terça-feira, 2 de abril de 2024

.: Cia. Extemporânea estreia o "A Gente Te Liga, Laura" no Kasulo Espaço de Arte


Montagem simula teste de elenco inspirado em personagem de "A Gaivota", de Anton Tchekhov, para questionar precarização do trabalho de atores e atrizes. Foto: Armando Lima


“Olhe para a câmera e diga seu nome e idade”. Qualquer ator ou atriz que participou de um teste de elenco já ouviu esta frase. O ambiente dos testes para peças audiovisuais é o ponto de partida de "A Gente Te Liga, Laura", novo espetáculo da Cia. Extemporânea, que estreia em temporada de 5 a 14 de abril no Kasulo Espaço de Arte, na Barra Funda, 300, em São Paulo.

A peça é a terceira do núcleo de pesquisa F de Falso, criado pela Cia. Extemporânea e coordenado pela diretora e pesquisadora Ines Bushatsky. O Núcleo estreou com o espetáculo "B de Beatriz Silveira", em 2021, seguido por "O Mistério Cinematográfico de Sendras Berloni", em 2022.

Em "A Gente Te Liga, Laura", seis atrizes se revezam num teste de elenco repetindo o famoso monólogo da personagem Nina, da peça "A Gaivota", de Anton Tchekhov. O texto de Ines Bushatsky e João Mostazo fala de uma atriz que se vê diante da desvalorização da sua profissão. O tom das personagens em cena é dado pelas palavras iniciais do trecho escolhido: “Estou tão cansada...”.

O cenário é um estúdio, com fundo branco e luzes frias, simulando o espaço de trabalho do universo audiovisual. Uma câmera ligada o tempo inteiro filma a ação e projeta as imagens em uma televisão, criando o ambiente de teste frequentemente encontrado por atores e atrizes nas suas trajetórias profissionais. De forma bem-humorada, a peça levanta questionamentos sobre alguns lugares comuns do mercado audiovisual que muitas vezes escondem preconceitos, como a noção de “sotaque neutro”, por exemplo. 

Como explica a diretora, “normalmente, sotaque neutro quer dizer simplesmente paulista, ou sudestino”. O nome da peça é também uma referência à frase ouvida por atores e atrizes após os testes: “a gente te liga”. Como comenta o dramaturgista João Mostazo, “essa frase encapsula a instabilidade e incerteza vivida por atores e atrizes nesse mercado, de viver à espera de respostas quanto ao resultado dos testes”.

Seguindo a trilha dos espetáculos anteriores do Núcleo, "A Gente Te Liga, Laura" aprofunda a pesquisa sobre o conceito de efeitos do falso. A diretora Ines Bushatsky estuda o tema em sua pesquisa de doutorado na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Segundo ela, “os efeitos do falso são dispositivos que colocam em dúvida a percepção do espectador, gerando, ainda que por um instante, um momento de engano quanto à presença dos corpos e das vozes em cena. Na peça, usamos principalmente a dublagem e a relação com a câmera para criar efeitos de duplicação e estranhamento das figuras”. Com o elenco inteiro em cena a todo momento, as seis performers se revezam entre os papeis de atrizes, clientes e operadoras de câmera.

Também em linha com a pesquisa do grupo, o espetáculo trabalha na intersecção entre comédia e terror: “as seis figuras em cena têm todas o mesmo nome, usam o mesmo figurino e perucas loiras similares. A multiplicação da mesma figura gera uma sensação de pesadelo, mas também é cômica. Nós cruzamos o tempo todo essa fronteira”, comenta a diretora. Outro elemento constante na pesquisa do grupo é a construção da dramaturgia em torno de um nome-próprio. Segundo Bushatsky, “durante os processos das três peças do Núcleo, sempre tivemos o momento de encontrar o nome em torno do qual o espetáculo iria girar. Parte da pesquisa tem a ver com a pergunta: que efeito gera a repetição à exaustão do mesmo nome, da mesma figura?”.


Sobre a Companhia
A Extemporânea é uma companhia teatral com nove anos de atuação na cidade de São Paulo. Entre 2015 e 2022 realizou as peças "Fauna Fácil de Bestas Simples" (2015), "A Demência dos Touros" (2017), "Roda Morta" (2018) e "Dr. Anti" (2022), além do longa-metragem "Rompecabezas" (2020), que estreou no 15º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo em 2020, e do curta-metragem "Falso Filme" (2021). "A Gente Te Liga, Laura" é o terceiro espetáculo do Núcleo F de Falso, criado em 2021 com a peça "B de Beatriz Silveira", seguida por "O Mistério Cinematográfico de Sendras Berloni", em 2022.

Ficha técnica
Espetáculo "A Gente Te Liga, Laura". Direção: Ines Bushatsky. Assistência de direção: João Mostazo. Dramaturgismo: Ines Bushatsky e João Mostazo. Elenco: Anna Talebi, Ariane Andrade, Débora Gomes Silvério, Lara Duarte, Laura Paro, Luiz Roveran, Suélen Augusto. Composição musical (canção): Anna Talebi e Luiz Roveran. Criação e Operação de Som: Luiz Roveran. Criação de luz: Ariel Rodrigues. Cenografia: Extemporânea. Arte Gráfica: Débora Gomes Silvério. Realização: Extemporânea.


Serviço
Espetáculo "A Gente Te Liga, Laura"
Estreia dia 5 de abril, sexta, às 21hs, no Kasulo Espaço de Arte
Temporada: de 5 a 14 de abril – Sextas e sábado, às 21hs e domingos, às 20hs.
Observação: dia 13 de abril  não haverá apresentação.
Duração: 50 minutos.
Ingressos: Inteira: R$ 40,00; Meia: R$20,00; Ingresso Solidário R$ 10,00; Ingresso Apoie o Espetáculo R$ 80,00.
Classificação etária: 14 anos
Kasulo Espaço de Arte
Rua Sousa Lima, 300 – Barra Funda. Capacidade 40 lugares.
Vendas on-line: https://www.sympla.com.br/ciaextemporanea

.: Livro conta curiosidades da língua portuguesa e derruba mito


Em "Assim Nasceu Uma Língua", publicado pela Tinta-da-China Brasil, linguista Fernando Venâncio desfaz preconceitos linguísticos e conta a história do português a partir da formação das palavras.


Dos dois lados do oceano, aprendemos a nos orgulhar das origens latinas, supostamente diretas, da língua portuguesa que usamos todos os dias. Mas será que foi assim mesmo? Em "Assim Nasceu Uma Língua: sobre as Origens do Português", o linguista português Fernando Venâncio demonstra que o idioma de Camões nos chegou de Roma de forma oblíqua, e é na realidade uma variação do galego, língua de pastores de ovelhas do noroeste da Espanha. Em outras palavras, menos latim em pó, e mais o sumo da língua galega. 

Com graça, conhecimento e espírito crítico, Assim nasceu uma língua mostra como a ideia de uma pureza latina serviu a projetos nacionalistas desde o século 13 até o 21. O livro chega às livrarias brasileiras em maio pela Tinta-da-China Brasil, com prefácio do linguista Marcos Bagno e capa de Vera Tavares. 

No prefácio especialmente escrito para a edição brasileira, o linguista Marcos Bagno, autor de Preconceito linguístico, destaca a importância da obra de Venâncio: “Para o público leitor brasileiro, muito do que se diz neste livro há de causar surpresa, espanto e até indignação. Os mitos culturais muito impregnados no senso comum resistem com brio às investidas da racionalidade”.

A prosa de cronista e o rigor de linguista e crítico literário de Venâncio revelam também, por meio de exemplos e boas histórias, que o sabor de muitas palavras do nosso cotidiano tem um herói quase desconhecido: o til, sinal gráfico que ao saltar para cima de certas vogais tornou-se uma das marcas da personalidade da nossa língua. 

