentro pra fora, fazendo e se desfazendo a cada passo, pode surgir uma árvore, um rio inteiro, uma cova e um número infinito de bichos e gente. Eu considero as músicas que eu ouvia desde muito nova como influências literárias também, sempre prestei muita atenção nas letras de Rita Lee, Renato Russo, Arnaldo Antunes, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Maria Bethânia, Belchior. Eu ficava e fico impressionada em como cada palavra e frase toma o corpo, sempre me fazendo olhar pra um canto em mim que é mais de fora do que de dentro, e isso significa um alívio, poder ser insignificante, poder olhar o universo e esquecer do próprio corpo, se espalhar como um grão de areia numa praia toda sentindo a repetição de eras das ondas.

Que livros influenciaram diretamente a obra?
Martina Sohn Fischer - Todos que eu já li, mesmo os que eu não gostei. Fica tudo na cabeça e na hora de escrever tudo isso me influencia de algum modo e crio com tudo isso. Parece exagero, mas acho que o próprio processo de escrever é que vai deixando algumas coisas irem embora e outras se transformarem, de influências, inspirações e o que não inspira também.

Você escreve desde quando? Como começou a escrever?
Martina Sohn Fischer - Desde os 12 anos. Mas fui escrever seriamente quando tinha 16, 17 anos. Tenho a lembrança nítida da primeira palavra que li inteira e sozinha: era o nome do carro (Santana) do meu recém falecido “Opa” (avô, em alemão). Depois nunca mais parei de ler e pensar que todos aqueles símbolos traduziam o mundo que eu habitava. Foi como receber uma chave muito secreta e maravilhosa. Mas antes ainda de ler palavras escritas, eu também passei por um momento de descoberta quando comecei a usar óculos. Fiquei chocada que o que eu via eram imagens distorcidas e nebulosas. Comecei a usar óculos um pouco antes de ler e julgo que eu comecei a escrever com os olhos. Lembro de narrar pequenos e grandes momentos e cenas e paisagens que eu presenciava, coisas que me emocionaram e até hoje escrevo sobre algumas dessas paisagens que narrei pra mim mesma, antes mesmo de ler palavras. Eram coisas como: o sabiá pisando com suas patinhas finas na grama recém-molhada pela chuva, catando minhocas, gravetos e fazendo ninho em alguma árvore secreta. O sol saindo tocando minha pele fria pela sombra, o farfalhar das árvores acima de mim, o cheiro úmido de terra e grama, o cheiro do pássaro, o rastejar dos caracóis. Depois, a água da mangueira molhando a calçada quente, eu deitando na poça quente, aquecendo meu corpo, braços e pernas abertas, o sol cegante. A música da paisagem toda permanece até hoje desenhada em toda minha pele, ouvidos, olhos, nariz e boca. É um corpo vivo, é erótico porque cada elemento desses me atingia de forma erógena, fazendo borda do meu corpo, fazendo marca. Esse é um dos exemplos de quando eu escrevia com os olhos. 

Como é o seu processo de escrita?
Martina Sohn Fischer - Trabalho muito com associação livre, escrevo muito partindo de sonhos também e depois retorno aos textos revisando e excluindo muitas coisas. Gosto de escrever partindo de fotos, ilustrações, cenas que colam na cabeça, cheiros e toques. Acho que minha escrita é bastante erótica sem necessariamente usar do sexo somente, mas também de um corpo erógeno que vive e que morre constantemente. Ando obcecada por uma frase de “A Maçã no Escuro”, de Clarice (Lispector), quando me deparei com essa frase disse: vou escrever um livro inteiro para essa frase! Meu processo é bem megalomaníaco em muitos momentos - para mim, escrever um livro tem esse lugar: é muita coisa, é coisa demais e ele se manda. Então, em muitos momentos, é um certo alívio desse egocentrismo, é um livro que se escreve e é preciso respeitar isso. 

Você tem algum ritual de preparação para a escrita?  
Martina Sohn Fischer - Normalmente escrevo todos os dias, mas às vezes passo por períodos de reclusão criativa e escrevo pouco ou quase nada.


Tem alguma meta diária de escrita? 
Martina Sohn Fischer - Minha meta é sempre escrever mesmo que seja só coisa ruim. Não sou muito disciplinada e escrevo em qualquer lugar. Algumas vezes escrevo para exorcizar momentos, paixões, tesão, tristezas, euforias, idealizações, não sei. Escrever faz função quase que biológica em mim, claro que depois trabalho em cima pra fazer laço com outros, não agradar, mas acho que o que eu sempre penso é que quando eu leio autores, eu acabo ficando louca pra escrever mais e mais. É quase uma comida, uma água, que incita o corpo e a cabeça a trabalhar, então acho que eu não fico excessivamente pensando no que eu quero causar, mas sim nesse laço em forma de pacto obscuro que talvez faça o outro dizer e sentir que quer fazer arte também.

Quais são os seus projetos atuais de escrita?
Martina Sohn Fischer - Outro livro de poemas, tenho o mapa de um romance e gosto também de trabalhar com contos e peças. É sempre difícil saber o que vai sair, no romance eu tento trabalhar de forma mais consistente, mas acho que em alguns momentos prefiro ser mais livre e dinâmica mesmo. O que mais me vem são poemas, gosto de chamar de pequenos textos também. Mas já comecei um romance que terminou em peça, já comecei um poema que terminou em conto, e assim vai. Sendo mais objetiva: quero que o romance ande mais e fique mais consistente. O livro de poemas vou escrevendo, estou com um projeto que chama “Janelas” em que escrevo a partir de uma foto, um desenho. No momento tenho lançado esse projeto no Instagram, tem sido legal. No primeiro “Janelas” eu escrevi a partir de uma foto minha, depois escrevi poemas partindo de duas fotos de uma grande amiga que se chama Fernanda Motta e o último, até então, parti de uma foto de Celina Ishikawa e esse foi legal também que a Celina escreveu a partir de uma foto minha! Então dá para se aventurar bastante nesse projeto. Ele chama Janelas porque eu ganhei de uma amiga-irmã uma ilustração de quando éramos crianças e subimos no telhado do chalé em que eu morava, e a visão da ilustração é de dentro do quarto dos meus pais. Fiquei muito emocionada quando ganhei porque interpretei a gente ali, olhando outros terrenos, outras casas, outras árvores e o céu estrelado como um respiro da novela familiar, uma saída (pela janela) possível para viver a própria vida. 

