terça-feira, 15 de julho de 2025

.: "Estratagemas Desesperados" estreia dia 17 de julho no Sesc 24 de Maio


Personagens que desafiam arquétipos da mulher estão no espetáculo baseado em contos de horror das autoras ibero-americanas: Mariana Enriquez (Argentina), María Fernanda Ampuero (Equador) e Layla Martinez (Espanha), em dramaturgia original. Foto: Mayra Azzi


Quatro mulheres dentro de uma casa compartilham histórias que tensionam os limites entre o desejo e o horror. As personagens são inspiradas na obra das autoras contemporâneas Mariana Enriquez (Argentina), María Fernanda Ampuero (Equador) e Layla Martinez (Espanha). A direção é de Amanda Lyra e Juuar, que também assinam a dramaturgia.  O espetáculo tem sua temporada de estreia de 17 de julho a 10 de agosto, no Sesc 24 de maio. No elenco, além de Lyra, estão Carlota Joaquina, Monalisa Silva e Stella Rabello.

“Lemos e ouvimos histórias todos os dias de mulheres em situações de violência doméstica, mulheres que são abusadas, estupradas e assassinadas. Que mudança aconteceria no nosso imaginário se as histórias que ouvimos e contamos sobre violência não fossem apenas sobre a mulher que sofre e a mulher que morre, mas também sobre a mulher que responde à violência? A mulher que tem desejos violentos intrínsecos e viscerais?”, indaga a diretora Amanda Lyra ao explicar a perspectiva adotada pela peça.

Essas autoras exploram, por meio do horror, um olhar radical sobre o feminino e a violência de gênero, além de desafiar os arquétipos tradicionais da mulher em suas histórias. São personagens complexas, dúbias, que fogem dos padrões morais. Juuar, que também assina a direção da peça, elabora: “Ao revirar o material dessas autoras ficamos frente a frente com mulheres que agem e vão até as últimas consequências do desejo, o que nos coloca diante de um constante trânsito entre o assombro e a atração, o nojo e o tesão. Ao provocar em nós a habitação desses sentimentos aparentemente avessos, essas mulheres parecem nos libertar de qualquer julgamento moral e revelar, a partir de ações violentas e radicais, a possibilidade de debater e existir fora do campo de um desejo prescrito, aceito socialmente. Nesse sentido, o próprio gênero do horror nos apresenta a mesma questão ao abordar temas sociais que são constantemente evitados em debates públicos”.

A ideia da casa como cenário no espetáculo é contrapor o espaço doméstico - esse lugar historicamente destinado às mulheres, espaço familiar e de cuidado, normalmente associado à felicidade - às histórias terríveis que essas personagens contam. Na peça, é a casa que se assombra com essas histórias de amor, obsessão, delírio e vingança. A trilha sonora original (Azulllllll e Lello Bezerra), a cenografia (Valdy Lopes) e a iluminação (Sarah Salgado) são usadas para distorcer sua imagem convencional e, criando uma atmosfera assombrada, ajudam a transformar a casa em uma espécie de quinto personagem da peça. A equipe de criação conta, ainda, com Danielli Mendes (direção de movimento) e Diogo Costa (figurino). 

O texto foi construído em uma residência ao longo de sete semanas no CPT (Centro de Pesquisa Teatral do Sesc-SP) em julho e agosto de 2024, em uma iniciativa em parceria com o Festival Mirada. Na ocasião, além de ler e discutir várias obras de escritoras latino- americanas contemporâneas, as artistas se debruçaram sobre os gêneros cinematográficos do terror e do horror.


Sobre as autoras
 Mariana Enriquez (Buenos Aires, 1972) é conhecida por sua obra literária que explora temas de horror e violência. Seu estilo combina elementos do realismo com o sobrenatural, criando narrativas que revelam as tensões sociais e políticas da Argentina contemporânea. Ela é autora de vários livros de contos e romances, incluindo “As coisas que perdemos no fogo” e “Nossa parte da noite”. Seu trabalho tem sido reconhecido tanto em seu país natal quanto no exterior, e recebeu vários prêmios literários que destacam sua contribuição inovadora para a literatura contemporânea, como o Prêmio Herralde, o Prêmio da Crítica Argentina, entre outros. 

María Fernanda Ampuero (Equador, 1976) explora temas de violência, opressão e desigualdade em sua obra literária. Seu último livro, “Briga de Galos”, foi um dos dez livros do ano do The New York Times em Espanhol e já foi traduzido para vários idiomas. É uma das escritoras latinoamericanas mais importantes dos últimos anos, de acordo com a revista Gatopardo. “Briga de Galos” recebeu o prêmio Joaquín Gallegos Lara 2018 como melhor livro de contos do ano.  

Layla Martinez (Espanha, 1987) é escritora, cientista política e mestre em sexologia. Coordenou e ministrou oficinas de literatura, ciclos de cinema e palestras sobre a história das mulheres e dos movimentos sociais. “Cupim”, seu romance de estreia, lançado em 2021, tornou-se um fenômeno na Espanha, com direitos de publicação vendidos em mais de 15 países.


Ficha Técnica
Espetáculo "Estratagemas Desesperados"
Idealização: Amanda Lyra
Direção e dramaturgia: Amanda Lyra e Juuar
A partir dos textos: “Nada de Carne Sobre Nós” e “Onde Está Você Coração?”, de Mariana Enriquez; “Crias” de María Fernanda Ampuero; e trecho adaptado do romance “Cupim”, de Layla Martinez
Elenco: Amanda Lyra, Carlota Joaquina, Monalisa Silva e Stella Rabello
Direção musical e trilha sonora original: Azulllllll e Lello Bezerra
Direção de movimento: Danielli Mendes
Cenografia: Valdy Lopes
Figurino: Diogo Costa
Iluminação: Sarah Salgado
Assistente de direção e de produção: Vini Silveira
Assistente de cenografia: Cris Cortilio 
Produção de  cenografia: Marília Dourado
Cenotécnico: Pelé Leonarchick
Contrarregra: Cezar Renzi
Modelista: Edson Honda
Engenheiro e operador de som: Murilo Gil
Operação de luz: Pâmola Cidrack
Design gráfico: Estúdio M-CAU
Fotos: Mayra Azzi
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Coordenação geral e produção: Amanda Lyra | Troca produções
Direção de produção: Aura Cunha | Elephante Produções


Serviço
Espetáculo "Estratagemas Desesperados"
Dir. Amanda Lyra e Juuar
Temporada: 17 de julho a 10 de agosto de 2025
Quintas, às 19h00. Sextas, às 20h00. Sábados, às 17h00 e 20h00. Domingos, às 18h00.
*Sessões com interpretação em Libras nos dias 7, 8, 9 e 10 de agosto
Sesc 24 de Maio, Rua 24 de Maio, 109, São Paulo – 350 metros da estação República do metrô
Ingressos: https://www.sescsp.org.br/programacao/estratagemasdesesperados/  ou através do aplicativo Credencial Sesc SP a partir do dia 8/7 e nas bilheterias das unidades Sesc SP a partir de 10/7 - R$60 (inteira), R$30 (meia) e R$18 (Credencial Sesc).
Classificação: 14 anos
Duração: 90 minutos
Acessibilidade: espaço acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
Serviço de van: transporte gratuito até as estações de metrô República e Anhangabaú. Saídas da portaria a cada 30 minutos, de terça a sábado, das 20h00 às 23h00, e aos domingos e feriados, das 18h00 às 21h00.

.: São Paulo recebe a 16ª Edição do Bazar das Bruxas - Especial Deusas


Evento gratuito celebra o sagrado feminino neste sábado, 19 de julho, no Clube Atlético Ypiranga. Foto: divulgação


Prepare seu amuleto, escolha sua roupa mais mágica e sinta o chamado: neste sábado, dia 19 de julho, São Paulo será palco da 16ª edição do Bazar das Bruxas, um evento único e consagrado que já faz parte do calendário esotérico da cidade. Com entrada gratuita, a edição deste ano traz o tema "Especial Deusas" e acontece das 11h00 às 20h00 no tradicional Clube Atlético Ypiranga, localizado na Rua do Manifesto, 475, a apenas 15 minutos da Estação Ipiranga.