Assim nasceu uma língua conta essa história a partir das transformações das palavras do galego em português, buscando alguns dos fenômenos que tornaram a língua tão nossa, como o ditongo “ão”. As palavras são as protagonistas dessa história, o que dá especial sabor ao livro, escrito com didatismo e voltado para todos os leitores, especializados ou não. O conhecimento de linguista se combina ao olhar do leitor apaixonado pela língua literária. Nem por isso endossa o seu uso político através dos tempos, inclusive os dias de hoje, quando o nacionalismo volta a preocupar o mundo. E uma das lições do livro de Venâncio é a de que a ideia de língua nacional sempre é instrumentalizada pelos oportunistas na política.

Venâncio desmonta a mitologia que precisou apagar a origem galega do português para revesti-la de uma origem clássica e pura, mais adequada às ambições de grandeza de Portugal no século 16, quando a expansão marítima fez do país um dos maiores impérios coloniais. Como Venâncio escreve no livro, “denominar português qualquer variedade linguística anterior a 1400 é resvalar num anacronismo, e pelo menos numa sofrível incongruência. Até essa data, Portugal utilizou a língua que herdara ao fazer-se independente: o galego”.

O império colonial já não existe mais, mas a língua permaneceu, transformada por seus novos falantes. Na avaliação de Marcos Bagno, “o que melhor se faz nesta obra é, acredito, a demonstração – e consequente desmonte – de alguns dos mais arraigados mitos que circulam há muito tempo na cultura linguística de Portugal e, herdeiros que somos dela, na cultura linguística do Brasil também”. 

Ao ser publicado em Portugal em 2018, Assim nasceu uma língua surpreendeu os leitores ao abrir o que Venâncio chamou, numa entrevista à imprensa portuguesa, de “alçapões da História do nosso idioma”. Dentro de um desses “alçapões” está, por exemplo, “a intimidade com o galego e a proximidade com o castelhano”. “Ainda hoje juraríamos que ‘genérico’, ‘diamantino’ ou ‘pressuroso’ eram latinismos, mas não, foram criados pelo castelhano e importados pelo português. Uma coisa semelhante, aliás, se deu, e ainda se está a dar hoje, no galego.”

Português e galego, línguas irmãs
Aprendemos na escola que a língua portuguesa nasceu por volta do século 12, ao mesmo tempo que se fundava, no extremo oeste da Península Ibérica, o primeiro Estado nacional moderno de que se tem notícia: o Reino de Portugal. A data precisa seria 1214, quando o rei dom Afonso II redigiu seu testamento, considerado a certidão de nascimento da nova língua nacional. Mais adiante, com Camões, o idioma alcançaria toda a sua glória, consagrando-se, de acordo com o verso do autor de Os Lusíadas, como “última flor do Lácio” — isto é, com um inequívoco DNA latino, vindo “diretamente” de Roma.

O que Fernando Venâncio faz neste livro provocativo é demonstrar que não foi bem assim. E que a rigor o idioma do testamento de Afonso II nada mais é do que o galego. A criação da nossa língua, que hoje tem cerca de 280 milhões de falantes no mundo, vem de bem antes de existir Portugal. A partir do século 7, ainda na alta Idade Média, formou-se no norte da Península Ibérica — na Galiza, cujas maiores cidades são Santiago de Compostela, Corunha e Vigo —, uma nova língua latina, que não apenas daria origem ao português atual, mas resiste até os dias de hoje. 

O galego sobreviveu à hegemonia do castelhano durante a unificação da Espanha e, no século 20, à imposição do castelhano nas escolas, sob o franquismo. Hoje o galego é uma das línguas oficiais da Espanha, mas soa mais próximo do português que do castelhano. O leitor brasileiro que fizer a tentativa de ler um jornal em galego, por exemplo, não terá maiores dificuldades de compreensão. Basta ler uma frase, do presidente da Real Academia Galega, Victor Freixane, diretamente em galego: “O portugués e o galego nacen num mesmo territorio e cunha experiencia histórica común, a Gallaecia. Somos, pois, linguas irmás, ningunha submetida à outra”.

O livro foi recebido com entusiasmo e surpresa ao ser publicado em Portugal e ganhou resenha do historiador Rui Tavares, publicada no jornal Público: “Assim nasceu uma língua é um ensaio que transporta em cada linha o entusiasmo que o autor tem pelo estudo da história da nossa língua, que sabe explicar clara e concisamente o que é confuso, que avança hipóteses histórico linguísticas ainda pouco conhecidas do grande público e que não se furta à polémica, dando gosto de ler mesmo quando não se concorda necessariamente com tudo”.  

O poeta, ator e humorista Gregorio Duvivier é outro entusiasta do livro de Venâncio. Para ele, “Fernando Venâncio faz do nascimento dessa língua românica um romance. Na contramão dos puristas e patriotas, prova que foi o português que veio do galego, e não o contrário — ops, desculpem pelo spoiler. Como numa tragédia grega (ou galega), percebemos que foi o filho que pariu seu pai — para depois degluti-lo em mil pedaços. Afinal, foram os galegos que nos ensinaram a comer as consoantes, e logo em seguida nós é que os comemos, na mesma cama de Caminhas e Camões. Uma coisa é certa: nunca a etimologia foi tão fascinante — uniu galegos e baianos”

Novo Acordo Ortográfico
Tendo lecionado na Holanda durante décadas e hoje aposentado no interior de Portugal, Venâncio é um conhecedor da história do idioma e observador fino de suas expressões contemporâneas. Assim nasceu uma língua foi definido na imprensa portuguesa como “o livro de uma vida”, fruto da “curiosidade” e da “vontade de ir até onde ninguém tinha ido”.

É um crítico severo do Novo Acordo Ortográfico de 1990, que tentou unificar as diferentes grafias dos países de língua portuguesa, mas não pelos argumentos nacionalistas que muitos empregaram em seu país. Venâncio apontou inúmeros problemas e contradições na aplicação do Acordo em Portugal. “Este Acordo surgiu da ingénua convicção de que a grafia do português europeu era ordenável a nosso bel-prazer. Não é”, escreveu. 

A única vantagem do Acordo, segundo ele, não foi de fato percebida pelos seus criadores: a primazia da pronúncia sobre a etimologia, dando um protagonismo inédito ao português falado. “Pela primeira vez no nosso secular debate ortográfico, a Pronúncia é feita critério decisivo da grafia, assim destronando a Etimologia do topo do pódio, invertendo beneficamente a hierarquia. Mas foi mais sorte que esperteza, já que nunca os autores e promotores do Acordo reivindicaram o cometimento. Só que, no momento de ser aplicada a Portugal essa sã primazia da Pronúncia, as coisas correram mal.” 

No mesmo artigo, Venâncio deseja ao Acordo uma “rápida e humana morte” e o qualifica como “brilharete político”. Entre os exemplos de aplicação esdrúxula que ele cita estão as grafias “cócix” (cóccix), “helicótero” (helicóptero), “núcias” (núpcias), “oção” (opção), “óvio” (óbvio), “rétil” (réptil), “sução” (sucção), “tenológico” (tecnológico). 

Em entrevistas e em seu livro "O Português à Descoberta do Brasileiro", Venâncio tem buscado mostrar que os portugueses não devem temer a influência do português do Brasil em solo europeu. O uso do português brasileiro nas escolas, universidades, documentos públicos e nos exames em geral vem gerando embates em Portugal. Compre o livro "Assim Nasceu Uma Língua", de Fernando Venâncio, neste link.

