quarta-feira, 8 de outubro de 2025

.: "Longe do Ninho", de Daniela Arbex, é finalista da 67ª edição do Prêmio Jabuti

Jornalista Daniela Arbex é finalista do Prêmio Jabuti com Longe do ninho, livro-reportagem que investiga o incêndio que vitimou dez jovens atletas do Flamengo. Foto: Daniela Arbex | Crédito: Leo Aversa

O livro-reportagem "Longe do Ninho", de Daniela Arbex, foi anunciado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) como finalista da 67ª edição do Prêmio Jabuti na categoria Biografia e Reportagem na última terça-feira, dia 7 de outubro. Na obra, a premiada jornalista, que já recebeu a honraria por Cova 312 em 2016, apura a tragédia anunciada que vitimou dez jovens atletas do Flamengo no Ninho do Urubu, o centro de treinamento do clube. Publicado em fevereiro de 2024 pela Intrínseca, cinco anos após o incêndio que fez a nação rubro-negra amanhecer de luto, a obra investigativa é um relato forte, sensível e humano sobre a memória em torno da morte dos meninos e o fim dos sonhos de se tornarem ídolos no país do futebol.

Com base em informações exclusivas sobre o caso, Longe do ninho é uma peça fundamental para a compreensão do que de fato aconteceu na madrugada do incêndio. A obra apresenta laudos técnicos, trocas de mensagens e e-mails, além de dados e relatos até então não divulgados. O leitor também encontra entrevistas com os familiares dos dez jovens, sobreviventes e profissionais da perícia criminal e do IML. Arbex monta um quadro completo e elucidativo sobre como o contêiner-dormitório do Ninho do Urubu se transformou numa armadilha fatal que vitimou os dez jovens atletas em uma tragédia sem precedentes.

O anúncio dos vencedores acontecerá no dia 27 de outubro, em uma cerimônia no Theatro Municipal do Rio de Janeiro que também será transmitida ao vivo no canal no Youtube da CBL. Daniela Arbex é vencedora dos Prêmios Jabuti e Vladimir Herzog e do Troféu Mulher Imprensa, tendo se tornado referência no jornalismo literário investigativo. A mineira é autora do premiado livro Holocausto brasileiro, adaptado para documentário pela HBO. Em 2023, sua obra Todo dia a mesma noite, sobre o incêndio na Boate Kiss, deu origem à minissérie homônima da Netflix, uma das mais assistidas do ano na plataforma. Compre o livro "Longe do Ninho", de Daniela Arbex, neste link.

.: Paula Valéria Andrade lança "AWARE" e celebra 20 anos de trajetória literária


Último volume da Trilogia POP Poesia, com projeto gráfico de Guto Lacaz, homenageia os 130 anos de amizade Brasil-Japão e dialoga com a estética japonesa do Mono-no-Aware


A poeta Paula Valéria Andrade lança seu terceiro livro da Trilogia POP Poesia – "AWARE, da Sensibilidade às Coisas Efêmeras" – com projeto gráfico de Guto Lacaz. A obra também homenageia os 130 anos de amizade entre Brasil e Japão, estabelecendo um diálogo entre culturas por meio da poesia. Antes dele, a autora publicou "Amores Líquidos & Cenas" (2017) e "O Novo no Ovo" (2021) - uma parceria de oito anos com Guto - que agora se reúne neste novo e último lançamento, consolidando sua pesquisa estética e poética. Paula celebra ainda 20 anos de trajetória literária desde seu livro de estreia, "Iris Digital" (2005).

O livro será lançado nesta quinta-feira, dia 9 de outubro de 2025, das 17h00 às 20h30, no espaço BaFu – Barra Funda Autoral - Rua Barão de Tatuí, 240 - Vila Buarque. O lançamento contará com as presenças de Guto Lacaz, Ana Paula Prado Teeple e as leituras poéticas dos artistas: Gustavo Machado (ator e poeta), Laize Câmara (atriz e videomaker), Davi Kinski (poeta e cineasta), Tielo Iri (escritora e artista plástica), Fernando Alves Pinto (ator) e Paula Valéria Andrade (poeta). E o músico Yuzo Akahori fará uma apresentação musical com o raro instrumento japonês Shamisen, acompanhando as leituras.


"AWARE, da Sensibilidade às Coisas Efêmeras"
A obra se inspira na tradição japonesa de versos interligados. Tal inspiração vem de Mono-no-Aware (物の哀れ), um conceito estético e filosófico japonês referente à sensibilidade para com a transitoriedade de todas as coisas. Evoca um sentimento profundo e comovente que combina a tristeza pela passagem do tempo e pela perda do que é belo, mas traz uma apreciação da beleza que surge, justamente dessa impermanência. Mas eterno ali, no segundo vivido. 

O páthos das coisas é realçado no instante pela consciência de sua brevidade: surge da percepção de que tudo - a natureza, estações do ano, sentimentos e vida humana - é temporário. E revela um equilíbrio entre o doce da experiência e o amargo de sua inevitável passagem. A partir dessa dinâmica, os poemas se abrem à reflexão sobre a efemeridade da vida, explorando conexões entre Brasil, Japão e Estados Unidos, com palavras, fragmentos e imagens que expressam e registram a vivência da poeta entre a delicadeza do passageiro e a fricção abrupta do cotidiano e do concreto das esquinas.

Segundo o pesquisador Jorge Luiz Antonio, Paula Valéria Andrade é uma poeta que usa a parataxe, justaposição de palavras e frases sem sequência lógica (sintaxe), algumas vezes em orações coordenativas, ideia defendida por Décio Pignatari (1927–2012), um dos pioneiros da Poesia Concreta. Essa parataxe, que é uma espécie de palavra-chave que se torna palavra-mundo, oferece inúmeras leituras e plurissignificações que seduzem e encantam o leitor de poesia.

No livro, Paula e o professor-tradutor Patrick Ward exploram as linguagens dos idiomas para atravessar a ponte dos significados e significantes num jogo poético de pertencimento de imagens e paisagens entre três cenários: Brasil, em São Paulo; Japão, em Fukushima; e Estados Unidos, em San Francisco, na Califórnia.

Tal como as flores de cerejeira surgem belas e logo se esvanecem na primavera, os poemas revelam tanto o milagroso quanto o mundano, refletem limitações e flutuações, Imprevisibilidades, a efemeridade dos desejos e amores, perdas inusitadas, descobertas, os caminhos urbanos das grandes metrópoles, a imigração japonesa percebida nas cidades por onde viveu, os fenômenos sutis, a natureza, o imponderável, o tempo, novos ciclos e o acaso do equilíbrio perfeito. As dualidades se apresentam: as pétalas cairão inevitavelmente, mas o florescimento sempre retornará.

Em japonês, há uma ênfase maior no não dito - os espaços entre as palavras - e no Hibiki, reverberações. Hibiki ressoa as sutilezas da natureza infundidas pelas 24 estações do calendário tradicional do Japão. O delicado equilíbrio de ritmo, som e imagens visuais nos poemas de Paula é reimaginado por meio de uma lente diferente, onde uma palavra pode ter mais peso ou uma frase ser reorganizada para evocar a mesma profundidade emocional. Algo não dito, mas ali, no sutil das entrelinhas. A poesia expandida, com fotografias das paisagens vividas e registradas pelos olhares da autora e de artistas amigos convidados, somadas, traz a verve poética verbivocovisual, à flor da pele, convidando à leitura do mundo, em múltiplas camadas de sentidos. Coletivamente, um olhar colecionado.

