O livro "O 8 de Janeiro que o Brasil Não Viu", que chega às livrarias em julho pelo selo História Real da Intrínseca, é o testemunho inédito e candente de um gestor público que, quando menos esperava, foi chamado a exercer um papel crítico na defesa das nossas instituições democráticas. Ricardo Cappelli, que foi interventor da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, revela os bastidores desse período crucial em que a democracia brasileira correu grave risco. Ao transportar o leitor até os episódios dramáticos do dia 8 de janeiro e das semanas seguintes, Cappelli relembra as terríveis pressões e insistentes tentativas de sabotagem que enfrentou, numa guerra de nervos sem trégua.
“Nisso, o major da Silva, que estava comigo lá, me toca e fala: ‘Coronel, olha para trás.’ Quando eu olhei para trás, tinha uma linha de choque do Exército, montada com blindados, e, por interessante que parecesse, eles não estavam voltados para o acampamento. Eles estavam voltados para a PM, protegendo o acampamento”, ressaltaria Naime (coronel Jorge Eduardo Naime Barreto - chefe do Departamento Operacional da PM). Em meio a tudo isso, o general Dutra e eu tivemos uma discussão muito dura, apesar de formalmente respeitosa. Eu enfatizei a gravidade do que estava acontecendo e disse que medidas enérgicas precisavam ser tomadas. Dutra tentou contemporizar, argumentando que o quadro não era tão crítico assim. Quando percebeu que eu não retrocederia, o general, numa tentativa final de impedir a minha ação, disse que se a PM entrasse teríamos um banho de sangue.
"Banho de sangue por quê, general? O senhor está me dizendo que tem manifestantes armados dentro do acampamento, em uma área militar, e que eles estão sendo protegidos pelo Exército brasileiro?”. Relatos impactantes como este permeiam toda a obra que aborda também o impacto das fake news durante este período conturbado. É emblemático o caso da suposta morte de uma manifestante presa no acampamento em frente ao Quartel-General (QG) do Exército. A notícia falsa reverberou na Câmara dos Deputados.
“Quando recebi a notícia da morte de uma manifestante, corri para o hospital. Lá, verifiquei que se tratava de mais uma mentira. Uma mentira perigosa, que poderia provocar reações extremas e gerar conflitos. Uma senhora havia se sentido mal e fora transferida para uma unidade hospitalar do DF. A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) denunciou a ocorrência da suposta morte em discurso no plenário da Câmara dos Deputados, causando comoção e indignação. Segundo o portal de notícias G1, a parlamentar chegou a dizer que o caso tinha sido confirmado pela Ordem dos Advogados do Brasil no DF, mas depois disse que cometeu um ‘equívoco’”, relembra o autor.
Ao longo de toda a narrativa, Ricardo Cappelli demonstra como sempre procurou tomar decisões técnicas para se afastar da polarização política que assola o Brasil. Após conversas com policiais feridos no dia 8 de janeiro, o autor chegou à conclusão que o desfecho poderia ter sido ainda mais trágico. “Ficou claro para mim que os extremistas queriam ter em mãos o cadáver de um policial. Isso poderia desestabilizar as forças de segurança. A estratégia era transformar a manifestação em um gatilho para uma crise institucional ainda mais grave do que a que fora realmente provocada”, conclui. Compre o livro "O 8 de Janeiro que o Brasil Não Viu" neste link.
A sessão de autógrafos em Brasília vai ocorrer no dia 08 de julho (terça-feira), a partir das 19h, na Livraria Travessa do Casa Park. Foto: Jerônimo Gonzalez
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