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sábado, 3 de maio de 2025

.: Entrevista com Paulinho Guitarra: seis décadas em seis cordas


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Na atividade como músico desde 1967, Paulinho Guitarra mantém um currículo invejável. Fundador (e padrinho) da célebre Banda Vitória Régia, que acompanhou Tim Maia, ele também fez trabalhos memoráveis com vários outros nomes, como Marina Lima, Ed Motta, Marcos Valle, Cassiano, Sandra de Sá, Cazuza e Paula Lima, só para citar alguns exemplos

E o veterano músico nem cogita uma aposentadoria. Seu elogiado trabalho instrumental segue em plena atividade. O seu último disco, o Baile na Suméria, mescla uma sonoridade soul com o jazz de forma singular. E ele desenvolve atualmente um projeto de show ao vivo com foco na sonoridade soul dos anos 70, além de participar do projeto em tributo ao músico Raul de Souza. Em entrevista para o portal Resenhando.com, Paulinho conta alguns detalhes dessa sua trajetória na música, incluindo seus projetos atuais.

 

Resenhando.com - Quais foram suas principais influências musicais?
Paulinho Guitarra - Minhas influências vieram dos anos 60, com nomes como Eric Clapton (da fase das bandas Cream e Blind Faith), Jimi Hendrix, Leslie West (da banda Mountain), além de George Harrison dos Beatles. Posso citar ainda B.B. King e Freddie King, na área do blues. Já na área do jazz citaria nomes como John McLaughlin, Pat Metheny, Miles Davis e John Coltrane. Acrescentaria ainda as bandas de soul, como a Mar-Keys, que acompanhava os astros da gravadora Stax. É um universo bem amplo.


Resenhando.com
 - Como foi tocar na banda Vitoria Regia, que acompanhava o Tim Maia?
Paulinho Guitarra - Foi um aprendizado e tanto. Eu participei das gravações dos discos da fase inicial do Tim, de 1971 até 1977. E um fato curioso é que eu acabei sendo o padrinho da banda. Naquela época, a banda ainda não tinha nome. Nós ensaiávamos em uma casa que ficava na rua Vitória Régia, no Rio de Janeiro. Um dia sugeri pro Tim nomear o grupo como a Banda da Rua Vitória Régia. Ele adorou a ideia. Mais tarde, para encurtar o nome, ele tirou a rua e passou a se chamar somente Banda Vitoria Régia. E ficou assim desde então. Foi uma escola para um músico como eu, tocar ao vivo e gravar em estúdio. Aprendi muita coisa.


Resenhando.com
 - Mais tarde você tocou com o Cassiano. Por que essa parceria não foi para frente?
Paulinho Guitarra - Foi depois que saí da banda do Tim Maia. O Cassiano me chamou para participar de um disco dele. Fizemos vários ensaios mas o disco nunca chegou a ser lançado. Depois fui tocar com o Sidney Magal, que fêz um sucesso grande naquele período, além de tocar com Carlos Dafé, entre outros.


Resenhando.com
 - Nos anos 80 você integrou a banda da Marina Lima com um time de feras da música (Renato Rocketh, Jorjão Barreto, etc). Fale sobre essa experiência.
Paulinho Guitarra - Depois de tocar com vários nomes, veio o convite para participar do grupo que acompanharia a Marina Lima. Acabei ficando oito anos com ela. Era época dos discos "Fullgas", "Todas" e "Virgem". Foi um período muito produtivo. A banda dela teve várias formações até chegar na época do disco 'Todas" , que tinha o Rocketh no baixo, o Sérgio Della Monica na bateria, Jorjão Barreto nos teclados e Miguel Ramos no sax. Foi uma experiência bem marcante. Fizemos muitas coisas legais.


Resenhando.com
 - Conte como aconteceu o solo de guitarra da gravação de "Nada por Mim", com a Marina.
Paulinho Guitarra - Eu tinha também uma banda com o Claudio Zoli nesse período. E quando surgiu a gravação para fazer, eu estava ainda esperando chegar uma guitarra nova, que eu havia comprado. Por isso, pedi emprestado a guitarra Fender Stratocaster do Zoli para gravar. O solo aconteceu praticamente ao vivo no estúdio. Sem parar de fazer a base, eu fiz o solo que saiu em um estilo meio blues e acabou ajudando a canção a fazer o sucesso que foi na época. Também marcou muito o solo da canção "Uma Noite e Meia", do Renato Rocketh, que virou um hit da Marina nos shows da época do álbum Virgem.


Resenhando.com
 - Na sequência você tocou na banda do Ed Motta. Como foi tocar com ele?
Paulinho Guitarra - Um pouco antes toquei com o Claudio Zoli. E realmente depois toquei com o Ed Motta. Foram quase 22 anos tocando com ele, que é um cantor incrível. Um dos melhores, sem dúvida. E toquei ainda com Marcos Valle, que foi uma outra experiência incrível.


Resenhando.com
 - Fale sobre seu projeto autoral instrumental.
Paulinho Guitarra - Tenho um selo musical, o Very Cool Music, pelo qual lancei quatro discos: Very Very Cool Band, Trans Space, Romantic Lovers e Baile na Suméria. E tenho mais um, o primeiro que foi pela Niteroi Discos, que leva o meu nome no título. Dos projetos atuais, tem o Superfly, um show com foco na sonoridade soul dos anos 70. E também faço parte do projeto Tributo ao Raul de Souza,        que foi um dos maiores músicos do País. Continuo compondo e produzindo coisas novas nessa linha instrumental.


"120 Shars Beat"

"Shem Shem"

"Ianna Fun"

sexta-feira, 2 de maio de 2025

.: Em "Presente & Cotidiano", Cristina Guimarães presta tributo a Luiz Melodia


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Depois de um EP e quatros singles lançados, a cantora paulistana Cristina Guimarães decidiu cantar a obra de Luiz Melodia (1951-2017) no seu novo álbum "Presente & Cotidiano", que vai além de uma homenagem ao cantor e compositor carioca. Cristina procurou traduzir as emoções que a música de Melodia sempre despertou, e ainda desperta, contando com os  arranjos assinados por André Bedurê, que também foi o produtor musical da obra.

Já disponível nas plataformas de música, "Presente & Cotidiano" tem participação especial de Cida Moreira e Zeca Baleiro. Não se trata de um trabalho óbvio, não é uma compilação dos clássicos da carreira de Luiz Melodia, conhecidos pelo grande público. À exceção de “Magrelinha” e “Estácio, Eu e Você”, o repertório traz preciosidades como “Retrato do Artista Quando Coisa”, “Começar pelo Recomeço”, “Giros de Sonho”, “Dias de Esperança” e “Feras que Virão”, além das não tão populares “Um Toque”, “O Sangue Não Nega” e a faixa que dá nome ao álbum “Presente Cotidiano”.

