sábado, 8 de agosto de 2020

.: Morre a atriz Chica Xavier, grande nome da dramaturgia brasileira

Chica Xavier foi uma precursora, símbolo de gerações de atrizes e atores negros, de representatividade, que trazia em cada cena ou fala traços latentes de baianidade. Foto: TV Globo/Nelson Di Rago

Diz o ditado que baiano não nasce, estreia. Não à toa, o estado da Bahia passou a ser conhecido como verdadeiro berço de talentos da arte e da cultura brasileira. Neste sábado, dia 8, a Boa Terra perdeu uma referência de sua história artística. Francisca Xavier Queiroz de Jesus, ou simplesmente Chica Xavier, morreu aos 88 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência de um câncer no pulmão que foi descoberto em estágio avançado. Uma precursora, símbolo de gerações de atrizes e atores negros, de representatividade, que trazia em cada cena ou fala traços latentes de baianidade. Nunca negou a origem. Um sorriso inconfundível, que bastava ser visto uma vez para não mais esquecer.

Conhecida por papéis emblemáticos e que marcaram a memória afetiva do público na TV, no cinema e no teatro, Chica Xavier mudou-se para o Rio de Janeiro em 1953, aos 21 anos, com o sonho de se aprofundar na arte. O companheiro de uma vida foi o também ator Clementino Kelé, com quem no último mês de julho completou 64 anos de casada. Começaram este matrimônio justamente no mesmo ano de 1956 que encenaram a primeira peça de suas carreiras: "Orfeu da Conceição", de Vinícius de Moraes. Recentemente, em uma entrevista, ela foi simples e direta sobre a relação com o marido: "Sou Chica Xavier, mas mais do que isso, eu sou Chica de Kelé". A união gerou três filhos - Christina, Izabela e Clementino Junior - e três netos - Ernesto Junior, Luana Xavier e Oranyan.

No cinema, estreou em 1962, no filme "Assalto ao Trem Pagador", dirigido por Roberto Farias. Participou de inúmeras novelas na TV Globo. A primeira delas foi "Os Ossos do Barão", quando interpretou a personagem Rosa, em 1973. A novela marcou o início da carreira dela na TV. Desde então, foram mais de 50 personagens só na televisão, como a Bá, de "Sinhá Moça", Inácia, de "Renascer" e a mãe-de-santo Magé Bassã da minissérie "Tenda dos Milagres". Esteve presente em outras novelas, como "Pátria Minha", "Cara & Coroa", "O Rei do Gado", "Força de Um Desejo". O trabalho mais recente na emissora foi na novela "Cheias de Charme", em 2012. Na última quarta-feira, Chica Xavier deu entrada em um hospital na Zona Oeste do Rio de Janeiro com um quadro de desconforto respiratório contínuo.

Em 2010, recebeu o Troféu Palmares concedido pelo MINc, através da Fundação Cultural Palmares, pelo trabalho de preservação e incentivo à cultura afro-brasileira. Em 2011, foi homenageada ao dar o nome ao Centro Cultural Atriz Chica Xavier do projeto. No Palco da Vida, que também abriga o acervo de sua brilhante carreira no Teatro, TV e Cinema. Já em 2013 a biografia "Chica Xavier: Mãe do Brasil" foi lançada. Escrita por Teresa Montero, o livro registra toda trajetória desse grande nome da dramaturgia brasileira.

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