domingo, 1 de outubro de 2023

.: Entrevista: Danilo Brandão e a escrita como a soma da forma e do conteúdo




Lançado pela editora Mondru, “Até a Última Gota” é o segundo livro do escritor e jornalista paulistano Danilo Brandão. É um mergulho honesto nas profundezas da vida das pessoas ao longo de quatro histórias cruas e autênticas. É metódico e audaz quando expõe a intimidade de seus personagens em casos que remetem ao que o Brasil se tornou nos últimos dez anos, jogando sobre a mesa discussões não apenas atuais, como também pertinentes, perpassando temas como desigualdade social, crise dos refugiados, machismo e transfobia, que se cruzam com questões intimistas como o luto, desejo e rancor. As narrativas que compõem a coletânea se encontram no conflito entre os dramas pessoais de suas protagonistas e os problemas que estão na ordem do dia da sociedade.

Danilo Brandão nasceu em São Paulo, em 1996. Estreou na ficção com o livro de contos "Tempos Ainda Sem Nome" (editora Urutau, 2022). "Até a Última Gota" é o seu segundo livro. Já publicou contos e reportagens em diversas revistas, sites e jornais especializados em literatura. Entre eles, as revistas Piauí,  Gueto, Lavoura, jornal Relevo, Ruído Manifesto, etc. É formado em jornalismo pela Universidade Estadual de Londrina e faz mestrado em Literatura pela Universidade Federal de São Paulo. Atualmente vive em São Paulo e trabalha como redator e roteirista. Confira a entrevista completa com o autor, abaixo.


O que motivou a escrita de “Até a Última Gota”?
Danilo Brandão -
O que eu mais gosto na escrita é justamente o processo de construção do texto. Essa etapa talvez me interesse mais do que o resultado, o livro em si. Tenho, por conta disso, um forte diálogo com as artes plásticas e gosto de estudar os diferentes métodos de criação. Nesse livro em específico, cada um dos quatro contos foram compostos de uma forma diferente. Tem um que parti de uma imagem e escrevi sem nenhuma pausa, um processo de tentativa de mimetizar a escrita automática. Outro que planejei escrever uma página por dia. Sempre partindo de uma frase de um poema, o desafio era tentar unir a partir do fragmentário, deixando frestas para o leitor completar. Em outro parti da leitura de um livro inteiro e tentei dialogar cada capítulo como uma espécie de resposta a afirmações desse livro. E por aí vai. Ou seja, eu tentei planejar justamente os processos. Era esse estudo que me interessava. As diferentes formas de construir um texto literário. Como uma espécie de performance mesmo. Alguns eu consegui. Outros nem tanto. E o que me motivou a fazer esse livro é justamente unir esse meu desejo de sempre estudar os métodos do fazer literário com discutir questões que considero importantes, de grande valor para a contemporaneidade.


Se você pudesse resumir, quais são os principais temas da obra?
Danilo Brandão - Em relação ao conteúdo, o livro se debruça sobre alguns temas muito contemporâneos. Tanto em relação ao social (ao grupo) quanto em relação ao pessoal (individual). Dentro dos contos, tem discussão sobre etarismo, o efeito das redes sociais, solidão, preconceito contra imigrantes no Brasil, transfobia, preconceito religioso, etc.

Por que tratar deles?
Danilo Brandão - Pra mim, literatura é sempre a fórmula forma+conteúdo. E, nesse caso, a ordem dos fatores é importante. Por isso, os temas aparecem porque o forma aceita. Claro, como autor estou inserido em uma sociedade que discute esses temas. É mais fácil encaixá-los em meus textos. Eles aparecem de forma quase natural nas falas dos meus personagens, em suas questões internas. Tudo fica muito natural. Os medos, preconceitos, paradigmas deles são os que escuto por aí. Estão em jogo. E devem ser discutidas.

Quais autores você considera suas referências?
Danilo Brandão - Eu costumo colocar nomes como Ariana Harwicz, André Sant’Anna, Thomas Bernhard Lourenço Mutarelli, Elvira Vigna, Veronica Stigger, Raduan Nassar, Clarice Lispector, Silvana Ocampo, Ricado Piglia e Borges como minhas principais influências. Não exatamente por meus textos estarem sempre em diálogo com esses autores. Mas por serem aqueles que mais me ajudaram a encontrar a minha própria voz. Por eu ter me identificado com os seus projetos. E a minha dicção atual ser o resultado dessas leituras.

Quais obras influenciaram diretamente a produção do livro?
Danilo Brandão - Esse livro tem uma construção curiosa porque cada conto dialoga com uma obra específica. Claro que essa influência/referência aparece escondido nos textos. E em cada um de uma forma. Mas posso citar: Uma arte: as cartas de Elizabeth Bishop, O pai da menina morta (Tiago Ferro), Os cus de judas (António Lobo Antunes) e Testemunho transiente (Juliano Garcia Pessanha). Os quatro contos partem de imagens, versos, vozes que estão dentro desses livros. É uma tentativa de diálogo/resposta.

Como você definiria seu estilo de escrita?
Danilo Brandão - Pessoalmente, eu acredito que a literatura é uma fresta. É uma pequena rachadura pela qual podemos enxergar as questões humanas. Por isso, o que eu mais gosto de fazer é deixar essa fresta aberta. Dar todo o poder para o maior agente da literatura escrever a sua própria história: o leitor. Para isso, eu construo histórias que costumam ser fragmentárias, com frases soltas e curtas. Com descrição ilimitada e que tenha uma certa carga de subjetividade. Acredito que sejam as maiores características da minha escrita.