Os músicos que tocam em "Presente & Cotidiano" também formam o trio que acompanham a artista nos shows - André Bedurê (baixo, violão de nylon e vocal), Rovilson Pascoal (guitarra, cavaquinho e violão de aço e nylon) e Gustavo Souza (bateria e percussão), além do violoncelista convidado Jonas Moncaio.

Cida Moreira é convidada especial de "Presente & Cotidiano". Sua participação acontece na faixa “Feras que Virão”. O cantor e compositor Zeca Baleiro é convidado de Cristina na faixa “Giros de Sonho”. Os dois duetos funcionaram de forma perfeita no álbum, que mostra uma intérprete segura e com uma proposta de trabalho muito interessante. Se você curte a obra de Luiz Melodia, vale a pena conferir esse trabalho.

"Magrelinha"

"Presente Cotidiano"

"O Sangue Não Nega"

sexta-feira, 25 de abril de 2025

.: "Presente & Cotidiano": Cristina Guimarães presta tributo a Luiz Melodia

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural.


Depois de um EP e quatros singles lançados, a cantora paulistana Cristina Guimarães decidiu cantar a obra de Luiz Melodia (1951-2017) no seu novo álbum "Presente & Cotidiano", que vai além de uma homenagem ao cantor e compositor carioca. Cristina procurou traduzir as emoções que a música de Melodia sempre despertou, e ainda desperta, contando com os  arranjos assinados por André Bedurê, que também foi o produtor musical da obra. 

Já disponível nas plataformas de música, "Presente & Cotidiano" tem participação especial de Cida Moreira e Zeca Baleiro. Não se trata de um trabalho óbvio, não é uma compilação dos clássicos da carreira de Luiz Melodia, conhecidos pelo grande público. À exceção de “Magrelinha” e “Estácio, Eu e Você”, o repertório traz preciosidades como “Retrato do Artista Quando Coisa”, “Começar pelo Recomeço”, “Giros de Sonho”, “Dias de Esperança” e “Feras que Virão”, além das não tão populares “Um Toque”, “O Sangue Não Nega” e a faixa que dá nome ao álbum “Presente Cotidiano”. 

Os músicos que tocam em "Presente & Cotidiano" também formam o trio que acompanham a artista nos shows - André Bedurê (baixo, violão de nylon e vocal), Rovilson Pascoal (guitarra, cavaquinho e violão de aço e nylon) e Gustavo Souza (bateria e percussão), além do violoncelista convidado Jonas Moncaio.

Cida Moreira é convidada especial de "Presente & Cotidiano". Sua participação acontece na faixa “Feras que Virão”. O cantor e compositor Zeca Baleiro é convidado de Cristina na faixa “Giros de Sonho”. Os dois duetos funcionaram de forma perfeita no álbum, que mostra uma intérprete segura e com uma proposta de trabalho muito interessante. Se você curte a obra de Luiz Melodia, vale a pena conferir esse trabalho.  

Magrelinha


Presente Cotidiano


O Sangue não Nega



domingo, 20 de abril de 2025

.: “Piano”, o novo álbum de Zeca Baleiro, acompanhado por Adriano Magoo


Acompanhado do pianista Adriano Magoo, artista coloca em destaque sua faceta de intérprete, em repertório que reúne inéditas parcerias entre releituras de músicas próprias e de nomes como Cake, Charlie Brown Jr., Geraldo Azevedo, Letrux, Mercedes Sosa e Sérgio Sampaio


Músico e escritor, Zeca Baleiro libera nos aplicativos de música o álbum “Piano", que lança acompanhado por Adriano Magoo. “Há pouco mais de dez anos fiz uma pequena turnê com o Magoo. Uma temporada de 12 shows em que passamos por 9 cidades. Era um show que juntava músicas autorais e de outros artistas que fazem parte do meu repertório afetivo. Ano passado ouvi uma gravação do show e, quando encontrei Magoo para alguns trabalhos, falei ‘vamos reeditar aquele show e fazer um disco?’. Ficamos animados com a ideia, o parceiro Sergio Fouad quis produzir e então começamos a gravar no Estúdio Midas. Gravamos em 4 dias de novembro, praticamente ao vivo”, relembra Baleiro.

Com produção de Fouad, o álbum é uma parceria do selo de Baleiro, Saravá Discos, com o Midas Music, que é o selo de Rick Bonadio. “Rick adorou o projeto, que é basicamente um disco de piano e voz, gravado ao vivo, com poucas intervenções e apenas uns vocais e synths discretos de overdubs. Toco violão em uma música só, a tônica é piano e voz mesmo”, conta Baleiro, que já retomou o show “Piano” e está em turnê nacional.

O repertório do show embrionário foi renovado mas algumas canções foram mantidas, caso de “Não Adianta” (Sérgio Sampaio), “Espinha de Bacalhau” (Severino Araújo e Fausto Nilo), “Me Deixa em Paz” (Monsueto e Airton Amorim), “Dia Branco” (Geraldo Azevedo e Renato Rocha) e “Canção no Rádio”, composta com Fagner e lançada inicialmente em dueto dos dois em 2009, que faz parte do duplo single que anunciou o álbum em fevereiro.

O álbum também inclui a releitura de “Zás”, parceria com Wado, e duas inéditas autorais: “Tem Algo Lá”, com o pernambucano Juliano Holanda, e “Tarde de Chuva”, com Eliakin Rufino, poeta e músico de Roraima. 

Artista plural, Zeca Baleiro sempre colaborou com artistas de diversas tribos e gerações. E “Piano” destaca essa vocação, assim como sua faceta de intérprete. Entre as releituras de seu repertório afetivo estão um clássico de Mercedes Sosa (“Alfonsina y el mar”), um hit da banda Cake dos anos noventa (“Frank Sinatra”), “Ninguém perguntou por você”, sucesso da cantora Letrux e “Céu azul", canção da banda Charlie Brown Jr. já apresentada no duplo single. “Céu azul" também ganhou um single em versão afro house, uma dobradinha de Baleiro com Rick Bonadio. Ouça o álbum neste link.


​"Piano" | Zeca Baleiro

1. "Céu Azul" - Charlie Brown Jr.