O livro reúne uma equipe de artistas e colaboradores de diferentes áreas e lugares. Visões de mundo. O projeto gráfico e design é assinado por Guto Lacaz, que fez todos os livros da Trilogia POP Poesia, desde 2017. O prefácio, a versão para o japonês e as fotografias do Japão são de Patrick Ward, com registros de Fukushima entre 2023 e 2024. As fotografias de São Francisco têm os cenários de Japan Town, Union Square e Bay Área, na Califórnia (EUA), e são de Ana Paula Prado Teeple, 2025. As pinturas são da artista plástica Tieko Iri, em São Paulo. Já as fotografias no bairro da Liberdade, em São Paulo, são registros de 2024 e 2025, no olhar da própria Paula Valéria Andrade. A arte final é de Edson Kumasaka e o tratamento fotográfico foi realizado por Patrícia Scavone, São Paulo. A quarta capa traz a assinatura de Jorge Luiz Antonio, professor universitário, pós-doutorado em Teoria Literária (IEL-UNICAMP), pesquisador de poesia digital e escritor. AWARE foi apresentado em Portugal em dois eventos que aconteceram em setembro de 2025: no Porto (Livraria Exclamação) e em Lisboa (Festival de Poesia de Lisboa).


Serviço
Livro: Trilogia POP Poesia - "AWARE, da Sensibilidade às Coisas Efêmeras"
Autora: Paula Valéria Andrade
Ano: 2025
Páginas: 144
Formato: 21x25 | Fotos coloridas
Lançamento: poesia brasileira trilíngue: português/inglês/japonês
Edição: 1ª | SPVI Books
Venda: Livrarias on-line da Livraria da Travessa (Ipanema, Pinheiros e Leblon) e da Livraria Drummond (Av. Paulista - Conjunto Nacional), além das lojas físicas Livraria Ria (Vila Madalena) e BaFu- espaço de arte (Santa Cecília) e Amazon neste link.


Evento de lançamento
Data: 9 de outubro – quinta-feira
Horário: 17h00 às 20h30
Local: BaFu – Barra Funda Autoral - galeria de arte | espaço multiuso
Endereço: Rua Barão de Tatuí, 240 – Vila Buarque / São Paulo

.: Prorrogação da exposição "Anatomia pré-fabricada: um Morar no Japão"

Mostra introduz sobre o universo das construções pré-fabricadas japonesas e suas soluções. Foto: Marina Melchers


A Japan House São Paulo anuncia a prorrogação da exposição “Anatomia Pré-fabricada: um Morar no Japão” até o dia 19 de outubro. A mostra, com curadoria de Natasha Barzaghi Geenen, introduz sobre o universo das construções pré-fabricadas japonesas e suas soluções. Instalada no andar térreo da instituição, a exposição é gratuita e aberta à visitação do público de terça a sexta, das 10h00 às 18h00, e aos sábados, domingos e feriados, das 10h00 às 19h00. 

Entre os destaques, “Anatomia Pré-fabricada: um Morar no Japão” apresenta um modelo em escala real de uma casa criada pela VUILD, empresa de arquitetura e design dedicada que utiliza tecnologias digitais e madeira local em uma nova abordagem de pré-fabricação. Também compõe a mostra uma linha do tempo com os principais marcos da história das construções pré-fabricadas no Japão, que aborda desde as primeiras construções, que surgiram no pós-guerra, até os dias atuais, desenvolvida especialmente para a JHSP por Yoshikuni Shirai, professor convidado especial da Faculdade de Meio Ambiente e Estudos da Informação da Universidade de Keio e Editor-chefe da revista Sustainable Japan Magazine by The Japan Times. 

Já no espaço externo da JHSP, o público é convidado a experimentar alguns elementos inspirados nas habitações tradicionais japonesas, como os cômodos com características flexíveis e personalizáveis, delimitados por portas de correr chamadas de ‘fusuma’ e pisos cobertos por tatames. 


Serviço
Exposição “Anatomia pré-fabricada: um morar no Japão” 
Período: até 19 de outubro de 2025 
Japan House São Paulo, térreo - Av. Paulista, 52 - São Paulo/SP 
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 10h00 às 18h00; sábados, domingos e feriados, das 10h00 às 19h00.   Entrada gratuita. Reservas on-line antecipadas (opcionais) no site.

.: Gregório Duvivier faz apresentação gratuita de "O Céu da Língua" em Santos

Espetáculo no próximo dia 15 marca a abertura da 17ª Tarrafa Literária, que homenageia a escritora Giselda Laporta Nicolelis. Foto: divulgação / Porta dos Fundos 


O Teatro Municipal Braz Cubas, em Santos, receberá no dia 15 de outubro a peça "O Céu da Língua", do ator Gregório Duvivier. O espetáculo, que faz parte da abertura da 17ª edição do Festival Tarrafa Literária, será gratuito para o público e os ingressos estarão disponíveis no site oficial do evento. O espetáculo já percorreu Brasil e países da Europa em turnês, chega pela primeira vez ao litoral paulista. O espetáculo retrata com humor as complexidades da comunicação e os conflitos do cotidiano.

No mesmo local, ocorrerá a abertura oficial do Festival Tarrafa Literária, um dos mais importantes e longevos eventos do segmento do Brasil. Em sua 17ª edição, o evento, que acontece entre os dias 23 e 26 de outubro, prestará homenagem a Giselda Laporta Nicolelis, autora de obras clássicas como Há Sempre Um Sol, O Amor Não Escolhe Sexo e Não Pise Nos Meus Sonhos. Assim como ocorre em todas as edições, a Tarrafa Literária também terá programação infantil e juvenil.


Serviço
Abertura da 17ª edição do Festival Tarrafa Literária e peça O Céu da Língua, de Gregório Duvivier
Dia 15 de outubro, às 19h00. Gratuito.
Local: Teatro Municipal Braz Cubas - Centro Cultural Patricia Galvão - Avenida Senador Pinheiro Machado, 48 - Vila Matias, Santos - SP, 11075-907


Sobre a Realejo Livros
Uma livraria que é editora, uma editora que tem uma livraria, um livreiro que organiza um festival literário e uma calçada que diverte a todos. A Realejo Livros é comandada por José Luiz Tahan, autor de diversos livros, sendo a mais recente publicação, "Um Intrépido Livreiro nos Trópicos".

terça-feira, 7 de outubro de 2025

.: Lúcia Nascimento mergulha no luto e na linguagem em “Aqui, Ontem”


Por 
Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.comFoto: Tais Oliveira 

Premiada com o livro de contos "Ruínas",  a escritora Lúcia Nascimento estreia no romance com "Aqui, Ontem", publicado pela editora 7Letras, uma narrativa que se move entre a dor e a delicadeza, entre o vazio e a tentativa de preenchê-lo pela palavra. Descrito pelo poeta Wilson Alves-Bezerra como um “romance-pergunta”, o livro acompanha Alice, uma mulher que enfrenta o luto pela morte da mãe adotiva e, em meio a memórias, tenta reconstruir a própria história e a si mesma pela escrita.

Nesta entrevista exclusiva para o portal Resenhhando.com, a autora fala sobre a escrita como gesto de sobrevivência, o risco de transformar dor em estética, a influência da pesquisa acadêmica sobre a ficção e a tênue fronteira entre o abandono e o amor. Com sensibilidade e lucidez, ela reflete sobre o que resta de nós quando o outro parte, e sobre o poder da ficção em adiar, ainda que por instantes, o fim das coisas. Compre o livro  "Aqui, Ontem", de Lúcia Nascimento, neste link.

