segunda-feira, 12 de abril de 2021

.: 80 anos do pai, Dominguinhos: Liv Moraes lança série de seis shows

Liv Moraes. Neo Fotografia


Projeto produziu e irá disponibilizar shows para acesso gratuito na plataforma de streaming YouTube. Realizado por meio do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.  LEI ALDIR BLANC 2021


Filha do grande instrumentista, cantor e compositor Dominguinhos (1942-2013), Liv Moraes se destaca como intérprete de Música Popular Brasileira, além de carregar o legado musical de seu pai no universo do forró. O projeto mais recente da artista é Liv Moraes: pontas e estrelas do meu coração, formado por seis apresentações musicais a serem exibidas entre os dias 19 e 29 de abril na plataforma de streaming de vídeo YouTube. Trata-se de uma série de seis shows de propostas e estilos diversos e gravados cada um em um espaço de São Paulo, com formação diferente de banda. Boa parte deles trafega pelo universo nordestino, sustentando o trabalho contínuo da int&eacu te;rprete na valorização deste ritmo. Outros estão relacionados a trabalhos que a cantora desenvolve no universo da MPB e do Jazz e revelam as influências musicais de seus 20 anos de carreira.

Como não podia deixar de ser dada a importância do local para o próprio Dominguinhos, que gostava de celebrar seus aniversários lá, o show de abertura foi registrado na tradicional casa, reduto do forró pé de serra da cidade, Canto da Ema, em São Paulo, e será exibido na plataforma digital no dia 19 de abril. O título do show é Homenagem aos 80 anos de Dominguinhos será um tributo aos 80 anos de nascimento do sanfoneiro que teve como mestres Luiz Gonzaga e Orlando Silveira e trazia em sua formação musical influências de baião, bossa nova, choro, forró, xote e jazz. No show, Liv estar&aa cute; no palco ao lado de Cosme Vieira (sanfona), Feeh Silva (zabumba), Elton Moraes (triângulo) e Kebinha (sax/flauta).

Estão programados para irem ao ar mais cinco shows em abril. No dia 21, Dominguinhos em Jazz e Canção, gravado no Espaço Leão, espaço de cultura na zona Norte de SP, reúne os músicos Marcelo Ghelfi (piano), Thiago Alves (baixo acústico), Paulinho Vicente (bateria) e Kebinha (sax/flauta). O show apresenta canções de Dominguinhos em arranjos especialmente elaborados pelo maestro e pianista Marcelo Ghelfi, que também assina a direção musical. Mostra um outro lado do artista, que, de acordo com a filha, “fez canções com Rita Lee, Djavan, Chico Buarque, e passeou por todas as vertentes da música do mundo, incluindo jazz, blues, bossa nova”.

No dia 23 de abril o show Chora Sanfona, gravado nos jardins do Museu de Arte Sacra de São Paulo, traz Liv ao lado do sanfoneiro Mestrinho, que acompanhou Dominguinhos durante um bom tempo nos palcos. “Temos uma história juntos e preparamos um show com músicas que não foram muito tocadas”, adianta Liv. “É uma missão trazer as músicas de meu pai que não estão tão em evidência para o público conhecer. Mestrinho toca lindamente e tem toda uma questão especial de nosso relacionamento, junto com meu pai, muitas histórias.”

Gravado na Casa Museu Ema Klabin, o show Dedicado à Você será transmitido dia 25 de abril e traz Liv ao lado do violonista Cainã Cavalcanti. O repertório é composto por canções da Música Popular Brasileira e apresenta a versatilidade de Liv Moraes como intérprete. São composições de Fátima Guedes, Djavan, Chico Buarque, Alice Ruiz e Zeca Baleiro. Para Liv, trata-se de outro show especial. “O título é o mesmo de uma música feita por Dominguinhos em parceria com Nando Cordel, que gravei em meu primeiro CD.”

Dividindo o palco com o sanfoneiro Renato Cigano, que gravou vários discos e acompanhou nos palcos Elba Ramalho, Alceu Valença, Moraes Moreira, Lenine, Yamandu Costa, Renato Teixeira e o próprio Dominguinhos, Liv apresenta Sabiá Viajante, no dia 27 de abril, gravado no jardim do Espaço Leão. De acordo com Liv, o “show é dedicado a Luiz Gonzaga por conta da importância que ele tem na música e na vida de meu pai.” Sobre Renato Cigano, Liv comenta que foi um grande amigo de seu pai. “É uma pessoa especial em minha vida, tem uma ligação forte com a música nordestina.

Para encerrar o projeto, no dia 29 de abril, quinta, às 20 horas, será exibido o show Sopro de Mandacaru, gravado na casa de Dora Guimarães, sanfoneira amiga de Dominguinhos. Liv canta ao lado de Kebinha, no sax e na flauta, e do mineiro Beto Corrêa (piano, do Trio Macaíba). A proposta do show é tocar ritmos nordestinos, como frevo, maracatu e caboclinho. “Kebinha, meu marido, é filho do frevo, toca na SpokFrevo Orquestra”,  uma big band brasileira composta por 18 músicos, formada no Recife, em 2001, com objetivo de divulgar o frevo no Brasil e no mundo. Beto Corrêa é professor de piano no maior conservatório da América Latina, o Conservatório Dramático e Musical Dr . Carlos de Campos, de Tatuí. Corrêa produziu, gravou e tocou com os maiores nomes da música brasileira, como Hermeto Pascoal, Ivan Lins, Dominguinhos, Osvaldinho do Acordeon, Monarco da Portela, Nelson Sargento, Heraldo do Monte, Nenê, Vera Figueiredo, Anastácia, entre outros.

Sobre Liv Moraes: Paulistana, 38 anos e 20 de carreira, Liv. Moraes vive entre São Paulo e Pernambuco, cidades onde, após longo período dedicado aos cuidados com a saúde de seu pai, desenvolve sua carreira musical. A artista construiu uma trajetória musical madura. Esteve no palco ao lado de Gilberto Gil, Elba Ramalho, Jane Duboc, Yamandu Costa, Fábio Júnior, Lenine, Fagner, Toninho Horta, Maestro Spok, entre outros músicos brasileiros reconhecidos internacionalmente.

Protocolos nas gravações: Tendo em vista os cuidados sanitários e de segurança necessários à realização desta produção em momento de controle da pandemia Covid-19, os shows foram todos gravados em ambiente arejado, com formação musical e equipe reduzidas. A captação de áudio e vídeo foi feita pela Sunshine Motor Home Studio, estúdio móvel estruturado por uma equipe especializada, pensado para gravações em ambiente externo, seguindo protocolos de segurança sanitária.

Em março de 2020, mais precisamente no dia 12, uma quinta-feira, o Blue Note lotado em São Paulo. “Nosso último show num ano que estava só começando. Na semana seguinte, decretado o isolamento social na cidade de São Paulo. Tudo parou. Pandemia. Profundas mudanças sociais. Desdobrando trabalhos bem distintos desenvolvidos pela cantora Liv Moraes, este projeto produziu e disponibiliza 6 shows de música para acesso gratuito na plataforma de streaming YouTube.” (Gisele Pennella, produtora do projeto)

FICHA TÉCNICA

Produção: Pas de Deux Projetos. Captação de áudio e Gravação: Sunshine Motor Home Studio. Edição: Lennon Fernandes.

Assessoria de Comunicação: Faces Comunicação. Assessoria de Imprensa: M. Fernanda Teixeira e Macida Joachim/Arte Plural.


PARA ROTEIRO

Show - Liv Moraes: pontas e estrelas do meu coração. Em seis shows a cantora Liv Moraes, filha de

Dominguinhos, apresenta seu legado e as influências musicais que compõem 20 anos dedicados à música.


Programação:

Dia 19 de abril, segunda, 20h – gravado no Canto da Ema

Homenagem aos 80 anos de Dominguinhos

Músicos – Liv Moraes (voz), Cosme Vieira (sanfona), Feeh Silva (zabumba), Elton Moraes (triângulo) e Kebinha (sax/flauta).


Dias 21 de abril, quarta, 20h - gravado no Espaço Leão

Dominguinhos em Jazz e Canção

Músicos: Liv Moraes (voz), Marcelo Ghelfi (piano), Thiago Alves (baixo acústico), Paulinho Vicente (bateria) e Kebinha (sax/flauta).