Mais do que uma feira, o "Bazar das Bruxas" é uma verdadeira celebração da espiritualidade, da ancestralidade e do poder feminino. Um espaço para vivenciar a energia das deusas de diferentes culturas e tradições, com uma programação intensa que inclui vivências místicas, atendimentos com oraculistas, rodas de conversa, palestras, rituais coletivos, apresentações artísticas, além de uma feira com expositores especializados em artigos esotéricos, como cristais, incensos, tarôs, velas, ervas, amuletos, vestuário e muito mais.

Esse é o lugar ideal para quem vibra com astrologia, sente a força dos elementos da natureza, cultiva rituais de autocuidado e conexão espiritual e deseja reencontrar sua própria essência sagrada. O evento convida mulheres – e também homens que respeitam e valorizam o feminino – a entrarem em contato com a Deusa interior, em um ambiente acolhedor, mágico e transformador. Seja você uma bruxa experiente, uma curiosa iniciada, ou alguém em busca de sentido e pertencimento, o Bazar das Bruxas é um convite para se reconectar com sua espiritualidade, sua intuição e com uma comunidade vibrante que acredita no poder do autoconhecimento. Vista-se como uma deusa e venha celebrar! Leve suas amigas, sua mãe, sua filha, sua irmã. Celebrem juntas a magia de ser mulher em todas as suas fases.

Serviço
16ª Edição do Bazar das Bruxas - Especial Deusas

Sábado, 19 de julho de 2025, das 11h00 às 20h00
Clube Atlético Ypiranga – Rua do Manifesto, 475 – São Paulo
A apenas 15 minutos da Estação Ipiranga. Gratuita. Livre.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

.: Espetáculo “Navalha na Carne” celebra os 90 anos de Plínio Marcos


Dirigida por Fernando Aveiro, versão do núcleo CaTI reestreia em SP e atualiza a presença feminina no clássico escrito em 1967. Foto: Kaligari


No ano em que se comemora os 90 anos de nascimento do dramaturgo santista Plínio Marcos (1935-1999), o núcleo CaTI (Caxote Teatro Íntimo) reestreia o clássico “Navalha na Carne” em 24 de julho, no Teatro Manás Laboratório, localizado na Bela Vista, zona central de São Paulo. Onze anos após sua primeira montagem da peça, intitulada "Por Acaso, Navalha", o grupo atualiza as questões sociais e humanas de um dos textos mais potentes da dramaturgia brasileira.

A opressão vivida pela personagem Neusa Sueli, interpretada por Bárbara Salomé, é um dos destaques da dramaturgia original. Na nova montagem, se por um lado a prostituta ainda segue no centro do “ringue”, de onde não consegue sair e vive inúmeros tipos de violência, por outro se insere em um novo contexto, em que a voz da mulher ganha protagonismo. 

Fernando Aveiro, diretor do núcleo, lembra que uma simples frase dita pela personagem, como “Um dia a casa cai viu, pode crer!", hoje ganha outro peso na voz de Salomé. “Embora a Neusa tenha consciência do que está vivendo, ela não consegue sair desse lugar, e isso pode acontecer com qualquer pessoa, por diferentes motivos", comenta. “A violência está em outros patamares: ela é verbal, moral, psicológica, e não só física, aliás esse último aspecto é o que menos existe na versão do CaTI. Optamos por um caminho que revela os abusos silenciosos do texto", completa Humberto Caligari, que assina a produção ao lado de Camila Biondan e também interpreta o personagem Veludo.

O diretor relembra a atualidade do texto e o fato de não se fixarem em uma adaptação realista. “Existe um mistério para além do que é dito na trama, que aparece muito no tempo dilatado da encenação, nos silêncios, no pensamento dos personagens. Não existe aqui uma Neusa resignada, até mesmo os silêncios e olhares dela têm uma densidade cortante", completa Aveiro.

O núcleo CaTI foi criado em 2013 com o objetivo de investigar o teatro na linguagem contemporânea. Ao longo de sua trajetória, dedica-se à releitura de textos clássicos e à exploração de novas proposições dramatúrgicas. Seus espetáculos buscam unir diferentes linguagens, enquanto investigam o espaço alternativo e a relação intimista entre o público e a cena. Em montagens como “Ex-Gordo”, “Obras Sobre Ruínas”, “Flores para Los Muertos” e o próprio “Navalha na Carne”, o CaTI se aprofunda no protagonismo de personagens quase invisíveis à sociedade, dando voz a esses indivíduos esquecidos e provocando reflexões sobre as desigualdades e exclusões que permeiam nosso cotidiano.


Sinopse “Navalha na Carne”
A peça narra a história de Neusa Sueli, uma prostituta (Bárbara Salomé) confrontada por seu cafetão, Vado (Murilo Inforsato), ao retornar de uma noite de trabalho. Em meio a acusações e tensões, ela é forçada a lidar com o abuso, a violência e a desconfiança, enquanto a luta pela sobrevivência se torna um jogo brutal de poder e verdade. Uma obra crua e contundente sobre os limites da dignidade humana e as relações de dominação.


Ficha técnica
Espetáculo "Navalha na Carne"
Texto original: Plínio Marcos
Direção: Fernando Aveiro
Assistente de direção: Camila Biondan
Elenco: Bárbara Salomé como Neusa Sueli, Murilo Inforsato como Vado, Humberto Caligari como Veludo
Figurinos: Rosângela Ribeiro
Cenografia e Iluminação: CaTI - Caxote Teatro Íntimo
Produção: Humberto Caligari e Camila Biondan
Fotos: Kaligari Fotografia
Assessoria de imprensa: Katia Calsavara
Coordenação geral: Fernando Aveiro
Idealização: Caxote Coletivo Produções


Serviço
Espetáculo “Navalha na Carne”
Estreia quinta, 24 de julho, às 21h; 31 de julho, às 21h. E todas as terças de agosto, às 21h.
Teatro Manás Laboratório (Rua Treze de Maio, 222, Bela Vista, SP/SP)
Ingressos: de R$ 40,00 (meia-entrada) a R$ 80,00 (inteira)
Ingressos via Sympla: https://www.sympla.com.br/evento/navalha-na-carne/3020680

.: Entrevista com Andrea Jundi: a estreia de uma autora que recusa o cinismo


Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação.

Há quem diga que todo livro é um abrigo provisório - desses que acolhem até que a vida volte a caber dentro da gente. Em “O Menino e o Livreiro”, publicado pela editora E-Galáxia, Andrea Jundi não escreve apenas um romance de estreia: ela consegue erguer, página por página, uma morada sensível para os órfãos de afeto, para os que foram deixados na estação errada e para os que, apesar de tudo, ainda esperam um trem que os leve a algum lugar que mereça ser chamado de casa.

Roteirista com mais de 20 anos de mercado, Andrea estreia na literatura com a segurança de quem conhece o ritmo das imagens, mas aposta na delicadeza da palavra como potência transformadora. O protagonista do romance, Carlos, é um menino abandonado que não se torna estatística, mas personagem - não por negação da realidade, mas por uma escolha radical: a de escrever esperança sem anestesiar a dor.

Em tempos em que cinismo virou sinônimo de lucidez, a autora faz o movimento inverso e se arrisca onde poucos ousam: acredita no afeto, investe na escuta, escolhe a ternura como campo de batalha. Nesta entrevista exclusiva ao Resenhando.com, ela fala sobre infância e abandono, sobre roteiros e reinvenções, sobre literatura como gesto de reparação. E, principalmente, sobre os livros que salvam - mesmo quando ninguém mais parece disposto a tentar. Compre o livro "O Menino e o Livreiro", de Andrea Jundi, neste link.