2. "Não Adianta" - Sérgio Sampaio

3. "Espinha de Bacalhau" - Severino Araújo / Fausto Nilo

4. "Zás" - ZB / Wado

5. "Tem Algo Lá" - ZB / Juliano Holanda

6. "Me Deixa em Paz" - Monsueto / Airton Amorim

7. "Alfonsina y El Mar" - Ariel Ramírez / Félix César Luna

8. "Ninguém Perguntou por Você" - Letrux

9. "Canção no Rádio" - Fagner / ZB

10. "Frank Sinatra" - John McCrea - releitura da banda Cake

11. "Dia Branco" - Geraldo Azevedo / Renato Rocha

12. "Tarde de Chuva" - ZB / Eliakin Rufino


Ficha técnica de "Piano"
Zeca Baleiro – voz, violão e kazoo
Adriano Magoo – piano, synths e acordeon
Arranjos: Adriano Magoo, Sérgio Fouad e Zeca Baleiro
Gravado em Midas Estúdio, por Sérgio Fouad
Assistentes de gravação: Gabriel Galindo/Bernardo Tavares/Rafael Bissacot
Mixado por Sérgio Fouad
Masterizado por Rick Bonadio
Produzido por Sérgio Fouad
Projeto gráfico: Andrea Pedro
Lançamento Saravá Discos / Midas Music


.: Músicas icônicas de Rita Lee são revisitadas no álbum “Revisita Rita”


Sob o comando de Moogie Canazio, clássicos da rainha roqueira foram regravados por IZA, Criolo, Duda Beat, Carol Biazin e Roberto Frejat em “Revisita Rita”, que chega aos players

Eterna, Rita Lee tem um legado musical gigante e enorme impacto na música. E foi pensando nisso que o produtor musical Moogie Canazio - amigo de Rita e Roberto de Carvalho e que fez parte da produção de alguns álbuns da discografia do casal - decidiu fazer sua releitura de canções de Rita. “Essa ideia já existe há muito tempo, a Rita ainda estava com a gente quando eu criei esse projeto”, conta Moogie sobre “Revisita Rita”. “Conheci os dois em 1985 e tenho um carinho e uma admiração enormes por eles”.

A partir da ideia, ele começou a difícil tarefa de selecionar as músicas. Como são muitas, Moogie partiu para uma primeira lista: escolheu 20 entre dezenas de clássicos. Então, começou a pensar nos intérpretes. “Eu imaginava quem seriam essas pessoas que poderiam interpretar aquelas canções de forma que a Rita ficasse satisfeita de ouvir. Desde o início, minha vontade foi fazer algo que a Rita e o Roberto curtissem”. Da lista de 20 canções, Moogie escolheu algumas, dentre elas: “Ovelha Negra” (Rita Lee), que ficou com IZA; “Flagra” (Rita Lee e Roberto de Carvalho), com Criolo; “Chega Mais” (Rita Lee e Roberto de Carvalho), com Duda Beat e Carol Biazin, e “Mamãe Natureza” (Rita Lee), com Roberto Frejat.

“Eu recebo essa influência dela energicamente. E Roberto foi um queridaço: me deu total liberdade para escolher as músicas e, sobretudo, para escolher os artistas”, diz Moogie. “Por mais que o Roberto não esteja envolvido diretamente no projeto, ele me deu muita força. Primeiro por minha admiração por ele como pessoa, meu grande amigo. Segundo, como artista, produtor e compositor que é. É muito difícil você pegar algo que foi feito pelo Roberto e refazer”. Pensando nisso, Moogie partiu para um plano. “O meu ‘refazer’ é no sentido de trazer de volta, pois é necessário levar em conta como Rita e Roberto pensaram e produziram aquelas canções originalmente. A músicas deles assume uma forma tão contundente: o arranjo, as ideias, os rifes...  Então, por mais que estejamos revisitando esses clássicos, as pessoas vão reconhecê-los”.

Moogie destaca o apoio da Universal Music no processo. “O catálogo da Rita está praticamente todo na companhia, portanto, é o melhor lugar para esse projeto”. “Revisita Rita” chega aos players no dia 18 de abril. “Eu me sinto privilegiado por fazer essa homenagem para uma pessoa tão especial”, finaliza.

“Rita Lee é uma força da música brasileira que transcende gerações. Reunir esses artistas tão talentosos para revisitar algumas das músicas do seu vasto repertório é a nossa forma de celebrar sua genialidade e manter vivo seu imenso legado. Com novas vozes e novas leituras, mas com o mesmo espírito livre e irreverente que sempre marcou a obra da cantora, este EP é uma homenagem e também um convite: redescobrir Rita Lee sob novas luzes”, diz Paulo Lima, presidente da Universal Music Brasil.

sexta-feira, 18 de abril de 2025

.: Entrevista: Marya Bravo diante de um novo despertar musical


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. Fotos: Dip Ferrera

Filha do compositor Zé Rodrix e da cantora Lizzie Bravo, a atriz e cantora Marya Bravo decidiu dar um novo rumo para a carreira. De malas quase prontas para o Rio de Janeiro, ela encontrou parceiros musicais que ajudaram a moldar um trabalho musical autoral, diferente de seus trabalhos anteriores. Ela investiu fundo na forma de compor e produzir, apostando na mescla do som orgânico com elementos eletrônicos.

Para quem não sabe, Marya é filha da única brasileira a gravar com os Beatles em estúdio. Lizzie era apenas uma adolescente que ficava na frente do estúdio Abbey Road esperando uma chance para apenas ver seus ídolos de perto. Acabou sendo chamada para gravar vocais de "Across The Universe", juntamente com Paul McCartney e John Lennon em fevereiro de 1968. Ela faleceu em 2021.

Zé Rodrix teve uma trajetória musical de sucesso como artista solo e como integrante do trio Sá, Rodrix e Guarabira nos anos 70, além de integrar bandas icônicas como o Som Imaginário. Ele faleceu em 2009. Com pais tão ligados à música, o caminho natural de Marya acabou sendo esse mesmo. “As lembranças da infância já traziam a música. Minha mãe falava que eu cantava já deitada no berço”, explica Marya, que soma em sua carreira mais de 20 musicais estrelados no Brasil e no exterior, como "Beatles num Céu de Diamantes" e "Clube da Esquina – Sonhos Não Envelhecem", que lhe renderam duas indicações à Melhor Atriz nos prêmios Cesgranrio e APTR (Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro).

O primeiro single dessa sua nova fase, “Eterno Talvez”, contou com produção musical de Nobru (bandas  Cabeça, Planet Hemp) e Dony Von (Matanza, Os Vulcânicos) e distribuição do selo Ditto Music. O trio é fortemente conectado a gêneros como rock, jazz, trip hop, hip hop, música brasileira e eletrônica. Em entrevista para o Resenhando. Marya conta como se deu essa nova produção musical e suas expectativas quanto ao futuro. “Meu maior desejo é que essas músicas mexam com as pessoas, que as leve para ambientes diversos de reflexões sobre sentimentos profundos”.


Resenhando - Como foi o seu início na música?
Marya Bravo – Eu acho que vem desde quando era criança. Porque me lembro bem quando acompanhava a minha mãe quando ela gravava jingles ou participava de alguma gravação. Eu gostava de ir junto com ela. A música estava sempre por perto.


Resenhando - Sua formação como atriz ajudou na carreira musical?
Marya Bravo - Para mim foi importante demais. Ajudou a dar uma espécie de conceito ao trabalho desenvolvido na música.