Como é o seu processo de escrita?
Danilo Brandão - Gosto de construir um processo para cada livro que vou escrever, para cada história. O meu processo é justamente se preocupar com os processos. Estudar novas formas de escrever, partindo de uma fotografia, uma música, um poema. Um frame de um filme. Vale tudo e eu já tentei muitas coisas. Mas nunca será igual a anterior.


Você escreve desde quando?
 
Danilo Brandão - Eu escrevo de forma sistemática desde os meus 17 anos. Sempre tive um interesse muito grande por histórias. De diferentes formatos. Teatro, desenho, filmes, pintura. Precisei de um tempo para entender qual seria o melhor formato para mim. Qual seria o melhor formato para contar as minhas próprias histórias. Foi quando encontrei a literatura no ensino médio. Senti que teria muita liberdade para criar, visto que tudo que precisamos para fazer literatura é um papel e lápis.


Como começou a escrever?
Danilo Brandão - Comecei a ler tudo que caia na minha mão e a me interessar cada vez mais pela história da literatura e suas mais diversas vertentes. E assim que entrei na faculdade, comecei a rascunhar meus primeiros contos. Levou um tempo para ficar satisfeito com o primeiro. Mas, desde então, não parei mais de escrever.

Você tem alguma meta diária de escrita?
Danilo Brandão - Justamente por essa mutação de processos que comentei acima, não tenho nenhuma meta diária nem ritual específico. Já tentei muitas coisas. Mas não me preocupo com isso. A literatura está sempre em mim. Todos os dias. Então, não tenho nenhum tipo de receio de ela sumir. Estou sempre montando projetos, mas nem sempre executando novas histórias.

Como foi a sua aproximação com a editora? Como foi o processo de edição?
Danilo Brandão - Eu já sabia do cuidado que a Mondru tem com a identidade visual dos livros. E eu queria muito poder trabalhar esse aspecto em diálogo com os textos nesse segundo livro. Por isso eles estavam no meu radar. Eu entrei por meio de um edital. Eles abriram chamada para autores de todo o Brasil e resolvi arriscar. Deu certo. O processo de edição foi tranquilo. Algumas reuniões para aparar algumas questões do texto e, principalmente, para definir a capa e as artes internas.

Quais são os seus projetos atuais de escrita?
Danilo Brandão - Atualmente, estou no processo de escrita do meu primeiro romance. Ainda está bem embrionário, mas já defini alguns aspectos importantes. E a primeira versão avançada. Além disso, estou no processo de revisão da minha primeira peça de teatro e de um roteiro para um curta-metragem.

domingo, 24 de setembro de 2023

.: Entrevista: Olivia Araújo fala sobre o retorno de Maria Navalha em "Fuzuê"

 


Na imagem, Maria Navalha (Olivia Araújo) nos bastidores do Beco do Gambá. Foto: Globo/Estevam Avellar


A preocupação de Luna (Giovana Cordeiro) com o sumiço da mãe chegará ao fim em "Fuzuê". Na novela, Maria Navalha (Olivia Araújo), desaparecida há um ano, resolve voltar ao Bairro de Fátima. A decisão surge após a ex-cantora da Lapa ver uma propaganda sobre a reabertura do Beco do Gambá, que traz, como uma das principais atrações, a sua grande rival, Rejane Miranda (Walkiria Ribeiro). 

Sem ser vista, Maria Navalha chega ao bairro bem arrumada e portando apenas uma mala de mão, cujo conteúdo ajuda a explicar o motivo do seu desaparecimento. Enquanto isso, nos bastidores do Beco do Gambá, Luna tenta acalmar Rejane, que foi "presenteada" com um buquê de flores acompanhado de uma navalha. A antiga Rainha do Fuzuê acredita que foi Maria Navalha quem aprontou isso com ela e teme o retorno da adversária.   

Mal sabem elas que a mãe de Luna realmente está de volta e tem muito a falar. Mas o primeiro a vê-la é Merreca (Ruan Aguiar), que a surpreende antes de ela conseguir entrar na casa de shows. No clima tenso entre eles, Merreca fala para Maria Navalha que a filha dela se envolveu com gente grande e, por causa deles, está no erro com ele.

"Fuzuê" é criada e escrita por Gustavo Reiz, com direção artística de Fabricio Mamberti. A obra é escrita com colaboração de João Brandão, Juliana Peres e Michel Carvalho, e tem direção geral de Adriano Melo e direção de Bernardo Sá, Nathalia Ribas, Glenda Nicácio e Cadú França. A produção é de Gustavo Rebelo e direção de gênero de José Luiz Villamarim. Em entrevista, a atriz Olivia Araújo comenta sobre a chegada da personagem, a preparação para dar vida à cantora, além de adiantar como será o reencontro com Luna. 


Desde o início da história, Maria Navalha aparece em cenas de flashback, despertando a curiosidade de quem a assiste. Você estava ansiosa para o retorno da personagem?
Olivia Araújo - 
Até agora, ela é uma lembrança das pessoas. Com a sua volta, o público vai entender melhor essa mulher tão intensa, cheia de vida e tão apaixonada por tudo, que acabou sendo julgada e sofrendo com isso.


Qual a sua expectativa com o aparecimento de Maria Navalha?
Olivia Araújo - 
Estou ansiosa com o retorno da Maria Navalha porque é a estreia dela e o meu desejo como atriz é que as pessoas se encantem e se apaixonem por ela assim como eu. 

A Maria Navalha tem um papel muito forte na trama. O que o público pode esperar da personagem e da representatividade dela na história?
Olivia Araújo - 
Ela chega trazendo informações e mais mistérios, coisas que vão impactar ainda mais a vida das pessoas a sua volta. Além disso, aparece com muita vontade de dar solução às situações. Mas ela também vai se surpreender com o que vai encontrar pela frente. 