Dia 23 de abril, sexta, 20h – gravado no Museu de Arte Sacra de São Paulo

Chora Sanfona,

Músicos - Liv Moraes (voz) e Mestrinho (sanfona)


Dia 25 de abril, domingo, 16h30 - gravado na Casa Museu Ema Klabin

Dedicado à Você

Músicos – Liv Moraes (voz) e Cainã Cavalcanti (violão)


Dia 27 de abril, terça, 20h– gravado no jardim do Espaço Leão

Sabiá Viajante

Músicos – Liv Moraes (voz) e Renato Cigano (sanfona)


 Dia 29 de abril, segunda, 20h

– gravado na casa de Dora Guimarães, sanfoneira e amiga de Dominguinhos

Sopro de Mandacaru

Músicos – Liv Moraes (voz), Beto Corrêa (piano) do Trio Macaíba, Kebinha (sax/flauta).

.: "Khalid - Free Spirit" disponível nas plataformas digitais, aluguel e compra


A Sony Pictures Home Entertainment apresenta o músico superstar Khalid no filme que expande o álbum de platina "Khalid - Free Spirit", exclusivamente disponível nas plataformas digitais para aluguel e compra, em que cria uma história sobre amores, perdas e dores de tornar-se adulto.  O fenômeno Khalid, reconhecido mundialmente, já esteve na lista das cem pessoas mais influentes do mundo da revista americana Time e figura como o artista mais novo a alcançar 15 bilhões de downloads no serviço de streaming de música Spotify. Nascido no estado da Geórgia, Khalid Donnel Robinson veio ao Brasil com seu show e apresentou-se no Festival Lollapalloza em 2018, situando o país entre os que mais escutam sua música.

O álbum platinado "Khalid - Free Spirit" recebeu aclamação da crítica e estreou em 1º lugar na billboard top 200. O lançamento "Khalid - Free Spirit" celebra os dois anos do álbum.

"Khalid - Free Spirit" está disponível para aluguel e compra nas operadoras de TV, lojas digitais e consoles de videogame para assistir onde, quando e quantas vezes quiser, com a vantagem de pagar somente pelo que quiser assistir.  No modo aluguel, após dar o primeiro ‘play’, o filme digital ficará disponível durante 48 horas. Já a opção de compra, garante que o mesmo esteja disponível sempre com o consumidor.

 

"Khalid - Free Spirit"

(KHALID - FREE SPIRIT, 2019)

Sinopse: O filme dirigido por Emil Nava, conta a história de jovens em busca da liberdade após a conclusão do ensino médio. Uma criação direta e em paralelo para o álbum platinado de Khalid, Free Spirit – em comemoração aos 2 anos de lançamento. Khalid e o premiado realizador de vídeos Emil Nava expandiram as letras e a arte de Khalid no álbum para criar uma história visual de amor, perda e dores de crescimento.

 

ELENCO e FICHA TÉCNICA

Direção: Emil Nava

Roteiro: Adam DaSilva, David James

Produção: Amy James, Gabby Revilla, Lugo

Elenco: Khalid, Judah Lang, Dizzy Fae, Jahking Guillory, Estefania Preciado

 

ESPECIFICAÇÕES

Duração: 46 minutos, aproximadamente

Classificação Indicativa:  16 anos

Plataformas digitais de Aluguel e Compra:

Apple TV (iTunes), Google Play, Microsoft Films &TV (Xbox) e PlayStation Store

Plataformas digitais exclusivamente para aluguel:

Looke e NOW

 


Assista ao Trailer:



 

domingo, 11 de abril de 2021

.: Entrevista: Alexandre Nero relembra o sucesso do Comendador de "Império"


“Não tem um dia que eu não seja chamado de Comendador”, NERO, Alexandre. Foto: Globo/João Miguel Júnior

Mesmo depois de seis anos da exibição original de "Império", o Comendador José Alfredo ainda está na memória e no coração do público. Além de a trama ter sido um grande sucesso, vencedora do Emmy Internacional de Melhor novela em 2015, marcou a carreira de Alexandre Nero. “As pessoas se encantaram com o Comendador. Mais do que um divisor de águas na minha carreira, ele provocou um verdadeiro tsunami”, afirma o ator.

Agora que a novela estará de volta, a partir desta segunda-feira, dia 12 de abril, em edição especial, Nero está na expectativa para rever o trabalho. “Vai ser interessante assisti-la agora em outro momento, em outro contexto de vida. Ainda hoje, não tem um dia sequer que eu não seja chamado de Comendador”, revela. Na entrevista abaixo, Nero relembra um pouco mais do trabalho na novela escrita por Aguinaldo Silva. A trama tem direção artística de Rogério Gomes e direção geral de Pedro Vasconcelos e André Felipe Binder.


Como você recebeu a notícia da volta de Império?
Alexandre Nero -
Foi uma surpresa para mim. Tanto tempo depois do sucesso avassalador que foi a primeira exibição de "Império", vai ser interessante assisti-la agora em outro momento, em outro contexto de vida. Ainda hoje, não tem um dia sequer que eu não seja chamado de Comendador. A novela teve uma repercussão espetacular, inclusive internacional com o Prêmio Emmy, e para mim foi um marco. Me deu a oportunidade de fazer o meu primeiro protagonista, logo no horário nobre!


José Alfredo é um personagem querido pelo público, que marcou sua carreira. Conte um pouco como foi dar vida a ele.
Alexandre Nero - 
As pessoas se encantaram com o Comendador. Mais do que um divisor de águas na minha carreira, ele provocou um verdadeiro tsunami! (risos). O José Alfredo é um anti-herói, capaz de atitudes no mínimo duvidosas, mas que também sabe proteger, ser solidário. É um “casca grossa” de bom coração, eu diria, com os seus defeitos, e talvez isso tenha ajudado a aproximá-lo do público. Tivemos tempo para o processo de transmutar o papel em carne e osso; o olhar, o falar, o andar. Como ele era um homem bem mais velho do que eu, havia também um processo de envelhecimento através da maquiagem, aquele cabelo, o bigode que virou a marca do José Alfredo. Foi uma construção minuciosa até chegarmos ao tom que o personagem ganhou. E a sorte de trabalhar com um elenco maravilhoso, de artistas grandiosos, o que foi fundamental para o sucesso do personagem.


Tem alguma característica ou algo que você aprendeu com José Alfredo que levou para a vida ou para outros trabalhos?
Alexandre Nero - 
Na verdade, é ao contrário, apesar de muitas pessoas acharem que eu levei comigo algumas características do José Alfredo. Isso é engraçado. Se eu estou de bigode, acham que veio do Comendador, mas o bigode é meu, eu é que emprestei para o personagem. Quando estou de preto é a mesma coisa, mas eu sempre usei preto. Agora, tem uma coisa que eu definitivamente não aprendi – e nem pretendo – com o José Alfredo: ele tinha aquela mania de arrumar a cama minuciosamente e eu continuo não arrumando! (risos)


Quais são suas lembranças mais marcantes da época da gravação?
Alexandre Nero - 
Foi marcante o alto astral das gravações. O ambiente era de muita afetividade. Foi muito bacana e divertido estar e contracenar com aquelas pessoas.


Atualmente, as novelas são muito comentadas nas redes sociais. Você pretende acompanhar e interagir com o público durante a exibição da edição especial de Império?
Alexandre Nero - 
Frequento menos as redes sociais hoje em dia, mas acredito, e é apenas uma suposição minha, que o público que acompanha as novelas na TV vai receber com entusiasmo a volta de "Império". Nas redes sociais é diferente: a gente sabe que ali é território livre para críticas, brincadeiras, memes, e eu adoro essa liberdade, esse bom humor. Como eu estou gravando a novela "Nos Tempos do Imperador", além da criançada de casa, que a gente tem que botar pra dormir e tudo mais, quando der tempo com certeza eu vou assistir e comentar. Quero poder participar das brincadeiras, dessa zoação da internet.

.: "Sob Um Céu Branco" investiga ação do homem na biodiversidade

Autora premiada com o Pulitzer lança reportagem sobre ações e pesquisas científicas com potencial para salvar o planeta.

Em "A Sexta Extinção", best-seller vencedor do Pulitzer 2015 na categoria Não-Ficção, a jornalista Elizabeth Kolbert mergulha em uma minuciosa investigação sobre o impacto da ação do homem na biodiversidade e, consequentemente, na aceleração das taxas de extinção de diversas espécies. Mas, mesmo depois de termos causado tantos danos ao planeta, é viável acreditarmos na possibilidade de  nossas ações transformarem o meio ambiente para nos salvar?