Resenhando - Seus primeiros trabalhos foram como intérprete. E agora você investe o autoral. O que mudou em relação ao início?
Marya Bravo - Esse trabalho atual é fruto de um amadurecimento em termos de composição. Gosto muito de Portishead, Massive Attack, Bjork… e, juntos, meus parceiros e eu também temos uma veia muito forte no hardcore e no punk-rock. Somos amigos de longa data e nos reencontramos na hora certa. Nossa experiência no estúdio criando este disco fluiu muito naturalmente.


Resenhando - Fale sobre o primeiro single, a canção Eterno Talvez.
Marya Bravo - "Eterno Talvez" foi a última música que gravamos. O Dony havia feito para sua banda com o Nobru, e não tinha letra. Sempre que ouvia essa melodia, ela me tocava profundamente. Um dia, em um hotel em São Paulo, a letra veio de primeira pra mim. Gravamos e acabou virando a favorita dos três. Ela fala de desejos inalcançados e a eterna busca por um coração preenchido. O disco deve contar com 11 faixas e ser disponibilizado nas plataformas em maio. Temos outras sete canções prontas para um futuro trabalho.


Resenhando - Você ainda mantém vontade de gravar como intérprete?
Marya Bravo - Sim. Inclusive tem uma surpresa muito legal: nós gravamos uma canção inédita do meu pai, Zé Rodrix. Era uma canção que estava ainda na nossa memória afetiva familiar, pois ele não chegou a gravá-la. Foi muito emocionante. O resultado ficou tão bom, que parecia até que ele tinha acabado de compor a canção para o disco


Resenhando - Vocês pretendem mostrar esse trabalho ao vivo?
Marya Bravo - Sim. Queremos mostrar esse trabalho em São Paulo e no Rio de Janeiro, e depois em todo o País, onde houver possibilidade. 

"Eterno Talvez"


sábado, 12 de abril de 2025

.: Crítica: "Sambabook Beth Carvalho", uma receita irresistível de samba


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Uma seleção de sambas consagrados, interpretados por nomes conhecidos desse estilo. Com essa receita, certamente o resultado será acima da média. O "Sambabook" em tributo a Beth Carvalho, inclui, além de um álbum com versões primorosas de sambas, um caderno de partituras, com transcrição dos arranjos originais dos sambas; ambiente na web, com portal e redes sociais, além do livro "Uma Vida pelo Samba", escrito pelo jornalista e pesquisador Rodrigo Faour, que cataloga os álbuns de carreira e as participações de Beth em discos de outros artistas, compactos e projetos especiais, desde sua estreia, no final de 1965. 

O "Sambabook Beth Carvalho" reúne artistas de diferentes gerações e estilos, a começar por Zeca Pagodinho e Jorge Aragão, homenageados em edições anteriores. Compositores ligados à trajetória da cantora, como Sombrinha e Fundo de Quintal, se uniram a artistas consagrados e novos expoentes do samba e do pagode neste tributo, marcado pela saudade e pela emoção. O samba foi representado por Leci Brandão, Xande de Pilares, Teresa Cristina, Diogo Nogueira, Péricles, Arlindinho, Ferrugem, Mumuzinho, Marina Iris, Prettos, Mosquito e Lu Carvalho.

Como a diversidade já é tradição no Sambabook, artistas que transitam por outros estilos brilharam na seleção musical, como Fagner, Maria Rita, Seu Jorge, Paula Lima, Luciana Mello, Zelia Duncan, Luedji Luna e a jovem cantora baiana Agnes Nunes. Luana Carvalho, acompanhada pelos Golden Boys, reeditou “Andança”, clássico que sua mãe lançou com o trio, no ano de 1968. Já os músicos Gabriel Grossi, Hamilton de Holanda, Nicolas Krassik, Marcelinho Moreira e Rildo Hora criaram versões instrumentais especialmente para o projeto.

Ouvir as faixas desse álbum é um puro deleite. Nos faz lembrar com saudade da voz e presença marcante de Beth Carvalho, que como intérprete não só influenciou toda uma geração de músicos, mas também deixou um legado importante ao abrir as porás para outros talentos que se consolidaram com o passar dos anos.

"Andança" - Luana Carvalho e GoldenBoys

"1800 Colinas" - Xande de Pialres

"A Chuva Cai" - Zeca Pagodinho

quarta-feira, 9 de abril de 2025

.: Companhia das Letras vai publicar novo livro de memórias de Patti Smith

A Companhia das Letras vai lançar o novo e aguardado livro de memórias de Patti Smith no primeiro semestre de 2026. Foto: Steven Sebring

No primeiro semestre de 2026, a Companhia das Letras vai lançar “Bread of Angels” (ainda sem título em português), o tão aguardado livro de memórias de Patti Smith. A publicação mundial da obra é anunciada 15 anos após a publicação de "Só Garotos", clássico vencedor do National Book Award, e encerrando a turnê do 50º aniversário de "Horses", o primeiro álbum da artista. “Levei uma década para escrever este livro, lidando com a beleza e a tristeza de uma vida. Espero que as pessoas encontrem algo de que precisam”, diz Smith.

Em seu trabalho mais íntimo e visionário, Smith descreve sua infância pós-Segunda Guerra Mundial na periferia da Filadélfia e sul de Nova Jersey, sua adolescência quando os primeiros vislumbres de arte e romance se consolidam, sua ascensão como ícone do punk rock, até seu afastamento da vida pública, quando conhece seu único amor verdadeiro e começa uma família às margens do Lago Saint Clair, em Michigan. Quando Smith sofre perdas profundas, também retorna à escrita, a única constante em um caminho de vida impulsionado pela liberdade artística e pelo poder da imaginação. A Companhia das Letras vai lançar o livro nos formatos impresso e digital.


Sobre a autora
Patti Smith
nasceu em 1946 em Chicago, nos Estados Unidos. Patti ganhou reconhecimento nos anos 1970 por sua fusão revolucionária de poesia com rock, e seu disco "Horses", tido como precursor do punk, é considerado um dos álbuns mais influentes de todos os tempos. Além da carreira musical, publicou volumes de poesia como "Babel" (1978) e "Auguries of Innocence" (2005). Dela, a Companhia das Letras publicou "Só Garotos", "Linha M", "Devoção" e "O Ano do Macaco"

sábado, 5 de abril de 2025

.: Marcus Lima e Thais Motta prestam tributo a Chico Buarque


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Com produção artística de João Carino e Marcos Gomes, e realização do Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB), chegou nas plataformas digitais o álbum "Tributo a Chico Buarque", registro ao vivo do show que reúne clássicos do compositor nas interpretações de Marcus Lima e Thais Motta (do selo Biscoito Fino). Um registro de rara beleza que merece ser apreciado por quem curte a nossa MPB. 