Resenhando.com - Seu romance é descrito como um “romance-pergunta”. O que mais lhe interessa: tentar respondê-las ou deixar o leitor preso à vertigem de nunca ter respostas?
Lúcia Nascimento -
Quando formulamos respostas, o final está dado. Não há mais para onde ir. Quando pensamos em perguntas, quando tudo está em aberto, contemplamos possibilidades. E é isso o que me interessa: esse é meu modo de entender o mundo, de criar esteticamente, de escrever literatura. No romance “Aqui, Ontem”, que está sendo lançado pela Editora 7Letras, tento trazer os leitores e leitoras para dentro da experiência da protagonista: ela vive o luto pela perda da mãe adotiva, está imersa nas repetições que um momento como esse causa, e é nesse cenário que ela se questiona sobre tudo que nunca chegará a saber sobre a própria vida. Meu desejo é que, mesmo quem nunca viveu uma perda dessa magnitude, consiga se conectar com o que é vivenciado, experimentado e sentido pela protagonista. A ficção, assim, não deixa de ser uma tentativa de resposta, uma tentativa de preencher os vazios que ela no fundo sabe serem impossíveis de preencher.


Resenhando.com - Alice, sua protagonista, mergulha no luto e na escrita ao mesmo tempo. Para você, escrever é um modo de sobreviver ou um jeito sofisticado de se afogar com mais consciência?
Lúcia Nascimento - Eu costumo brincar que minha versão escrita é a minha melhor versão. Sempre gostei de escrever, e desde pequena arrisquei a criação de ficções. E, sem dúvida, escrever é o meu modo preferido de refletir e de interagir com o mundo. Mas, quando me proponho a escrever um romance, a escrita como sobrevivência, aquela que faço em diários e anotações pela casa, perde espaço para um processo muito mais rigoroso de criação. Talvez minha escrita venha não de um modo sofisticado de me afogar com mais consciência, mas de pegar quem lê pela mão, com o convite para nos afogarmos juntos, porque, ao tocarmos o chão, teremos mais forças para dar um impulso e voltar à superfície. Já Alice, a protagonista de “Aqui, Ontem”, escreve como uma tentativa de ficcionalizar os vazios sobre a própria história, como tentativa de preencher com histórias aquilo que nunca vai saber. 


Resenhando.com - O luto costuma ser tratado como silêncio. No seu livro, ele se transforma em linguagem. Há um risco de transformar dor em estética?
Lúcia Nascimento - Nossa sociedade tende a silenciar processos que deveriam ser vividos coletivamente e em público. Se nos calamos sobre o que sentimos e vivemos, nos fragilizamos: é o oposto do que tendemos a imaginar, já que chorar escondido nos vulnerabiliza muito mais do que contar nossas histórias e receber o apoio de outras pessoas. Quando minha mãe morreu, percebi o quão importante era dialogar com pessoas que já tinham passado pela mesma situação, porque os sentimentos experimentados são muito semelhantes, tantas vezes. A escrita do romance “Aqui, Ontem” começou bem antes da morte da minha mãe, antes de eu descobrir que ela estava doente, mas essa experiência mudou radicalmente a escrita: a sensação é de que só depois dessa vivência eu consegui encontrar uma forma que não fosse artificial para narrar o luto da minha protagonista. Então o luto real me ajudou a encontrar a forma do livro. Mas, se a escrita do luto for apenas uma tentativa de elaborar a dor, e não uma experimentação que passa pela estética da obra, há um risco grande de a escrita se tornar frágil. 


Resenhando.com - Em "Aqui, Ontem", Alice procura a mãe biológica. Se você tivesse acesso a uma única história não contada da sua própria família, qual seria a pergunta que faria?
Lúcia Nascimento - Eu nunca me contentaria com uma única história (risos). E talvez venha daí boa parte do meu desejo pela escrita: minha família nunca foi de contar muitas histórias, e várias delas eu realmente nunca vou chegar a conhecer.


Resenhando.com - Na sua concepção, há também um “romance-ferida”, além do "romance-pergunta"? Qual é a cicatriz que você preferiu deixar exposta?
Lúcia Nascimento - Para responder a essa pergunta preciso primeiro avisar que ela virá com um spoiler. Porque, ao final da narrativa, a Alice vai concluir que ela precisava escrever aquilo que escreve para imobilizar a mãe, já morta, em suas palavras. Se o luto a impede de seguir em frente, de recuperar o movimento e a voz, é a escrita o que devolverá a ela o movimento. Que, no entanto, só é possível porque a escrita é também parte do processamento do luto, e o luto não deixa de ser o processo de enterrar de verdade aqueles que já se foram. Então, nesse sentido, acredito que a escrita da Alice, ao longo da narrativa, poderia se aproximar do que você chama de “romance-ferida”.


Resenhando.com - A personagem se chama Alice. É inevitável lembrar de Lewis Carroll. Sua Alice caiu na toca do coelho da vida adulta. O que há de mais assustador nesse “país das maravilhas” que é envelhecer?
Lúcia Nascimento - Minha Alice e a Alice do Lewis Carroll se aproximam porque as duas, de certo modo, questionam tudo o que viveram até o momento em que “caem na toca do coelho”. No texto clássico, a Alice questiona suas vivências anteriores ao ser confrontada com o absurdo de suas aventuras. A Alice de “Aqui, Ontem” questiona quem ela mesma era, antes das perdas, e quem ela pode ser, depois de tudo. Não se trata de pensar o envelhecimento, mas de refletir sobre os momentos em que a vida se transforma radicalmente, e apenas seguir em frente não faz mais sentido.


Resenhando.com - O romance é atravessado por memórias que morrem junto com quem se vai. Você acredita que escrever é também uma forma de ressuscitar quem não volta?
Lúcia Nascimento - A escrita ficcional pode ser uma ferramenta para adiar o final, porque ela possibilita a criação de novas cenas para histórias que não existem mais ou que nunca chegaram a existir. Em “Aqui, Ontem”, a escrita da Alice pretende recuperar histórias da mãe que ela não conhece, e gosto de imaginar algumas dessas cenas como aquelas que aparecem após os créditos de um filme. Minha fixação pelas histórias que morrem junto com cada pessoa é um desejo de ficcionalização, uma ode à nossa possibilidade de reimaginar a vida.


Resenhando.com - Sua formação em teoria literária parece dialogar com cada frase do livro. Não há perigo de a pesquisadora sabotar a romancista?
Lúcia Nascimento - O risco sempre existe. Na minha experiência, o processo de pesquisa foi fundamental para a escrita do romance. No meu mestrado, estudei a obra da Elvira Vigna. A obra dela é complexa, e adentrar aquela escrita me fez entender os meandros da construção de um romance, as possibilidades de tratar o tempo e o espaço de modos pouco convencionais, de criar personagens que não vão viver grandes aventuras, mas lidar com a angústia do dia a dia. Não tenho dúvidas de que, sem a experiência como pesquisadora, meu romance teria camadas a menos. E, para mim, essas camadas de construção e interpretação são o que mais gosto naquilo que leio e escrevo.  


Resenhando.com - No livro, Alice encara a traição. Para você, a infidelidade amorosa dói mais do que a morte - ou é apenas outra forma de desaparecimento?
Lúcia Nascimento - Alice é casada com Pedro e, pouco antes da morte da mãe adotiva, ela descobre que havia sido traída pelo marido. Com medo do vazio, e sem forças para mais uma despedida, ela se mantém nessa relação que, aos poucos, vai se reconstruindo. Mas eu e a protagonista de “Aqui, Ontem” somos bastante diferentes nesse sentido: ela escolhe ficar por medo de mais mudanças, por estar esgotada e não se imaginar vivendo mais um abandono. Para ela, a infidelidade do marido se associa ao abandono, que ela viveu com a mãe biológica e também, de algum modo, com a morte da mãe adotiva.


Resenhando.com - Seu primeiro livro se chamou "Ruínas". Agora você lança "Aqui, Ontem". Há em seus títulos uma fixação no que já se perdeu. Quando virá o livro sobre o que ainda resta em pé?
Lúcia Nascimento - Apesar de abordarem temas bem diferentes, os dois livros têm uma ligação bastante especial, aquilo que une praticamente tudo o que escrevo: em ambos, a ficção se apresenta como possibilidade de reconstruir tudo de novos jeitos. Em “Ruínas”, meu livro de contos que foi vencedor do Prêmio Ufes de Literatura, falo de laços familiares e vidas interrompidas, a partir de situações de violência. Já no romance “Aqui, Ontem”, as perdas estão associados ao luto e ao abandono. Se tudo está em ruínas ou se estamos nos afogando em meio ao luto, é a ficção que talvez guarde em si alguma esperança.