Como está sendo a preparação para viver uma cantora da Lapa? 
Olivia Araújo - 
A preparação segue intensa. Já fazia aula de canto por entender que é uma ferramenta importante para mim como atriz. A dança também faz parte da minha formação. E isso se junta, agora, para fazer a Maria Navalha, que é uma mulher intensa, exuberante e que fala em caixa alta. Para colocá-la em pé, conto com um time formado por preparadoras – vocal e corporal –, além de professor de canto e fonoaudióloga. Cada número da Maria Navalha vem acompanhado de muito estudo. 
 

Luna (Giovana Cordeiro) envolveu tudo e todos na busca da mãe, causando um verdadeiro fuzuê. O que você pode adiantar da cena em que Maria Navalha vai reencontrá-la? Como tem sido trabalhar com a Giovana?
Olivia Araújo - 
Serão cenas de muita emoção. Vai ter muita alegria, mágoas, questionamento, mas, sobretudo, muito amor. Elas se amam e se admiram. E a Giovana tem sido uma grande parceira de cena. As nossas trocas são cercadas de carinho. Tenho muita admiração por ela. 

A personagem transita por diferentes núcleos, mas é parte central do Beco do Gambá, local que lhe rendeu fama e muitas alegrias. Como tem sido contracenar com esse núcleo? 
Olivia Araújo - 
O Beco do Gambá é um cenário lindo e seus personagens são cativantes e amorosos. É uma trupe vibrante. Cada cena gravada no Beco é uma animação porque tem muito brilho, muita vida. E a gente se diverte, assistindo aos números. É uma delícia.

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

.: Vitor Novello estreia na música bem "À Beça". Confira entrevista!

Vitor Novello. Foto: Saulo Segreto


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.

Com 17 anos de carreira como ator, Vitor Novello inicia agora na música, com o lançamento do álbum "À Beça", que já foi disponibilizado nas plataformas de streaming. O trabalho mescla diversas influências musicais, passeando pelos ritmos tradicionais como o xote e por outros elementos relacionados com o pop contemporâneo. Em entrevista para o Resenhando, Novello conta como busca integrar a sua formação como ator na nova carreira musical e revela seus planos para o futuro. “Quero levar a minha música para o maior número de pessoas possível”.


Resenhando – Como foi se aventurar na música depois de uma carreira bem sólida como ator?

Vitor Novello – Foi algo bem natural. Porque a música sempre fez parte da minha vida. Eu já tinha algumas composições autorais. E graças a produtora carioca Reurbana pude concretizar essa iniciativa de gravar um disco. Lançamos um vídeo no YouTube que já contabiliza um número significativo de visualizações. Tudo tem sido um aprendizado diário, mas a receptividade do público tem sido bem positiva.


Resenhando – E a formação como ator deve ter contribuído para essa nova empreitada.

Vitor Novello – Com certeza. O fato de ser ator ajuda muito na concepção da performance no palco, de acordo com a mensagem da canção. Mas não posso deixar de mencionar o auxílio dos parceiros que tive nessa empreitada.


Resenhando – Fale sobre suas principais influências.

Vitor Novello – Minha formação passa por várias vertentes. Desde Luiz Gonzaga até o pop contemporâneo de nossa MPB, como o Nando Reis. Passei pelo som do Secos e Molhados, além dos representantes do Nordeste, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Alceu Valença entre outros. Todos foram muito importantes para minha formação na música.


Resenhando – Como foi a participação do músico Targino Gondim, autor de Esperando na Janela?

Vitor Novello – Foi na última canção do disco, que é um xote bem no estilo do que ele compõe. Fizemos o convite e ele aceitou de pronto. Quando ouvimos o resultado final ficamos muito emocionados. Tenho o Targino como uma referência nesse estilo e tê-lo ao lado tocando acordeon e cantando foi uma emoção dupla.


Resenhando – Fale sobre produção do disco e do show de divulgação.

Vitor Novello – A direção musical é de Beto Lemos, responsável pelos arranjos de quatro faixas do álbum “À Beça”. Tem repertório autoral e covers de canções conhecidas da MPB, como "Flor de Maracujá", "O canto da ema", "Conselho" e "Sanfona sentida". A direção do Beto Lemos imprime a linguagem pretendida ao show: um território híbrido entre música, poesia e dramaturgia.


Resenhando – Em paralelo, você continua trabalhando como ator?

Vitor Novello – Eu atuo desde os 10 anos no teatro, cinema e televisão. Interpretei personagens em novelas como "Paraíso Tropical" (2007) e "Malhação" (2015 e 2016), da Rede Globo. Há tempos eu divido o tempo entre o teatro e a música. Participei de espetáculos teatrais como "Zaquim" (2020 a 2022) e "Clube da Esquina - Os Sonhos Não Envelhecem" (2022). Também escrevo para teatro: em 2018 estreei a peça autoral "Mármore”, e lancei ainda o livro de poesia "Par ou ímpar", publicado em 2020 pela editora Penalux.


Resenhando – Como estão os planos para divulgar esse trabalho?

Vitor Novello – Fizemos um show no Rio de Janeiro em agosto, no Teatro Cesgranrio. Estou programando uma participação em um festival em Belo Horizonte e iremos fazer mais um show no Rio de Janeiro. Estou vendo a possibilidade de estender a turnê para outros estados. Nos próximos meses iremos definir esse planejamento e divulgaremos. Quero levar a minha música para o maior número de pessoas possível.


Ideia de Alguém


Não Corra Perigo


Teu Olhar Dá Bandeira



domingo, 17 de setembro de 2023

.: Entrevista: Alexandre Gil França fala sobre o impacto da invisibilidade social


Destacando-se por sua escrita experimental e híbrida, "Terebentina", lançamento da editora Urutau, é o novo livro de contos do escritor Alexandre Gil França. Trazendo a ótica de personagens socialmente invisibilizados, especialmente artistas pequenos ou de pouco reconhecimento, o autor explora suas narrativas, angústias e, principalmente, seus afetos. A obra tem orelha assinada pelo prestigiado poeta, tradutor e ensaísta Guilherme Gontijo Flores, vencedor do Prêmio APCA em 2018, e está à venda no site da editora. 