Em "Sob Um Céu Branco: A Natureza no Futuro", que chega às lojas no Brasil pela Intrínseca, Kolbert entrevista biólogos e engenheiros genéticos e atmosféricos para tentar responder a essa pergunta e nos mostrar como os cientistas estão agindo para remodelar a Terra.

Na abertura, a autora discorre sobre as contínuas experiências para controlar a proliferação da carpa asiática, peixe que foi originalmente introduzido em vias navegáveis ​​americanas em 1963. Naquela época, os americanos estavam preocupados com os produtos químicos na água, e a carpa deveria ser a solução não tóxica para manter pragas aquáticas sob controle. Acontece que essa espécie também é muito adaptável, tem apetite voraz e é capaz de se reproduzir rapidamente. A solução encontrada para deter o seu avanço indiscriminado foi inverter o curso do rio e eletrificá-lo.

Ao longo da narrativa, ela também encontra biólogos buscando preservar o peixe mais raro do mundo, que vive em uma pequena piscina no meio do deserto do Mojave; engenheiros transformando a emissão de carbono em pedras na Islândia; pesquisadores australianos desenvolvendo um “supercoral” capaz de sobreviver a temperaturas mais altas; e físicos analisando a possibilidade de atirar fragmentos de diamantes na estratosfera para refrescar a Terra.

Segundo Kolbert, a civilização pode ser vista como um exercício de dez mil anos desafiando a natureza. Em "A Sexta Extinção", ela explorou como nossa capacidade de destruição reconfigurou o mundo natural. Dessa vez, reflete como muitas formas de intervenção que colocaram a Terra em risco estão cada vez mais sendo consideradas a única esperança para sua salvação. Sob um céu branco é uma investigação surpreendente dos desafios que enfrentamos. Intrínseca lança "Sob Um Céu Branco: A Natureza no Futuro", de Elizabeth Kolbert.


O que disseram sobre o livro

“Uma reflexão honesta e de primeira linha sobre o nosso tempo.” - Nature



Sobre a autora
Elizabeth Kolbert é colaboradora da revista The New Yorker desde 1999. Com passagens anteriores pelo The New York Times e pela Times Magazine, foi premiada duas vezes com o National Magazine Award, uma delas pela aclamada série de reportagens “The Climate of Man”. A sexta extinção, vencedor do Pulitzer de Não Ficção em 2015, é o seu terceiro livro publicado. Foto: John Kleiner.


Ficha técnica
"Sob Um Céu Branco: A Natureza no Futuro", de Elizabeth Kolbert
Tradução:
Maria de Fátima Oliva Do Coutto
Editora: Intrínseca
Páginas: 224
Link na Amazon: https://amzn.to/3wKGLz8



.: Grupo Tapa traz peças inéditas e gratuitas no Festival Online


No mês de abril o Grupo Tapa traz peças inéditas e gratuitas no Festival Online transmitido pelo Teatro Aliança Francesa. Serão quatro montagens apresentadas. Nesta segunda-feira, dia 12, será apresentado o espetáculo "Despedida de Solteiro". Foto: Ronaldo Gutierrez


O Festival Online - Grupo TAPA continua em abril com espetáculos inéditos, gratuitos e transmitidos pelo Teatro Aliança Francesa na plataforma Zoom. Serão quatro montagens apresentadas durante o mês, a gravação de "Despedida de Solteiro", de Arthur Schnitzler (segunda-feira, dia 12 de abril, às 19h), três textos em work in progress: "A Brasiliense", de Henry Becque (dia 19 de abril, às19h); "Um Chá das Cinco", de João do Rio (dia 25 de abril, às 17h); e "Sete Histórias", de Ezter Liu (dia 26 de abril, às 19h). Os ingressos são gratuitos e as reservas são feitas pelo sympla.com.br/teatroaliancafrancesaonline.

 A direção é de Eduardo Tolentino de Araujo, com exceção da última, que tem Clara Carvalho assinando a sua primeira direção no grupo. No work in progress, os atores gravaram suas performances em casa em virtude da contenção ao novo coronavírus. E o público terá a oportunidade de participar de um bate papo no final das sessões para ampliar ainda mais a proximidade com a equipe criativa de cada peça para saber mais detalhes sobre tradução, adaptação e a importância dos autores.

“Vivemos em um momento difícil nas condições sanitárias do país, o que exige cautela para apresentarmos nossos trabalhos, e agora estamos mais habituados com a questão do digital e como trazer uma experiência cada vez melhor para o público”, ressalta Tolentino.


Sobre as montagens
O austríaco Arthur Schnitzler desenvolveu uma série de sete peças curtas ("O Ciclo Anatol"), escritas entre 1882 e 1892, que trata sobre as aventuras e desventuras de um namorador incansável. "Despedida de Solteiro" é um dos textos desta coletânea que o Grupo TAPA montou em 2018 no espetáculo Anatol. Na história, o protagonista se vê em apuros no dia do seu casamento quando uma conquista da véspera acorda no seu quarto e se recusa a ir embora. O elenco é formado por Antoniela Canto, Adriano Bedin, Ariel Cannal e Bruno Barchesi. 

“Cada episódio do ciclo tem vida própria e traz como elementos comuns Anatol e, seu amigo e alter ego, Max. Com sólida carreira na medicina, o autor não podia esperar que seus textos escritos como exercícios dramatúrgicos fizessem tanto sucesso, rendessem toda uma série e lhe abrissem as portas para se tornar um dos expoentes da literatura ocidental”, diz Tolentino. 

"A Parisiense", de Henry Becque (1837-1899), foi escrita em 1885 e ganha uma versão para o universo brasileiro com o título de "A Brasiliense". A obra tem no centro uma nova mulher - que por traz de um discurso conservador e reacionário - revela um comportamento amoral, não só quanto aos costumes, mas na manipulação da máquina pública à serviço dos seus interesses.

 “Essa é considerada uma joia do realismo, um realismo ocre como foi chamado na época. Uma sátira feroz, o humor cínico de Becque ganha cores nacionais na transposição da capital francesa do século 19 para uma típica habitante do planalto central do século 21, sob a capa de 'do lar', transitando nas esferas do poder e nas alcovas promissoras. Pátria, religião e família acima de tudo são o lema dessa ‘Brasiliense’”, enfatiza o diretor. Em cena, estão André Garolli, Brian Penido Ross, Bruno Barchesi e Camila Czerkes. A peça fez grande sucesso nos anos 60 na versão de Millôr Fernandes, protagonizada por Fernanda Montenegro, sob o título "A Mulher De Todos Nós".

O grupo também volta a se encontrar com João do Rio (Pseudônimo de Paulo Barreto) na estreia de "Um Chá Das Cinco". Escrita em 1916, a peça de um ato único, satiriza o modismo importado da Europa do chá vespertino adotado pela sociedade cosmopolita da Capital Federal. Para essa versão, os hábitos mudaram e o modelo europeu foi substituído pelo americano com seu Dia das Bruxas.

“Esnobismo e afetação potencializam o humor crítico do autor, considerado o Oscar Wilde Brasileiro, através de frases pronunciadas em outras línguas e saborosos jogos de palavras. Nem Paris, nem Nova York, só nos resta rir de nós mesmos nesses 'Nossos Tristes Trópicos' e nada melhor para isso que redescobrir o humor ácido de João do Rio", enfatiza Tolentino. O elenco é formado por Antoniela Canto, Ariel Cannal, Bia Bologna, Daniel Volpi, Elisa Romero, Felipe Souza, Fernando Moscardi, Gabriela Westphal, Lili Bernartt, Natalia Beukers, Marcela Arruda, Renata Giriolli, Victor Hugo Sorrentino.

Uma das novidades é a estreia de Clara Carvalho na direção de uma produção do Tapa. Será com "Sete Histórias", uma adaptação da obra "Das Tripas Coração", de Ezter Liu, uma autora pernambucana que escreveu contos sobre o universo feminino, no qual sete deles ganham vida pela interpretação solo de Mariana Muniz. As histórias mostram as faces do que é o “ser mulher” em diversas situações, como a história de Rosa e as formigas que estão comendo sua casa; a trama de Jacinta e seus 11 carneiros; a mulher parafuso, entre outras.

