domingo, 7 de abril de 2019

.: Entrevista com Daniel Bork, o chef mais querido da televisão brasileira


Por Helder Moraes Miranda, em abril de 2019.

M
ais de 20 anos de carreira apresentando programas diários de culinária fizeram de Daniel Bork o chef mais querido da televisão brasileira. O sucesso é tanto que agora ele lança, pela editora Alaúde, o livro “A Cozinha de Daniel Bork”.

O chef substituiu a aclamada Ofélia Anunciato na grade da Band, comandou os programas "Receita Minuto", "Bem Família", "Dia Dia" e "Cozinha do Bork". Segundo o chef, lançar esse livro foi a forma encontrada para eternizar sua carreira com carinho para a enorme gama de fãs que o seguem até hoje.


Contando com mais de 80 receitas exclusivas, o livro é repleto de pratos práticos e simples para acrescentar no cardápio do dia a dia. Direto da TV para dentro de casa, as receitas vão de lanches da tarde saboroso e pratos dignos de um banquete a sobremesas de dar água na boca.


RESENHANDO - Qual o fato mais inusitado que aconteceu no ar em mais de 20 anos e carreira a frente de programas diários de culinária?

DANIEL BORK - Uma vez eu apresentava um programa chamado "Dia a Dia" e, além de cozinha, havia outras atrações. Na ocasião, o departamento comercial havia vendido um desfile de modas. Após o desfile (ao vivo), as modelos se alinharam no cenário e eu fui direto a uma delas e fiz uma pergunta. Silêncio total… Repeti a pergunta e logo me fizeram sinal que a moça era surda e muda. Ela sorriu e eu agradeci a presença dela com um gesto de mãos… Na área da culinária, quando uma convidada foi fritar as coxinhas, a frigideira estava muito cheia e o óleo transbordou todo no fogão… Liquidificador… é um perigo! Várias vezes os convidados, e até eu mesmo acionava o equipamento sem a tampa ou às vezes sem querer... Mas aí e só assumir e dar risada de si mesmo, não tem outro remédio!

RESENHANDO - O que faz de a cozinha de Daniel Bork algo tão especial para os espectadores e fãs que o acompanham?

D.B. - A seleção de receitas vem da minha reserva pessoal, são receitas que executei no programa e separei para levar pra casa; são o “filet mignon” das receitas, quer seja pela praticidade, economia ou excelente resultado final. Além disso, são receitas bem variadas para o dia a dia: carnes, salgadinhos, bolos, receitas vegetarianas, etc... Deu fome, pode pegar o livro que você vai fazer uma gostosura!

RESENHANDO - A que você atribui o motivo de as pessoas o seguirem por tantos anos?

D.B. - Uma das minhas principais características no programa era de ser uma boa companhia para quem estava em casa. Existem muitas pessoas sozinhas e esquecidas, até mesmo por suas famílias. E em segundo lugar pretendia oferecer uma prestação de serviço bem simples e bem explicada para que todos pudessem realizá-la. Tudo isso acrescentado pelos 20 anos no ar, fizeram um vinculo de intimidade com o telespectador que posso me orgulhar de dizer: não tenho uma audiência, tenho amigos e amigas que conquistei ao longo destes anos.

RESENHANDO - Como lidou com a responsabilidade de substituir a Ofélia Anunciato? 

D.B. - Em primeiro lugar, não creio que um ser humano possa substituir outro: cada um de nos é único. A simplicidade e o amor pela culinária foram me levando a conquistar o público de uma maneira bem particular, como já lhe expliquei. Você pode ensinar uma pessoa a cozinhar, mas o difícil e torná-la
sua amiga.

RESENHANDO - O que pensa sobre o reality show "MasterChef" e outros que vem se proliferando na TV aberta?

D.B. - Creio que o "MasterChef" é um programa de game com o tema culinário, em que os desafios e as tensões criadas pela dinâmica do jogo prendem o público, mas não creio que alguém que queira aprender uma receita legal saia muito satisfeita com as informações que gostaria de obter para preparar o prato. Enfim, é um jogo. Minha proposta sempre foi de prestar um serviço e transformar a vida das pessoas com algum conhecimento e capacitá-las a dar um passo a mais na vida, mesmo que fosse com um novo bolo que ela pudesse preparar.

RESENHANDO - A que você atribui a busca das pessoas por aprender a cozinhar? Tem influência direta desses realities de culinária? 

D.B. - A necessidade de cozinhar é universal, é um ato de autossuficiência, e de independência pessoal. Desde um estudante que sai de casa para estudar e vai morar sozinho, até os recém-casados ou recém divorciados… precisam se virar na cozinha. Antigamente tínhamos as “nonas”, ou mães ensinando as mulheres em casa, mas o mundo mudou e aí a TV e internet vêm sendo um importante apoio para essa necessidade. Além disso os restaurantes tiveram seus custos aumentados e a segurança publica muito deficiente fizeram as pessoas acharem soluções de prazeres gastronômicos em casa.

RESENHANDO - Qual é a lembrança mais distante que você tem em relação à cozinha e à culinária?

D.B. - Na minha infância, talvez com cinco anos de idade, minha mãe me servia um prato fundo com arroz feijão e por cima carne moída bem refogada e, para terminar, um fio de azeite por cima! Parece-me imbatível até hoje, tamanha simplicidade, equilíbrio e conforto pensar neste carinho bem quentinho, que uma vez ou outra chegava com batatas fritas! Vai querer a receita, né?! Sim, minha mãe ainda está viva e bem, o nome dela e Dona Eny Bork.

RESENHANDO - Como, quando e por que você decidiu se tornar chef?

D.B. - Eu comecei a trabalhar num programa do Amaury Jr. como ajudante de cena. Ele tinha um quadro de cozinha no programa "Manhã Mulher", porém era muito estressante para ele, pois era ao vivo e os profissionais raramente conciliavam o tempo de preparo do prato com o tempo do programa e isso era muito estressante para todos. Então, ele resolveu acabar com o quadro de culinária, e eu me prontifiquei a preparar pratos em 5 minutos. Ele topou e assim comecei na cozinha “Receita Minuto com Daniel Bork”.

RESENHANDO - Qual é seu prato favorito?

D.B. - Camarão empanado com arroz branco, tenro, crocante, levemente adocicado, sabor do mar e o conforto de um arroz branco quentinho e neutro.

RESENHANDO - Cozinhar, para você, é...

D.B. - O meu ganha pão (risos)! Cozinhar para mim é fazer os outros felizes com aquilo que está ao meu alcance!

RESENHANDO - Qual é a sua receita favorita do livro "A Cozinha de Daniel Bork"?

D.B. - O bolo de abacaxi com chocolate branco, da página 149.


*Helder Moraes Miranda é bacharel em jornalismo e licenciado em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura, pela USP - Universidade de São Paulo, e graduando em Pedagogia, pela Univesp - Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Participou de várias antologias nacionais e internacionais, escreve contos, poemas e romances ainda não publicados. É editor do portal de cultura e entretenimento Resenhando.

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