Os 12 contos que integram a obra são protagonizados por essas subjetividades particulares, como, por exemplo, um dançarino de Tiktok, uma cantora de boteco ou um ator de comerciais. Tratando-se também de histórias que evocam pequenos e anônimos artistas, que ainda se veem distantes do mainstream, as temáticas do apagamento e da invisibilidade em "Terebentina" são atravessadas pela dicotomia do sucesso e do fracasso. Nas histórias, esses conflitos impactam e são impactados pelas relações afetivas construídas pelos personagens. 

Nascido em Curitiba, no Paraná, em 1982, Alexandre Gil França já trabalhou com música, poesia e teatro. É mestre em Artes Cênicas pela USP e doutorando em Teoria e História Literária pela Unicamp. Estreou na literatura em 2015, com o romance "Arquitetura do Mofo", lançado pelo selo Encrenca/ Arte e Letra.  Atualmente, é editor da Mathilda Revista Literária, ao lado da poeta Iamni.  Também trabalha em um novo livro de contos e promete uma nova peça de teatro para 2024.


Quais são as suas principais influências?
Alexandre Gil França - Tive contato com "Ulysses", de James Joyce, muitos anos atrás, nos meus 18 pra 19 anos. Nessa época, esse livro era um vulto difícil de atravessar. Fui ler “entendendo” somente no começo do doutorado na Unicamp, em que me debrucei pra valer sobre ele. Uma obra que parece locupletar os recursos narrativos de inventividade: mistura de campos semânticos, de estilos, épocas, a dessacralização do espaço, as coincidências ultra arquitetadas, todo o espírito de ruínas da modernidade nessa figura sem pátria ou religião que é o Bloom. Isso tudo me impregnou definitivamente, e está presente, de uma forma ou de outra em “Terebentina”. Considero os contos de Jorge Luis Borges como pequenas catedrais de sabedoria. Precisão na maneira de contar e no conteúdo. Seus labirintos de sentido também fizeram parte da minha formação literária, e influenciaram também os jogos de linguagens utilizados em “Terebentina”. Já o Gilles Deleuze é sem dúvida o filósofo que mais estudei na vida. Sua ideia de diferença, de sentido, de acontecimento, fazem parte da minha rotina, da minha forma de pensar. Eu tento enxergar o mundo de uma maneira deleuziana, ou seja, para além das imagens do pensamento, do senso comum fabricado pela sociedade forjada no metal duro das identidades e das categorias: na maioria das vezes, eu fracasso. Penso que “Terebentina” é, um pouco, a dramatização desses fracassos e dos raros acertos. Além disso, cito os cineastas Charlie Kaufman e Eduardo Coutinho. Os dois trabalham com a ideia de “pessoa comum”. Kaufman, de uma maneira, digamos, mais borgeana; Coutinho, de uma maneira documentarista, tentando pegar a verdade do depoimento. A ideia de “comum” tanto de um, quanto do outro, está bem presente no meu livro. 


O que motivou a escrita do livro? Como foi o processo de escrita?
Alexandre Gil França - O livro foi motivado pelo enclausuramento da pandemia. Como minhas atividades artísticas estavam suspensas (a música e o teatro), a escrita foi um refúgio e ao mesmo tempo um momento de imersão em mim mesmo. Acho que, de certa forma, todos nós “fracassamos” com essa pandemia, seja perdendo pessoas próximas, seja suspendendo nossas atividades. Terebentina reflete, em parte, esse espírito da época. 


Escreve desde quando? Como começou a escrever?
Alexandre Gil França - Escrevo desde a adolescência. Acho que comecei com uns 15 anos de idade. Se bem que desde pequeno me fascinei pela ideia de livro — sempre quis fazer um livro; esse tipo de porta-histórias, porta-vidas. Um episódio marcante da minha adolescência foi uma tentativa de livro que mostrei, um dia, na praia, para a filha de um amigo dos meus pais. Ela criticou duramente o que eu havia feito (disse que faltava enredo, personagens consistentes etc.). Olha, eu devia ter uns 12 pra 13 anos: não sabia de nada! Aquilo me marcou bastante - como se, de certa maneira, a cada novo conto, eu precisasse completar aquele primeiro livro que não havia dado certo. Mais pra frente, um professor da graduação em comunicação, o Caibar, foi fundamental para que eu não parasse de escrever. Eu mostrava os contos pra ele, e ele me devolvia com comentários precisos sobre o que eu estava fazendo, e o que eu poderia melhorar. 


Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam? Por que escolher esses temas?
Alexandre Gil França - Como vivem esses artistas invisíveis que estão por aí, incrustados no ao redor que esquecemos às vezes de observar?  Penso que a descoberta do amor por essas pessoas invisíveis se configura como um território profundo de descobertas humanas. Minha intenção com o livro foi investigar justamente como o afeto pode circular por esses meios (como o set de filmagem de um comercial, o ensaio de uma coreografia viralizada no TikTok ou a apresentação de uma cantora de meia-idade em um botequim). É sobre isso, também, o título do livro – “Terebentina”: palavra usada para designar o solvente para pincéis, mas também um apelido popular para cachaça. Ou seja, apagamento e embriaguez andam juntas nessas histórias. 


“Terebentina” é estruturado como se fosse uma exposição artística. Poderia comentar um pouco sobre essa escolha e estilo de escrita? 
Alexandre Gil França - Acho que é um estilo múltiplo, que se utiliza de recursos diversos na construção de um cenário singular de leitura. A ideia é sempre dar a melhor possibilidade de imaginação e participação para o leitor. Vou utilizando recursos formais diferenciados, e, até mesmo, delirantes em alguns momentos. A linguagem dramatúrgica é misturada à poesia, à prosa e a um roteiro de cinema escrito por uma das personagens. Sobre a estrutura, remete à questão do artista e de sua exposição. Tem a abertura, o hall de entrada, o primeiro andar, onde são distribuídos alguns personagens, que seriam as “obras”. E esses personagens são indivíduos comuns e invisíveis que transitam, na minha opinião, em certos ambientes singulares onde podemos encontrar a maior concentração de humanidade possível. Acho que o livro vasculha justamente esses espaços e tenta dar carne e nervos para essas pessoas comuns. 