Sobre o autor
Fernando Venâncio
(Mértola, 1944) é formado em Linguística Geral na Universidade de Amsterdam, onde se doutorou e da qual foi professor. Ensaísta, crítico literário e tradutor, colabora com veículos portugueses de destaque, como Jornal de Letras (JL), Expresso, Colóquio/Letras e as revistas Ler e Visão. É autor de diversos livros, entre eles José Saramago: A luz e o sombreado (2000), Objetos achados: Ensaios literários (2002) e O português à descoberta do brasileiro (2022). Assim nasceu uma língua: Sobre as origens do português foi publicado em 2019 em Portugal e no ano seguinte recebeu o prêmio de ensaio Jacinto do Prado Coelho, da Associação Portuguesa dos Críticos Literários. Garanta o seu exemplar de "Assim Nasceu Uma Língua", escrito por Fernando Venâncio, neste link.

.: Sônia Braga brilha em "A Primeira Profecia", que estreia nos cinemas

Na próxima quinta-feira, dia 4 de abril, estreia na Rede Cineflix Cinemas o novo longa da 20th Century Studios, "A Primeira Profecia", um prelúdio da clássica franquia de terror. O filme de terror psicológico, que já vem despertando a curiosidade do público que quer descobrir de que maneira o anticristo foi concebido, traz um grande elenco e inclui a atriz brasileira Sônia Braga no papel de uma freira.

O filme dirigido por Arkasha Stevenson se inicia quando uma jovem americana é enviada a Roma para começar uma vida de serviço à Igreja. Lá ela se depara com uma escuridão que a faz questionar sua própria fé e acaba desvendando uma aterrorizante conspiração que deseja provocar o nascimento do mal encarnado. O longa é baseado nos personagens criados por David Seltzer ("A Profecia", 1976), com história de Ben Jacoby ("Comemoração Sangrenta", 2016) e roteiro de Tim Smith & Arkasha Stevenson e Keith Thomas ("Chamas da Vingança", 2004, disponível no Star+). Conheça um pouco mais sobre o elenco de "A Primeira Profecia":


Sônia Braga interpreta irmã Silva
Atriz brasileira que dispensa apresentações, Sônia Braga já possui um longo histórico de atuação em produções nacionais e internacionais. Agora, ela chega para fazer parte do elenco principal do novo filme de terror psicológico, onde interpreta Madre Superiora do Orfanato Vizzardeli, em Roma, um lar com 62 meninas. Ela supervisiona as freiras e noviças com muita rigidez, mas ainda assim tem amor por aquelas jovens. Com diversos papéis marcantes na carreira de Braga, é possível relembrar produções como "Gabriela, Cravo e Canela" (1983), "O Beijo da Mulher-Aranha" (1985), "Tieta do Agreste" (1996), "Aquarius" (2016), "Bacurau" (2019), entre outros.


Nell Tiger Free interpreta Margaret Daino
Atriz britânica de 24 anos, Nell Tiger Free interpreta Margaret Daino, a protagonista do longa que é uma jovem órfã noviça americana, enviada a Roma para trabalhar em um orfanato antes de se tornar freira. A atriz também já teve passagem por produções como a série "Game Of Thrones", "Servant", "Colonizadores" (2021), "Wonderwell" (2023), entre outros.


Ralph Ineson interpreta Padre Brennan
Natural de Leeds, no Reino Unido, o ator de 54 anos possui uma carreira consolidada com passagem por séries e filmes como "Resistência" (2023), disponível no Star+, "Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1" (2010), "O Homem do Norte" (2022), entre outros. Em "A Primeira Profecia", Ralph Ineson dá vida ao Padre Brennan, um irlandês que aparece no clássico filme da franquia de 1976 (interpretado pelo ator Patrick Troughton). Ele procura Margaret (Nell Tiger Free) para alertá-la sobre uma conspiração terrível dentro da igreja.


Bill Nighy interpreta Cardeal Lawrence
Bill Nighy chega no novo filme de terror da 20th Century Studios para interpretar o Cardeal Lawrence, um alto membro da igreja Católica e homem de grande influência e poder dentro do Vaticano. Ele trabalhou anteriormente como padre no orfanato de Margaret (Nell Tiger Free), em Massachusetts, quando ela era criança. O ator e dublador britânico traz um longo histórico de atuação como em "Piratas do Caribe: o Baú da Morte" (2006), disponível no Disney+, "Operação Presente" (2011), "Questão de Tempo" (2013), "Viver" (2022) e muitos outros filmes.


Maria Caballero interpreta Luz Valez
A atriz espanhola Maria Caballero chega para interpretar Luz Valez, uma jovem noviça do orfanato e colega de quarto de Margaret (Nell Tiger Free). Caballero é conhecida por trabalhos como "A Noite Mais Longa" (2022),  "Alma" (2022) e "Prisioneiro da Madrugada" (2022).


Tawfeek Barhom interpreta Padre Gabriel
O ator Tawfeek Barhom dá vida ao Padre Gabriel, personagem que é um jovem membro do clérigo Católico que trabalha no orfanato onde fica o amigo de Margaret (Nell Tiger Free). Ele é orientado pelo Cardeal Lawrence (Bill Nighy). O ator de 34 anos já participou de trabalhos como "Maria Madalena" (2018), "O Ídolo" (2015), "Mundos Opostos" (2015), entre outros. Na imagem, o ator no filme "Maria Madalena".


Assista na Cineflix
Filmes de sucesso como "Instinto Materno" são exibidos na rede Cineflix CinemasPara acompanhar as novidades da Cineflix mais perto de você, acesse a programação completa da sua cidade no app ou site a partir deste link. No litoral de São Paulo, as estreias dos filmes acontecem no Cineflix Santos, que fica Miramar Shopping, à rua Euclides da Cunha, 21, no Gonzaga. Consulta de programação e compra de ingressos neste link: https://vendaonline.cineflix.com.br/cinema/SANO Resenhando.com é parceiro da rede Cineflix Cinemas desde 2021.

Trailer de "A Primeira Profecia"

segunda-feira, 1 de abril de 2024

.: Lançamento de livro: "Puro", o novo e incômodo romance de Nara Vidal


"Puro", de Nara Vidal, é o novo – e incômodo – romance da vencedora do Oceanos e finalista dos prêmios Jabuti e São Paulo de Literatura. No livro, que tem capa elaborada por Violaine Cadinot, tudo acontece na década de 1930, Santa Graça, em Minas Gerais. O que poderia ser um vilarejo idílico, uma “referência de virtude e limpeza no território nacional” — e é nisso que alguns de seus habitantes estão tentando transformá-la. 

O casarão misterioso onde vivem Lázaro, menino de seus 15 anos, e as três velhas que o adotaram quando bebê é o epicentro desta narrativa, que toma rumos cada vez mais surpreendentes. Ali e na casa ao lado, trabalha Íris, vinda da parte mais pobre da cidade, o Mata Cavalo, de onde também vêm as crianças que andam pela rua pedindo comida e procurando brincadeiras.

São Íris e Ícaro, o garoto doente que “só sabe babar e cair”, os verdadeiros protagonistas deste romance. São eles o retrato de tantos crimes e injustiças que conhecemos até hoje: o racismo, o capacitismo, a desigualdade social tão marcada que se abre em diferentes tipos de abuso, dos mais evidentes aos mais sutis. E são eles também que desvendarão o plano de horror do vilarejo e os segredos que rondam por ali: o que dr. Lírio e Olavo tramam juntos com sua Enciclopédia da Eugenia Brasileira? O que faz o padre Arcanjo na sacristia? Quem é Helga, a enfermeira de família alemã que cuida das crianças com deficiência? Ao chegar inadvertidamente perto das respostas, os dois se veem obrigados a enfrentar as consequências de seus atos.