Resenhando.com - Você escolheu contar uma história de abandono sem cair na tragédia anunciada. Como autora, que riscos você correu ao optar por uma narrativa esperançosa em um país em que a infância é diariamente sacrificada?
Andrea Jundi - A escrita para mim acontece enquanto escrevo. Quando comecei a escrever "O Menino e o Livreiro", não sabia qual seria o caminho a percorrer, não tinha um final definido e tampouco sabia todos os personagens que fariam parte da história. Carlos se mostrou para mim desde o início como um menino cheio de amor e de vida e, como um novelo, conforme ia puxando o fio, fui sendo guiada por esse caminho do afeto das relações. Escrever qualquer tipo de história sempre envolve o risco de não ser bem aceito. É algo que os escritores lidam diariamente, não importa o tamanho de seu sucesso já conquistado. Mas quando escrevemos com verdade, sempre haverá público. "O Menino e o Livreiro" trata de um tema muito difícil que me toca profundamente, e a tendência à tragédia, na minha opinião, é mais óbvia do que o caminho da esperança. Mas quando se trata de crianças, se nós adultos não conseguirmos ajudá-los a encontrar uma saída, o que resta?


Resenhando.com - "O Menino e o Livreiro" surgiu de uma imagem mental vívida. O que mais a sua cabeça anda projetando? Você costuma confiar nos delírios criativos como ponto de partida ou prefere o planejamento racional da estrutura?
Andrea Jundi - Adorei o “delírios criativos” (risos). Sim, eles são sempre meu ponto de partida. Não sou uma escritora que cria toda a estrutura com começo, meio e fim, antes de começar a escrever. Eu parto de uma cena que está muito clara em minha mente e a partir daí começo a desenvolver a personagem principal, sua trama central. Depois disso é natural que outros personagens comecem a surgir para suprir essa trama. A escrita estruturada para mim acontece quando escrevo roteiro de longa metragem. Aí, sim, preciso ter a curva dramática traçada antes de mergulhar no roteiro em si. Já a escrita literária é onde me permito ser livre na criação, onde me sinto mais à vontade no desordem. Não que não haja ordem alguma, mas ela vai nascendo a partir de um entrelaçado e não de uma linha. Nesse momento estou dedicada a escrever meu próximo livro e ele também surgiu de uma cena muito vívida em minha cabeça, um delírio criativo. Já encontrei a trama central e estou agora descobrindo a trilha das duas protagonistas. Sentindo dores e amores com elas, me entristecendo e me deslumbrando com cada etapa. Às vezes me sinto como numa mata intocada, perdida, mas vou insistindo no caminho e é como se elas me sussurrassem para onde seguir até encontrar um novo rastro para seguir.

Resenhando.com - Você fala de “cargas nos vagões” e escolhas impostas - quais dessas cargas você mesma ainda carrega e quais precisou deixar para escrever esse livro?
Andrea Jundi - Carrego uma carga enorme e linda que foi meu trabalho como assistente de direção no audiovisual. Ele que me trouxe ao longo de mais de vinte anos quase toda minha experiência em contar histórias e me colocou em contato com universos diversos que enriqueceram o meu, me deram repertório. Saí dessa estação mas levei a carga comigo. A maior carga que tive que deixar foi a síndrome de impostora, essa porque nunca agregou. Sempre escrevi pra mim mesma, não mostrava para ninguém, mas quando decidi escrever para os outros lerem, tive que enfrentar o medo do julgamento, medo do olhar dos outros sobre mim. Não sei se consegui deixar mesmo essa carga para trás, mas tenho conseguido ressignificá-la como parte de quem eu sou e me dando o direito de mudar e melhorar sempre.

Resenhando.com - Ao transformar um menino rejeitado em protagonista de uma jornada afetiva e simbólica, você também desafia a lógica de que a dor precisa ser exibida com crueza. A literatura brasileira está pronta para histórias ternas ou ainda prefere o chicote?
Andrea Jundi - Não escrevi com ternura de forma racional, mas durante a escrita, quando precisei fazer escolhas da narrativa, algo me impedia de ser cruel com o Carlos. Ele é um personagem que traz uma carga enorme de abandono em diferentes camadas, mas teve a sorte de encontrar pessoas que o ajudaram a seguir. Existem muitas histórias assim, de crianças que encontram uma mão no meio do caminho e outras tantas crianças como o João, irmão de Carlos, que são engolidos pelo sistema cruel. A existência do João tem a importância não só de representar essa dureza, mas também de enxergarmos as várias camadas que todos têm. Carlos enxerga nos olhos de João as camadas do irmão, sua bondade ressecada pela falta de amor e de cuidado e através desse olhar de Carlos, entendemos que ninguém é bom ou ruim e só, mas que somos moldados por situações externas que muitas vezes não escolhemos viver e ainda assim, estamos tentando fazer o melhor que podemos com o que nos restou. Às vezes, quase nada. A literatura brasileira é riquíssima e diversa e tem espaço para todo tipo de narrativa. Desde que lancei o livro recebo mensagens profundas de pessoas que se emocionaram muito com a história e que foram tocadas de uma forma que fazia tempo não sentiam. Estamos vivendo tempos muito difíceis e acho que histórias afetivas tem sido bem recebidas.


Resenhando.com - O livreiro e o assistente que acolhem Carlos parecem quase figuras arquetípicas — guardiões da palavra. Em quem você se inspirou para criar esses personagens que, em outro tempo, talvez fossem chamados de “mestres”?
Andrea Jundi - No caso de Romeo, o livreiro, ele e Carlos se conectam através de suas faltas, de seus vazios. Romeo tem um papel de mestre porque, ao permitir que sua solidão seja invadida, percebe que esse é o único papel que lhe compete; guiar esse menino. Não há outro papel para ele na vida de Carlos que não seja o de acolhê-lo. Tive avôs muito presentes em minha vida e talvez se forma inconsciente, tenha um pouco de cada um em Romeo. Já Pietro agrega com sua própria experiência de abandono, que é diferente da de Carlos, mas que também tem uma carga suficiente para moldar sua personalidade. Vejo mais o Pietro sendo guiado pelo Carlos do que o contrário, porque a dor do abandono de Carlos coloca o Pietro em movimento para também tentar entender sua própria história.


Resenhando.com - Você veio do audiovisual, um território coletivo e visual, e passou para a literatura, solitária e silenciosa. O que se ganha - e o que se perde - ao fazer essa travessia?
Andrea Jundi - Por vezes sinto bastante falta da coletividade do audiovisual. Sou uma pessoa que sempre andou em grupo e trabalhar nessa área é tão intenso, que as equipes acabam ficando muito ligadas umas às outras. Por outro lado, apesar de ser bastante social, sempre tive prazer no silêncio e em ficar sozinha. Ainda muito nova percebi essa necessidade e desde adolescente já escrevia fechada no quarto, ou ficava ouvindo música. Minha cabeça está o tempo todo criando cenas e imagens, acho que a minha solidão também é um pouco barulhenta rsrs. Fui encontrando saídas para o excesso de solidão que a escrita impõe e há um tempo faço parte de um grupo de escrita literária aqui em Lisboa, a Amora, uma forma de me cercar de pessoas criativas e também exercitar a escrita em grupo. Eu me mantive no audiovisual através da escrita de roteiros e para além de ficar perto dessa arte que amo, ainda posso trabalhar em equipe de tempos em tempos. Em roteiro, sempre acabo fazendo algum laboratório online com encontros semanais, onde lemos e opinamos nos projetos uns dos outros, enriquecendo o trabalho e dando um tempo na solidão quando ela pesa. Mas no geral, gosto desse silêncio da escrita.


Resenhando.com - A infância é quase sempre narrada por adultos. Como foi acessar uma voz infantil sem resvalar no tom professoral ou nostálgico? O que o menino Carlos ensinou a você que a roteirista Andrea ainda não sabia?
Andrea Jundi - Eu amo crianças, tenho um profundo respeito por essas mini pessoas, seus conhecimentos simples e leves muitas vezes tão mais profundos que os nossos. Tenho dois filhos, hoje com oito e 11 anos e somos muito ligados. Amo receber os amigos deles, viajar com amigos que têm filhos e observar essa interação entre eles, ouvir suas teorias sobre as questões da vida, as dúvidas que têm e como no geral pensam de forma tão mais límpida, mais simples. Acho que o tom afetuoso do livro tem muito a ver com a ingenuidade da criança. Apesar de não ser narrado em primeira pessoa, o olhar inocente de Carlos permeia a história. Uma vez ouvi uma menina em situação de guerra responder à pergunta de uma repórter sobre o que ela sonhava em ser quando crescesse, e ela disse que ali eles não sonhavam. Nunca mais esqueci aquilo, como pode uma criança não sonhar? Como podemos nós, como adultos, permitir que crianças não sonhem? Carlos me deu o dever de encontrar uma saída para ele e precisei enxergar através dos seus olhos o que ele precisava.