“Todas as narrações acompanham essas mulheres em situação limite em função de um abuso mental ou físico. São histórias secas, ao mesmo tempo, muito sensíveis, misturam até elementos fantásticos em torno das personagens. O corpo vai expressar toda essa atmosfera, Mariana Muniz tem uma trajetória na dança que contribui para a construção do universo proposto na peça. Ela é pernambucana assim como Ezter Liu”, conta Clara.

Clara e Mariana são parceiras cênicas e já trabalharam em vários projetos como em "As Criadas", Jean Genet, produção do Tapa. Ezter Liu foi a primeira mulher a ser vencedora do Prêmio Pernambuco de Literatura em 2017 na principal categoria, justamente, com Das Tripas Coração.

Serviço
Festival Online - Grupo TAPA
Ingressos:
grátis.
Reserva de ingressos e acesso à transmissão: Sympla.com.br/teatroaliancafrancesaonline
Especificação técnica: baixar o aplicativo Zoom, preferencialmente no PC ou notebook. Também é possível assistir por tablet, celular ou emparelhamento com Smart TV.


"Despedida de Solteiro"
Segunda-feira, Dia 12 de abril, 19h.
Texto: Arthur Schnitzler. Direção: Eduardo Tolentino de Araujo. Elenco: Adriano Bedin, Antoniela Canto, Ariel Cannal e Bruno Barchesi. Fotos: Ronaldo Gutierrez. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Design gráfico: Mau Machado. Assistência de produção: Nando Barbosa, Nando Medeiros. Produção geral: Ariel Cannal.
Grátis - Gravação.


"A Brasiliense"
Segunda-feira, dia 19 de abril, às 19h.
Texto: Henry Becque. Direção: Eduardo Tolentino de Araujo. Elenco: André Garolli, Brian Penido Ross, Bruno Barchesi, e Camila Czerkes. Fotos: Ronaldo Gutierrez. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Design gráfico: Mau Machado. Assistência de produção: Nando Barbosa, Nando Medeiros. Produção geral: Ariel Cannal.
Grátis - Work In Progress.


"Um Chá das Cinco"
Domingo, dia 25 de abril, às 17h.
Texto: João do Rio. Direção: Eduardo Tolentino de Araujo. Elenco: Antoniela Canto, Ariel Cannal, Bia Bologna, Daniel Volpi, Elisa Romero, Felipe Souza, Fernando Moscardi, Gabriela Westphal, Lili Bernartt, Natalia Beukers, Marcela Arruda, Renata Giriolli, Victor Hugo Sorrentino. Fotos: Ronaldo Gutierrez. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Design gráfico: Mau Machado. Assistência de produção: Nando Barbosa, Nando Medeiros. Produção geral: Ariel Cannal.
Grátis - Work In Progress.


"Sete Histórias"
Segunda-feira, dia 26 de abril, às 19h
Texto: Ezter Liu. Direção: Clara Carvalho. Elenco: Mariana Muniz. Fotos: Cláudio Gimenez. Trilha sonora: Mau Machado. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Design gráfico: Mau Machado. Assistência de produção: Nando Barbosa, Nando Medeiros. Produção geral: Ariel Cannal.
Grátis - Work In Progress.

.: Cia. Repertório Rodriguiana montará todas as peças de Nelson Rodrigues


“Toda a minha obra é uma reflexão sobre o amor e a morte”, Nelson Rodrigues.

Cia. Repertório Rodriguiana faz retomada histórica com projeto ambicioso: remontar a obra teatral completa de Nelson Rodrigues. Detalhe de desenho de Roberto Rodrigues, irmão do Nelson, liberadas gentilmente pelo Instituto Sérgio Rodrigues.


Com leituras dramáticas de cinco peças de Nelson Rodrigues, mais dois contos quase inéditos publicados na coluna "A Vida Como Ela É...", no Jornal Última Hora, na década de 1950, a companhia quer difundir a obra de Nelson Rodrigues como vacina contra os vírus da ignorância, da estupidez e ao autoritarismo que nos cercam. 

Para a primeira edição do Festival da Tragédia Brasileira, a Cia. Repertório Rodriguiana dedicado ao dramaturgo Nelson Rodrigues, escolheu três peças, com diferentes forças e gêneros, mas representativas da grandeza do teatro rodriguiano: "Perdoa-me por Me Traíres"; "Álbum de Família""A Serpente" e também os contos "Obsessão Preta" "A Sogra Peluda".

Por meio da Lei Aldir Blanc, a companhia também realiza temporada das leituras dramáticas de "Toda Nudez Será Castigada" e "Viúva, Porém Honesta",(refeitas excepcionalmente para este momento) com seis apresentações de cada peça. Para o Festival estão programadas as leituras encenadas de "Álbum de Família"; "Perdoa-me por Me Traíres"; "A Serpente" e dois contos quase inéditos ao leitor contemporâneo: "A Sogra Peluda" e "Obsessão Preta", compõem o festival de uma semana online dedicado ao dramaturgo. Tudo vai acontecer a partir de 12 de abril.

Complementando a cena Rodriguiana, Braz traz um convidado por mês para a “Psicanálise de Botequim”, um bate-papo mensal transmitido pelo canal do YouTube da Cia. A estreia será com o escritor e biógrafo de Nelson Rodrigues, Ruy Castro. Marco Antonio Braz, professor, diretor e estudioso da obra de Nelson, que está à frente da Cia, assinala que somadas, essas obras formam uma radiografia profunda das sombras do ser humano e do brasileiro.

“O maior objetivo do Festival é brindar o grande público de forma que ele possa se espelhar e refletir sobre o amor e a morte, além de provar o que Sábato Magaldi já afirmava em sua célebre apresentação do teatro rodriguiano: 'O teatro do reacionário Nelson Rodrigues é na verdade absolutamente revolucionário'. Encenar a obra do dramaturgo e debatê-la com as perspectivas críticas da atualidade são formas de comprovar que o teatro rodriguiano faz a denúncia dos grandes dilemas da contemporaneidade brasileira como o racismo, machismo, patriarcalismo, violência doméstica, cultura do estupro, dentre outros”, complementa Braz.

Com exibição programada para o mês de abril, a partir do dia 12, as leituras reúnem em seus elencos atores veteranos e jovens atores, que se revezam nos personagens. Dos veteranos alguns participaram de sua fundação e da primeira montagem de "Perdoa-me por Me Traíres" como Flávia Pucci, Patricia Gordo e Sílvio Restiffe, ao qual se juntam a convidados especiais; Lucélia Santos, Miriam Mehler e Renato Borghi, e os demais abaixo citados nas fichas técnicas das peças.

A ideia de fazer um Festival da Tragédia por mais que pareça contraditório ao unir na sua expressão a festa e a tragédia teve como referência os festivais de teatro da antiga Grécia, quando a sociedade se unia para assistir de comédias a tragédias e, com isso, mergulhar em uma consciência dos seus conflitos mais profundos. Apesar de desagradáveis e corrosivas na observação da nossa realidade, as obras de Nelson possuem uma estética sofisticada e plena poesia dramática.  

Braz recorda que Nelson foi amigo de Abdias Nascimento, para o qual escreveu "Anjo Negro", e grande incentivador de seu Teatro Negro. Já no final dos anos 1950, o dramaturgo foi o primeiro grande autor brasileiro a denunciar e apontar o racismo tupiniquim e suas características, demonstrando através de sua obra aquilo que hoje conhecemos como racismo estrutural. Na sua intuição genial de artista, contribui para o debate de temas fundamentais que visam reconhecer nossas cicatrizes dolorosas e procurar uma saída rumo a uma sociedade brasileira mais humana e justa.

Em decorrência da pandemia todos tiveram de aprender a lidar com o formato online, que por um lado se mostrou bastante eficiente em adiantar um processo de leitura, estudo e pesquisa, aquilo que numa montagem é chamado de trabalho de mesa e neste caso, de torna-la pública com capacidade de atrair o espectador.


A companhia

O histórico da Cia Repertório Rodriguiana vem de pelo menos três décadas. Desde quando o diretor Marco Antônio Braz montou sua primeira versão de "O Beijo no Asfalto" na faculdade e sentiu a necessidade da construção de uma companhia de pesquisa da obra de Nelson Rodrigues. Já em São Paulo, terra em que escolheu viver e trabalhar por ser o berço e a capital do teatro profissional brasileiro, encenou "Perdoa-me por Me Traíres", "Valsa N.°6", "Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas Ordinária" e a versão de 2001 de "O Beijo no Asfalto", com a qual ganhou o prêmio APCA de melhor direção.