.: "Sob o Céu de Isaías", de Vítor Kappel, estabelece um retrato agridoce


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com

No romance de estreia "Sob o Céu de Isaías", o escritor Vítor Kappel oferece uma narrativa de formação que combina inteligência, sensibilidade e humor agridoce. Publicado pela editora Patuá, o livro se destaca pelo olhar atento do autor sobre a adolescência, o pertencimento e as tensões silenciosas de uma sociedade marcada por padrões rígidos e preconceitos enraizados.

O protagonista, Isaías Petit, é um jovem de 17 anos que cresce em uma pequena cidade do interior do Brasil, cercado por instituições tradicionais, valores religiosos conservadores e um ambiente social que muitas vezes limita a liberdade individual. Aluno exemplar, introspectivo e observador, Isaías se vê diante de dilemas que qualquer leitor adulto reconhecerá: o desejo de ir embora, a necessidade de pertencimento, a descoberta de si mesmo e a urgência de compreender sentimentos e afetos. 

A trama acompanha o último ano do ensino médio do personagem, período em que o protagonista enfrenta situações inesperadas, incluindo o desvendamento de uma rede criminosa local - elemento que Kappel utiliza com inteligência para tensionar a narrativa sem perder a leveza de um romance intimista. O romance se diferencia pela abordagem queer sutil e natural, algo ainda raro em narrativas brasileiras voltadas para a juventude. 

Kappel não precisa de grandes declarações ou dramatizações para que o leitor compreenda a complexidade de Isaías - ele já faz isso com maestria sem lançar mão do melodrama, o que é ótimo. O humor, muitas vezes irônico, transforma pequenos episódios em momentos de reflexão, revelando o absurdo cotidiano e as pequenas revoluções pessoais que marcam a passagem da adolescência para a vida adulta. Carol Bensimon, autora premiada, ressalta o frescor da obra e a habilidade de Kappel em fazer o adolescente “saltar das páginas”, conquistando empatia imediata do leitor. "Sob o Céu de Isaías" ganha pela sutileza, aborda o sofrimento sem se tornar um dramalhão e, justamente por isso, faz com que o público acolha o protagonista.

E esse é o maior mérito do romance. Isaías não é apenas um reflexo da cidade em que vive, ou do contexto social em que está inserido. Muito menos é uma alegoria dos arquétipos gays na literatura. Ele é um indivíduo em evolução, com dúvidas, desejos e falhas, que se torna palpável pela complexidade e humanidade. Cada capítulo é uma pequena cápsula de observações e situações que traduzem a tensão entre o desejo de liberdade e os laços que prendem. 

A ambientação também merece destaque. A cidade pequena, com ruas estreitas, escolas tradicionais e paisagens naturais degradadas, é um personagem silencioso que influencia escolhas, medos e descobertas de Isaías. Nesse espaço, a escrita de Kappel mostra-se segura e madura, mesmo sendo o primeiro romance dele, equilibrando tensão, humor e introspecção com precisão rara. Além disso, a narrativa aborda questões sociais relevantes - homofobia, conservadorismo, expectativas familiares - sem recorrer a julgamentos simplistas ou clichês. 

O autor constrói um romance que dialoga com leitores jovens e adultos, proporcionando reflexões sobre identidade, liberdade, amizade e amor. A relação de Isaías com Bernardo, colega de classe e vínculo afetivo transformador, exemplifica a delicadeza com que Kappel trata a descoberta dos sentimentos e da sexualidade, sem perder a sutileza e a complexidade emocional - um feito notável para um primeiro romance. Compre o livro "Sob o Céu de Isaías", de Vitor Kappel, neste link.

.: Fenômeno mundial, "Titanique - O Musical" estreia no Brasil neste sábado


Uma comédia hilária e irreverente do icônico filme de 1997, embalada pelos maiores sucessos de Céline Dion. A nova produção brasileira, com direção geral de Gustavo Barchilon, estreia no Teatro Sabesp Frei Caneca. Novos ingressos já estão disponíveis para venda. Instagram: @titaniquebr. Fotos: Caio Gallucci


"Titanique - O Musical", que já encantou plateias em Nova Iorque, Londres, Sydney, Toronto e Paris, chega ao Brasil para sua estreia no Teatro Sabesp Frei Caneca, em São Paulo, neste sábado, dia 11 de outubro. A montagem brasileira conta com direção de Gustavo Barchilon, realização da Barho Produções e Uma Boa Produção e patrocínio do Banco Daycoval. O elenco brasileiro será formado por Alessandra Maestrini (Celine Dion), Marcos Veras (Jack), Giulia Nadruz (Rose), Luis Lobianco (Ruth - mãe da Rose), George Sauma (Carl), Wendell Bendelack (Victor Garber), Valéria Barcellos (Tina Turner), Talita Real (Molly Brown), Matheus Ribeiro (Marinheiro), Luiza Lapa, Marcos Lanza e Luan Carvalho.

Criado por Tye Blue, Marla Mindelle e Constantine Rousouli, com orquestrações e arranjos de Nicholas James Connell, "Titanique - O Musical" é um espetáculo cômico e irreverente do mega sucesso "Titanic" (1997), de James Cameron. A história de amor de Jack e Rose é reimaginada sob a ótica exagerada e dramática da diva pop Céline Dion, que assume o papel de narradora e conduz o público por uma jornada cheia de emoção, risadas e números musicais eletrizantes. O repertório inclui alguns dos maiores hits de Dion, como “My Heart Will Go On”, “It’s All Coming Back to Me Now” e “All By Myself”, apresentados em arranjos vocais arrebatadores.

Desde a estreia em Nova Iorque, o espetáculo se tornou um dos maiores fenômenos off-Broadway, conquistando os prêmios Lucille Lortel e Off-Broadway Alliance de Melhor Musical. Em 2025, fez história novamente ao vencer como Melhor Musical de Comédia no Olivier Awards, em Londres. A produção brasileira não é uma réplica: trata-se de uma encenação totalmente original, com novo elenco, cenografia, figurinos e direção adaptados ao contexto e ao humor brasileiro. O espetáculo celebra a música pop, o cinema e o teatro musical com uma dose ousada de irreverência e excesso teatral, prometendo arrancar gargalhadas e também emocionar.

“Depois de dirigir algumas comédias, mergulhar em 'Titanique' é como voltar às minhas raízes - mas dessa vez, com um navio, uma diva pop e um iceberg a bordo. Nossa produção brasileira preserva a alma do original, mas encontra seu próprio tom ao dialogar com a tradição do teatro besteirol brasileiro - um estilo que sempre soube rir do absurdo com inteligência, música e travessura”, conta o diretor Gustavo Barchilon.

“O besteirol brasileiro sempre mostrou que é possível rir com sofisticação, usando o exagero, o nonsense e a quebra de lógica. Titanique faz exatamente isso: transforma a tragédia épica do Titanic numa celebração escancaradamente camp e queer, onde vale tudo - inclusive cantar ‘My Heart Will Go On’ como se fosse a última coisa que você fará na vida. Meu conceito parte dessa licença para o excesso. O palco vira um navio performático, onde a precariedade vira linguagem e o erro é bem-vindo. O público está por dentro da piada - sabe que está vendo teatro, e por isso mesmo embarca com ainda mais prazer”, enfatiza.

“'Titanique' é um besteirol de alto nível em alto-mar. É o riso como ato de amor. A tragédia como carnaval. Um lembrete de que, mesmo quando tudo parece afundar, a gente pode - e deve - continuar cantando”, conclui Barchilon.