Resenhando.com - Morando em Portugal, você publicou por uma editora brasileira. Essa geografia afetiva da escrita - entre Brasil, Londres e Lisboa - impacta no modo como você observa e escreve suas personagens?
Andrea Jundi - Morar fora do Brasil me fez entender que muitas histórias e sentimentos são universais, mas tenho uma alma brasileira e através do meu trabalho no audiovisual, pude conhecer vidas muito diferentes da que eu cresci inserida. Amo gente, gosto de conversar e escutar histórias diversas, morei em uma vila de pescadores muito pobre no nordeste do Brasil para filmar um longa metragem e algumas daquelas crianças só tinham água com açúcar para enganar a fome. Filmei em comunidades, sentei no sofá de moradores e ouvi sobre seus medos e suas conquistas. Filmei com refugiados sírios e conheci os sonhos de seus filhos pequenos. Conheci quem voltou a ouvir pela primeira vez depois de anos surdo, quem ganhou seu primeiro cão guia que seria seus olhos a partir dali, presenciei o primeiro dia de dois irmãos chegando à sua nova casa com seus pais adotivos. Tudo isso no Brasil. Acredito que meus personagens terão sempre alma de brasileiro, minha gente, que eu conheço e entendo melhor que qualquer outro povo.

Resenhando.com - Seu livro fala sobre “quem parte e quem escolhe ficar”. Se pudesse revisitar os roteiros da sua própria vida, de quais personagens você teria partido antes, e para quais teria ficado mais tempo?
Andrea Jundi - No geral sou bem resolvida com as minhas escolhas. Gosto de me relacionar com as pessoas, aprofundar amizades, criar bases seguras. Tenho tendência a ser da turma que escolhe ficar e prefiro pensar que fiz o meu melhor antes de partir. Têm amizades e parceiros de trabalho que ficaram pelo caminho e sei que foi melhor assim porque não somavam na minha vida, mas conforme vou mudando de estação sempre dou um jeito de arrastar uns comigo. Sou apegada (risos). E se for para ficar, tem que fazer valer a pena.


Resenhando.com - Há um momento em que Romeo pergunta a Carlos sobre as cargas que ele escolhe levar. Qual foi a carga mais pesada que você precisou transformar em literatura para que não te esmagasse na vida real?
Andrea Jundi - Qualquer coisa que relacione criança à dor me machuca em um lugar profundo. No Brasil, mais de 5,5 milhões de crianças não têm pai na certidão de nascimento e outros tantos só tem o nome do pai na certidão, mas não os tem na vida real. Milhares de casas são lideradas por mulheres, mas numa sociedade que não olha por elas com o respeito e cuidado necessários. Na ponta final, quem sofre de muitos tipos de abandonos, são as crianças. O Estado vira a cara para essas crianças toda vez que não cuida de suas mães, toda vez que cerceia a liberdade às mulheres sobre seus próprios corpos e que as pune por crimes cometidos pelos homens. Acho que o tom afetivo do livro é o meu próprio afeto querendo gritar mais alto do que a raiva que sinto desse abandono imposto.

.: HBO dá início à produção de "Harry Potter" e anuncia novidades no elenco


A série revela novos integrantes da trama, incluindo os intérpretes de Neville Longbottom, Duda Dusley, professora Rolanda Hooch e Garrick Ollivander. Foto: Reprodução/Instagram
 

O mundo bruxo voltou aos holofotes nesta semana com a divulgação da primeira imagem oficial da nova série de "Harry Potter". Publicada no Instagram da HBO Max, a foto mostra o jovem ator Dominic McLaughlin caracterizado como o icônico bruxo. A imagem movimentou as redes sociais e reacendeu o entusiasmo dos fãs, que agora aguardam ansiosos pela estreia da série, prevista para 2027. A produção promete recontar, com fidelidade e profundidade, os sete livros da saga, explorando detalhes que ficaram de fora das adaptações cinematográficas.

Ainda sem data exata de estreia, a série será produzida pelo selo Max Originals e terá envolvimento de J.K. Rowling como produtora executiva. A autora garantiu que a adaptação será fiel à essência dos livros. O elenco será completamente novo, e as gravações devem começar em breve. A expectativa é que os personagens clássicos como Harry, Hermione e Ron ganhem novas interpretações, o que já vem gerando debates nas redes sociais. Para os fãs, a volta a Hogwarts é também uma chance de reviver a emoção do universo mágico com uma nova geração de atores e novos recursos visuais.
 
A repercussão da série vai além do entretenimento. Segundo a Minds Idiomas, rede especializada no ensino de inglês, fenômenos culturais como Harry Potter têm um papel importante no estímulo ao aprendizado de línguas. Quando uma produção conquista o público, especialmente os jovens, ela se torna uma ponte para o idioma original. Os alunos começam a se interessar por assistir sem legenda, entender feitiços, nomes e expressões, o que naturalmente acelera o aprendizado. “Esses lançamentos sempre movimentam as salas de aula de inglês, porque os alunos se empolgam com o que já gostam, nos dando uma excelente oportunidade de conectar o conteúdo à realidade deles. Quando o aluno assiste algo que ama e entende uma palavra, uma frase, ou até um feitiço, ele se sente parte daquilo, e isso é extremamente motivador. Todas essas novidades em inglês ajudam os professores a criar links práticos com o aprendizado, tornando o ensino mais leve, atual e envolvente”, explica Augusto Jimenez, psicólogo e CMO da Minds Idiomas.
 
Com a chegada da nova série, o universo de Harry Potter volta a inspirar não apenas a imaginação dos fãs, mas também o interesse pelo conhecimento. Para escolas de idiomas, esse tipo de conteúdo se transforma em ferramenta poderosa de ensino, mostrando que aprender pode — e deve — ser uma experiência envolvente, conectada com o que acontece no mundo e com o que os alunos realmente amam.


Novidades no elenco
A produção da nova série original da HBO baseada no universo de "Harry Potter" já começou nos estúdios da Warner Bros. em Leavesden, no Reino Unido. A estreia está prevista para 2027, na HBO e na HBO Max. Além disso, a tão aguardada produção anunciou novos nomes no elenco: Rory Wilmot interpretará Neville Longbottom; Amos Kitson assume o papel de Duda Dursley; Louise Brealey será a Madame Rolanda Hooch e Anton Lesser dará vida a Garrick Olivaras.  

Também foram revelados os profissionais que lideram os departamentos criativos da série, responsáveis pela magia por trás das câmeras: o diretor de fotografia Adriano Goldman, a designer de cabelo e maquiagem Cate Hall, o coordenador de dublês Paul Herbert, o supervisor de efeitos especiais Mark Holt, a designer de produção Mara LePere-Schloop, a decoradora de set Naomi Moore, o supervisor de criação de criaturas John Nolan, o supervisor de efeitos visuais Alexis Wajsbrot, o produtor de VFX Dom Sidoli, além da designer de figurino Holly Waddington, anunciada anteriormente. 

A série é produzia pela HBO em parceria com a Brontë Film and TV e Warner Bros. Television. O roteiro e produção são de Francesca Gardiner, com Mark Mylod na produção executiva e direção de vários episódios. Também estão na produção executiva J.K. Rowling, Neil Blair e Ruth Kenley-Letts, da Brontë Film and TV, e David Heyman, da Heyday Films.

.: "Meu Remédio”, espetáculo solo de Mouhamed Harfouch, chega a São Paulo


Sucesso de público e crítica há mais de seis meses no Rio de Janeiro, o monólogo reúne memória, ancestralidade e música em uma reflexão que diverte e emociona sobre identidade e aceitação. Foto: Claudia Ribeiro


Após conquistar o público mineiro e carioca, o monólogo autobiográfico “Meu Remédio” estreia pela primeira vez em São Paulo, no Teatro Santos Augusta, no dia 30 de agosto, para uma curta temporada com ingressos já à venda pelo site da Sympla. Escrito, produzido e protagonizado por Mouhamed Harfouch, e com direção de João Fonseca, o espetáculo parte da premissa de que “todo nome guarda uma história pra contar” - e, a partir dela, mergulha em memórias, identidades e afetos. 