A estrutura criada por Nara Vidal, enxuta como só uma autora com ampla experiência em contos consegue fazer, nos revela não apenas o que dizem e fazem os personagens, mas o que sentem e pensam. Mais importante, explicita o abismo que existe com frequência entre uma coisa e outra (com exceção de alguns, como dona Rosa, que diz exatamente o que pensa e sente, sem esconder o ódio pelos pretos de Santa Graça). 

Nessa estrutura, em que não há diálogos, mas monólogos internos e externos, a autora consegue restituir ao garoto Ícaro a autonomia que lhe é tirada por seus cuidadores e superiores. Ao mesmo tempo, garante que compreendamos a complexidade da vida e dos crimes de que Íris é vítima cotidianamente. Com uma prosa direta, Nara Vidal envolve os personagens no contexto histórico do movimento eugenista brasileiro, neste romance inovador e, acima de tudo, corajoso. Compre o livro "Puro", de Nara Vidal, neste link.


Sobre a autora
Nara Vidal nasceu na cidade mineira de Guarani e é formada em letras pela UFRJ, com mestrado em artes e herança cultural pela London Met University. É autora dos romances "Sorte" (Moinhos, 2018), que obteve o terceiro lugar no Prêmio Oceanos, e "Eva" (Todavia, 2022), finalista do Prêmio São Paulo de Literatura, além do livro de contos "Mapas para Desaparecer" (Faria e Silva, 2022), finalista do Jabuti, entre outros. Foto: Bruna Casotti. Garanta o seu exemplar de "Puro", escrito por Nara Vidal, neste link.

.: Carlos Drummond de Andrade volta com tudo às livrarias em novas edições

O livro "Declaração de Amor" volta às livrarias este mês em edição revista e ampliada, com a seleção dos mais belos poemas de amor de Carlos Drummond de Andrade. O novo projeto gráfico da capa traz ilustração de Mariana Massarani, que já assinava o miolo da edição anterior de 2005. A fixação de texto é de Edmílson Caminha, que tem acesso inédito ao acervo de exemplares anotados e manuscritos deixados por Drummond. 

Mas não é só isso. Em abril, a Record relança três clássicos de Drummond: "Amar se Aprende Amando" , "Moça Deitada na Grama" e "Contos de Aprendiz". Os livros apresentam bibliografias completas, uma cronologia de vida e obra do poeta e as variantes no processo de fixação dos textos, disponíveis por meio do código QR localizado na quarta capa dos volumes


Drummond romântico é vida
Coletânea de poemas de amor de Carlos Drummond de Andrade, o livro "Declaração de Amor", organizada por dois de seus netos, Luis Mauricio Graña Drummond e Pedro Augusto Graña Drummond, e por Edmílson Caminha, estudioso de sua obra volta às livrarias em edição revista e ampliada, com capa dura, com acréscimo de seis poemas do livro "Poesia Errante": “A Essa Altura da Vida”, “Amor - Eu Digo”, “Canção de Namorados”, “Nossa História de Amor”, “Papinho Lírico no Dia dos Namorados” e “Quero Sentir”. Um presente ideal para quem se ama. Compre o livro "Declaração de Amor", de Carlos Drummond de Andrade, neste link.



Um panorama das diferentes formas de amar
Publicado originalmente em 1985, dois anos antes da morte de Drummond, "Amar se Aprende Amando" revela as diferentes facetas do amor. Dividido em três partes, o amor carnal, o amor da amizade e o amor pelas cidades, o livro encerra trilogia com "O Corpo" e "O Amor Natural". Posfácio de Bruno Gambarotto. Compre o livro "Amar se Aprende Amando", de Carlos Drummond de Andrade, neste link.


Crônicas com misto de ficção e não-ficção
Último livro em prosa organizado por Carlos Drummond de Andrade, publicado três meses após sua morte, "Moça Deitada na Grama" reúne 70 crônicas, carregadas de lirismo e poesia. Drummond vai do popular ao filosófico, equilibrando-se entre a realidade e o devaneio, com ênfase em conversas cotidianas e nos tipos cariocas. Posfácio de Tom Farias. Compre o livro "Moça Deitada na Grama"de Carlos Drummond de Andrade, neste link.


Ideias e emoções complexas de maneira simples
Publicado em 1951, "Contos de Aprendiz" marca a estreia de Carlos Drummond de Andrade nas narrativas propriamente ficcionais. Nascido em uma região rural, ele incorpora essa experiência em muitas dessas quinze histórias. Aos poucos, as crônicas avançam em direção às grandes cidades. Autor consagrado, nosso maior poeta se revelava também um grande ficcionista. Posfácio de Lauro Moreira. Compre o livro "Contos de Aprendiz", de Carlos Drummond de Andrade, neste link.


Sobre o autor
Carlos Drummond de Andrade
nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 1902. Poeta, contista e cronista, considerado um dos maiores nomes da poesia brasileira do século XX, foi autor, entre outros, de "Alguma Poesia", "Brejo das Almas", "Sentimento do Mundo", "Claro Enigma", "Fazendeiro do Ar" e "Fala, Amendoeira". Faleceu no Rio de Janeiro, em 1987, aos 84 anos.

.: "Brás Cubas", da Armazém Companhia de Teatro, no Sesc Santo Amaro


A encenação desmembra o personagem-título em dois, além de trazer o próprio autor para o centro da cena com comentários que visam conectar suas críticas à sociedade brasileira de hoje. Fotos: Mauro Kury

Mais recente montagem da Armazém Companhia de Teatro, o espetáculo "Brás Cubas", versão cênica de Paulo de Moraes para a obra-prima "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis, está em cartaz no Sesc Santo Amaro, até 5 de maio. A encenação desmembra o personagem-título em dois, além de trazer o próprio autor para o centro da cena com comentários que visam conectar suas críticas à sociedade brasileira de hoje.

A versão cênica de Paulo de Moraes traz o Bruxo do Cosme Velho para o centro da cena, como personagem. Com dramaturgia de Maurício Arruda Mendonça, a nova montagem da Armazém tem elenco formado por Bruno Lourenço, Isabel Pacheco, Jopa Moraes, Felipe Bustamante, Lorena Lima e Sérgio Machado, iluminação de Maneco Quinderé, cenografia de Carla Berri e Paulo de Moraes, figurinos de Carol Lobato, direção musical de Ricco Vianna e direção de movimento de Patrícia Selonk e Paulo Mantuano. 

A temporada iniciada na semana passada no Sesc Santo Amaro, segue até o dia 5 de maio, sextas às 21h00, sábados às 20h00 e domingos às 18h00, para público a partir de 14 anos. Em outubro de 2023, Brás Cubas participou do Festival Internacional de Teatro de Wuzhen, na China, ao lado de importantes nomes do teatro mundial, como Robert Wilson e Joël Pommerat, sendo o espetáculo mais bem avaliado pelo público chinês. No segundo semestre de 2024, Brás Cubas será apresentado na Rússia e retorna à China para turnê.

Literatura no teatro
Foi a partir da 1881, com "Memórias Póstumas de Brás Cubas", seguido por "Quincas Borba", "Dom Casmurro", "Esaú e Jacó" e "Memorial de Aires" que Machado de Assis começou a desenvolver seu extraordinário realismo psicológico, permeando seus romances com impetuoso sarcasmo. "Memórias Póstumas de Brás Cubas" é considerado um romance original desde a sua dedicatória “ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver” e prossegue na ideia de um defunto autor que, para fugir ao tédio do túmulo, escreve suas memórias.