Sinopse de "Titanique - O Musical"
Uma comédia hilária e irreverente do clássico "Titanic" (1997), "Titanique - O Musical" está repleto de reviravoltas absurdas e canções icônicas que elevam a experiência a algo verdadeiramente inesquecível. O espetáculo é uma carta de amor à música pop, ao cinema e ao teatro musical - prometendo uma noite cheia de risadas, emoção e pura alegria, tudo ao som inesquecível de Céline Dion.


Ficha técnica
"Titanique - O Musical"
Direção artística: Gustavo Barchilon
Elenco: Alessandra Maestrini (Celine Dion), Marcos Veras (Jack), Giulia Nadruz (Rose), Luis Lobianco (Ruth - mãe da Rose), George Sauma (Carl), Wendell Bendelack (Victor Garber), Valéria Barcellos (Tina Turner), Talita Real (Molly Brown), Matheus Ribeiro (Marinheiro), Luiza Lapa, Marcos Lanza e Luan Carvalho.
Direção artística: Gustavo Barchilon
Direção de produção: Thiago Hofman
Direção musical | Arranjo | Orquestração: Thiago Gimenes
Desenho de luz: Maneco Quinderé
Direção de movimento: Alonso Barros
Figurino: Theo Cochrane
Cenografia: Natália Lana
Visagismo: Feliciano San Roman
Design de som: João Baracho
Assistentes de direção: Talita Real e Gabi Camisotti

Serviço
"Titanique - O Musical"
Local: Teatro Sabesp Frei Caneca - Shopping Frei Caneca
Endereço: Rua Frei Caneca, nº 569 • 7° Piso I Consolação • São Paulo • SP
Temporada: 11 de outubro a 14 de dezembro de 2025
Sessões: sábados, às 17h00 e 20h00, e domingos, às 15h00 e 18h00
Duração: 110 minutos
Capacidade: 600 pessoas
Classificação indicativa: 12 anos
Vendas pela internet: (https://uhuu.com/evento/sp/sao-paulo/titanique-uma-comedia-com-os-hits-de-celine-dion-14940)
Bilheteria do Teatro Sabesp Frei Caneca • Sem incidência de Taxa de Serviço
7º Piso do Shopping Frei Caneca
Rua Frei Caneca, nº 569 • 7° Piso I Consolação • São Paulo • SP
Horário de funcionamento: terça-feira a domingo das 12h às 15h e das 16h às 19h e segunda-feira bilheteria fechada.

.: Sérgio Mamberti tem jornada artística revisitada em série documental


Dirigida por Evaldo Mocarzel, produção em três episódios traça o mapa afetivo e político de um dos maiores intérpretes do país, da cena underground à gestão cultural. Foto: Matheus José Maria

A memória é também um palco por onde transitam vozes, imagens e silêncios que compõem a vida de um artista. É desse movimento que nasce "Sérgio Mamberti, Memórias de Um Ator Brasileiro", série documental dirigida por Evaldo Mocarzel, que revisita a trajetória do ator, diretor e gestor cultural falecido em 2021. Com três episódios, a produção estreia em 26 de setembro de 2025, às 22h00, no SescTV, com exibição semanal, e fica disponível na íntegra no site do canal e na plataforma e app Sesc Digital.

Mais do que um registro biográfico, a série apresenta um percurso em primeira pessoa, a partir de depoimentos de Mamberti e de extenso material de arquivo. Entrelaçam-se ali a história do teatro brasileiro, a resistência política, a cena cultural dos anos 1960 e 1970 e a intimidade de um artista que nunca separou vida e obra.

No primeiro episódio, o ator retorna à infância em Santos, no litoral paulista, onde o Clube de Cinema organizado por seu pai lhe apresentou mitos da cena brasileira, como o ator, diretor e dramaturgo Procópio Ferreira e a cantora Nora Ney. Foi também nesse período que, aos doze anos, conheceu a jornalista e escritora Patrícia Galvão, a Pagu, figura central na formação de seu olhar crítico.

Aos 17, mudou-se para São Paulo. Frequentava o Teatro de Arena, a Biblioteca Mário de Andrade e os bares onde bebiam José Celso Martinez Corrêa, Renato Borghi e uma geração decidida a reinventar a dramaturgia nacional. Ingressou na Escola de Arte Dramática da USP, a EAD. Fundada em 1948, a escola era referência nas discussões sobre o teatro moderno e se posicionava como peça central da dramaturgia paulistana.

A estreia profissional de Mamberti aconteceu em 1964, em meio ao Golpe Militar, na montagem de “O Inoportuno”, de Harold Pinter, sob a direção de Antônio Abujamra. Em apenas três anos de carreira, o ator recebeu o prêmio Saci - um dos mais cobiçados da época. Reconhecido pela crítica e pelo público, cultivou amizades duradouras no meio teatral, como Cacilda Becker, Walmor Chagas e o mestre polonês Zbigniew Ziembinski, arquiteto da encenação moderna no Brasil, por quem nutria devoção.

Os anos de censura e perseguição marcaram sua atuação política. "Durante o período da ditadura, o teatro assumiu a vanguarda da resistência, porque era um teatro extremamente politizado", recorda Mamberti. Filiado ao Partido Comunista, esteve em montagens como “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos, e “O Balcão”, do francês Jean Genet, encenado pelo dramaturgo argentino Victor Garcia. Carregadas de crítica social, essas obras se tornaram símbolos de contestação e alvo frequente da repressão.

O segundo episódio da série conduz o espectador à casa de Mamberti no bairro da Bela Vista, em São Paulo. O espaço, aberto a artistas e intelectuais, transformou-se em ponto de encontro da contracultura. Uma casa de portas abertas, por onde transitavam nomes como Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, os Novos Baianos, entre outros. Foi lá que recebeu a companhia anarquista norte-americana Living Theatre, cuja proposta de revolução sexual e dissolução das fronteiras entre arte e vida influenciou decisivamente sua geração.

Paralelamente ao teatro, Mamberti consolidava sua carreira no cinema, tornando-se um rosto familiar na filmografia marginal e autoral brasileira. Seus personagens em obras como “Toda Nudez Será Castigada” (1973), de Arnaldo Jabor, “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), de Rogério Sganzerla, “Maldita Coincidência” (1979), de Sergio Bianchi, e “Brava Gente Brasileira” (2000), de Lúcia Murat, testemunhavam sua versatilidade nas telas. Cinéfilo voraz, o ator assistia de oito a dez filmes por semana e nutria o desejo silencioso de dirigir.

O episódio final da série remonta a uma experiência em Londres, nos anos 1970, ao lado de Gilberto Gil. A cena - um ritual lisérgico com mescalina - tornou-se profecia: em um futuro ainda distante, ambos estariam juntos na reconstrução da política cultural brasileira. Décadas mais tarde, no Ministério da Cultura de Gil (2003-2008), Mamberti foi Secretário de Políticas Públicas para Música e Artes Cênicas, ministro interino em diversas ocasiões e representante do país em fóruns internacionais, realizando, com um sorriso irônico, o desejo antigo de seu pai de vê-lo como diplomata. Esteve também à frente do extinto Teatro Crowne Plaza, em São Paulo, que se destacou por promover shows a preços populares e revelar novos nomes da música brasileira, como Cássia Eller, Zélia Duncan e Chico César.

Apesar da intensa atuação como gestor, Mamberti nunca deixou de se reconhecer, antes de tudo, como ator. "O ator tem uma função social, ele tem esse efeito multiplicador", reflete. Seus cadernos de colagens, utilizados como parte do processo criativo, revelam a disciplina com que construía personagens. Mesmo presente na televisão - em diversas novelas e na marcante série infantojuvenil Castelo Rá-Tim-Bum - e no cinema, ele mantinha o teatro como núcleo de sua trajetória e era categórico em sua fala: "O teatro é a arte do ator".