O espetáculo "Tributo a Chico Buarque", foi gravado durante a turnê do projeto em Portugal, onde circulou por 23 cidades em duas temporadas.  Com arranjos originais de Cristóvão Bastos e João Lyra, o show apresenta 22 clássicos de Chico Buarque

Marcus Lima é conhecido por suas participações em festivais de música, dos quais venceu alguns com seu trabalho autoral. O cantor, compositor e violonista tornou-se respeitado pela qualidade inovadora de seu repertório e por sua interpretação vocal. Ao longo de 25 anos de carreira, Marcus se apresentou em seis turnês pela Europa, lançou cinco CDs e compôs músicas que fizeram parte de trilhas sonoras para o cinema.

A cantora e compositora carioca Thaís Motta foi apelidada de Miss Ritmo pelo baterista Marcio Bahia, por conta de seu carisma e divisão rítmica criativa. Thaís transita por estilos diferentes: gravou com o grupo de rock progressivo holandês Focus, se apresentou no Biennale de la Danse de Lyon, no Festival Montreux meets Brienz, na Suíça, e no Java Jazz Festival, em Jakarta, na Indonésia, do qual participaram Ivan Lins e Jammie Cullum. 

Apontada como uma grande intérprete da obra de Chico Buarque, a artista promoveu uma turnê em Portugal com o espetáculo ‘Quem te viu, quem te vê’, sobre o compositor. Lançou o álbum “Minha Estação”, em 2008, e participou de várias gravações, incluindo com o saxofonista francês Baptiste Herbin. Nesse tributo, foram incluídas canções clássicas do repertório de Chico Buarque, como "Noite dos Mascarados", "Tanto Mar", "Partido Alto", "Anos Dourados", "O Que Será", "Apesar de Você" e "A Banda", passando por várias fases da carreira do compositor.

O Instituto Memória Musical Brasileira (IMMuB) é uma organização social sem fins lucrativos voltada para preservação e propagação da cultura musical do Brasil. Desde sua fundação, em 2006, preserva o passado e o presente da nossa música e tem como finalidade principal a promoção da assistência social.

"Tanto Mar"

"Noite dos Mascarados"

"Apesar de Você"

sexta-feira, 28 de março de 2025

.: Rush: coletânea abrange 50 anos de carreira, por Luiz Gomes Otero

Rush: Foto: divulgação

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 

Uma ótima novidade para quem gosta da banda canadense Rush. Foi lançada uma coletânea intitulada Rush 50, que marca os 50 anos da formação do grupo que fez história e integra o hall da fama do rock. Trata-se de uma ótima antologia musical que passa por todas as fases da carreira, chegando até o ano de 2015, na última apresentação ao vivo do trio.

De uma certa forma, este lançamento serve para estreitar a relação com os seus fãs e admiradores, uma vez que o grupo interrompeu as atividades após o falecimento do baterista Neil Peart em 2020. E ainda tem o seu futuro indefinido pelos dois músicos remanescentes: o baixista e tecladista Geddy Lee e o guitarrista Alex Lifeson.

Para um fã de carteirinha do Rush, essa coletânea foi um acerto e tanto. Pelo fato de incluir faixas até então inéditas: a ótima cover de Not Fade Away, de Buddy Holly, e o primeiro single autoral, You Can´t Fight It, que representa bem a primeira fase da banda, marcada por uma sonoridade mais pesada, influenciada principalmente pelos grupos britânicos de rock da época dos anos 70 e 60, como Led Zeppelin, The Who e Cream entre outros.

Cinco músicas ao vivo inéditas foram selecionadas de algumas das performances mais lendárias do Rush. Quatro delas — incluindo dois cortes que não fazem parte dos álbuns de estúdio.  “Bad Boy” e “Garden Road” são originárias de um par dos primeiros shows ao vivo da banda na Laura Secord Secondary School em St. Catharines, Ontário, no Canadá, em 15 de maio de 1974, e o Agora Ballroom em Cleveland, Ohio, em 26 de agosto de 1974. As duas faixas ao vivo do show em Ontário incluem o baterista original da banda, John Rutsey (“Need Some Love” e “Before and After”), enquanto as outras duas do show em Cleveland já apresentam Neil Peart por trás do kit (“Bad Boy” e “Garden Road”)

As demais fases estão representadas por versões ao vivo e de estúdio das composições autorais. Tudo com o devido tratamento técnico para melhorar a qualidade do som, sem perder a sua essência da época de seu lançamento.

Constam na coletânea a épica 2112 , Bastile Day (single do álbum Caress Of Steel), Fly By Night, Anthem, Closer To The Heart, chegando até a chamada fase progressiva, representada por faixas como Tom Sawyer, Red Barchetta, Red Sector A, Test For Echo e One Less Victory, entre outras.

A Super Deluxe Edition desse Rush 50 inclui quatro CDs, sete LPs e novas artes de Hugh Syme, o diretor criativo de longa data da banda que projetou os novos gráficos do 50º aniversário da coleção, juntamente com 29 novas ilustrações que celebram a essência das músicas do Rush. Os sete LPs de vinil preto de alta qualidade apresentam novas artes adicionais. Cada LP da Super Deluxe Edition foi cortado via Direct Metal Mastering e prensado na GZ Media na República Tcheca. O livro de capa dura de 104 páginas incluso traz ensaios detalhados dos renomados jornalistas de rock David Fricke e Philip Wilding, que contam suas experiências individuais com a banda e tudo isso é centrado em incríveis fotos da banda em ação ao longo da carreira.

É compreensível a postura de Geddy Lee e Alex Lifeson, de permanecerem ausentes da banda. Neil Peart não era somente a força motriz das baquetas. Era o principal letrista da banda, responsável pelo conceito de vários álbuns lançados. Substituí-lo não seria uma tarefa tão simples assim. Porém, os dois remanescentes ainda estão por aqui e por isso há sempre a esperança de que voltem a tocar juntos. Só o tempo dirá o que pode acontecer.


Closer to the Heart


Time Stand Still


Tom Sawyer


Not Fade Away




sexta-feira, 21 de março de 2025

.: Valderilio Feijó Azevedo, "Entre a Medicina e a a Música", por Otero

Valderilio Feijó Azevedo. Foto: Divulgação

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 


Um dos profissionais mais respeitados na área de Reumatologia no País, o médico Valderilio Feijó Azevedo consegue dividir seu tempo com uma outra paixão: a música. Ele está divulgando o lançamento do seu primeiro EP, "Maria Helena", em todas as plataformas digitais. Um trabalho que une sensibilidade e profundidade em quatro faixas autorais, o projeto reflete sua paixão pela música e sua conexão com temas universais, apresentando composições que transitam entre a suavidade poética e a força emocional das melodias.