A peça estreou em 2024, em Juiz de Fora (Minas Gerais), com três apresentações especiais, e seguiu para o Rio de Janeiro, onde permaneceu por mais de seis meses em cartaz, passando por cinco diferentes palcos da cidade - uma jornada marcada por casas cheias, críticas positivas e fortes conexões com o público. O espetáculo propõe um mergulho pessoal, mas com ressonância coletiva: com doses equilibradas de humor e drama, Harfouch revisita momentos marcantes de sua trajetória, explorando temas como identidade, pertencimento, ancestralidade e autoaceitação. 

A obra marca também um momento especial de reinvenção artística e pessoal, celebrando os 30 anos de carreira do ator, que acumula mais de 40 produções teatrais, além de novelas como “Pé na Jaca”, “Cordel Encantado”, “Amor à Vida” e “Órfãos da Terra”, séries como “Rensga Hits” e “Betinho - No Fio da Navalha”, e filmes como “Uma Pitada de Sorte” e “Nosso Lar 2”. Sua trajetória inclui ainda musicais como “Querido Evan Hansen”, vencedor do prêmio de Destaque Elenco no Prêmio Destaque Imprensa Digital 2024, e “Ou Tudo ou Nada”, que lhe garantiu uma indicação ao Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Ator em 2016.

“‘Meu Remédio’ nasce da minha vontade de entender e compartilhar a relação com o meu nome, com minha história de vida, com a mistura de culturas que carrego. Sou filho de imigrantes – sírios por parte de pai e portugueses por parte de mãe. Crescer com um nome tão emblemático em um Brasil dos anos 70, em que o preconceito e a dificuldade de aceitação eram muito presentes, não foi fácil. A peça é uma comédia, mas carrega uma reflexão sobre aceitação e pertencimento, sobre entender que, muitas vezes, o maior remédio é aceitar quem somos", explica Harfouch, que busca, com o espetáculo, tocar o coração do público ao falar sobretudo, como cada ser é único e especial em sua individualidade, origem e essência.

A ideia da peça começou a germinar ainda durante as gravações da novela “Órfãos da Terra”, da TV Globo, quando o ator foi levado a revisitar suas raízes e encarar memórias profundas. Mas foi durante a turnê com a peça “Quando Eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito”, ao lado de Vera Fischer, que esse processo se intensificou, levando-o a necessidade de transformar tudo isso em arte. O mergulho em suas camadas mais íntimas resultou em meses de escrita intensa e no enfrentamento de um novo desafio: somar, à entrega emocional do palco, a coragem de assumir também a produção do próprio espetáculo.

“Já tinha produzido no começo da minha carreira, mas agora, com mais maturidade, eu me senti mais preparado para enfrentar esse desafio. Produzir e atuar ao mesmo tempo é uma tarefa árdua. A maior dificuldade foi lidar com as duas funções e ainda me manter fiel à ideia que queria transmitir. Mas, com o apoio de grandes amigos e parceiros como Tadeu Aguiar e Eduardo Bakr, senti que tínhamos força para fazer isso acontecer”, revela ele.

A parceria com o diretor João Fonseca foi decisiva para o tom do espetáculo. Com um histórico de montagens de grandes biografias musicais nacionais e internacionais, como Tim Maia, Cazuza, Cássia Eller, Elvis Presley, Tom Jobim e Djavan, Fonseca foi o responsável por equilibrar delicadeza e comicidade. "João Fonseca é um amigo e um grande diretor. Ele segurou a minha barra de maneira sensível e honesta, e acreditou no meu projeto desde o início. Sem ele, não sei se teria conseguido fazer essa transição entre o autor e o ator de forma tão tranquila", comenta Harfouch, com quem já havia trabalhado anteriormente no monólogo on-line “Homem de Lata”, fruto da pandemia.

Misturando elementos autobiográficos e ficcionais, a peça, que já na escolha do título faz referência a uma situação vivida com o seu nome de batismo - e que é explicada em cena -, apresenta um monólogo íntimo, costurado a algumas canções, entre hits e paródias, cantadas e tocadas ao vivo por ele, marcando transições importantes da narrativa, onde o autor recria personagens que representam figuras significativas nas duas primeiras décadas da sua vida, mantendo, ao mesmo tempo, a privacidade de sua própria história. 

Com uma abordagem sensível e profunda, a obra convida o público a refletir sobre a importância da autocompreensão e do existir de cada um. "Meu Remédio" destaca como o nome, muitas vezes imposto, carrega histórias que conectam o indivíduo ao passado e iluminam seu futuro, e convida a todos a olhar para dentro, entender melhor a própria caminhada e perceber como a arte pode ser um remédio. Como ele mesmo afirma: “Um nome nunca é só um nome. É uma jornada, fala dos que vieram e dos que virão. Poder enxergar melhor os caminhos de fora e nossos desejos é algo que me move. ‘Meu Remédio’ foi um ponto de partida, pois aceitar quem somos é curativo e a arte salva”, finaliza.


Ficha técnica
Espetáculo solo "Meu Remédio"
Idealização, produção e texto: Mouhamed Harfouch
Elenco: Mouhamed Harfouch
Direção: João Fonseca
Figurinos: Ney Madeira e Dani Vidal
Iluminação: Daniela Sanchez
Cenógrafo: Nello Marrese
Produtora executiva: Valéria Meirelles
Coordenação Geral: Edmundo Lippi
Assessoria: GPress Comunicação


Serviço
Espetáculo solo "Meu Remédio"
Local: Teatro Santos Augusta
Alameda Santos, 2159 - Jardim Paulista, São Paulo - SP, 01419-100
Temporada: 30 de agosto a 28 de setembro
Sessões: Sábado às 20h00 | Domingo às 18h00
Valor: Plateia R$ 120,00 (inteira) e R$ 60,00 (meia-entrada) | Balcão R$ 100,00 (inteira) e R$ 50,00 (meia-entrada)
Vendas: Bilheteria Local e site Sympla
Duração: 75 minutos
Classificação: 10 anos

domingo, 13 de julho de 2025

.: Valdir Alvarenga: o poeta que recusou o pedestal e escolheu a calçada


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação 

Morreu neste sábado, dia 12 de julho, aos 74 anos, o poeta e editor santista Valdir Alvarenga. Vítima de um AVC, Alvarenga deixa não só um legado literário, mas uma postura diante da cultura que se tornou cada vez mais rara: a de quem acredita que a poesia se escreve para pessoas.

Valdir nasceu no Morro da Penha e passou a vida movido por uma espécie de fidelidade à sua origem. Isso não significa exaltação romântica da periferia, mas consciência social. Poeta sem afetação, editor sem patrocínio, funcionário público desde os anos 1980, ele se notabilizou por fazer da precariedade uma estética — e da persistência, uma política cultural.

Foi idealizador do Projeto Leia Santos, projeto de fomento à leitura que leva livros gratuitamente à população. Também criou o Varal de Poesia, que literalmente pendurava versos nas ruas da cidade, e do Ciclo de Poesia Falada, que motivou muita gente a expor textos. Iniciativas que não dependiam da vontade do poder público, mas da disposição de Alvarenga de furar o asfalto com papel.

À frente da revista Mirante desde 1982 manteve por mais de quatro décadas uma publicação artesanal, independente, resistente e desinteressada em agradar aos círculos literários. Publicava tanto autores famosos quanto desconhecidos do grande público. 

Valdir não terminou a faculdade de Letras. Mas falava com precisão sobre Camus, Hesse e Sartre - esse último, lido não como fetiche de intelectual, mas como instrumento de leitura do mundo. Seu livro favorito, "Demian", de Hermann Hesse, foi descrito por ele como um companheiro de adolescência - uma fase em que não conversava com ninguém, a não ser com seu mundo interior.