A série se encerra com uma visita ao Teatro Ruth Escobar, onde encenou a peça “O Balcão” por dois anos. O espaço se torna metáfora de um ciclo que se completa."Sérgio Mamberti, Memórias de Um Ator Brasileiro" ilumina uma vida dedicada à cena, marcada pela resistência, pela paixão e pela crença inabalável no poder transformador do palco. Compre a biografia de Sérgio Mamberti neste link.


Serviço
"Sérgio Mamberti, Memórias de Um Ator Brasileiro"
Série documental
Direção: Evaldo Mocarzel
Conteúdo: três episódios
Duração aproximada: 50 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Estreia: 26 de setembro, sexta-feira, às 22h


Sob demanda
Quando: a partir de 26 de setembro de 2025
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.: "Tudo É Rio", produzido pela Boutique Filmes: distribuição da Vitrine Filmes

Inspirado no livro homônimo de Carla Madeira, longa será dirigido por Julia Rezende, roteirizado por Gustavo Lipsztein e tem previsão de estreia para 2027

O longa-metragem "Tudo É Rio", inspirado no livro homônimo de Carla Madeira com produção da Boutique Filmes, será distribuído pela Vitrine Filmes e deve chegar aos cinemas em 2027. O anúncio foi realizado durante o painel da distribuidora na Expocine na última sexta-feira, 3 de outubro. "Tudo É Rio" conta a história do casal Dalva e Venâncio, abalado por um acontecimento extremo e violento. Como reparação de seu desencanto, Dalva utiliza o silêncio e o desprezo para se vingar. Mas, o surgimento de Lucy, uma prostituta enigmática, cria um triângulo em que desejo, ciúme e obsessão se entrelaçam.

Em um mergulho nas intensidades humanas, a trama é marcada pela violência e suas consequências, onde amor, perda e desejo se misturam. A história ainda traz temas como perdão e a tensão entre corpo e alma. O longa-metragem será dirigido por Julia Rezende, roteirizado por Gustavo Lipsztein, produzido por Gustavo Mello e tem previsão de início das filmagens para agosto de 2026. Compre o livro "Tudo É Rio", de Carla Madeira, neste link.

.: Teatro: "As Aves da Noite", de Hilda Hilst, circula em São Paulo


Espetáculo, cuja história se passa em um campo de concentração nazista, tem apresentações gratuitas em São Bernardo do Campo, Campinas, São Caetano do Sul, São Paulo e Ribeirão Preto. Foto: Heloísa Bortz


O espetáculo "As Aves da Noite", drama teatral escrito por Hilda Hilst, há 57 anos, vencedor do Prêmio APCA 2022 de Melhor Espetáculo Virtual, tem apresentações gratuitas em cinco cidades paulistas, incluindo a capital. A circulação tem início no dia 10 de outubro e segue até 02 de novembro. A encenação, que se passa em um campo de concentração nazista de Auschwitz, tem direção de Hugo Coelho e elenco formado por Marco Antônio Pâmio, Marat Descartes, Regina Maria Remencius, Rafael Losso, Walter Breda, Fernando Vítor, Marcos Suchara, Wesley Guindani e Heloisa Rocha.

A circulação começa por São Bernardo do Campo, com apresentações nos dias 10 e 11/10, sexta e sábado, no Teatro Lauro Gomes, às 20h30. Em Campinas, a sessão é no Teatro Municipal José de Castro Mendes, no dia 16/10, quinta, às 20h. Em São Caetano do Sul, ocorrem duas sessões no Teatro Municipal Santos Dumont, no dia 17/10, sexta, às 18h e às 20h. O Teatro Alfredo Mesquita, na zona norte de São Paulo, recebe três apresentações, dias 24, 25 e 26/10, sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h. Fechando a circulação, a montagem ocupa o palco do Teatro Municipal de Ribeirão Preto, nos dias 01 e 02/11, sábado, às 20h, e domingo, às 18h. Este projeto tem o apoio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo e do Ministério da Cultura por meio do Edital ProAC/PNAB nº 27/2024 de Difusão e Circulação de Projetos Artísticos Culturais.

O enredo de "As Aves da Noite" parte da história real do padre franciscano Maximilian Kolbe, que apresentou-se voluntariamente para ocupar o lugar de um judeu sorteado para morrer no chamado “porão da fome” em represália à fuga de um prisioneiro. Segundo o diretor Hugo Coelho, “esta é uma versão contemporânea do texto de Hilda. Não é uma reconstituição de Auschwitz, partimos de Auschwitz. O espetáculo é um grito contra a barbárie, contra o fascismo que usa a violência como instrumento de ação política”.

No porão da fome, a autora coloca em conflito os prisioneiros condenados a morrer na cela: o Padre, o Carcereiro, o Poeta, o Estudante e o Joalheiro, que são visitados pelo Oficial da SS, pela Mulher que limpa os fornos e por Hans, o ajudante da SS. Na montagem, eles aparecem isolados, confinados em gaiolas como um signo, uma alusão à prisão onde a história se passa. “A primeira coisa que os governos totalitários e ditatoriais fazem ao prender alguém é destituí-lo de sua dignidade e submetê-lo ao sofrimento extremado, e isso os nazistas fizeram com requintes inimagináveis de crueldade”, comenta o diretor.  Segundo ele, a proposta de concepção de Hilda Hilst é muito clara, colocando as personagens em estado de reflexão sobre suas próprias condições no confinamento. A leitura que a autora faz dos aspectos éticos e humanos passa por questionamentos sobre Deus, sobre o mal e sobre a crueldade.

Nos diálogos estão o embate entre a vida e o que lhes resta, os devaneios entre o desespero e o delírio. O Poeta declama como se morto estivesse, o Estudante sonha com outro tempo, o Joalheiro ainda lembra-se da magnitude das pedras, enquanto a Mulher é humilhada em sua condição inferior. O Carcereiro, mesmo sendo um condenado, ironiza a condição dos demais e os trata com escárnio; o SS os chama de porcos e os agride e menospreza, enquanto o estado de debilidade emerge da vida e da já não existência desses humanos subjugados.

A montagem de "As Aves da Noite" busca elucidar a humanidade e densidade contida no texto, mergulhando nas possibilidades inesgotáveis do drama para emergir na poética da tragédia. “O discurso racional não dá conta da realidade. A arte tem o papel de traduzir esse discurso como uma segunda realidade que passa pela razão, mas também pelo sensorial e pela emoção”, reflete Hugo Coelho. “E temos a sorte de reunir um elenco de extrema grandeza. O talento desses atores é um pilar fortíssimo no resultado final do trabalho”.

Sobre o texto, Hilda Hilst falou: “Com 'As aves da noite', pretendi ouvir o que foi dito na cela da fome, em Auschwitz. Foi muito difícil. Se os meus personagens parecerem demasiadamente poéticos é porque acredito que só em situações extremas é que a poesia pode eclodir viva, em verdade. Só em situações extremas é que interrogamos esse grande obscuro que é Deus, com voracidade, desespero e poesia”.

O cenário, que traduz o cárcere com gaiolas humanas, foi concebido pelo diretor. O figurino (de Rosângela Ribeiro) faz alusão aos uniformes de presidiários, reforçando a imagem do encarceramento. A iluminação (de Fran Barros) dá foco a cada personagem, reforça o clima denso e claustrofóbico do ambiente, privilegiando o espaço teatral, e a trilha sonora, assinada por Ricardo Severo, traz uma canção original do texto que remete à tradição judaica, cantada pelas personagens, e segue a mesma orientação da iluminação.