Como é o seu processo de escrita?
Alexandre Gil França - Geralmente, sento e escrevo até onde o fôlego aguentar. Não tenho uma preparação para a escrita. Mas, é um ato de recolhimento. Preciso estar sozinho para a coisa fluir bem. Para contos, a meta é sempre ir até a página dez, mais ou menos. Depois, vou cortando o que considero gordura. 


Você tem algum ritual de preparação para a escrita? Tem alguma meta diária de escrita?
Alexandre Gil França - Não. Escrevo quando dá na telha. Geralmente, nos períodos sem muitas obrigações profissionais. 


Quais são os seus projetos atuais de escrita? O que vem por aí? 
Alexandre Gil França - Já estou escrevendo um novo, de contos. E, penso que para 2024, devo ter uma nova peça de teatro também escrita. São obras que estão ainda na primeira gestação: acho difícil detalhar sobre o que se trata, mas posso dizer que a temática do homem comum deverá estar presente nas duas. 

sábado, 16 de setembro de 2023

.: Entrevista: Mauro Felippe fala de onde vem a inspiração de um poeta


Marcadas por uma escrita intensa e por vezes frenética, as palavras de Mauro Felippe têm a capacidade de libertar e expressar o âmago do ser humano. Em "Catarse", quinto livro publicado pelo catarinense, ele afugenta, por meio das palavras, as angústias, inquietações e dilemas da humanidade. Longe das poesias sobre relacionamentos e amor-próprio, os textos do poeta ganham ainda mais força com as ilustrações de Rafael Nobre. 

Com um projeto gráfico de tirar o fôlego e edição luxuosa em capa dura, Mauro aborda temas como corrupção, descaso com povos indígenas, quilombolas, e negligência ambiental. Conheça um pouco mais sobre a obra e o autor, que promete, por meio de suas críticas e reflexões, deixar uma marca no mundo, uma prova inequívoca de que é preciso questionar para melhorar. Compre o livro "Catarse", de Mauro Felippe. neste link.


A palavra “catarse” significa a liberação de emoções ou tensões reprimidas. Qual mensagem você quis transmitir aos leitores ao dar este nome para a obra que acaba de lançar?
Mauro Felippe
 - A grande maioria dos meus textos, senão todos, traz, de certa forma, mensagens ou reflexões ao leitor para a busca de resoluções de um conflito pessoal ou social que convivera ou convive. Os temas são advindos de pensamentos meus, cujos pontos de partida à escrita eu observei, vivenciei ou solucionei após caminhos que até tempos atrás não havia me alertado e que, agora, creio corretos ou prudentes. Gosto de livros com títulos com uma palavra só, como nos casos dos anteriores. Este novo título engloba uma mescla dos temas, pois Catarse também significa libertação de pensamentos, ideias, etc. Também expõe algo que é seu pensamento que estava reprimido, mas que agora foi externado no papel, em diversas figuras de linguagem.


Quais foram suas principais inspirações para compor as poesias de Catarse?
Mauro Felippe - Os temas abordados, por exemplo, não são direcionados a uma só causa ou efeito, como se fosse uma trilogia ou a sequência, o livro dois. São quase psicografados, parafraseando, desde uma simples poça d´água que a transformo numa reflexão enorme até outro tema complexo, que atinja o humano, psicologicamente. Todos os textos são elaborados em poucos minutos; já vêm prontos do pensamento. Geralmente, transformo o tema pensado na hora em parábolas e metáforas, para aliviar o pensamento do leitor e fazê-lo entender onde quero chegar. Por exemplo, a morte é inerente ao ser, assim como a vida. Entre uma e outra há um infinito pensar. Se eu escrever um livro somente com um tema, em poemas, torna-se monótono e desprezível para mim. A cada página há um novo caminho, um recomeçar, e nenhum nos meus livros é interligado um com outro. São independentes, como os textos. Os temas abordados são exatamente extraídos dos meios que convivo ou convivi deste o meu nascimento, incluindo os que os leio e fazem refletir, seja no país, seja no escritório, seja no planeta, onde estiver. Têm que me sensibilizar.


Na obra Catarse, você traz um olhar crítico e reflexivo para pautas mais atuais, como descaso com povos originários, negligência ambiental, fake news e corrupção. O que te fez abordar tais assuntos?
Mauro Felippe - Sinceramente, todas essas pautas sempre existiram e sempre estão em evidências, no verbo presente. Jamais, na história da humanidade, ao menos até onde li ou desde quando nasci, tais temas nunca saem de pauta e, consequentemente, do meu convívio na escola, em casa, no escritório, nos eventos, nas matérias que leio, entre outros. A raça humana, exclusivamente, que mudou e muda a correnteza, e provoca a autodestruição do espécime a troco de obtenção de posses na maioria injustas e dinheiro. O poder é um divisor de classes e de pensamentos que antes valiam e agora não valem mais. Sempre tive um olhar crítico das coisas, no bom sentido, nada pejorativo. Sou um observador contumaz, vem do meu ser. Talvez me vejo nesse exercício devido ao hábito da leitura e minha profissão como advogado, onde esta é concreta – um enfrentamento a um caso real e ao vivo. As pautas acima sempre existiram, sempre foram combatidas pelos de bom senso, mas enquanto houver poderes sempre haverá súditos.


“Catarse” é a quinta coletânea que você publica e todos os seus livros tem como característica a poesia reflexiva. De onde vem essa veia filosófica e ao mesmo tempo artística?
Mauro Felippe - A minha leitura e a escrita não são voltadas ao modismo ou obrigatórias, forçosas, mas sim na busca exigente do que realmente me agrada e me completa. É como se no livro que eu estiver lendo o autor esteja no mesmo compasso psicológico que o meu, em sintonia. Tem que me sensibilizar ou trazer algo de inédito para mim, algo surpreendente. A Filosofia, como o Direito, este último que exerço exatamente há trinta anos, são provocativas, ou seja, uns entendem de uma forma - outros de outra. Isso gera o embate e com tal, quiçá, uma solução. Se não houver a solução, ao menos surgiu a reflexão.