Casado com a poeta Irene Estrela Bulhões, dividiu com ela não apenas os últimos anos de vida, mas a autoria de "Dupla Face", um dos seus últimos livros. Não teve filhos. Plantou árvores e escreveu poemas — mais de uma vez afirmou que isso bastava.

A cultura de Santos perde uma de suas vozes mais autênticas. E, talvez, um dos poucos que ainda compreendiam que fazer literatura é menos sobre falar bonito e mais sobre dizer o que precisa ser dito.


Velório

Funerária Santa Casa de Santos

Sala: Velório Nº 04

Início: domingo, 13 de julho de 2025, das 7h30 às 13h30

Sepultamento

Cemitério da Filosofia - Santos/SP

Domingo,  dia 13 de julho de 2025, às 13h30

.: O adeus a Jean-Claude Bernardet: o pensador que deu rosto ao cinema


Renomado crítico de cinema do Brasil escreveu obras como Cineastas e Imagens do Povo. Foto: Divulgação/USP


Neste sábado, 12 de julho, o cinema brasileiro perdeu um de seus mais importantes pensadores: Jean-Claude Bernardet faleceu aos 88 anos, deixando um legado imensurável para a crítica, a produção e a reflexão cinematográfica no país.

O velório acontecerá neste domingo dia 13 de julho, das 13h00 às 17h00, na Cinemateca Brasileira, instituição à qual Bernardet dedicou parte significativa de sua trajetória e onde seu acervo pessoal está preservado desde 1988.

Nascido em 1936 na Bélgica, criado em Paris e radicado no Brasil desde os 13 anos, Bernardet naturalizou-se brasileiro e se tornou uma referência incontornável nas artes e na cultura. Sua atuação foi plural: crítico aguçado, professor provocador, teórico influente, roteirista sensível, cineasta experimental, romancista e ator de presença marcante. Formado pela École des Hautes Études en Sciences Sociales e doutor pela ECA-USP, lecionou História do Cinema Brasileiro por décadas, marcando gerações de alunos com ideias que questionavam os limites entre teoria e prática.

Foi autor de obras essenciais como "Cineastas e Imagens do Povo" e "Brasil em Tempo de Cinema", nas quais propôs novas formas de olhar para a cinematografia nacional. Participou ativamente do Cinema Novo, dialogando com figuras como Glauber Rocha e Paulo Emílio Salles Gomes, e contribuiu para a criação do curso de cinema da Universidade de Brasília.

No campo da realização, escreveu e dirigiu filmes como "São Paulo, Sinfonia e Cacofonia" (1994) e atuou em produções como "FilmeFobia (2008), desconstruindo com ironia e inteligência a figura do intelectual tradicional. Em dezembro de 2023, teve uma última homenagem em vida: a mostra “Carta Branca a Jean-Claude Bernardet”, organizada pela Cinemateca, com curadoria do próprio homenageado, incluindo o lançamento do livro "Wet Mácula: Memória/Rapsódia", escrito em parceria com Sabina Anzuategui.

Jean-Claude Bernardet foi mais que um estudioso do cinema: foi parte ativa de sua história e transformação. Sua ausência deixa um vazio imenso, mas seu pensamento continua vivo nas páginas que escreveu, nas imagens que criou e nos debates que inspirou.

A Cinemateca Brasileira, o Ministério da Cultura e toda a comunidade cinematográfica se solidarizam com os familiares, amigos e admiradores deste mestre que fez da arte uma forma de pensar o Brasil.

Serviço 

Cinemateca Brasileira

Largo Senador Raul Cardoso, 207 – Vila Mariana/São Paulo

Velório: domingo, 13 de julho, das 13h00 às 17h00

Aberto ao público.


sábado, 12 de julho de 2025

.: Crítica: "O Talentoso Ripley": um serial charmoso no divã da moral burguesa


Por 
Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com

Existem livros que se oferecem como enigmas, outros como espelhos. "O Talentoso Ripley", de Patricia Highsmith, tem essas duas características. Lançado originalmente em 1955 - e ainda assim repulsivamente atual -, o romance convida o leitor a um pacto silencioso de admiração e desconforto pelo protagonista: Thomas Ripley, um camaleão social, um falsário de si mesmo, um assassino com elegância de bailarino russo e crise existencial de quem leu demais, mas só para imitar.

Ripley não é exatamente um personagem, mas um sintoma. Patricia Highsmith, com prosa afiada, constrói um romance em que a identidade é uma performance calculada, e o desejo - de ser, de ter, de pertencer - é a verdadeira motivação do crime. Ao contrário do que se espera de um “romance policial”, não se busca justiça, mas um alívio que Highsmith não entrega. Ela quer o leitor como cúmplice.

Logo no início, o leitor é lançado em uma Nova York turva, paranoica, onde Tom já se vê perseguido. Mas não é paranoia gratuita - alguém de fato o segue. E assim começa o jogo de gato e rato em que o leitor jamais sabe ao certo quem é quem. Se Hitchcock tivesse adaptado Ripley (em vez de "Pacto Sinistro", também da autora), teria feito um thriller sobre espelhos, porque Ripley - ao contrário de tantos vilões - não quer destruir o outro. Ele quer ser o outro.

Dickie Greenleaf, a peça central desse desejo projetado, não é apenas uma vítima: é o bilhete dourado para uma vida idealizada que vem com prazo de validade. Highsmith é cruel, mas justa - faz com que Ripley seduza o leitor ao mesmo tempo em que mancha as mãos com sangue. E o mais inquietante? O leitor torce por ele.

A cada capítulo, Highsmith afasta do “quem matou?” e vai direto na pergunta que interessa: “por que nos sentimos tão fascinados por quem matou?”. Ripley, como Gatsby, é um construtor de ilusões; mas onde Fitzgerald deixou a ternura, Highsmith plantou o vazio - e esse abismo é a grandeza do livro. A edição da Intrínseca respeita o clima do texto, com projeto gráfico elegante e tradução competente de José Francisco Botelho. Mas a força continua sendo o texto original, que encara com o mesmo olhar inquisidor que Tom lança aos seus alvos. E, quem sabe, aos leitores.

"O Talentoso Ripley" é um convite para examinar as zonas cinzentas que existem em cada um. Não se trata de amar um anti-herói, mas de reconhecer que a linha entre o que as pessoas são e o que fingem ser é, muitas vezes, tênue como o rastro de um barco milionário no mar de San Remo. Patricia Highsmith, com este romance, escreveu um dos tratados mais perversos e sedutores sobre a identidade como um teatro, o crime como arte, e a moral como um luxo que só os ricos podem bancar - até serem assassinados. Compre o livro "O Talentoso Ripley" neste link.

.: Ricardo Araújo Pereira no Brasil: 23ª Flip e lançamentos no Rio e em SP


Humorista português desembarca no Brasil em agosto para uma série de eventos que contarão com a presença de importantes nomes da cena cultural e intelectual brasileira, como Caetano Galindo, Janaisa Viscardi, Francisco Bosco, Tati Bernardi e Fernando Luna


O humorista, jornalista e escritor português Ricardo Araújo Pereira desembarca no Brasil em agosto para uma série de eventos literários. Além de participar da programação oficial da prestigiada Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no dia 2 de agosto, o autor também lançará "Coisa que Não Edifica nem Destrói" (Tinta-da-China Brasil) em encontros no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os eventos contarão com a presença de importantes nomes da cena cultural e intelectual brasileira, como Caetano Galindo, Janaisa Viscardi, Francisco Bosco, Tati Bernardi e Fernando Luna.

Ricardo Araújo Pereira é jornalista, roteirista e fundador do grupo de humor Gato Fedorento, cocriado com Miguel Góis, Zé Diogo Quintela e Tiago Dores em 2003. Escreve semanalmente no jornal português Expresso e na Folha de S.Paulo, e é um dos integrantes do Programa cujo nome estamos legalmente impedidos de dizer (SIC Notícias). É autor e apresentador do programa de televisão "Isto é Gozar com Quem Trabalha" (SIC) e criador do podcast "Coisa que Não Edifica nem Destrói" (SIC), que deu origem ao livro de mesmo nome, publicado pela Tinta-da-China Brasil. Pela editora publicou ainda "Se Não Entenderes eu Conto de Novo, Pá" (2012), "A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar" (2017) e "Estar Vivo Machuca" (2022). Compre o livro "Coisa que Não Edifica nem Destrói" neste link.