Hugo Coelho afirma que o propósito do espetáculo é trazer à cena o discurso poderoso e contundente de Hilda Hilst. “'As Aves da Noite' nos faz encarar toda a barbárie do poder, do domínio, do autoritarismo, das torturas nos porões das ditaduras. Auschwitz é uma ferida aberta na humanidade para a qual é difícil encontrar palavras que a qualifique. As Aves da Noite mostra o reverso, o outro rosto da humanidade, perverso, doente e profundamente violento. Não podemos permitir que a violência e a barbárie continuem sendo normatizadas ao longo da história. Por isso essa obra, de extrema qualidade literária, é tão importante para o momento em que vivemos”, finaliza o encenador.

"As Aves da Noite", idealizado pelo produtor Fábio Hilst, teve sua primeira temporada apresentada virtualmente, devido à pandemia da covid-19. Foi gravado em vídeo, 80 anos após a morte de Maximilian Kolbe, exatamente no momento em que o mundo vivia uma experiência de confinamento. Kolbe morreu em Auschwitz, em 1941, e foi canonizado em 1982, pelo Papa João Paulo II. São Maximiliano é considerado padroeiro dos jornalistas e radialistas e protetor da liberdade de expressão.


FICHA TÉCNICA - Texto: Hilda Hilst (1968). Direção: Hugo Coelho. Elenco: Marco Antônio Pâmio (Pe. Maximilian), Marat Descartes (Carcereiro), Regina Maria Remencius (Mulher), Walter Breda (Joalheiro), Rafael Losso (Estudante), Fernando Vítor (Poeta), Marcos Suchara (SS), Wesley Guindani (Hans) e Heloisa Rocha. Direção de produção: Fábio Hilst. Assistência de direção e produção: Fernanda Lorenzoni. Cenografia: Hugo Coelho. Figurino e objetos de cena: Rosângela Ribeiro. Desenho de luz: Fran Barros. Música original e desenho de som: Ricardo Severo. Cenotecnia: Wagner José de Almeida. Serralheria: José da Hora. Pintura de arte: Alessandra Siqueira. Assistência de cenotecnia: Matheus Tomé. Confecção de figurino: Vilma Hirata e Natalia Hirata. Fotos: Priscila Prade e Heloísa Bortz. Design gráfico: Letícia Andrade. Gerenciamento de mídias sociais: Felipe Pirillo. Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Produção: Três no Tapa Produções Artísticas. Realização: Fomento CultSP, Governo do Estado de São Paulo através da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, Ministério da Cultura, Governo Federal - União e Reconstrução.


Serviço | Programação

Espetáculo: As Aves da Noite

Duração: 75 min. Gênero: Drama. Classificação: 16 anos.

Ingressos: Gratuitos - Bilheterias dos teatros: 1h antes das sessões.

Ingressos antecipados: Sympla - www.sympla.com.br (reserva no início de cada semana); exceto em Ribeirão Preto, pela https://megabilheteria.com.


Teatro Lauro Gomes - São Bernardo do Campo/SP

Dias 10 e 11 de outubro - Sexta e sábado, às 20h30

Rua Helena Jacquey, 171 - Rudge Ramos. São Bernardo do Campo/SP.

Tel.: (11) 4368-3483. Capacidade: 526 lugares.

Sessão com Intérprete de Libras e bate-papo com o público: 11/10 (sábado).


Teatro Municipal José de Castro Mendes - Campinas/SP

Dia 16 de outubro - Quinta, às 20h

Rua Conselheiro Gomide, 62 - Vila Industrial. Campinas/SP.

Tel.: (19) 3272-9359. Capacidade: 760 lugares.

Sessão com Intérprete de Libras e bate-papo com o público.


Teatro Municipal Santos Dumont - São Caetano do Sul/SP

Dia 17 de outubro - Sexta, às 18h e às 20h

Avenida Goiás, 1111 - Centro. São Caetano do Sul/SP.

Tel.: (11) 4221-8347. Capacidade: 370 lugares.

Intérprete de Libras: sessão das 20h.


Teatro Alfredo Mesquita - São Paulo/SP

Dias 24, 25 e 26 de outubro - Sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 19h

Avenida Santos Dumont, 1770 - Santana. São Paulo/SP.

Tel.: (11) 2221-3657. Capacidade: 198 lugares.

Intérprete de Libras, audiodescrição e bate-papo com o público: 26/10 (domingo).

 

Teatro Municipal de Ribeirão Preto - Ribeirão Preto/SP

Dias 01 e 02 de novembro - Sábado, às 20h, e domingo, às 18h

Praça Alto do São Bento, s/nº - Campos Elísios. Ribeirão Preto/SP.

Tel.: (16) 3625-6841. Capacidade: 515 lugares.

Intérprete de Libras e bate-papo com o público: 02/11 (domingo).


segunda-feira, 6 de outubro de 2025

.: Entrevista com Marco Ribeiro: a voz por trás do "Homem de Ferro" fala


Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com. Na imagem, Marco Ribeiro com um dos personagens mais incônicos que emprestou a voz: o Woody de "Toy Story". Foto: divulgação

Ele é a voz por trás de alguns dos personagens mais amados - e lembrados - do cinema mundial. Marco Ribeiro não apenas fala por Woody, de "Toy Story", Tony Stark, o "Homem de Ferro" da Marvel, ou pelos atores Jim Carrey e Tom Hanks: ele dá alma brasileira a esses ícones globais. Em 38 anos de carreira, o dublador, ator e diretor de dublagem ajudou a construir o que hoje se reconhece como a “escola brasileira de dublagem” - sensível, criativa e tecnicamente impecável.

Entre as cabines de som e os grandes estúdios, Marco transita com naturalidade entre fé, arte e técnica. Nesta entrevista exclusiva ao portal Resenhando.com, ele revisita personagens lendários, comenta o fim da liberdade criativa nos estúdios, reflete sobre inclusão e revela qual “virada de trama” ainda espera para a própria vida. Do humor anárquico de "O Máskara" à emoção existencial de "Toy Story", Marco Ribeiro fala com a serenidade de quem entende que dublar é, no fundo, traduzir almas - e que a voz certa pode atravessar gerações.

Resenhando.com - Você dá voz a heróis que enfrentam vilões intergalácticos, detetives excêntricos, brinquedos com crises existenciais e até insetos revolucionários. Qual desses personagens exigiu a dublagem mais difícil de sustentar?
Marco Ribeiro -
Creio que tenha sido o Woody, pela sutileza da interpretação do Tom Hanks. São várias nuances em uma mesma frase e buscamos ficar bem em cima da obra original.


Resenhando.com - Já que estamos falando de vozes: existe algum personagem que gostaria que tivesse chegado até você e ainda não aconteceu?
Marco Ribeiro - 
O Batman e o Superman, assim como o Homem de Ferro, fizeram muito parte da minha infância pelos filmes e quadrinhos. Gostaria de ter dublado um desses heróis com capa, mas, na verdade, eles já estão em boas mãos com dubladores maravilhosos.


Resenhando.com - Em Yu Yu Hakusho, seu Yusuke virou lenda urbana com frases como “pára o bonde que Isabel caiu”. Existe improviso assim hoje em grandes franquias ou a dublagem atual virou refém do “politicamente correto”?
Marco Ribeiro - 
Hoje, por várias questões, não temos mais tanta liberdade como tínhamos. O caso de Yu Yu Hakusho foi especial: uma união de ótimos dubladores, criativos, com liberdade de criação por parte do diretor, que era eu (risos), e também dos clientes.

Resenhando.com - Você é dublador do Robert Downey Jr. há quase três décadas. Já teve a impressão de que, no imaginário do público brasileiro, a sua voz é a voz original do ator?
Marco Ribeiro - 
Sim. Já dublei o Robert Downey Jr. em vários filmes e personagens diferentes - psicopata, bonzinho, infantil, dramático. Colocamos a voz e a interpretação onde o personagem exige. Nas minhas redes sociais, vejo muita gente dizendo que não consegue mais ver o ator com outra voz. Alguns até afirmam que a voz brasileira é melhor que a original. Paixões à parte, acredito que criei uma identidade brasileira para o ator, e é isso que a boa dublagem deve fazer. Foi assim que ela se tornou respeitada, elogiada e admirada no mundo todo.

