Por Helder Moraes Miranda, editor do portal Resenhando.com
A protagonista, interpretada por Maia Kealoha, carece do carisma e da energia que marcaram a Lilo original. E isso nem é culpa da jovem atriz. Na animação, Lilo era esquisita, otimista e cheia de vida, mesmo em meio à solidão e o vazio causados pela morte dos pais. Já no live-action, ela é reduzida a uma órfã melancólica, definida apenas pelo drama - faltou energia. O roteiro, escrito por Chris K.T. Bright e Mike Van Waes, carrega nas tintas do sofrimento e esquece de inserir as cenas leves, engraçadas e icônicas que eternizaram o filme original na memória dos fãs.
A tentativa de dar mais realismo à trama - como se a história de um alienígena disfarçado de cachorro precisasse de coerência absoluta - resulta em um filme que não se define: ora tenta ser dramático e profundo, ora quer ser infantil e acolhedor. No fim, não cumpre bem nenhuma das intenções. Outro problema é a adição de personagens irrelevantes, como a vizinha que surge sem propósito claro e não contribui para a trama. Se ela era tão próxima da família, onde estava antes, nos momentos críticos? Já Nani e seu namorado, felizmente, funcionam bem - os atores conseguem manter parte do carisma da animação, embora apareçam em poucas cenas marcantes.
O visual do longa-metragem é bonito, solar, e remete a uma boa "Sessão da Tarde" e ao próprio desenho animado. Os efeitos especiais são competentes, mas não salvam a narrativa arrastada e desequilibrada que o filme intencionalmente propõe para provar que mudou algo na animação. A trilha sonora, antes vibrante e memorável, agora se resume a versões acústicas e sem alma que não fazem jus ao espírito original havaiano e à leveza do desenho animado.
O final, que deveria ser o momento de catarse emocional, contradiz os esforços de Nani durante todo o enredo, enfraquecendo ainda mais a construção dessa história que marcou época no filme original. No fim das contas, o live-action parece mais preocupado em adaptar "Lilo & Stitch" ao gosto de um público adulto, esquecendo que seu maior mérito sempre foi falar com crianças - e com o lado infantil de cada um. Uma releitura desnecessária que, infelizmente, não acrescentou nada - nem um frescor, ao clássico moderno que se tornou a franquia animada. Ao tentar reinventar a roda, o filme entrega um drama indeciso e sem o brilho da produção original. O "Lilo & Stitch" de 2002 continua sendo a versão definitiva, mais divertida, mais emocionante e, acima de tudo, mais fiel ao que significa “Ohana”.
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