A capa do novo EP, criada pelo artista, resgata uma memória especial da infância do músico. A imagem é uma composição baseada em uma foto tirada quando ele tinha apenas 7 anos, em 1970, segurando uma mini-guitarra elétrica. Ao fundo, um cenário cósmico simboliza um desejo que atravessa o tempo: que a ciência e a arte nos ajudem a compreender melhor os mistérios da vida e do universo.

O músico e instrumentista define sua música como MPB, mas confessa sua paixão pelo rock clássico dos anos 60 e 70. Considerado beatlemaníaco, Valderilio foi membro da  banda Os Metralhas, grupo que interpretava covers dos Beatles e participou de várias edições da International Beatle Week em Liverpool, na Inglaterra.

No trabalho de Valderilio também se nota a influência do rock progressivo dos anos 70, especialmente nos arranjos das canções.

No ano de 2022, Valderilio realizou um emocionante projeto audiovisual em parceria com a Humanitas, a Igreja Católica e a iniciativa United24, dedicada à reconstrução da Ucrânia e às crianças da zona de guerra. O vídeo "Christmas in Kyiv" traz uma composição inédita do artista, com arranjos de cordas assinados pelo maestro Alberto Heller, de Santa Catarina.

Em 2023, Valderilio compôs a canção Primavera de Curitiba em homenagem aos 330 anos da cidade. A convite das autoridades locais, o cantor apresentou a música em celebração à data.

Além da carreira musical, Valderilio acaba de ser eleito como o novo presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). O reumatologista tem uma trajetória dedicada ao avanço da Medicina e foi presidente da Sociedade Paranaense de Reumatologia. E  é professor associado em reumatologia na Universidade Federal do Paraná (UFPR), tendo sido coordenador da Comissão de Artrite Psoriásica e biotecnologia da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) e segundo secretário da entidade.


Relva


Bato a porta do Universo


Nova Era


sexta-feira, 14 de março de 2025

.: Elis 80 anos – Um talento de rara beleza, por Luiz Gomes Otero

Elis Regina. Foto: Pedro Martinelli

Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico cultural. 


O ex-marido de Elis Regina, Cesar Camargo Mariano, disse em uma entrevista dada há alguns anos uma definição perfeita sobre ela. “Embora não soubesse, ela era um músico. Tinha todas as virtudes de um músico ao interpretar as canções”.

Isso resume de fato o que era o talento raro de Elis, que se estivesse viva completaria 80 anos no dia 17 de março. Desde os tempos dos festivais, quando praticamente decolou com o hit Arrastão. E mais tarde, nos anos 70, quando aprimorou ainda mais suas técnicas vocais e se uniu ao genial músico Cesar Camargo Mariano. São dessa fase álbuns antológicos com Falso Brilhante, Elis e Tom, Transversal do Tempo e Essa Mulher, que tem o hino da abertura democrática no País: O Bêbado e a Equilibrista.

Até mesmo sua fase final, com o disco que tem Trem Azul e o single Me Deixas Louca, Elis demonstrou sua qualidade. Um dos últimos hits foi composto por Guilherme Arantes (Aprendendo a Jogar), que levou a cantora a tocar novamente nas rádios.

Vou citar apenas três momentos que me impressionam até hoje: a canção Quero, do álbum Falso Brilhante, O Que Foi Feito Devera, em dueto com Milton Nascimento (do Clube da Esquina II) e Cinema Olympia, do álbum Ela de 1971.

É difícil imaginar como estaria Elis agora no alto de seus 80 anos – ela nos deixou precocemente com apenas 36 anos em 1982. Além de descobrir novos compositores, ela tinha o dom de transformar uma simples canção em um objeto de rara beleza, capaz de ser apreciado como um quadro de um pintor clássico.

Meu palpite é que ela estaria criando um selo próprio com os filhos João Marcello Boscoli, Pedro Mariano e Maria Rita, além de se associar em seus projetos musicais em família. Estaria literalmente com a faca e o queijo na mão para produzir e cantar o que quisesse. Enquanto nós, ouvintes, aguardaríamos suas novidades ansiosamente.


O que foi Feito Devera


Cinema Olympia


Quero



.: Gal Costa tem compacto raríssimo de 1972 relançado no streaming

Dois anos após sua partida, Gal Costa reafirma sua aura mítica em nossa música popular no ano em que completaria 80 primaveras. A prova disso é o frisson gerado com o lançamento surpresa da Universal Music Brasil nas plataformas digitais, na semana passada, do seu Compacto de 72.  Trata-se de um tape com três faixas registradas pela cantora em 1972, resgatadas pelo departamento de catálogo da companhia, em seu trabalho de digitalização de seu acervo para o digital.  

Após o megasucesso do show “Fat-al – Gal a todo vapor”, um marco na contracultura e no showbiz nacionais, Gal registrou esses fonogramas, noticiados à época pela imprensa.

O Compacto de 72 trazia no repertório, “A morte”, do amigo Gilberto Gil, com quem fez, até 1973, algumas apresentações na época do show “Gal Costa e Gilberto Gil”; “Vale quanto pesa”, de Luiz Melodia, compositor que ela acabara de lançar, incluindo “Pérola negra” no referido show “Fat-al”, e uma regravação de “O dengo que a nega tem”, do início da carreira de Dorival Caymmi – essa, em versão livre, repleta de improvisos viajantes, totalizando sete minutos e vinte segundos, bem ao espírito psicodélico da época.

Pelo frescor da voz e intensidade das interpretações, não é de se estranhar a comoção que este presente vêm causando em seus fãs. Uma artista verdadeiramente imortal.

Ouça e baixe aqui: http://umusicplay.lnk.to/Compacto1972

sexta-feira, 7 de março de 2025

.: Show antológico do Supertramp em Paris relançado completo em CD e vinil



Logo após o lançamento e a extensa turnê do álbum Breakfast In America, a banda Supertramp se apresentou em dezembro de 1979 no Pavillon de Paris, na França, num espaço com 8.000 lugares. E pela primeira vez, esse show foi relançado em áudio na íntegra com três discos na versão vinil e como CD duplo. A versão original em vinil lançada em 1980 continha uma parte das canções do set list do show.

Lançado como "Live In Paris '79", o álbum trata-se de uma celebração, um momento de auge da popularidade da banda. Ao mesmo tempo, funciona como uma ótima coletânea de seus discos de estúdio.

A formação na época contava com Roger Hodgson (vocal, guitarra e teclados), Rick Davies (vocal, teclados e harmônica), John Helliwell (saxofone e backing vocals), Dougie Thomson (baixo e backing vocals) e Bob Siebenberg (bateria). Essa aliás é considerada a formação mais marcante da banda para os fãs.

