Na imagem, Aline (Barbara Reis) quer justiça, mas se apaixona pelos filhos do assassino do marido. Foto: Globo/João Miguel Júnior
Bem antes do início das gravações de "Terra e Paixão", novela das 21h escrita por Walcyr Carrasco, a equipe de cenografia e produção de arte começou a conceber o conceito e reunir as referências para os cenários e a cidade cenográfica da novela. As obras com cores vivas marcantes de artistas populares da região Centro-Oeste, como Siron Franco e Moacir Sodré, serviram de inspiração para cenários de diversos personagens, como a fazenda de Antônio (Tony Ramos), a casa de Aline (Barbara Reis), o bar de Cândida (Susana Vieira) e o quarto de Anely (Tata Werneck), entre outros.
Quadros dos artistas fazem parte da decoração do interior da fazenda de Antônio, da pousada de Andrade (Ângelo Antônio) e Lucinda (Débora Falabella) e da casa de Ademir (Charles Fricks). A pintura da praça da cidade cenográfica da fictícia Nova Primavera foi feita pelo goiano Kboco. A natureza e a paisagem das plantações de Dourados e Deodápolis, principais locações na região, dão o tom de toda a cenografia, assinada por Cris Bisaglia e Ana Aline, e da produção de arte, de Eugênia Maakaroun, que também assina a direção de arte.
"Trabalhamos com os tons da terra da região, bastante vermelha, e trouxemos muitas cores da natureza para o nosso cenário e para dentro das casas. Esse processo foi muito diferente do que estamos acostumados, pois nos preocupávamos mais com o momento das plantações, o dia em que a fazenda que a gente estava gravando iria plantar e colher a soja. Nosso trabalho foi muito em função do que iria acontecer durante a viagem. Íamos correndo atrás desses acontecimentos e construindo o cenário da nossa história, à mercê da natureza", conta Eugênia Maakaroun, conhecida como Didi.
Gravar uma novela que se passa em um ambiente com uma economia rural trouxe um desafio a mais para as equipes de cenografia e arte em relação ao maquinário e à imensa tecnologia implantada, além da necessidade de reproduzir esse universo em gravações externas no Rio de Janeiro. A parceria com fazendas locais ajudou a ter em cena máquinas grandiosas, como tratores, plantadeiras, semeadeiras e colheitadeiras.
Além de drones e outros equipamentos tecnológicos, mas ainda assim foi preciso conseguir máquinas em outro estado devido à demanda intensa das gravações no Mato Grosso do Sul. "Trouxemos maquinários e equipamentos agrícolas do Paraná para o Mato Grosso do Sul. Estávamos em época de colheita, então precisamos correr atrás de mais colheitadeira, plantadeira e o trator de outro estado que não estava exercendo a colheita naquela época. Foi uma curiosidade interessante desse trabalho", conta Eugênia.
Nas externas no Rio de Janeiro, "Terra e Paixão" tem cenas gravadas em Guaratiba, Mangaratiba, Seropédica e Itaguaí, entre outros lugares. "Encontramos locações em que podemos trazer fragmentos das plantações do Mato Grosso do Sul. Lá é uma grandiosidade, horizontes sem fim, mas aqui também conseguimos contar essa história, ter um cenário próximo, só que um pouco menor", explica a diretora de arte.
A fazenda de Aline fica em uma das cidades cenográficas da novela e precisou passar por um processo de reconstrução ao longo das gravações, já que acontece um incêndio no primeiro capítulo e na história a casa é toda reformada após o atentado. A cidade cenográfica que representa Nova Primavera traz a Cooperativa, o bar de Cândida (Susana Vieira), a escola municipal onde Gladys (Leona Cavalli) é diretora, a delegacia, a academia de Krav Magá de Odilon (Jonathan Azevedo) e a butique de Graça (Agatha Moreira), entre outros cenários.
As principais referências para ambientar os lugares da trama estão em Dourados. A parte externa da fazenda de Antônio fica em outra cidade cenográfica dos Estúdios Globo. A área interna, construída em estúdio que possibilita os cenários serem fixos, também precisou de muita pesquisa e referências diversas. "Essa é uma fazenda bem maximalista. Quando visitamos o Mato Grosso do Sul pela primeira vez, entendemos que existem casas com conceitos maximalistas, com muitas cores, animal print, bastante dourado. Aqui na região sudeste as pessoas gostam mais dos cinzas e beges e lá eles gostam dos coloridos. É um cenário que foi muito significativo compor", finaliza a diretora de arte.
Criada e escrita por Walcyr Carrasco, a obra é escrita com Márcio Haiduck, Vinícius Vianna, Nelson Nadotti e Cleissa Regina, com direção artística de Luiz Henrique Rios, direção geral de João Paulo Jabur e direção de Tande Bressane, Jeferson De, Joana Clark, Felipe Herzog e Juliana Vicente. A direção de gênero é de José Luiz Villamarim e a produção é de Raphael Cavaco e Mauricio Quaresma.