"'Brás Cubas' é um dos personagens mais icônicos da literatura brasileira. Tratar de um personagem pretensioso e prepotente, um recordista de fracassos, que têm uma aversão por si mesmo absolutamente merecida – e que nos fala tanto sobre a formação da elite brasileira –, era muito sedutor. Mas traduzir a experimentação formal de Machado para o palco – conversando com o público de hoje – me parecia desafiador. Porque Machado escreve com um nível de sutileza raro. Então, com certeza o nosso grande embate durante a descoberta da peça tem sido como fazer com que essa literatura sutil se transforme numa ação dramática contundente", declara o diretor Paulo de Moraes.

A dramaturgia de "Brás Cubas", assinada por Maurício Arruda Mendonça, é uma adaptação do romance de Machado de Assis, mas não uma adaptação no sentido clássico porque insere o próprio autor na peça, como personagem. “O espetáculo tem uma certa vinculação com o sonho. A gente constrói essa história como se estivéssemos dentro da casa do Machado, acompanhando a sua criação. E o ponto central da nossa adaptação é o delírio que o personagem do Brás tem momentos antes de sua morte”, comenta Paulo de Moraes.

Brás Cubas fragmentado
A peça da Armazém desmembra o personagem Brás Cubas em dois. Sérgio Machado interpreta Brás Cubas desde seu nascimento até sua morte (não necessariamente nessa ordem) e Jopa Moraes assume Brás Cubas já como o defunto que narra suas memórias póstumas. “Esse defunto está pouco vinculado ao século 19, quer e precisa se comunicar com as pessoas de agora”, afirma o diretor.

A dramaturgia tem uma estrutura em três planos: o plano da memória – que são as cenas vividas por Brás; o plano da narrativa – onde entram as divagações e reflexões do defunto; e um terceiro plano em que o próprio Machado de Assis (vivido por Bruno Lourenço) invade sua narrativa com comentários que visam conectar contemporaneamente suas críticas à sociedade brasileira.

“Nosso Machado não é um personagem biográfico. Embora todas as questões que o personagem coloque na peça tratem de assuntos sobre os quais Machado escreveu, estão colocadas em contextos diferentes. É uma brincadeira a partir de detalhes biográficos. Um personagem imaginário tentando se comunicar com o nosso tempo”, finaliza Paulo.

Em outubro de 2023, Brás Cubas participou do Festival Internacional de Teatro de Wuzhen, na China, ao lado de importantes nomes do teatro mundial, como Robert Wilson e Joël Pommerat, sendo o espetáculo mais bem avaliado pelo público chinês. No segundo semestre de 2024, Brás Cubas será apresentado na Rússia em um Festival de Teatro, em outubro, e depois retorna à China para turnê em outubro e novembro.


Ficha técnica
Espetáculo "Brás Cubas".
Direção: Paulo de Moraes.
Dramaturgia: Maurício Arruda Mendonça.
Montagem da Armazém Companhia de Teatro.
Elenco/personagens: Sérgio Machado (Brás Cubas), Jopa Moraes (Defunto), Bruno Lourenço (Machado de Assis), Isabel Pacheco (Virgínia), Felipe Bustamante (Quincas) e Lorena Lima (Marcela e Natureza).
Músico em cena: Ricco Viana.
Cenografia: Carla Berri e Paulo de Moraes.
Iluminação: Maneco Quinderé.
Figurinos: Carol Lobato.
Cabeça do Hipopótamo: Alex Grilli.
Direção Musical: Ricco Vianna.
Direção de movimento: Patrícia Selonk e Paulo Mantuano.
Colaboração na Dramaturgia: Paulo de Moraes.
Assessoria de Imprensa: Ney Motta.
Designer Gráfico: Jopa Moraes.
Mídias Sociais: Mariã Braga.
Fotografias: Mauro Kury.
Produção São Paulo: Pedro de Freitas e Adolfo Barreto / Périplo.
Direção de Produção: Patrícia Selonk.
Assistente de Produção: Maria Luiza Selonk.
Coordenação do Projeto: Paulo de Moraes e Patrícia Selonk.
Apoio Institucional: Banco do Brasil.
Realização: Sesc SP.


Serviço
Espetáculo "Brás Cubas".
Com Armazém Companhia de Teatro.
Direção: Paulo de Moraes.
Até dia 5 de maio de 2024.
Sextas, às 21h00, sábados, às 20h00, e domingos, às 18h00.
Local: Sesc Santo Amaro - Teatro.
Rua Amador Bueno, 505, Santo Amaro, São Paulo.
Ingressos: R$ 18,00 (credencial plena), R$ 30,00 (meia-entrada) e R$ 60,00 (inteira). Estão disponíveis no aplicativo Credencial Sesc SP ou no site www.centralrelacionamento.sescsp.org.br, a partir de 12 de março; e nas bilheterias das unidades do Sesc SP a partir de 13 de março.
Horário de funcionamento: terça  a  sexta, das 10h00 às 21h30. Sábado, domingo e feriado, das 10h00 às 18h30.
Duração: 110 minutos.
Classificação indicativa: 14 anos.
270 lugares.
Unidade acessível.

.: Espetáculo "O Deus de Spinoza" volta para quarta temporada no Teatro Uol


Bruno Perillo no papel de Spinoza. Com ele, os rabinos do espetáculo Luiz Amorim, David Kullock e Roberto Borenstein. Os Rabinos. Fotos: Ronaldo Gutierrez

Sucesso de crítica e público, "O Deus de Spinoza" volta a São Paulo após temporadas de sucesso na capital em 2023 e turnê pelo interior do estado. O espetáculo resgata o pensamento do reconhecido filósofo holandês Baruch de Spinoza, condenado no século XVII por sua reflexão sobre a relação do ser humano com Deus e com a natureza, contestando dogmas religiosos da época. Renegado por séculos, seu pensamento foi resgatado e hoje é motivo de estudos no mundo inteiro.

A peça mostra a comunidade judaica incomodada com o pensamento de Baruch de Spinoza, filho de imigrantes ibéricos acolhidos em Amsterdã, que afronta os costumes e preceitos de sua religião. Na tentativa de convencê-lo a ser um bom cidadão, os Rabinos do Conselho Judaico apresentam formas de conversão. Se Spinoza não aceitar, será julgado, condenado e exilado. Ele expõe todo o seu pensamento a seu amigo, Jan Rieuwertsz, editor de livros, com quem pode desabafar e contar de seus planos futuros. Um convite à reflexão e à liberdade de pensamento. O espetáculo é pontuado por músicas sefarditas do século XVII, em língua ladina, executadas ao vivo.

“O objetivo foi trazer este texto, que é tão profundo e intenso, de forma real, com seus personagens de fato defendendo o que acreditam. Assim a peça é dinâmica, ágil e perspicaz. Contamos esta história cercados de grandes talentos. Temos no elenco o ator David Kullock, do setor artístico do Clube A Hebraica, que também é Hazam (aquele que conduz o serviço das orações de forma cantada na Sinagogas). Os figurinos são de João Pimenta, um dos maiores nomes da moda brasileira, que se destaca por seu estudo sobre os costumes históricos e o investimento em sustentabilidade e na economia circular”, diz o diretor Luiz Amorim.

O texto é assinado por Régis de Oliveira, jurista e desembargador renomado que há anos se dedica ao estudo de filosofia. Em sua estreia como dramaturgo ele faz um recorte da vida de Spinoza, desde sua condenação - o Herem, em 1656 - até a sua morte, em 1677. “Através do pensamento do filósofo, podemos reconhecer muitos comportamentos de nossa sociedade atual, com suas superstições, crenças ou mistérios. E podemos notar como os donos do poder sabem manipular as multidões através do medo e da imposição do sistema”, conta Régis.