O show foi realizado em 29 de novembro de 1979 no Pavillon de Paris, na França. Depois do lançamento do excelente disco Breakfast In America, que elevou a popularidade da banda para um patamar mais alto.  A intenção dos músicos foi repassar canções que marcaram aquele período inicial e assim buscar entrar no cobiçado mercado norte-americano, como uma espécie de cartão de visitas da banda. Ao mesmo tempo, ganhariam tempo para poder produzir um novo disco com material inédito, que já vinha sendo solicitado pela gravadora na época.

Naquele momento a banda havia atingido o auge do sucesso, apesar dos crescentes conflitos internos. Em especial, entre Rick Davies e Roger Hodgson, justamente os dois principais compositores do grupo.

O repertório do álbum neste relançamento contém quase todo o Crime of the Century de 1974 (exceto "If Everyone Was Listening"), três músicas de Crisis? What Crisis? (1975), duas de Even in the Quietest Moments (1977), três de Breakfast in America (1979), além de "You Started Laughing", o lado B de um single dos anos 70.

O filme do concerto chegou a ser lançado em agosto de 2012 sob o título Live in Paris '79, com edições em DVD e Blu-ray Disc. E agora volta a ser relançado em áudio, para a alegria dos fãs.

As versões ao vivo estão ótimas. Destaque para Dreamer , Take The Long Way Home e Bloody Well Right. Citaria ainda as faixas que não estiveram na primeira edição em vinil, como Goodbye Stranger, Even In The Quietest Moments e Downstream. Ouvindo essas versões agora, fica difícil imaginar porque deixaram de inclui-las na primeira versão do álbum. Há inclusive a brilhante execução dos dez minutos de Fool´s Overture, uma peça no estilo de rock progressivo que integra o disco Crime of The Century, de 1974.

Como os recursos tecnológicos de estúdio atuais são melhores do que o da época do disco original, foi possível melhorar a qualidade do som desse registro antológico. Se você curte o som da banda, esse Live in Paris é essencial para completar sua coleção.

Como ouvinte da banda, sempre gostei de ouvir as canções de Roger e Rick interpretadas por essa formação do disco ao vivo em Paris. Juntos, eles conseguiam passar uma energia muito interessante. As canções feitas a partir de 1974, aliás, sempre emocionavam o público onde quer que eles tocassem. Uma pena que, após a saída de Roger, em 1983, o grupo nunca mais conseguiu reviver essa magia novamente.


Dreamer


Goodbye Stranger


School


Logical Song



quarta-feira, 5 de março de 2025

.: Musical "TV Colosso" estreia no teatro após 30 anos de sucesso na televisão


Celebrando os 30 anos de um dos programas mais icônicos da TV brasileira, espetáculo inédito, com Priscila e os personagens originais da série, chega ao Teatro Bravos, no dia 8 de março, com uma história emocionante e cheia de aventura. Foto: Luiz Ferré


"TV Colosso", programa infantil da TV Globo, conhecido por sua criatividade e originalidade, tornou-se um fenômeno de audiência e um marco cultural atemporal para diversas gerações. Reviva a magia dos anos 90 com "TV Colosso - O Musical", sob a direção artística de Luiz Ferré, o criador dos personagens originais da série. Com roteiros de Adão Iturrusgarai e André Catarinacho, com colaboração final de Thereza Falcão.

Uma emocionante homenagem a um dos programas mais amados da televisão brasileira, que encantou milhões de pessoas no Brasil com seus personagens cativantes. Adultos revivem a infância ao reencontrar esses queridos amigos, enquanto as crianças exploram o universo da "TV Colosso" pela primeira vez, com muitas risadas, lições e números musicais vibrantes que recriam a nostalgia do programa. Participe dessa celebração dos 30 anos de afeto e diversão, compartilhando memórias com as futuras gerações. O espetáculo é uma realização da Globo em parceria com Criadores e Criaturas, Inova Brand, Ziss Produções, e Everybody Entretenimento, apresentado e patrocinado pelo Ministério da Cultura e pela Brasilprev, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

"'TV Colosso' é um exemplo de sucesso brasileiro que conquistou milhões de fãs e permanece vivo na memória afetiva de gerações. Aqui na Brasilprev, temos o orgulho de apoiar produções como essa, que celebram a riqueza da cultura nacional e valorizam marcos importantes da nossa história", destaca Ivan Kosmack Ribeiro, gerente de Comunicação e Sustentabilidade da empresa. "Somos reconhecidos como uma das empresas que mais investem em iniciativas culturais no país, e projetos como este refletem nossa dedicação em promover e preservar o que é genuinamente nosso".


"TV Colosso - O Musical"
Ao som das trilhas icônicas do universo Colossal, os personagens favoritos da "TV Colosso" se reúnem para enfrentar uma ameaça: uma invasão de cães cibernéticos comandados pelo terrível Vira-Lata de Aço, vindo do futuro para levar o Gilmar das Candongas para o ano de 2090 e resolver a "TV Colosso das Galáxias", uma versão altamente tecnológica e sem humor. Em cena, momentos marcantes como o “Bom dia, Galera!“ e o clássico “Tá na hora de matar a fomeee!” ganham vida. Priscila, ao lado dos Gilmares, convoca a turma para enfrentar os caninos espaciais, que acabam descobrindo que a verdadeira magia da "TV Colosso" está na bagunça e amizade da equipe. Será que a "TV Colosso" volta ao passado, ou o futuro está a caminho? Todos correm para salvar a "TV Colosso" – afinal, ainda bem que já é hora do almoço!

sábado, 1 de março de 2025

.: As cinco curiosidades de Bob Dylan, "Um Completo Desconhecido" na telona


Nascido em 24 de maio de 1941 - em Duluth, Minnesota - Robert Allen Zimmerman, mais conhecido como Bob Dylan, é um ícone da música e da contracultura. Sua carreira, que começou em bares e pequenos eventos na região, o levou a se tornar um dos artistas mais premiados e reconhecidos de todos os tempos. O álbum “The Freewheelin' Bob Dylan”, lançado em 1963, marcou o início de uma jornada musical que influencia gerações até os dias de hoje. Com letras poéticas e melodias marcantes, Dylan conquistou uma legião de fãs e se tornou um símbolo de protesto e desejo por mudanças.

A vida de Bob Dylan chega à rede Cineflix e aos cinemas brasileios pela cinebiografia "Um Completo Desconhecido", inspirada no livro "Dylan Goes Electric! (2015)", de Elijah Wald. Escrito e dirigido por James Mangold, o longa é estrelado por Timothée Chalamet e recebeu oito indicações no Oscar® de 2025, inclusive na categoria “Melhor Ator” para o protagonista. Abaixo feitos e curiosidades sobre o astro:

Bob Dylan recording in 1965. Bob Dylan durante a gravação de suas músicas em 1965

A voz de uma geração
Bob Dylan usou sua arte para dar voz aos anseios e às inquietações de uma geração. Suas canções de protesto, como "Blowin' in the Wind" e "The Times They Are a-Changin'", se tornaram hinos de movimentos sociais importantes, como a luta pelos direitos civis e a oposição à guerra. Com letras poéticas e melodias marcantes, o cantor capturou o espírito de uma época de mudanças profundas, influenciando a cultura popular e inspirando milhares a questionarem o status quo. Seus hinos de protesto ecoaram entre a juventude da época, que buscava um mundo mais justo e igualitário, e suas músicas se tornaram a trilha sonora de manifestações e protestos, amplificando o impacto de suas mensagens e fortalecendo a luta por um futuro melhor.