Ricardo Araújo Pereira na 23ª Flip - Festa Literária Internacional de Paraty
Ricardo Araújo Pereira será uma das atrações principais da 23ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), festival literário realizado pela Associação Casa Azul.  No sábado, 2 de agosto, às 21h, o autor e humorista participará da mesa "Roçar a Língua de Camões" com o escritor, tradutor e professor Caetano Galindo. A conversa será mediada pela doutora em linguística Janaisa Viscardi. Além do debate, haverá uma sessão de autógrafos na Livraria da Travessa, proporcionando aos fãs a oportunidade de interagir com o autor e adquirir suas obras.

Caetano Galindo é professor, escritor e tradutor literário premiado. É reconhecido por sua tradução de Ulysses, de James Joyce, que lhe rendeu os prêmios Jabuti, ABL e APCA entre 2012 e 2013. Autor de obras como Sim, eu digo sim e Latim em pó, publicadas pela Companhia das Letras, ele é professor de história da língua portuguesa na UFPR desde 1998, dedicando-se a aproximar o público da complexidade do nosso idioma.

Janaisa Viscardi é pós-doutora em linguística pela Unicamp, professora, pesquisadora e palestrante com foco em linguagem, gênero e inclusão. Autora do livro Escrever sem medo (Planeta), ela produz conteúdo educativo em seu canal do YouTube, abordando temas como discurso político e comunicação social. Com experiência como coordenadora de Cooperação Internacional no Senai (2012–2015), Janaisa atua como comunicadora e formadora de opinião, tornando debates linguísticos mais acessíveis. Compre o livro "Coisa que Não Edifica nem Destrói" neste link.


Serviço
Ricardo Araújo Pereira na 23ª Flip
Mesa: "Roçar a Língua de Camões"
Sábado, 2 de agosto, às 21h00
Auditório da Matriz, Centro Histórico - Paraty/Rio de Janeiro

 
Lançamento de "Coisa que Não Edifica nem Destrói" na Livraria da Travessa Botafogo, no Rio de Janeiro
O lançamento do livro "Coisa que Não Edifica nem Destrói" pela editora Tinta-da-China Brasil acontecerá na Livraria da Travessa Botafogo, no Rio de Janeiro. Ricardo Araújo Pereira apresentará a obra em uma conversa bem-humorada com o filósofo, colunista e ensaísta Francisco Bosco. Após o bate-papo, haverá uma sessão de autógrafos, permitindo que os leitores obtenham seus exemplares autografados e interajam com os autores.

Francisco Bosco é ensaísta e doutor em teoria da literatura pela UFRJ, além de autor de livros como Banalogias (Objetiva) e Meia palavra basta (Record). Reconhecido por sua análise crítica da sociedade e da cultura, Bosco é também colunista e letrista de canção popular. Foi presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e apresenta atualmente o programa de TV Papo de Segunda, no GNT. Compre o livro "Coisa que Não Edifica nem Destrói" neste link.


Serviço
Lançamento de "Coisa que Não Edifica nem Destrói" na Livraria da Travessa Botafogo
Segunda-feira, 4 de agosto, às 19h00
Livraria da Travessa Botafogo - Rua Voluntários da Pátria, 97, Botafogo/Rio de Janeiro
 

Lançamento de "Coisa que Não Edifica nem Destrói" no Teatro Cultura Artística, em São Paulo
Em São Paulo, Ricardo Araújo Pereira participará de um bate-papo com a escritora, roteirista e apresentadora Tati Bernardi. Ambos são conhecidos pelo uso marcante do bom humor em suas obras. A mediação do evento ficará a cargo do jornalista e colunista da revista Quatro Cinco Um, Fernando Luna.

Tati Bernardi é escritora, roteirista e colunista da Folha de S.Paulo há 13 anos. É também apresentadora de podcasts e videocasts. Autora de dez livros, incluindo o best-seller "Depois a Louca Sou Eu" (Companhia das Letras), adaptado para o cinema, também assinou roteiros para filmes e colaborou com séries da Rede Globo. Formada em publicidade, Tati estuda psicanálise e possui uma grande base de seguidores nas redes sociais.

Fernando Luna é jornalista e editor com décadas de atuação em redação e curadoria de conteúdo. Foi sócio e diretor editorial da Trip Editora e, posteriormente, contratado pela Editora Globo para supervisionar revistas como Época Negócios e Marie Claire. Atualmente, é colunista da Quatro Cinco Um e da revista Gama.


Serviço
Lançamento de "Coisa que Não Edifica nem Destrói" no Teatro Cultura Artística
Terça-feira, 5 de agosto, às 18h30
Teatro Cultura Artística - Rua Nestor Pestana, 196, Consolação/São Paulo

.: Comédia dark “Rapsódia - O Musical” chega a SP após temporadas no Rio


Sucesso no Rio de Janeiro, a produção poderá ser vista pela primeira vez na Sala Experimental do Teatro B32 a partir de 2 de agosto, com montagem inédita, cenário sustentável, novas músicas e proposta imersiva. Na imagem, o elenco de "Rapsódia - O Musical". Foto: Álefe Ouriques


Após 12 anos de estreia no Rio de Janeiro, onde cumpriu temporadas em casas como o Teatro dos Quatro e o Teatro Serrador, o espetáculo “Rapsódia - O Musical” chega pela primeira vez a São Paulo em uma montagem inteiramente renovada. Produzida pela Cerejeira Produções, de Mau Alves e Julia Morganti, em parceria com o produtor Rafael Ramirez, a temporada chega à Sala Experimental do Teatro B32, espaço multiuso localizado na Faria Lima, que passou a integrar a cena cultural da cidade com um conceito contemporâneo, sustentável e voltado à experimentação cênica. Com ingressos já à venda, as apresentações acontecem de 2 de agosto a 7 de setembro, com sessões duplas aos sábados e domingos.

Criada e dirigida por Mau Alves, a produção é uma comédia de terror que mescla humor ácido, exagero estético e um toque expressionista. Para São Paulo, o espetáculo chega com 14 músicas autorais, sendo duas inéditas, cenários e figurinos totalmente novos, texto atualizado e uma proposta cênica que transforma a sala em um ambiente imersivo e sensorial. “A gente está recontando a mesma história, mas com uma roupagem completamente diferente. Quem assistiu no Rio vai se surpreender, e quem vê pela primeira vez vai encontrar uma peça autoral, brasileira, que aposta na originalidade em todos os níveis”, comenta o autor e diretor.

A montagem paulistana é também marcada pelo compromisso com a sustentabilidade. Com cenário desenvolvido a partir de materiais recicláveis fornecidos pelo próprio B32 - um teatro que recicla todos os seus resíduos - e figurinos que incorporam elementos reaproveitados, a nova produção assume um discurso coerente com o espaço que a abriga. “Estamos construindo tudo com o que, normalmente, seria descartado. É bonito ver isso fazer parte da cena, literalmente”, explica Mau. “Nosso objetivo sempre foi montar esse espetáculo em São Paulo, e fazer isso inaugurando uma sala como essa, com esse cuidado estético, sonoro e ambiental, tem um significado enorme”.

Na trama, o público acompanha Pátrio (Felipe Assis Brasil), um jovem sonhador que, ao se ver sem perspectivas, aceita o convite do primo distante Jeremias (Conrado Helt) para trabalhar numa antiga fábrica de sabonetes na misteriosa cidade de Rapsódia. Lá, se depara com figuras excêntricas como Tobias (Mau Alves), Coné (Lurryan), Catarina (Jofrancis), Horácio (Igor Miranda) e as artistas do cabaré “Palco dos Prazeres”: Gana (Luan Carvalho), Shana (Julia Morganti) e Tamara (Marília Di Lorenço). A curiosidade de Pátrio o coloca frente a um segredo grotesco que transforma sua jornada numa sucessão de reviravoltas.