Desde então, fomenta incansavelmente estudo contínuo da obra do autor em companhia de um núcleo de artistas que segundo ele, possuem o DNA necessário para a realização de uma cia de repertório. O intuito da Cia é gerar trabalho para atores, técnicos e artistas envolvidos, e, sobretudo, gerar um movimento de público que possa mergulhar e conhecer com profundidade a obra do maior dramaturgo brasileiro.

Elenco por peça:

"Álbum de Família"
Jonas - Jairo Mattos
D. Senhorinha - Flávia Pucci
Tia Rute - Patricia Gordo
Guilherme - Leonardo Silva
Edmundo - Alex Lanutti
Glória - Viviane Monteiro
Teresa - Maria Clara Haro
Voz De Mulher - Maria Claro Haro
Avô - Eduardo Silva
Heloísa - Nathalia Lorda 


"Perdoa-me por Me Traíres"
Nair - Viviane Monteiro
Glorinha - Patricia Gordo
Pola Negri - Ulisses Sakurai
Madame Luba - Lizette Negreiros
Dr. Jubileu De Almeida - Eduardo Silva
Enfermeira - Valéria Arbex
Médico - Mauro Schames
Tia Odete [A Louca Do Silêncio] - Almara Mendes
Ceci - Carol Centeno
Cristina - Maria Clara Haro
Tio Raul - Flávia Pucci
Gilberto - Sílvio Restiffe
Judite - Viviane Monteiro
Mãe - Almara Mendes
Primeiro Irmão - Leonardo Silva
Segundo Irmão – Mauro Schames


"A Serpente"
Décio - Nilton Bicudo
Lígia - Nathalia Lorda
Guida - Patricia Gordo
Paulo - Sílvio Restiffe
Crioula de Ventas Triunfais – Ana Negraes

 
"A Sogra Peluda" e "Obsessão Preta"
"O Nelson Que Ninguém Leu - Contos"

Nilton Bicudo
Eduardo Silva
Claudia Benedetti
Lizette Negreiros


"Toda Nudez Será Castigada"
Herculano - Jairo Mattos
Nazaré - Lizette Negreiros
Patricio - Sílvio Restiffe
Tia Nº 1 - Miriam Mehler
Tia Nº 2 - Ana Medeiros
Tia Nº 3 - Almara Mendes
Geni - Antoniela Canto
Odésio - Eduardo Silva
Serginho - Leonardo Silva
Médico - Augusto Cesar
Padre - Nilton Bicudo
Delegado - Riba Carlovich


"Viúva, Porém Honesta"
J.B. de Albuquerque Guimarães – Renato Borghi
Pardal – Elcio Nogueira
Madame Cri-Cri – Miriam Mehler
Dr. Lupicínio – Kiko Marques
Dr. Sanatório – Eduardo Silva
Diabo da Fonseca – Nilton Bicudo
Ivonete De Albuquerque Guimarães – Lucélia Santos
Dr. Lambreta – Jairo Mattos
Tia Assembléia – Flávia Pucci
Tia Solteirona – Patricia Gordo
Dorothy Dalton – Leonardo Silva
Padre – Crica Rodrigues


"Viúva, Porém Honesta" (1957) - Viúva, porém honesta, peça escrita por Nelson Rodrigues em apenas uma semana, foi uma espécie de vingança contra a crítica teatral que havia destruído seu texto Perdoa-me por me traíres (na peça existia uma cena que denunciava o aborto). Apesar das circunstâncias, é uma farsa irresponsável, verdadeira metralhadora giratória de deboche e escárnio contra as instituições nacionais. A peça sobreviveu e continua mais atual do que nunca.

Nelson consegue atirar para todos os lados e mostrar através de muito humor a hipocrisia reinante nas relações de poder no Brasil, não restando pedra sobre pedra. Diz o personagem Diabo da Fonseca: “Que família? A tua? A dele? E vou provar o seguinte, querem ver? Que é falsa a família, falsa a psicanálise, falso o jornalismo, falso o patriotismo, falsos os pudores, tudo falso! [põe-se no meio do palco e berra] Olha o rapa!”

Os personagens da peça formam um painel de caricaturas da nossa realidade. Estamos diante de uma farsa completamente livre, onde a fantasia do autor brinca com a estrutura da dramaturgia e expõe o próprio fazer teatral.  O protagonista desta farsa irresponsável é justamente o Diabo da Fonseca, um verdadeiro penetra da cena, que, ao contrário do que sugere seu nome, vem a ser o mais puro e romântico dos personagens. Seu único objetivo é encontrar o amor eterno na figura de uma viúva que seja honesta. A peça é hilariante e extremamente popular. Apesar das décadas que nos separam de sua estreia, é outro texto rodriguiano que parece ter sido escrito ontem para ser encenado nos dias de hoje.
 

"Toda Nudez Será Castigada" (1965)  - Toda nudez será castigada já é um dos clássicos do moderno teatro brasileiro. A realização de uma Companhia de Repertório de Nelson Rodrigues não poderia se dar sem a encenação deste texto. Toda nudez será castigada foi escolhida justamente por conta da sua gritante atualidade. A narrativa moral do texto rodriguiano se mostra cada vez mais uma radiografia profunda e aguda das sombras do brasileiro. O que mais espanta é essa absurda contemporaneidade da peça, independente da linguagem e gírias de época. O texto se comunica diretamente com o público atual. Ele parece um texto escrito ontem para os dias de hoje.
 

"Perdoa-me por Me Traíres" (1957) - A nona peça de Nelson, uma tragédia carioca de costumes, estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 19 de junho de 1957, com direção de Léo Júsi. Única peça em que Nelson atuou, como o tio Raul. A peça foi tão aplaudida quanto vaiada. Era um canto à infidelidade, mesmo não pronunciada. "A adultera é mais pura porque está salva do desejo que apodrecia nela". A esse ambiente soma-se o incômodo grotesco: as primas que se interessam pelo prostíbulo, o desejo incestuoso do tio Raul, que criou Glorinha para que fosse sua. Quase todo o segundo ato se passa em flashback, quando o tio revela o interesse dos irmãos pela mesma mulher, que morre envenenada. 
 

"Álbum de Família" (1946) - A terceira peça de Nelson ficou proibida durante dezenove anos devido ao alto número de incestos. No depoimento intitulado "Teatro desagradável", de 1949, Nelson afirma: "a partir de Álbum de família enveredei por uma caminho que pode me levar a qualquer destino, menos ao êxito". Com uma quantidade enorme de incestos, a peça visa criar o tifo e a malária na plateia. Jonas, personagem principal, açoita a esposa, Senhorinha, com o amor por meninas de onze a treze anos. O amor adolescente, traduzindo o amor do pai pela filha, também marcará o teatro de Nelson. A peça foi apresentada pela primeira vez no Teatro Jovem, no Rio de Janeiro, em 1967, com direção de Kleber Santos.


"A Serpente" (1978) - A última peça de Nelson, em ato único, estreou no Teatro do BNH, no Rio de Janeiro, em 6 de março de 1980, com direção de Marcos Flaksman. Os personagens repetem, quase que integralmente, os mesmos nomes do romance de estreia de Nelson, "Meu Destino É Pecar". Peça que pode ser tomada como exemplo da concisão que seu teatro foi adquirindo: com menos personagens do que todas as outras, exceto "Valsa N.°6", a história se passa na casa onde moram dois casais, cunhados entre si. Um deles faz amor o dia todo; o outro não consegue encontrar prazer, a não ser no adultério do marido com a crioula das ventas triunfais. Vítima desse dissabor, uma irmã oferece à outra uma noite com o marido. O fim é a tragédia resultante dessa improbidade.
  

"A Sogra Peluda" e "Obsessão Preta" são contos de "A Vida Como Ela É..." quase inéditos, só publicados e lidos na coluna de a "Última Hora" na década de 1950. Os contos retratam dois temas contemporâneos com a maestria da escrita de Nelson Rodrigues, revelando questões de gênero e racismo.