Vivemos atualmente num mundo conturbado com emoções descontroladas. O momento pelo qual passamos necessita de reflexão, entendimento e clareza. A filosofia de Spinoza nos traz uma luz nestes tempos. Sua ampla e densa obra trata da relação do ser humano com Deus e com a Natureza. Trata dos afetos, do direito natural, da essência humana.

Baruch de Spinoza viveu no Século de Ouro dos Países Baixos. A Holanda fervilhava culturalmente no século XVII. Ali estava Grócio, um dos pais do direito público, que escolheu a Holanda como pátria espiritual, e Rembrandt e Vermeer que despontavam na pintura. “Spinoza balançou o mundo e o pensamento moderno. “A montagem busca trazer o pensamento de Spinoza de uma forma profunda mas acessível, para que, como diz Spinoza, afete de alguma maneira o público. Estas são as afecções”, fala o diretor e ator Luiz Amorim sobre o espetáculo. Ainda integram o elenco: Bruno Perillo, Juliano Dip, David Kullock e Roberto Borenstein. Os figurinos são de João Pimenta, a iluminação de Cesar Pivetti com cenários de Evas Carreteiro.

A peça é pontuada por músicas sefarditas do século XVII, executadas ao vivo, com direção musical de Marcus Veríssimo. Por motivo de agenda, nesta temporada o espetáculo, que já conta com os músicos renomados Margot Lohn, Marcus Veríssimo e Lucas Biscaro, ganha novos nomes. Gabriel Ferrara, que já fez parte do elenco, o percussionista Erick Chica e Laura Visconti, que assina a direção musical do sucesso Beetlejuice, em cartaz em São Paulo. 


Ficha técnica
Espetáculo "O Deus Spinoza"
Texto: Régis de Oliveira
Direção e Adaptação: Luiz Amorim
Direção Musical: Marcus Veríssimo
Elenco: Bruno Perillo, Juliano Dip, David Kullock, Luiz Amorim, Roberto Borenstein
Musicistas: Marcus Veríssimo, Margot Lohn / Laura Visconti e Gabriel Ferrara / Lucas Biscaro.
Desenho de Luz: César Pivetti
Figurinos: João Pimenta
Cenografia: Evas Carretero
Visagismo: Beto Franca
Designer Gráfico: Luciano Alves
Técnico e operador de luz: Rodrigo Pivetti
Contrarregragem: Magnus Odilon
Fotografia: Ronaldo Gutierrez - @fotosgutierrez
Assessoria de Imprensa: Flavia Fusco Comunicação
Realização: Régis de Oliveira


Serviço
Espetáculo "O Deus Spinoza".
Texto: Régis de Oliveira.
Direção e Adaptação: Luiz Amorim.
Direção Musical: Marcus Veríssimo.
Elenco: Bruno Perillo, Juliano Dip, David Kullock, Luiz Amorim e Roberto Borenstein.
Musicistas: Margot Lohn / Laura Visconti, Marcus Veríssimo / Erick Chica e Lucas Biscaro / Gabriel Ferrara.
Duração: 80 minutos.
Classificação: 12 anos.
Temporada: de 10 de abril a 31 de maio. Quartas e quintas-feiras, às 20h00.
Ingressos: de R$ 40,00 a R$ 80,00.
Televendas: (11) / 3823-2423 / 3823-2737 / 3823-2323.
Vendas on-line: www.teatrouol.com.br.
Horário de funcionamento da bilheteria.
Quartas e quintas, das 18h00 às 21h00, sextas das 14h00 às 21h00, sábados, das 14h00 às 20h00 e domingos, das 14h00 às 20h00; não aceita cheques / Aceita os cartões de crédito: todos da Mastercard, Redecard, Visa, Visa Electron e Amex / Estudantes e pessoas com 60 anos ou mais têm os descontos legais / Clube UOL e Clube Folha 50% desconto.


Teatro Uol
Shopping Pátio Higienópolis - Av. Higienópolis, 618 / Terraço / tel.: (11) 3823-2323
Acesso para cadeirantes / Ar-condicionado / Estacionamento do Shopping: consultar valor pelo tel: 4040-2004 / Venda de espetáculos para grupos e escolas: (11) 3661-5896, (11) 99605-3094 / Patrocínio do Teatro UOL: UOL, Folha de S. Paulo, Genesys, Banco Luso Brasileiro e MetLife.

.: Filme "A Primeira Profecia" responde curiosidades não ditas sobre "A Profecia"


Na próxima quinta-feira, dia 4 de abril, estreia na Rede Cineflix Cinemas o novo longa da 20th Century Studios, "A Primeira Profecia", um prelúdio da clássica franquia de terror. O filme promete responder curiosidades nunca ditas sobre o clássico lançado há 47 anos. O longa-metragem dirigido por Arkasha Stevenson, e que tem no elenco a atriz brasileira Sonia Braga como a Irmã Silva e Nell Tiger Free como a protagonista Margaret Daino, estreia trazendo respostas para os questionamentos dos fãs da clássica franquia de terror.

"A Profecia", filme lançado em 1976, é considerado uma produção indispensável para quem gosta do gênero. A história do pequeno Damien (Harvey Spencer Stephens), o anticristo mirim que marcou gerações, é contada nesse clássico atemporal que mostra a trajetória da família de um diplomata americano que decide adotar um recém-nascido de origem desconhecida ao ocultar de sua esposa que seu filho nasceu morto.

A conexão entre o clássico lançado há 47 anos e a estreia de "A Primeira Profecia" está, justamente, no fato deste último ser um prelúdio que traz como ponto focal do roteiro alguns esclarecimentos, como a origem do bebê Damien (Harvey Spencer Stephens). Por isso, separamos algumas curiosidades que o novo longa esclarece nessa assustadora trajetória do anticristo. Confira abaixo:


A real história da mãe de Damien, o filho do diabo...
Pouco se sabe sobre como o bebê demoníaco foi concebido, mas é justamente a história de Margaret Daino (Nell Tiger Free) que irá esclarecer essa dúvida. No novo longa, a mãe do pequeno anticristo se apresenta como uma jovem americana enviada a Roma para dar início a uma vida de serviços à igreja. 

Lá, ela se depara com trevas que a fazem questionar sua própria fé, além de revelar uma conspiração aterrorizante que visa dar nascimento ao mal encarnado, o que viria a se tornar o pequeno Damien, filho adotivo do casal Robert Thorn e Katherine Thorn, interpretado respectivamente por Gregory Peck e Lee Remick no longa de 1976. "Margaret sempre teve uma dor interna, oriunda de sua infância turbulenta, e às vezes isso se manifesta externamente, assim como todas as nossas dores como humanos. Mas acredito que ela é uma boa pessoa, com uma alma boa”, comenta Nell Tiger Free sobre a personagem.


O padre retorna para combater o mau ainda na barriga da mãe
Um personagem que aparece na fascinante história, antes mesmo do nascimento do anticristo, é o Padre Brennan, personagem interpretado pelo ator inglês Ralph Ineson. Sua principal missão durante "A Primeira Profecia" é alertar a jovem Margaret Daino (Nell Tiger Free) sobre uma conspiração terrível dentro da igreja e que o mau está prestes a invadir seu corpo.

Essa atitude do padre só reforça algo que o público da franquia já se questionava há algum tempo, sobre qual o fundamento das certezas deste homem em relação a Damien e o motivo pelo qual ele também alertava os pais adotivos do pequeno sobre sua conexão natural com o diabo no filme de 1976. Agora, os fãs poderão entender um pouco mais sobre o que ele viu e vivenciou quando o garoto ainda estava na barriga da mãe. 


