quinta-feira, 4 de setembro de 2014

.: Livro conta o que aconteceu com Christiane F., 35 anos depois

“Fibrose. Com 51 anos, estou à beira da cirrose. Desde 1989 meu fígado está permanentemente inflamado. Tenho hepatite C, genótipo 1A, a mais agressiva da Europa. Não tenho a menor ideia de onde nem quando contraí. Transpiro o tempo todo, é insuportável, estou sempre encharcada, mesmo a 10 graus negativos. E no verão não posso usar blusas de mangas curtas por causa das infames feridas vermelhas que tenho nos braços. Chamam isso de angioma estelar. Há também o gosto ruim na boca e a prisão de ventre; às vezes, não consigo ir ao banheiro por vários dias. Ou passo a noite vomitando, por alguma coisa no meu metabolismo — estômago, bexiga ou intestinos — ter se inflamado, e não tolero mais os antibióticos. Além disso, há um ou dois anos minha barriga dilata, porque meu fígado incha e retenho líquidos. Uma vida de merda.”

A primeira obra originou-se do próprio interesse de Christiane em romper o silêncio e relatar sua história aos jornalistas Kai Hermann e Horst Rieck. O livro trazia no início um trecho do processo, em que ela, colegial e menor de idade, é acusada de consumir, de maneira contínua, substâncias e misturas químicas proibidas por lei. Foi acusada também de ter-se prostituído com o propósito de obter dinheiro para sustentar o vício.

Trinta e cinco anos depois da edição original, Christiane V. Felscherinow retorna àqueles tempos que se seguiram à publicação do livro e às diferentes etapas de sua vida até os dias de hoje: dos anos felizes na Grécia à sobrevivência na prisão, do combate ao vício aos encontros com seus ídolos do rock, da aparição de um anjo da guarda aos momentos de felicidade com seu filho Phillip. O livro é "Eu, Christiane F., A Vida Apesar de Tudo" ("Moi, Christiane F., la Vie Malgré Tout"), publicado por aqui pela editora Bertrand Brasil, é assinada pela própria Christiane V. Felscherinow e Sonja Vukovic, com tradução de Jorge Bastos. Na edição brasileira, vem com 266 páginas e encarte com fotos.

A obra responde a velhas questões dos que tem conhecimento da história de Christiane F., seja pelo famigerado livro, seja pelo filme. “Ainda está viva? Continua drogada? Em geral, essas eram as primeiras perguntas que me faziam ao saberem do trabalho que estávamos realizando juntas. Sem dúvida, é lógico e até legítimo perguntarem se Christiane se manteve uma junkie ou não. E a resposta se resume em poucas palavras: sim, as drogas sempre fizeram parte de sua vida. Mas, justamente, são apenas parte de sua vida. Quem puder observar Christiane como ela observa o mundo ao redor, talvez a compreenda.” (Sonja Vukovic)

Sobre a autora
Christiane V. Felscherinow, mais conhecida como Christiane F., nasceu em Hamburgo, na Alemanha, em 20 de maio de 1962. Ficou famosa ao dar o depoimento de sua vida aos jornalistas Kai Hermann e Horst Rieck, que, na ocasião de seu julgamento por uso de drogas, preparavam uma grande matéria sobre a juventude alemã para a revista Stern. Esse depoimento acabou sendo a base para o livro que viria a se tornar o bestseller n° 1 da Alemanha, o qual narra a trajetória de três adolescentes que se prostituíam numa estação de metrô para poder comprar drogas. O livro em centenas de países, sendo adaptado para o cinema em 1981.
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