A obra tem um projeto gráfico de tirar o fôlego, todas as cores e formas tornam os textos ainda mais profundos. Como foi o processo de criação das imagens junto com ilustrador Rafael Nobre?
Mauro Felippe - Em todos os meus livros publicados, sem exceção, ao findar um texto já ocorre em minha mente a ilustração do tema exposto. Como dito, o texto é obviamente escrito e é um poema ou aforismo, ou ainda o haicai. Na minha visão, a ilustração deve estar em sintonia com o texto ou complementá-lo, o que gera algo impressionante, pois a minha veia ilustrativa é o surrealismo. É como se a ilustração fosse outro poema, independente do texto. Para as ilustrações do Catarse, após contato com Rafael Nobre, sugeri diversas ilustrações não impositivas, mas como ideias para ele perceber o meu gosto, a minha linha – a harmonia. Ao entender a minha linha ilustrativa proposta lhe dei liberdade para criação. Ele entendeu perfeitamente onde eu queria chegar, e confesso que foi além do esperado.  


Por fim, se pudesse voltar no tempo, o que diria ao Mauro Felippe de 2014, quando publicou um livro pela primeira vez?
Mauro Felippe - Boa pergunta! Já meditei sobre isso. O tempo é irmão do tempo. Se tudo que fizemos no passado fosse desfeito em segundos tão somente pelo motivo de não se gostar mais daquilo, achar ultrapassado, eu estaria cometendo a aniquilação da minha própria história. Temos que contar, somar e agradecer o início, onde tudo começou. Tem que ter o pontapé, senão nada sai do papel ou da própria vida. O Mauro de 2014 é o mesmo de 2023, perseverante. Apenas foi lapidado para busca do crescimento interior, do melhor, do conhecimento, da maturidade com conteúdo. Admito que eu possa ter feito algo indesejável para mim no passado, mas se não fosse aquele algo não haveria a busca do crescimento - em todos os sentidos. Garanta o seu exemplar de "Catarse", escrito por Mauro Felippe. neste link.

domingo, 10 de setembro de 2023

.: #ResenhaRápida com Alexandre Lino, ator: "Ser homem, hoje, é reinventar-se"



Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com. 

Alexandre Lino é um artista completo, mas, acima de tudo, alguém cuja alma transcende o ofício da arte. Extremamente humilde e afetuoso com o público que o consagrou, ele brilha nas salas de cinema do Brasil e no teatro com a comédia "O Porteiro". O carismático personagem Waldisney é nordestino e, assim como ele, revela muitas facetas, como as que ele revela nesta entrevista exclusiva repleta de questões que nunca foram feitas para ele, enquanto homem e artista... até agora!

#ResenhaRápida com Alexandre Lino

Nome completo: Alexandre Lino.
Apelido: Lino.
Data de nascimento: 7 de julho de 1974.
Altura: 1m74.
Qualidade: determinado. 
Defeito: teimosia.
Signo: câncer ♋.
Ascendente: não sei. 
Uma mania: de organização. 
Religião: cristão.
Time: Fluminense. 
Amor: vital.
Sexo: importante.
Mulher bonita: Aline Campos.
Homem bonito: Bruno Cabrerizo.
Família é: tudo.
Ídolos: o povo nordestino.
Inspiração: minha mãe.
Arte é: essencial para a vida.
Brasil: imortal.
Fé: força.
Deus é: minha fortaleza.
Política é: o que fazemos todos os dias.
Personalidade histórica favorita: Nelson Mandela.
Hobby: ir ao teatro e ao cinema.
Lugar: Florença.
O que não pode faltar na geladeira: queijos e sucos.
Prato predileto: risoto e massas.
Sobremesa: Panacota.
Fruta: manga.
Bebida favorita: suco de cajá.
Cor favorita: azul.
Medo de: ficar sozinho.
Uma peça de teatro: "Mutações".
Um show: Coldplay, Titãs e Marisa Monte.
Um ator: Tony Ramos.
Uma atriz: Suely Franco.
Um cantor: Nando Reis.
Uma cantora: Marisa Monte.
Um escritor: Luiz Ruffato.
Uma escritora: Conceição Evaristo.
Um filme: "Um Só Pecado".
Um livro: "Eles Eram Muitos Cavalos", deLuiz Ruffato. 
Uma música: "Diariamente", cantada por Marisa Monte.
Um disco: todos da Marisa Monte.
Um personagem: "O Apóstolo" (Robert Duval).
Uma novela: "Amor Sem Igual".
Uma série: "Bom Dia, Verônica".
Um programa de TV: "Lady Night".
Uma saudade: de Gravatá na minha infância.
Algo que me irrita: acordar muito cedo.
Algo que me deixa feliz é: estar entre amigos.
Uma lembrança querida: "Patativa do Assaré, a Peça".
Um arrependimento: vários, mas sem traumas.
Quem levaria para uma ilha deserta? Meus pais. Pra seguirmos a vida.
Se pudesse ressuscitar qualquer pessoa do mundo, quem seria? Meu irmão Alexandre.
Se pudesse fazer uma pergunta a qualquer pessoa do mundo, a quem seria? Perguntaria ao Robert Duvall: "Quer ser meu amigo?". Daí, com amizade   estabelecida, eu iria perguntar um milhão de coisas sobre a profissão e ele me responderia de forma espontânea. 
Não abro mão de: fazer nada quando quero. 
Um talento oculto: fazer massa a moda italiana.
Você tem fome de quê? Arte.
Você tem nojo de quê? Pisar em barata.
Se tivesse que ser um bicho, seria: cachorro.
Um sonho: fazer mais cinema.
Cinema em uma palavra: mágico.
Teatro em uma palavra: instante.
Televisão em uma palavra: ação.
O que seria se não fosse ator: professor.
Ser ator é: viver o outro como se fosse você.
O que me tira do sério: mentira.
Democracia é: respeito ao outro.
Ser homem, hoje, é: reinventar-se.
"O Porteiro" em uma palavra: Waldisney.
Palavra favorita: paz ☮️.
Alexandre Lino por Alexandre Lino: nordestino que não foge a luta. 