Afinal, qual é a relação do anticristo com a Itália?
Esse fato é explicado ao longo do filme, já que toda a história acontece em Roma, na Itália, local onde a mãe do bebê anticristo foi enviada para servir a Igreja e acaba concebendo o bebê demoníaco. O local para gravação do longa foi estrategicamente escolhido pela equipe da produção, já que a cidade italiana é conhecida por sua profusão de iconografia religiosa e história com base na fé. “Estávamos também determinados a filmar em Roma, pois sentimos que isso traria uma verossimilhança que não tem como ser fabricada em outro lugar. De certa forma, a própria Roma é um personagem, e queríamos que a história antiga penetrasse em cada aspecto das filmagens”, enfatiza o produtor David S. Goyer.


Assista na Cineflix
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Trailer de "A Primeira Profecia"


domingo, 31 de março de 2024

.: "Dolores Claiborne": livro aclamado de Stephen King volta com novo nome


Publicado nos anos 1990 como "Eclipse Total" e há décadas esgotado no país, um dos livros mais aclamados de Stephen King retorna ao mercado brasileiro em edição especial da Biblioteca Stephen King, com outro nome, nova tradução e conteúdo extra. "Dolores Claiborne" é um suspense poderoso e inesquecível sobre uma mulher que esconde um segredo perturbador.

Faz décadas que Dolores Claiborne trabalha para Vera Donovan, milionária dona de uma mansão na ilha Little Tall, no Maine. Determinada, com três filhos para criar, Dolores enfrentou desde o início a personalidade tempestuosa da patroa e, diferente de incontáveis antecessoras, conquistou a confiança da mulher e a estabilidade no emprego.

Quando Vera morre em um acidente, porém, todas as suspeitas caem sobre a funcionária. Questionada pelas autoridades, Dolores faz uma confissão e revela, durante seu testemunho, algo inesperado pela polícia: uma história sobre um relacionamento abusivo e a misteriosa morte de seu marido, que ocorreu 30 anos antes, em Little Tall.

Publicado no Brasil com o título "Eclipse Total" e adaptado para o cinema em 1995, com atuação de Kathy Bates, "Dolores Claiborne" é um suspense psicológico de tirar o fôlego. O relato comovente e inquietante da protagonista faz deste um dos romances mais originais de Stephen King. Compre o livro "Dolores Claiborne", de Stephen King , neste link.

Sobre o autor
Stephen King nasceu em Portland, no Maine, em 1947. Em 1974, publicou Carrie, seu livro de estreia, que logo se tornou um clássico contemporâneo. Já escreveu mais de 70 best-sellers mundiais, como "Depois", "O Iluminado", "It: a Coisa", "Misery" e "À Espera de Um Milagre". Em 2003, recebeu a medalha de Eminente Contribuição às Letras Americanas da National Book Foundation e, em 2007, foi nomeado Grão-mestre dos Escritores de Mistério dos EUA. Ele mora em Bangor, no Maine, com a esposa, a escritora Tabitha King. Garanta o seu exemplar de "Dolores Claiborne", escrito por Stephen King , neste link.

.: "Instinto Materno", de Barbara Abel, o livro que inspirou o filme em cartaz


Um thriller psicológico eletrizante sobre perda, culpa e as complexidades das relações humanas... Até onde o ódio, o medo e a vingança podem nos levar? No livro "Instinto Materno", escrito por Barbara Abel e publicado pela Globo Livros, os Geniot e os Brunelle são amigos inseparáveis. Os dois casais vivem em casas geminadas em um bairro tranquilo e têm filhos da mesma idade, que crescem juntos, como irmãos. Até que um trágico acidente acontece com Maxime, filho de Tiphaine e Sylvain Geniot. 

Enquanto o casal é atormentado pela tristeza e amargura, David e Laetitia Brunelle são tomados pela culpa. O livro inspirou o filme homônimo que está em cartaz na Rede Cineflix Cinemas, e coloca frente a frente Anne Hathaway e Jessica Chastain, duas vencedoras do Oscar contracenando em um jogo de gato e rato em que não se sabe quem é a mocinha, nem a vilã.A tradução é de Érika Nogueira. Confira a  crítica do filme neste link: "Instinto Materno" entrega desfecho cruel e inimaginável.

No romance publicado pela Globo Livros, o relacionamento entre os casais começa a se deteriorar à medida que a suspeita e a paranoia se instalam e uma série de misteriosos acidentes começa a acontecer com Milo, filho dos Brunelle, despertando a desconfiança de Laetitia. Será que seus antigos melhores amigos estão tentando puni-los ameaçando seu filho? Laetitia, cada vez mais paranoica, tenta desesperadamente proteger Milo do perigo e a pouca civilidade restante entre as duas famílias se transforma em uma hostilidade declarada. Laetitia estaria apenas imaginando coisas? Ou será que Sylvain e Tiphaine estão mesmo conspirando secretamente contra os vizinhos?

"Instinto Materno" é uma história sobre perda, culpa e os extremos a que somos levados pela dor. A autora Barbara Abel mergulha profundamente no coração e na mente dos personagens para explorar os limites da amizade e o poder avassalador do amor materno. Uma trama sombria e repleta de tensão, com um final surpreendente. A obra é ideal para os fãs de suspenses, como "A Garota no Trem", "Garota Exemplar" e a série "Os Outros", da Globoplay. Compre o livro "Instinto Materno", de Barbara Abel, neste link.


Leia o livro e assista o filme na Cineflix
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"Instinto Materno" ("Mothers' Instinct). Ingressos on-line neste linkGênero: drama, thriller, suspenseClassificação: 14 anos. Duração: 1h34. Ano: 2023. Idioma original: inglês. Distribuidora: Imagem Filmes. Direção: Benoît Delhomme. Roteiro: Sarah Conradt-Kroehler. Elenco: Anne Hathaway, Jessica Chastain, Caroline Lagerfelt, Josh CharlesSinopse: As donas de casa Alice e Celine são melhores amigas e vizinhas que parecem ter tudo. No entanto, quando um trágico acidente destrói a harmonia de suas vidas, a culpa, a suspeita e a paranoia começam a desfazer seu vínculo.

Trailer de "Instinto Materno"

.: "O DJ: amores Eletrônicos", livro de Toni Brandão traça retrato interessante


Na cultura pop geral, o  "metaverso" e a realidade aumentada já foram retratados em obras como "Jogador Nº 1" (dirigido e adaptado por Steven Spielberg) e por uma das sagas mais famosas de todos os tempos, "Matrix". O debate ressurge com força recentemente não apenas porque vivemos na era das redes sociais, mas também porque a pandemia da covid-19 potencializou a necessidade por escapismo e uma realidade "diferente". "O DJ: amores Eletrônicos", do autor Toni Brandão, entende muito bem e sentimento, misturando uma história que fala sobre temas complexos e ao mesmo tempo explora o tão famoso "metaverso".

Além de ser um escritor multimidia, já tendo participado também de roteiros e outros projetos, Toni Brandão é um autor conhecido por livros para um publico mais jovem, pré-adolescente, sempre apto para falar de sentimentos de forma leve e divertida, "O DJ" leva a narrativa para lado distinto, mais jovem adulto, com personagens que carregam dilemas mais forte sentimentos que variam e passam pela sexualidade, luto, solidão e medos.

Contada por diversos pontos de vista, o principal deles é de Amy, que começa a história na balada. Disposta a aproveitar o ambiente em que está, ela dança conforme a música e acaba interessando por Jon. Quando as coisas começam a tomar um rumo inesperado, no entanto, tem que entender exatamente onde ela está e porque está ali. Em certo momento de Matrix, Morpheus, personagem de Lawrence Fishburne , pergunta: "o que é real? Como você define real?"