A ambientação acompanha o tom da narrativa: em vez da tradicional configuração frontal, a plateia será disposta dentro da própria cena. O espetáculo não é interativo, mas se propõe a uma vivência sensorial - o público poderá ser surpreendido por bolhas de sabão, folhas secas, objetos de cena entregues durante as cenas e até respingos (controlados) de sangue cenográfico. “É um espetáculo para os olhos, os ouvidos, o tato. Uma hora você olha pra direita, outra pra esquerda. As cenas acontecem ao redor. A gente quis criar uma experiência de presença total, onde o público se sente parte da atmosfera”, conta Mau.

A equipe criativa da montagem reúne profissionais de destaque: a direção geral é de Mau Alves, com direção residente de Andressa Secchin, direção musical de Tony Lucchesi e direção musical residente de Dan Motta. O texto e as letras são assinados por Mau Alves e Sarah Benchimol, com músicas de Tony Lucchesi e Sarah Benchimol. A coreografia é de Clara da Costa, a iluminação de Rafael Ramirez, o design de som é de Anderson Moura, os figurinos são de Ùga agÚ e Fê Faria, e o cenário leva a assinatura de Lurryan.


Ficha técnica
Espetáculo "Rapsódia - O Musical"
Direção: Mau Alves
Direção residente: Andressa Secchin
Direção musical: Tony Lucchesi
Direção musical residente: Dan Motta
Coreografias: Clara da Costa
Texto: Mau Alves
Letras: Mau Alves e Sarah Benchimol
Músicas: Tony Lucchesi e Sarah Benchimol
Iluminação: Rafael Ramirez
Designer de som: Anderson Moura
Figurinos: Ùga agÚ e Fê Faria
Cenário: Lurryan
Assessoria de imprensa: GPress Comunicação
Produção: Cerejeira Produções
Apoio: A Voz Em Cena
Elenco: Julia Morganti, Conrado Helt, Jofrancis, Lurryan, Mau Alves, Igor Miranda, Luan Carvalho, Marília Di Lorenço, Felipe Assis Brasil e Pablo Petronilho


Serviço
Espetáculo "Rapsódia - O Musical"
Local: Espaço Experimental do Teatro B32
Av. Brigadeiro Faria Lima, 3732 – Itaim Bibi/São Paulo
Temporada: de 2 de agosto a 7 de setembro de 2025
Sessões: sábados, às 19h00 e 21h30 | Domingos, às 17h00 e 19h30
Ingressos: R$ 90,00 (inteira) | R$ 45,00 (meia-entrada)
Vendas: site Teatro B32 e na bilheteria do teatro
Duração: 70 minutos
Classificação indicativa: 14 anos

.: "açúcar ou As Irmãs Anne" reúne as atrizes Cleide Queiroz e Dirce Thomaz


Com Cleide Queiroz e Dirce Thomaz somando, respectivamente, mais de 50 e 40 anos de profissão, a peça celebra as vozes femininas com mais de 60 anos e o protagonismo negro no teatro. Foto: Leonardo Cenedeze

Com mais de 40 anos de carreira, Cleide Queiroz e Dirce Thomaz sobem ao palco juntas em "açúcar ou As Irmãs Anne" texto de estreia na dramaturgia do ator, educador e produtor Breno Rosa Gomes. Trata-se de um drama lírico que se utiliza da crítica e do metateatro para refletir sobre o tempo, o envelhecimento e o papel das mulheres na sociedade.

O drama, que faz uso do humor, do lirismo e da crítica social para abordar o envelhecimento e as estruturas sociais que moldam e limitam as mulheres na sociedade, em cartaz no Itaú Cultural até dia 27 de julho, sempre de quinta-feira a domingo. A direção artística é de Eliana Monteiro e, pela primeira vez, Breno Rosa Gomes assina a dramaturgia. Também é inédita a reunião em cena das atrizes Cleide Queiroz e Dirce Thomaz, nomes fundamentais da cena teatral brasileira.

As sessões são realizadas às 20h00, de quinta-feira a sábado, e às 19h00, nos domingos e feriados. Como toda a programação do Itaú Cultural, as apresentações são gratuitas. Os ingressos devem ser reservados a partir das 12h da terça-feira da semana de apresentação dos espetáculos, pela plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br.

"açúcar ou As Irmãs Anne" começa com o reencontro, após décadas, de duas ex-parceiras de palco, que decidem revisitar as personagens que marcaram suas carreiras: as irmãs Mary Anne e Rose Anne, filhas de uma família burguesa decadente e moldadas por silêncios, aparências e expectativas sociais. No passado, elas próprias tiveram suas trajetórias interrompidas por imposições familiares: uma engravidou e a outra se casou.

Nesse reencontro inesperado, o passado e o presente, a realidade e a ficção se cruzam, confundem e mesclam provocando um jogo cênico de espelhos, que transforma o palco em um espaço poético sobre identidade, afeto, frustrações e a passagem do tempo. Não à toa, a atriz Beatriz Nauali também se faz presente em cena, na narração performativa do espetáculo.

Com Cleide e Dirce somando, respectivamente, mais de 50 e 40 anos de profissão, a peça celebra as vozes femininas com mais de 60 anos e o protagonismo negro no teatro. Uma combinação de metateatro e crítica social se desenvolve em diversas camadas do espetáculo, desde a presença das próprias atrizes às que elas interpretam em cena, passando pelas personagens que revisitam.

“Quando convidei a Cleide e a Dirce para a peça eu não sabia que elas já se conheciam, mas nunca tinham trabalhado juntas”, recorda Breno. “Desde os ensaios deu para ver que elas se identificam com as atrizes que interpretam”, diz o dramaturgo. Ele conta que a mãe e a madrinha, duas mulheres negras, o inspiraram a construir essa dramaturgia e o elenco formado por atrizes negras. “Esse é um projeto muito provocativo, com muitos temas envolvidos, como a questão do feminino. É importante que a narrativa faça entender isso, sem que a gente precise ser literal”, observa.

Segundo Gomes, o ponto de partida para criar esta obra foi a visualização de uma imagem na qual duas mulheres enlutadas tomavam um chá inglês, vendo uma chuva de açúcar. Não à toa, o açúcar no espetáculo vai além do título e é um elemento cênico central da peça. “As personagens se oferecem açúcar o tempo inteiro, para fugir de conversas difíceis”, conta ele.


Serviço
Espetáculo "açúcar ou As Irmãs Anne"
Até dia 27 de julho (quinta-feira a sábado, às 20h00, e domingos e feriados às 19h00)

Sala Itaú Cultural (piso térreo)
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 12 anos
Entrada gratuita. Reservas de ingressos a partir da terça-feira da semana da apresentação, a partir das 12h, na plataforma INTI – acesso pelo site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br.


Protocolos / Sala Itaú Cultural
- É necessário apresentar o QR Code do ingresso na entrada da atividade até 10 minutos antes do seu início. Após esse período, o ingresso será invalidado e disponibilizado na bilheteria.
- Se os ingressos estiverem esgotados, uma fila de espera presencial começará a ser formada 1 hora antes da atividade. Caso ocorra alguma desistência, os lugares vagos serão ocupados por ordem de chegada.
- O mezanino é liberado mediante ocupação total do piso térreo.
- A bilheteria presencial abre uma hora antes do evento começar.


Devolução de ingresso
Até duas horas antes do início da atividade, é possível cancelar o ingresso diretamente na página da Inti, assim outra pessoa poderá utilizá-lo. Na área do usuário, selecione a opção “Minhas compras” no menu lateral, escolha o evento e solicite o cancelamento no botão disponível.


Programação sujeita a cancelamento
O Itaú Cultural informa que sua programação poderá ser cancelada em virtude de questões extraordinárias. Nesse caso, os ingressos adquiridos perdem a validade. O público que reservou o ingresso será notificado por e-mail. Um eventual reagendamento da programação ficará a exclusivo critério do IC, de acordo com a disponibilidade de agendas, sem preferência para quem adquiriu os ingressos anteriormente.


Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô
De terça-feira a sábado, das 11h00 às 20h00.
Domingos e feriados, das 11h00 às 19h00.
Informações: pelo telefone (11) 2168.1777 e wapp (11) 9 6383 1663 E-mail: atendimento@itaucultural.org.br
Acesso para pessoas com deficiência física
Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.

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