Ficha técnica
Primeiro Festival da Tragédia Brasileira
Direção geral e concepção: 
Marco Antonio Braz
Assistente de direção: Ulisses Sakurai e Leonardo Silva
Produção executiva: Bia Gomes
Coordenador de produção: Bia Gomes e Patricia Gordo
Produção: Leonardo Silva
Concepção de arte e figurino: Telumi Hellen
Aula magna: Braz
Psicanálise de Botequim: Ruy Castro
Captação de imagem e finalização: Vino de Lucia
Assessoria de imprensa e divulgação: Adriana Monteiro
Social media: Leonardo Silva
Design gráfico: Tim Ernani
Administrador financeiro: Ulisses Sakurai
Assessoria jurídica: Carol Centeno


"Toda Nudez Será Castigada"
Dias 12,13 e 14 de abril
Em dois horários: das 15h às 18h e das 19h às 22h.


"Viúva, Porém Honesta"
Dias 15,16,17 de abril
Em dois horários: das 15h às 18h  e das 19h às 22h.


Primeiro Festival da Tragédia Brasileira

"Perdoa-me por Me Traíres"
"Álbum de Família"
"A Serpente"
"O Nelson que Quase Ninguém Leu: 'A Sogra Peluda' e 'Obsessão Preta'"


Do dia 18 ao dia 24  de abril, disponível durante 24 horas para visualização.

Dia 26 de abril, das 22h às 0h  - “Psicanálise de Botequim” com Ruy Castro (convidado do mês)

Dia 27 de abril, das 22h às 0h - Aula magna com Marco Antonio Braz


No Canal do YouTube Oficial da Cia. Repertório Rodriguiana: 
https://linktr.Ee/Ciarepertoriorodriguiana

*Os vídeos só estarão disponíveis no YouTube nos dias e horários acima citados.
Classificação etária:
14 anos


.: Peça “Que Fim Levou Carlotinha?” se apresenta online e gratuitamente


Peça escrita por José Cetra Filho e Arnaldo D’Ávila “Que Fim Levou Carlotinha?” se apresenta online e gratuitamente nos dias 12, 13 e 14 de abril. Com direção de Cida Almeida, solo com três personagens é interpretado por Arnaldo D'Ávila. Espetáculo é uma divertida comédia que provoca reflexões sobre o amor, a solidão e o mal de Alzheimer. Fotos: Deborah Schcolnic


“Que Fim Levou Carlotinha?” teria uma temporada presencial, porém por conta do atual quadro da pandemia, será apresentada apenas virtualmente. As transmissões ao vivo serão feitas gratuitamente nos dias 12, 13 e 14 de abril, com sessões às 19h e às 21h, no canal do ator Arnaldo D’Ávila, no YouTube: www.youtube.com/arnaldodavila.

Uma senhora, supostamente sequestrada, aguarda o homem que a raptou voltar do mercado com amêndoas para que ela lhe prepare um bolo, já é tarde da noite, não tem mais metrô e ela está assustada. Enquanto isso, conversa com um gato de porcelana. O texto flerta com a comédia e o teatro absurdo. As personagens nos surpreendem constantemente com questionamentos e um certo suspense que pretende instigar o espectador através de situações absurdas.

A direção da peça está a cargo de Cida Almeida, especialista na preparação de atores através das Máscaras Teatrais, com ênfase na linguagem do clown, se sentiu muito à vontade para conduzir a encenação, principalmente na cena do gato Ferdinando, onde pode aplicar toda sua técnica. Mesmo nas personagens que não usam máscaras, a direção buscou aproximar as interpretações da linguagem clownesca com as técnicas de palhaçaria e da menor máscara de todas, que é o nariz de palhaço. 

“Que Fim Levou Carlotinha?” é uma comédia que não foi feita para gargalhar, mas para sorrir, divertir e refletir” afirma Cida Almeida. “O espetáculo caminha entre o absurdo e a árdua, porém bela, tarefa de se revelar a interpretação do artista fabulador, que se impõe ao trazer o seu olhar sobre as pequenas personagens da vida cotidiana: sombras que passeiam anonimamente em uma noite qualquer de uma metrópole”, completa. 

Arnaldo D'Ávila, que também assina o desenho de luz da peça, é um artista multifacetado, ator, dramaturgo, diretor, cenógrafo, iluminador e produtor, natural de Jaguarão, no Rio Grande do Sul, onde iniciou sua carreira em 1992. Está radicado em São Paulo desde 1996. Seus últimos trabalhos como ator foram nas peças: "Lili Carabina", de Aguinaldo Silva, onde contracenava com Viviane Araújo (2017); "Luz del Fuego", de Julio Kadetti, estrelada por Rita Cadillac (2018) e "Fred & Jack", de Alberto Santoz (2019).

“Que Fim Levou Carlotinha?” é um projeto antigo do inquieto artista, que desde a conclusão do texto em 2012, vem tentando montá-lo. D'Ávila está muito feliz por finalmente tirar do papel este projeto que considera uma pequena jóia lapidada a quatro mãos com José Cetra Filho, mentor da ideia, a quem é muito grato por dividir com ele essa preciosidade.

Os figurinos de Carol Badra buscam uma certa estranheza, pensando em um mundo pré pandemia, mas absolutamente plausível, sobretudo nos dias de hoje. As personagens se apresentam de pijama ou camisola na rua, no metrô ou no supermercado: sonho, pesadelo ou vida real? Nosso mundo hoje, onde as enxurradas de lives nos trazem as personalidades em suas casas, como elas são, nos abre essa porta onde a vida se revela do avesso, onde a vida pública existe na intimidade à tela aberta. Então a roupa de dormir é aquela que passamos o dia e que fazemos todas as atividades do dia em tempos pandêmicos.  

A cenografia desenvolvida por Marcelo Andrade foi construída em MDF com peças de encaixe, para facilitar o transporte e o armazenamento, conservando as cores naturais da madeira, os desenhos são estilizados sugerindo a cenografia descrita no texto, como o pechinchê do quarto da Carlotinha, que é todo vazado.

A peça foi produzida com recursos da Lei Aldir Blanc, através do ProAC LAB. “O teatro resiste, apesar de todas as baixas que temos sofrido, com perdas irreparáveis para a nossa cultura. Além da pandemia ainda temos que enfrentar esses tempos obtusos, de sombras e censuras, onde a cada dia tentam nos calar e nos enterrar mais” argumenta Arnaldo D'Ávila.


A gênese de “Que Fim Levou Carlotinha?”, por José Cetra Filho
A personagem Carlotinha surgiu para mim em março de 2009 na oficina “Dramaturgia do Quotidiano” ministrada por Jorge Louraço. Ao ser provocado para escrever sobre uma passagem quotidiana fiz narrativa de uma lauda onde um jovem senhor observava uma senhora idosa sentada em sua frente no metrô e pensava como ela se parecia com Carlotinha, sua madrinha que ele nunca mais viu.

Ao transformar a narrativa em texto teatral resolvi escrevê-lo a partir da Senhora como personagem já instalada no apartamento daquele homem. O resultado foi uma pequena cena onde ela divaga sobre os motivos dele tê-la convidado para ir até o seu apartamento. Ele foi até o mercado comprar os ingredientes para ela fazer um bolo e enquanto isso ela se dirige a Ferdinando, o gato da casa.

Algum tempo depois, Arnaldo D’Ávila, um admirador desse pequeno texto, pensou em montá-lo e conversamos sobre a possibilidade de ampliá-lo de acordo com ideia que eu já tinha em mente que era criar mais duas cenas, uma na perspectiva do homem e outra na do gato Ferdinando. Arnaldo e eu juntamos nossas forças e na companhia de muito macarrão e muito vinho escrevemos essas duas cenas, batizando o homem de Ricardo e colocando em cena também Dinorah, uma calopsita, rival de Ferdinando. Foi assim…

Ficha Técnica:
Espetáculo:
“Que Fim Levou Carlotinha?”
Autores: José Cetra Filho e Arnaldo D’Ávila
Ator: Arnaldo D’Ávila
Direção: Cida Almeida
Cenografia: Marcelo Andrade
Figurino: Carol Badra
Costureira: Judite de Lima
Desenho de luz: Arnaldo D'Ávila
Operação de som e luz: Hugo Peake
Trilha sonora: Cida Almeida e Arnaldo D'Ávila
Designer de perucas: Luiz Crispin
Fotos: Deborah Schcolnic
Vídeo: Franz Cultural
Designer gráfico: Gustavo Xella
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produção executiva: Franz Granja
Direção de produção: Arnaldo D’Ávila 

Serviço
Espetáculo: “Que Fim Levou Carlotinha?”
Temporada: dias 12, 13 e 14 de abril com sessões às 19h e 21h no canal do ator Arnaldo D’Ávila, no youtube: www.youtube.com/arnaldodavila
Duração 
: 45 minutos
Classificação etária: 14 anos
Gratuito



sábado, 10 de abril de 2021

.: Crítica: "A Colheita" traz segredo de décadas no povoado de Amish


"A Colheita", filme dirigido por Ivan Kraljevic, segue o formato de terror antigo, sem muitos efeitos especiais ou cortes para assustar. Assim, em meio ao suspense sobre o que está por vir, a trama é apresentada eum vilarejo bucólico e de aparência familiar: Amish. 