Resenhando.com - Se você pudesse reunir no mesmo estúdio todos os personagens que já dublou… quem brigaria com quem, e quem sairia de alma lavada?
Marco Ribeiro - (
Risos) Creio que seria uma convivência pacífica. Até os mais agitados ficariam calmos participando da magia do estúdio e da dublagem. Seria um clima de harmonia.

Resenhando.com - O Brasil é um dos países mais respeitados do mundo quando o assunto é dublagem. Mas ainda há quem torça o nariz para o “filme dublado”. Que resposta você faria para esse público?
Marco Ribeiro - 
Hoje falamos muito de inclusão, mas não pensamos nos 11 milhões de analfabetos que temos no Brasil e nos quase sete milhões de cegos ou pessoas com deficiência visual. A dublagem é, sobretudo, inclusiva. Ela proporciona a essas pessoas, muitas vezes excluídas do entretenimento, a chance de sonhar, se divertir e se emocionar com histórias, vozes e aventuras. O que precisamos é exigir sempre uma boa dublagem. Se ela for ruim, feita por pessoas sem qualificação e sem qualidade artística, devemos reclamar — como fazemos com qualquer produto malfeito.


Resenhando.com - Você já dublou personagens que morrem, ressuscitam, trocam de universo ou de consciência. Se a vida fosse roteirizada como os filmes que você dubla, qual virada de trama você ainda espera para o seu próprio enredo?
Marco Ribeiro - Espero poder viver em paz e contribuir para o bem do mundo e das pessoas ao meu redor, levando uma mensagem de esperança, amor e fé, através de Jesus.

Resenhando.com - Você é a voz de Robert Downey Jr., Tom Hanks e Jim Carrey. Qual a sua opinião pessoal sobre esses artistas? Já chegou a conhecê-los pessoalmente?
Marco Ribeiro - 
Infelizmente ainda não os conheci pessoalmente, mas são atores fantásticos, para os quais tenho o prazer de emprestar minha voz. Espero que tenham longa vida e muito trabalho, e que eu também possa estar por aqui para dar vida, em português, a tantos personagens incríveis que eles venham a interpretar. Sempre reforçando a hashtag criada por mim em 2017: #PrestigieABoaDublagem, para valorizar e preservar essa linda arte.


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.: Entrevista com Bea, defensora do pagode no "Estrela da Casa"


Natural de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, cantora defendeu o pagode ao longo da temporada e agora planeja se dedicar a um projeto audiovisual. Foto: Globo/Fábio Rocha


Bea deixou a disputa do talent show "Estrela da Casa" no último dia 30, já mirando na carreira de sucesso que pretende trilhar. Com 27 anos, a cantora natural de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, defendeu o pagode ao longo da temporada e agora planeja se dedicar a um projeto audiovisual. Com a certeza de que foi fiel à sua verdade do início ao fim, Bea afirma que não mudaria nada em sua participação no reality. “Tudo que as pessoas viram na TV é exatamente o que eu sou no dia a dia.  Eu sou isso na vida e não pretendo mudar”, ressalta. 


O que foi mais especial na sua participação no "Estrela da Casa"?
Bea -
Todo o aprendizado que eu pude absorver. Todas as oficinas, desafios de composição, as provas, tudo tinha um aprendizado muito genuíno. O que eu mais consegui desenvolver através desse aprendizado foi o meu lado de composição. Eu sempre compus, mas sempre tive uma limitação para compor. Sempre precisava de algum acontecimento para me inspirar. Hoje eu consigo compor aqui, sentada, só pegando um papel e uma caneta e começando a inventar. Isso é graças ao "Estrela da Casa". 
 

Qual foi sua dinâmica preferida? 
Bea - Eu acho que o "Desafio Musical" com o tema "Vilão de Novela", em que a gente teve que fazer uma música para o personagem Marco Aurélio, da novela "Vale Tudo". Foi literalmente um desafio, mas foi muito legal de fazer, porque eu usei todo o meu lado engraçado para compor a música junto com as outras pessoas. E foi interessante como saiu uma música muito boa, que super poderia ser usada na trilha da novela. 

 
De qual apresentação sua você mais gostou? 
Bea - Quando cantei “A Loba”, da Alcione. Foi a melhor de todas. Eu amo todas as minhas apresentações, mas eu nunca me entreguei 100% como eu me entreguei nessa apresentação, em toda a minha vida. 
 

Quais aprendizados você levou do "Estrela da Casa" para sua carreira? 
Bea - Bom, primeiro que a gente precisa organizar a carreira antes de subir no palco. Isso em todo o quesito: jurídico, comunicativo, visual, olhar para toda a gestão de carreira em si. A gente precisa ter uma estrutura para atender contratantes e donos de casas de shows. Não dá para ir faltando nada. Posicionamento no palco. Entender para onde olhar. Como se comunicar com o público. Como trazer o público para você. Aprender como ensinar o público a sua música nova, isso eu aprendi com a Daniela Mercury quando ela nos visitou no Centro de Treinamento. É preciso pensar no que fazer no pós-show. Por mais que se tenha uma equipe que responda para você, o artista tem que entender tudo o que está acontecendo. Não dá para eu entregar todas as suas demandas na mão de alguém sem saber o que esse alguém vai fazer. Então, essas coisas foram aprendizados muito importantes e que eu vou levar para a vida. Porque eu quero ter vários e vários anos de carreira. 
 

O que faria diferente, se tivesse a chance? 
Bea - Acho que eu não faria nada diferente. Eu seria exatamente o que eu fui, porque meu melhor amigo falou para mim que eu nunca fui tão fiel a mim como nesse programa. Nunca fui eu de maneira tão íntegra. E tudo que as pessoas viram na TV é exatamente o que eu sou no dia a dia. Com os meus pais, com os meus irmãos, com os meus amigos, com os meus fãs, com os meus funcionários, meus sócios. Eu sou isso na vida e não pretendo mudar. Mesmo que algumas pessoas não concordem com algumas coisas, sempre vai ter alguém que não vai concordar. Nem Jesus agradou todo mundo, então eu também não tenho como agradar. Mas me alegra saber que estou sendo eu. 
 

Quem tem mais chances de sair vencedor ou vencedora? E para quem fica sua torcida?   
Bea - Eu acho que quem tem mais chance é o Hanii, porque ele é um artista completo. Ele tem vocal, tem performance, ele lida bem com a câmera, é um artista confiante. Ele pode estar passando a barreira que for, mas se ele precisa entregar alguma coisa, ele se concentra e entrega. Ele é dedicado, ensaia igual louco, se cobra, pede opinião... é uma pessoa empática. É uma pessoa que trata muito bem os fãs. Ele merece muito porque ele é de fato uma estrela. E a minha torcida é toda para ele. Eu vou votar muito, dar a minha vida para esse menino ganhar esse programa. 

Quais são os próximos passos da sua carreira?
Primeiro eu quero entender como ficaram as coisas aqui fora. Eu tenho um projeto de pagode lá em Campinas, em São Paulo, e eu tive que deixar esse projeto com alguns amigos cantando no meu lugar, fazendo o projeto no meu lugar, que rola todo sábado. E agora eu quero entender como é que ficou isso, se a casa vai comportar o meu público novo, se esse projeto vai continuar. Mas a minha grande meta, a médio prazo, é o meu audiovisual, o meu DVD. Já estou com várias ideias. Algumas coisas já passei para o bloco de notas do celular. Quero pôr em prática para, no máximo, já ter gravado até abril do ano que vem. 

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