Sobre o artista
Alexandre Lino é ator, produtor e diretor. Natural de Gravatá, agreste Pernambucano. É Bacharel em Cinema pela UNESA, com especialização e Mestrando em Artes Cênicas pela UNIRIO. Um dos nomes mais profícuos na cena artística carioca. Iniciou sua carreira profissional nos anos 2000 no extinto Teatro Glória sob a gestão de Antônio Abujamra na Resistência Cia de Teatro.

Na televisão foi ator, produtor e diretor de arte da Rede Record de Televisão entre 2007 e 2013 e atuou em "Amor Sem Igual" (2020) e "Gênesis" (2021). Contratado da Rede Globo fez as novelas "Totalmente Demais", "Malhação - Vidas Brasileiras" e o seriado "A Cara do Pai". Recentemente esteve em participação especial na emissora nas novelas "Um Lugar ao Sol" (Anchieta), "Além da Ilusão" (Antenor) e "Amor Perfeito" (Péricles).

No Teatro em 2012, por sua atuação em "Domésticas" foi indicado ao Prêmio Ítalo Rossi na quarta edição da FITA. É protagonista do aclamado documentário cênico "O Pastor", que figurou no ranking das melhores peças da revista Veja Rio, recebeu a chancela O Globo Indica e foi indicado ao prêmio Botequim Cultural, na categoria Melhor Ator. Também esteve na lista dos Destaques do Teatro Carioca de 2013, do crítico Daniel Schenker. O espetáculo foi adaptado para o cinema e será filmado em 2024. Em 2015, idealizou o projeto transmidiático (peça, livro e filme) e atuou em "Nordestinos", que venceu por sua defesa o pitching do Tempo Festival do mesmo ano.

Em 2016 estreou seu primeiro solo, "Lady Christiny", a partir de seu premiado documentário homônimo. O espetáculo recebeu as melhores críticas e figurou no ranking das melhores peças da revista Veja Rio. Em 2017 estreia "O Porteiro", a peça, que fez enorme sucesso de crítica e público. Recebeu indicação, por sua atuação, ao Prêmio do Humor (idealizado por Fábio Porchat) e venceu os Prêmios FITA e de Reconhecimento Popular de 2019. A peça já foi apresentada em mais de 40 cidades, 7 Estados e mais o Distrito Federal e ultrapassou a marca de 100 mil espectadores.

Entre 2017 e 2023 atuou em diversos espetáculos. "Esses Fantasmas", "O Cego e o Louco", "O Marido de Daniel" (indicado como melhor ator pelo Prêmio Cenym), "D.P.A (Detetives do Prédio Azul)", "Cinco Crônicas" e "O Substituto" que lhe recebeu crítica arrebatadora do jornal O Estado de São Paulo por Rodrigo Fonseca e figurou na lista das melhores atuações de 2019 pela mesma publicação. Atualmente segue em turnê pelo Brasil com as peças "O Porteiro" e "O Cego e o Louco". Em breve protagonizará uma nova montagem de "A Mulher Sem Pecado", de Nelson Rodrigues.

Estreou como diretor de teatro com a peça “Volúpia da Cegueira” com grande repercussão. A peça mistura atores cegos e videntes e convida o espectador a mergulhar no universo da cegueira e da sexualidade. Idealizou e trouxe à cena o musical "Chica da Silva", que foi indicado a diversos prêmios e se destacou entre as produções mais comentadas do ano de 2016. No Teatro dirigiu também: "Eles Eram Muitos Cavalos", de Luiz Ruffato, "Cafona Sim, e Daí", de Sérgio Britto, "O Lago dos Cisnes" e "As Aventuras de Pinóquio", de Daniel Porto. "Pinóquio" segue em cartaz em São Paulo.

Dirigiu o documentário "Lady Christiny", que ganhou diversos prêmios em festivais de cinema no Brasil e participou de festivais internacionais. Dirigiu também os curtas-metragens "Ensaio Chopin", "Amor Puro e Simples", "Brejo das Borboletas", "Nordestinos" e o clipe musical "Tempo do Tempo". Seu primeiro longa documentário "Saudades Eternas" foi um dos representantes brasileiros no 7º Festival Internacional de Luanda. Realizou a mostra "Cacá Diegues – Cineasta do Brasil", na Caixa Cultural Rio de Janeiro, SP e DF, em homenagem aos 50 anos de carreira do cineasta. Na pandemia, idealizou e dirigiu o projeto "Filmes Curtíssimos" e teve o curta "Um Filme Sobre a Dúvida" selecionado para o projeto #QuarentenaProjetada do IMS (Instituto Moreira Salles) e Mídia Ninja e foi exibido em edifícios de 10 capitais brasileiras.

No cinema, fez "Tô Ryca", "Os Espetaculares"," Tudo Acaba em Festa", "Dispersão", "Brasilha", "Apaixonados" e "Alemão 2". Por sua atuação no curta "Felicidade" foi indicado como melhor ator no Festival de Cinema Independente de Santa Maria (RS) em 2021. Filmou no início de 2019 a série "Cinema Café", ainda inédito no streaming, onde interpretou Carlitos em toda temporada. Em 2024, irá dirigir o longa documentário "Banabuiú: Grande Sertão Teatro" e atuará em mais dois filmes.

Criou o curso e palestra "O Artista Empreendedor", onde ministra aulas em universidades do Rio e oferece workshops pelo Brasil. Com este curso, inaugurou junto com Roberto Bomtempo e Bosco Brasil a Escola de Artes de Campos dos Goytacazes. O método será lançado em livro no segundo semestre de 2024.

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