Contudo, a cidadezinha é cercada por uma floresta que, segundo o pastor local, esconde segredos liberados no solstício. O desespero de manter todos longe do conjunto de árvores, até remete o filme "A Vila", embora usassem o poder de persuasão para fazer o inverso, não deixar ninguém sair.

Em meio a cavalos, carroças e vestimentas de época, o trabalho na terra gera uma discussão. Para tanto, Amos (Jack Buckley) desobedece a ordem. Vai e volta da floresta. Contudo, agarra um machado que descansa num tronco e com todos reunidos à mesa para a refeição age de movo descontrolado. Cena que impressiona sem expor.


Longe dali, na cidade, um casal, Jake (Chris Conner) e Dinah (Elena Caruso) tenta resgatar o matrimônio após uma traição e imaginam que passar o verão em algum lugar pacato, ajudará a unir mais mãe, pai, filho e filha. As crianças fazem a viagem contrariadas e na casa são perseguidos por algo maligno. Assim, descobrem que chegaram à Amish com o objetivo de concretizar algo que desconhecem. 


Embora seja um longa de terror, A Colheita", o primeiro longa-metragem do cineasta Ivan Kraljevic (diretor assistente de "Caça aos Gângsteres", "Livrai-nos do Mal" e "Annabelle"), é, em partes, solar. A arquitetura da cidade, típica de cidadezinhas pacatas americanas, ainda remete ao clássico de Tim Burton, "Os Fantasmas Se Divertem", com uma ponte coberta. 

Estrelado por Elena Nikitina Bick ("Cloverfield: Monstro"), Chris Conner ("A Minha Casa Caiu") e Jennifer Gareis ("Miss Simpatia"), o suspense de terror está disponível em cópias dubladas e legendadas e pode ser adquirido para aluguel e compra no NOW, LookeVivo Play, Google Play, Microsoft e iTunes.

Filme: A Colheita

Título Original: The Harvesting

EUA | 2019 | 92 min. | Terror – Suspense – Drama | 14 anos

Direção: Ivan Kraljevic

Roteiro: Ben Everhart

Elenco: Elena Caruso, Chris Conner, Jennifer Gareis, Greg Wood, Noah Headley, Accalia Quintana, Alex Yurcaba, Jack Buckley

Distribuição: A2 Filmes

Trailer

.: Sesc RJ apresenta temporada de "Vozes do Silêncio - Filme Não Filme"


Híbrido de linguagens, projeto é composto por três curtas com textos do escritor e dramaturgo irlandês Samuel Beckett que dão vozes às mulheres silenciadas pela sociedade. 
A atriz Carolina Virgüez em cena de "Vozes do Silêncio". Foto: Fábio Ferreira


O espetáculo “Vozes do Silêncio - Filme Não Filme”, que estreou no último dia 2 pelo Sesc RJ, segue em temporada até 25 de abril, com sessões transmitidas na plataforma Zoom de sexta a domingo, às 19h. A atração – um híbrido entre teatro e cinema – é estrelada pela premiada atriz Carolina Virgüez sob direção de Fábio Ferreira. A apresentação é gratuita, mas com vagas limitadas, que podem ser garantidas em  www.sympla.com.br/produtor/vozesdosilencio.

O projeto apresenta três curtas com textos do escritor e dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989) que dão vozes às mulheres silenciadas pela sociedade (“Não Eu”, “Passos” e “Cadência”). Ao ser encenada nos dias de hoje, a obra do artista joga luz sobre a crise do humanismo e propõe o repensar das perspectivas para a vida humana no planeta. A ideia é reintroduz o problema da incomunicabilidade entre os homens e chamar a atenção que para além das ideologias e da desrazão está a falta de escuta do “outro”.  

Gravado em um casarão da Glória, Zona Sul do Rio, “Vozes do Silêncio” apresenta os três curtas complementares que trazem referências do cinema experimental russo e da artesania teatral, com uma riqueza metafórica intensa. São cenas plásticas e poéticas que transcendem a dramaturgia, mas que conversam com ela numa narrativa oscilante em que as vozes femininas se desdobram criando sombras, reminiscências, deslocamentos ao ponto do espectador se questionar sobre quem fala e de onde vêm essas vozes.

“Brinco com as possibilidades de registrar o momento com câmera por meio de fusões, inversões de sentido e articulações entre trilha e movimento”, revela o diretor Fábio Ferreira, que começou sua carreira artística aos 16 anos como assistente do cineasta Silvio Tendler.


Arte em Cena
“Vozes do Silêncio – Filme Não Filme” integra a programação do Arte em Cena - Temporadas, braço de temporadas teatrais do projeto em que Sesc RJ transmite espetáculos artísticos em suas redes sociais e em plataformas digitais. Escritos entre 1972 e 1980, os três textos formam uma trilogia conhecida internacionalmente como "Whitelaw", em referência à atriz inglesa Bille Whitelaw, principal intérprete das obras de Beckett.

“Embora formem uma trilogia, nenhuma produção se propôs a apresentar os três espetáculos no mesmo programa pela alta complexidade dos textos. Aqui no Brasil, já foram montados, mas separadamente”, conta Fábio Ferreira. “O texto beckettiano tem uma sonoridade própria. A Carolina Virgüez é minha parceira de longa data. É uma atriz completa que tem todas as qualidades técnicas para essa montagem, um desafio que requer virtuose vocal e intensidade física”, elogia.

Os três filmes - “Não Eu”, “Passos” e “Cadência” - são dispositivos cênicos que dialogam entre si e revelam existências femininas marcadas pelo tempo, que resistem (ou não) à erosão do dia-a-dia, e que têm em comum a repetição dos hábitos, o cancelamento e outras violências. Estudioso da obra de Samuel Beckett, Fábio Ferreira conta que apesar de as protagonistas femininas terem demorado a aparecer nos textos do escritor irlandês, elas surgem de uma forma bastante contundente, interrogando os cancelamentos da presença (e da voz) da mulher na sociedade.

“São personagens atuais até hoje, que têm suas vozes e corpos negados. A voz feminina tem sido calada ao longo de séculos na cultura ocidental. Pensar o que se perdeu com todo esse silenciamento e perceber como se deu e se dá até hoje, pode tornar mais claros os caminhos futuros”, propõe. “Digo que ‘Vozes do Silêncio’ é um falso monólogo porque traz muitas vozes. E elas não estão sozinhas. São vozes que ecoam e se multiplicam nas vozes de mãe e filha”, completa.

A parceria entre Fábio Ferreira e Carolina Virgüez começou em 2008, com a encenação de “Mistério Bufo”, de Vladimir Maiakovski, montado pela Companhia Bufomecânica, e seguiu em “Penso Ver o Que Escuto”, de Shakespeare, e “Two Roses for Richard III”, encenado na Inglaterra numa coprodução com a Royal Shakespeare Company. “Vozes do Silêncio” é o quarto projeto em que os dois trabalham juntos.

“As três peças, em diferentes aspectos, têm uma relação com a maternidade. Há sempre duas mulheres se olhando, se projetando uma na outra. São mulheres que, de alguma maneira, ficaram presas a situações. Falamos sobre a ausência do ser, sobre negação, silenciamento, servidão, luto e imposição”, conta Carolina Virgüez.

A atriz conta que, para além da grandiosidade da obra, o texto de Beckett traz muitas rubricas técnicas, que são desafiantes, como a marcação de passos e o momento exato de uma ação ou fala. “'Não Eu' é um jogo de palavras com 16 minutos, sem pausa, num fôlego só. São palavras que nem passam pelo fluxo do pensamento. É um lampejo, um fragmento de memória, de vidas e tempos sobrepostos e invertidos. Requer uma entrega, um estado de suspensão e um preparo vocal intenso”, revela Carolina.