Se você está falando do que pode sentir, cheirar, experimento ver, então real é apenas sinais elétricos interpretados pelo seu cérebro. Em "DJ", os personas de Toni Brandão estão constantemente se perguntando qual é a realidade em que eles e vivendo, e se os seus sentimentos são reais ou não. Além de ter uma gama diversificada personagens distintos entre si, a narrativa faz um bom trabalho em retratar a disparidade e o mundo real X o metaverso e, no processo, constrói um retrato interessante sobre a juventude. Compre o livro "O DJ: amores Eletrônicos", de Toni Brandão, neste link.


Sobre o autor
Toni Brandão
é um escritor, roteirista, dramaturgo e criador multimídia brasileiro que nasceu em São Paulo no dia 3 de dezembro de 1960. É formado em comunicação social pela Escola Superior de Propagando e Marketing (ESPM). A maioria de seus livros e projetos são voltados para o público adolescente e jovem-adulto e refletem sobre as principais questões do mundo contemporâneo. A venda de seus títulos ultrapassa a marca de 2 milhões de exemplares em 25 anos; e renderam ao autor vários prêmios. Entre eles, o APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte. O sucesso editorial no Brasil está fazendo, a partir de 2017, seus livros serem lançados também da França, Bélgica, Suíça, Canadá e outros países de língua francesa. Pela Global Editora tem publicado "O Garoto Verde", "Os Recicláveis", "Aquele Tombo que Levei", "Guerra na Casa do João", entre outros títulos. Garanta o seu exemplar de "O DJ: amores Eletrônicos", escrito por Toni Brandão, neste link.

.: Entrevista com a poeta piauiense Laís Romero, que explora o território "Mátria"


No livro de estreia "Mátria", lançamento da editora Paraquedas, a poeta piauiense Laís Romero mergulha em temas como corpo, ancestralidade e maternidade, explorando o feminino como um território de expressão. Dividido em três partes - "Desejo", "Mátria" e "Pathos" -, o livro é uma busca pelo lugar da mulher, especialmente da mulher nordestina, singular e marcada pela ancestralidade. 

Por meio de 50 poemas com métrica livre e estilo prosaico, Laís convida os leitores a atravessar a superfície e mergulhar no universo da "mére-mar-mãe-mátria", onde se reconectar com sua origem e encontrar a pausa da exaustão. O livro apresenta uma poesia que oferece um espelho para outras mulheres, proporcionando uma visão direta e pontual sobre suas experiências.

Laís Romero, nascida em Teresina, no Piauí, é mãe, mestra em letras pela UESPI e especialista em escrita e criação pela Unifor. Além de escritora, trabalha como revisora e editora. Sua escrita, marcada por uma urgência em resgatar a própria história, reflete conflitos internos e frustrações com a maternidade, além do apagamento histórico de sua família. Após um processo de criação que se estendeu por 15 anos, "Mátria" finalmente veio à luz em 2023, representando para Laís não apenas um livro, mas uma presença na linha do tempo da escrita sem fim. Sua trajetória acadêmica e literária, aliada ao seu constante desdobramento como mulher, mãe e escritora, evidencia uma voz singular no cenário literário contemporâneo. Confira uma entrevista com Laís, onde ela fala dos temas e das origens de seu fazer literário. Compre o livro "Mátria", de Laís Romero, neste link.


Como você começou a escrever? 
Laís Romero - 
Aos 11 anos escrevi um poema que venceu um concurso na escola. O poema virou uma atração na família, um marco. Lembro de datilografá-lo para que um tio, então professor de literatura, o levasse para uma aula de poesia.


Por que escolher o formato da poesia?
Laís Romero - 
Desde esse momento em que percebi o prazer de ser lida, e acreditei na relevância do que eu escrevia, continuei na empreitada da poesia. Também escrevo prosa, gosto bastante de contos, e submeto a palavra nesses caminhos também. Repito com frequência que a poesia é meu primeiro lar, quase de onde nasci, e me fascina a competência da imagem nos versos, o comprimido de linguagem.

Você tem algum ritual para escrever?
Laís Romero - Sou mãe, trabalho fora da escrita e estudo. Infelizmente não há salário para que possamos escrever literatura, daí uma verdadeira ausência de rituais: escrevo quando e como dá. As metas incluem não deixar de escrever e cumprir os prazos de entrega de materiais solicitados.

Como foi o processo de escrita?
Laís Romero - Esse livro é uma estreia solo que me assombrava há tempos. Assumir o espaço como escritora é algo que considero como sério, e essa ideia me força a continuar. Os poemas foram escritos ao longo de pelo menos 15 anos, e o livro como versão inicial ficou pronto em 2014. Em 2017 o artista Lysmark Lial fez a arte da capa após a leitura da obra, mas só em 2023 consegui materializar o Mátria, que inicialmente se chamava Temporário. Um título imbuído de quase nenhuma coragem. A edição da Paraquedas, através do olhar preciso da Tainã Bispo, solidificou as palavras.


Quais são as suas principais influências artísticas e literárias? 
Laís Romero - Muitas influências me amparam, entre prosa e poesia. Posso dizer que em Mátria respondo muitas mulheres que admiro na arte. Ana Cristina Cesar, Matilde Campilho, Maya Angelou, Renata Flávia, Cecília Meireles e Sophia de Mello são algumas que pontuam meus textos.

Se você pudesse resumir os temas centrais do livro, quais seriam? 
Laís Romero - Ancestralidade. Sexualidade. Maternidade. Feminismo. Brasil. Corpo. São temas que me escolheram. Nasci mulher, piauiense, não tive muita escolha aqui. Antes de desfiar outras questões menos urgentes precisei me abraçar ao que fundamentou minha caminhada. Aos 18 anos engravidei e segui com essa demanda, aos 32 tive meu segundo filho, o   que não pareceu mais fácil. A escolha desses temas veio de forma espontânea, de uma maneira mais direta, foi uma escolha através da urgência. Não sei muito mais que duas gerações antes do presente, não reconheço mais que a etnia em minha face entre a indígena e a negra, os sobrenomes se perderam nos apadrinhamentos. As mulheres foram sobrevivendo, sempre levando a família adiante. Em face dessa realidade onipresente no Brasil, declarei o território Mátria.

Você acha que o livro tem alguma mensagem a transmitir?
Laís Romero - Não penso em mensagens, mas em imagens. Uma visão de como a mulher conjuga os verbos enquanto sujeito é o que pretendo comunicar de maneira direta e pontual. O que sobra ali, enquanto palavra a ser compreendida, é a margem desse pensamento central. Passo caminhada no sexo e desejo, na maternidade e na paixão afetada, de maneira firme e puxando as imagens desimportantes do que vivo diariamente. Se for falar em mensagem, talvez ela esteja aí nesse parágrafo, mas não nos poemas, neles estão imagens.

O livro te transformou de alguma forma? 
Laís Romero - Esse livro representa um peso que me livrei. Tento falar de forma honesta, por isso as palavras de desapego ao que escrevi. Em outros momentos esse livro representa meu cansaço descomunal enquanto mulher, num desassossego (essa maravilhosa palavra cheia de esses). Por dentro consegui me sentir escritora, poeta, pois passei a existir no mundo. Essa obra é uma presença, não meço a dimensão, mas sinto como presença na linha do tempo da escritura sem fim.

O que vem por aí? 
Laís Romero - Estou trabalhando em um romance e tenho um livro de contos pronto, mas ainda nas leituras iniciais para que se firme o livro. O livro de contos une personagens vivendo e morrendo pelo amor desastroso, figuras que fui colecionando e percebi o fio condutor do amor e da morte como nota em comum. Tenho uma reunião de poesias  no prelo, intitulada "Exames aleatórios de imagem", escritos que se ancoram no agora, angústias e notícias transformadas em poesia. Uma maneira de aguentar a realidade.

Garanta o seu exemplar de "Mátria", escrito por Laís Romero, neste link.

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