O ator Timothy Chalamet caracterizado como o cantor Bob Dylan

A música que deu origem ao nome do filme
Considerada uma das maiores canções de todos os tempos, "Like a Rolling Stone" foi lançada em 1965 e marcou uma transformação na carreira de Bob Dylan. A música, com mais de seis minutos de duração, era inovadora para a época, combinando elementos de rock e folk com uma letra poética e ácida. A produção da música foi cercada de dificuldades. A gravadora não acreditava no potencial da canção e Dylan enfrentou resistênlcia de outros músicos. No entanto, ele insistiu em sua visão e a música foi lançada, tornando-se um sucesso imediato, alcançando o segundo lugar nas paradas da Billboard.

A letra de Like a Rolling Stone surgiu de um longo poema que Dylan escreveu após uma turnê exaustiva pela Inglaterra. Ele descreveu o processo de composição como um "vômito" de palavras, um desabafo sobre suas frustrações e desilusões. A canção fala sobre uma jovem mulher da alta sociedade que perde tudo e se vê "como uma pedra rolando", sem rumo e sem identidade. Sua letra, ressoou com uma geração de jovens que se sentiam deslocados e desiludidos com o mundo ao seu redor. A música também é notável por sua instrumentação inovadora, com destaque para o som da guitarra elétrica e do órgão elétrico. O nome do filme Um Completo Desconhecido, vem do refrão marcante: "How does it feel? How does it feel? To be without a home. Like a complete unknown. Like a rolling stone".


Imagem de divulgação do longa "Um Completo Desconhecido"

Um afastamento repentino dos palcos
Em 1966, Bob Dylan sofreu um grave acidente de moto em Woodstock, Nova York, quando ele pilotava sua moto Triumph Tiger 100 e derrapou, sofrendo fraturas na coluna vertebral e concussão. Na época, muito se especulou sobre a gravidade do acidente e se ele teria sequelas permanentes.

Após o ocorrido, Dylan se afastou dos palcos e da vida pública, passando um tempo em sua casa em Woodstock com sua família. Esse período de recuperação, no entanto, permitiu que ele se concentrasse na composição e gravação de novas músicas, resultando em álbuns importantes como "John Wesley Harding" e "Nashville Skyline". Em 1974, Bob Dylan retornou aos palcos com uma série de shows que marcaram sua volta à música ao vivo. A turnê “Tour '74”, que passou por diversos países, foi um sucesso de público e crítica, mostrando que Dylan continuava sendo um artista relevante e influente.


Bob Dylan recebendo seu Prêmio Nobel, em Estocolmo, Suécia | Foto: Lester Cohen

Reconhecido pelo Prêmio Nobel
Em 2016, Bob Dylan recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, um reconhecimento por sua habilidade de contar histórias e expressar emoções complexas através de suas letras. A Academia Sueca justificou a premiação afirmando que Dylan "criou novas expressões poéticas dentro da grande tradição da canção americana". O cantor foi o primeiro músico a receber o prêmio, o que gerou debates acalorados sobre a natureza da literatura e sobre a importância da música como forma de arte. Alguns argumentaram que as letras de músicas não deveriam ser consideradas literatura, enquanto outros defenderam que a poesia de Dylan era tão valiosa quanto qualquer outra forma de escrita.

Independentemente da polêmica, a premiação recebida por Dylan consolidou sua importância como poeta e letrista, e sua influência na música e na cultura popular. Suas letras, que abordam temas como amor, perda, injustiça social e guerra, ressoaram com milhões de pessoas em todo o mundo e se tornaram parte da cultura popular.

O curioso da situação é que Bob Dylan não foi ao evento receber o prêmio. Quem recebeu a estatueta, representando o cantor, foi a cantora Patti Smith. Dylan se encontrou com a Academia Sueca para ser premiado quase quatro meses depois, ocasião em que recebeu, em Estocolmo, seu diploma e medalha do Nobel de literatura. Ao receber o prêmio, Dylan afirmou que "nunca havia pensado em suas canções como literatura" e que se sentia "honrado e surpreso" com a premiação. Ele também reconheceu a influência de outros poetas e escritores em sua obra, como Woody Guthrie, Robert Johnson e Hank Williams.

Bob Dylan durante a gravação do álbum "Bringing It All Back Home" em 1965 | Foto: Michael Ochs

Discografia extensa
Bob Dylan é um dos artistas mais prolíficos e influentes da história da música, com uma discografia vasta e diversificada que inclui mais de 50 álbuns de estúdio, além de álbuns ao vivo, compilações e singles. Sua produção musical é marcada pela experimentação e reinvenção, explorando diversos gêneros, como folk, rock, blues e country. Entre seus álbuns mais icônicos, destacam-se "The Freewheelin' Bob Dylan", um marco do movimento folk com canções de protesto e letras poéticas; "Highway 61 Revisited", um álbum inovador que marcou sua transição para o rock, com a clássica música "Like a Rolling Stone"; e "Blonde on Blonde", um álbum duplo considerado uma obra-prima do rock, com letras complexas e melodias marcantes.

Dylan também é conhecido por suas apresentações ao vivo energéticas e imprevisíveis, registradas em álbuns como "Before the Flood", gravado durante sua turnê com The Band, e "Hard Rain", registrado durante a turnê "Rolling Thunder Revue". Além dos álbuns de estúdio e ao vivo, ele lançou diversas compilações, como "Masterpieces" e "Biograph", que reúnem seus maiores sucessos, além da série "The Bootleg Series", que apresenta gravações raras e inéditas de sua carreira.

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"Um Completo Desconhecido" (legendado)
Título original: "A Complete Unknow". Ano de Produção: 2025. Idioma: inglês. Direção: James Mangold. Elenco: Timothée Chalamet, Elle Fanning e Boyd Holbrook. Duração: 2h21.


Sala 4
1°/3/2025 - Sábado:  18h00 - 20h50
2/3/2025 - Domingo: 18h00 - 20h50
3/3/2025 - Segunda-feira: 18h00 - 20h50
4/3/2025 - Terça-feira: 18h00 - 20h50
5/3/2025 - Quarta-feira: 18h00 - 20h50

Trailer de "Um Completo Desconhecido"

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