“Essas vozes não são de uma única mulher. São vozes de todas as mulheres. Eu trago também a minha voz. Eu entro nesse trabalho com meu corpo, com a memória dele. E eu também tenho memórias do que eu vivi, do que eu vi, escutei ou sinto, presencio e percebo. E essa memória do corpo vaza para a cena. A palavra é do Beckett, mas o corpo é meu e tudo que está impresso nele vaza para a cena”
, completa a atriz.

A iluminação de Renato Machado, a trilha sonora original de Felipe Storino, o visagismo de Cleber de Oliveira e os figurinos de Luiza Marcier visam, de modos variados, a evidenciar e a reverberar essas vozes que foram esquecidas.


Tradução
O interesse do diretor Fábio Ferreira pela obra de Samuel Beckett remonta dos anos 80, e lhe levou a vários escritos críticos, dissertação e tese de doutorado, além de traduções inéditas para o português. Foram dois anos no projeto de tradução de “Não Eu”, “Passos” e “Cadência”. Em 2018, ele passou uma temporada de pesquisa em Copenhagen, na Dinamarca, onde encontrou biógrafos e pesquisadores de Beckett para seu projeto de tradução. A investigação se estendeu a Reading, na Inglaterra, cidade cuja universidade mantém os Arquivos Beckett, com os manuscritos, textos datilografados e provas organizadas por James Knowlson, principal biógrafo de Samuel Beckett e amigo pessoal do escritor.

“Fábio fez um trabalho artesanal na tradução. Ele me mandava os textos e depois me ligava, da Dinamarca, para verificar como o texto soava”, lembra Carolina Virgüez. “Existe uma diferença muito grande quando se traduz literatura e quando se traduz para o teatro. Fábio tem um apuro com a palavra, com a cadência musical do texto, com a palavra e com o silêncio”, elogia.

“Vozes do Silêncio – Filme não Filme” será lançado ainda este ano pela Editora Cobogó, com endosso de especialistas como o professor, poeta e tradutor Paulo Henriques Britto e Fábio de Souza Andrade, considerado o maior tradutor de Beckett do país.


Carolina Virgüez
Com vasta experiência em teatro, a atriz trabalhou com Bia Lessa, Luiz Arthur Nunes, Marco André Nunes (Aquela Cia), Gracindo Júnior, Eryk Rocha, Gabriela Carneiro da Cunha, Antônio Karnewale, Georgette Fadel, Yara Novaes, Adriano Guimarães, Pierre Astriè, Dácio Lima, Cláudio Baltar e Fábio Ferreira, entre outros. Junto à Cia BufoMecânica, participou em Stratford e Londres, na Royal Shakespeare Company, do espetáculo “Two Roses for Richard”.

Em cinema, trabalhou em Hollywood com Bill Condon no filme “Breaking dawn - Saga Crepúsculo”. Entre seus mais recentes filmes estão “Fernando”, “Veneza” e “Casa flutuante”, produção portuguesa com estreia prevista para 2021. Em teatro recebeu os prêmios Molière (“Dois Idiotas Cada Qual no Seu Barril”); Mambembe (“Cinderela Chinesa”); Shell, Questão de Crítica e APTR (“Caranguejo Overdrive”). Ainda como atriz, foi indicada aos prêmios Mambembe (“Petruska”), Shell (“Médico à Força”), Questão de Crítica (“Penso Ver o que Escuto”), Coca-Cola (“Cinderela Chinesa”).


Fábio Ferreira
Doutor em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC Rio e pela Universidade de Copenhagen e bacharel em Teoria do Teatro pela UNIRIO, Fábio Ferreira é diretor teatral, dramaturgo, tradutor e professor universitário. Escreveu crítica teatral em publicações como o Jornal do Brasil (Caderno B) e as revistas Bravo!, Gesto e Questão de Crítica. É também professor de Artes Cênicas, Letras e Filosofia da PUC Rio. Criou os Festivais riocenacontemporânea e ArtCena: Processos de Criação.

Diretor teatral desde 1991, com “Dorotéia, a Farsa” (1991/92), de Nelson Rodrigues, “Traço Obscuro” (2007) “O Idiota - Primeiro Dia” (2010), “A Dona do Fusca Laranja” (2011). Junto com o diretor Claudio Baltar, criou a Cia. Bufomecânica, com a qual desenvolveu pesquisas que resultaram nas encenações “Mosaico Maiakovski” (2008), “Mistério Bufo” (2009), “Penso Ver o que Escuto” e “Two Roses for Richard III”.


Ficha técnica:
Espetáculo: 
"Vozes do Silêncio - Filme Não Filme"
Textos: Samuel Beckett
Tradução: Fábio Ferreira
Direção: Fábio Ferreira
Performance: Carolina Virgüez
Roteiro: Fabio Ferreira
Assistente de direção: Carolina Rocha
Cenografia: Fabio Ferreira
Iluminação: Renato Machado
Assistente de iluminação: Rodrigo Lopes
Visagismo: Cleber de Oliveira
Figurinista: Luiza Marcier
Assistente de figurino: Júlia Roliz
Trilha sonora: Felipe Storino
Participações especiais: Gerald Thomas (contrabaixo), Paulo Passos (clarone)
Direção de movimento: Paulo Mantuano
Supervisão vocal: Jaqueline Priston
Câmera: André Monteiro
Assistente de câmera: Fernando Rezend
Administrativo e prestação de contas: Patrícia Basílio
Produção executiva: Ártemis e Alex Nunes
Direção de produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela
Realização: Sesc RJ


Serviço
Espetáculo:
"Vozes do Silêncio - Filme Não Filme”
Projeto Arte em Cena, do Sesc RJ
Temporada: até 25 de abril de 2021 – De sexta a domingo, às 19h.
Classificação: 14 anos
Acesso: www.sympla.com.br/produtor/vozesdosilencio


.: "O Mágico de Oz" promete muita fantasia no Diversão em Cena


Clássico da literatura é adaptado para pocket show e será transmitido online no próximo domingo, dia 11 de abril.

"O Mágico de Oz" será encenado no Diversão em Cena ArcelorMittal, no próximo domingo, dia 11 de abril, a partir das 16h. Produzido pela companhia Cyntilante Produções, o espetáculo será transmitido ao vivo pelo canal no YouTube da Fundação ArcelorMittal e página no Facebook do Diversão em Cena.

A narrativa conta a história da personagem Dorothy que, após um tornado no Kansas, vai parar na fantástica Oz. No entanto, a menina quer retornar para sua casa e precisa encontrar um mágico para realizar seu desejo. Em sua jornada, Dorothy viverá uma aventura inesquecível junto a seus novos amigos: Espantalho, Homem de Lata e Leão que viajam pelo caminho de tijolos amarelos.

Com muita música e interatividade do público, o espetáculo apresentará a clássica aventura de uma maneira divertida e inovadora e que agradará pais e filhos. A Cyntilante Produções é uma premiada companhia teatral em Belo Horizonte, que investe na difusão do teatro musical, especialmente para a infância e a juventude.

Considerado o maior programa de formação de público para teatro infantil no Brasil, o Diversão em Cena ArcelorMittal é viabilizado por meio das Leis de Incentivo à Cultura Federal e Estaduais (São Paulo e Minas Gerais). Ao longo de mais de uma década, cerca de 500 mil pessoas já conferiram aos mais de 1,3 mil espetáculos apresentados.

Em decorrência da pandemia, o programa continuará a adotar o modo remoto para apresentação das atrações de maneira segura. Elas seguem todos os protocolos sanitários preconizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O Diversão em Cena não abre mão do seu objetivo: contribuir para a democratização da cultura e oferecer uma programação regular de qualidade.


Serviço
Diversão em Cena AcelorMittal
Espetáculo: "O Mágico de Oz"
Data: domingo, dia 11 de abril
Horário: 16h
Indicação etária: a partir de dois anos


Ficha técnica
Diversão em Cena AcelorMittal
Espetáculo: "O Mágico de Oz"
Texto:
L. Frank Baum
Adaptação, direção e iluminação: Fernando Bustamante
Elenco: Raíssa Alves, Alex Alves, Tiago Colombini, Rogério Hasten, Raquel Carneiro, Maria Tereza Costa e Luísa Pacheco
Stand-by: Tiago Colombini
Cenário: Cynthia Bustamante
Figurino: Ricca Costumes

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