segunda-feira, 26 de outubro de 2020

.: CCBB SP reabre com a exposição "Egito Antigo: do Cotidiano à Eternidade"


Estela funerária de Mekimontu Deir el-Medina, XVIII Dinastia (1550-1295 a.C.) Calcário, pintura, 28,5 x 20 x 4 cm © Museo Egizio

Em razão do anúncio sobre o avanço da capital à fase verde do Plano São Paulo, o Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo reabriu com a exposição "Egito Antigo: do Cotidiano à Eternidade". A reabertura do CCBB SP seguirá um planejamento previamente desenvolvido, que contempla restrições e regras definidas com base em orientações das autoridades sanitárias para garantir maior segurança aos visitantes e funcionários.

Das atrações do CCBB SP, apenas a exposição "Egito Antigo: do Cotidiano à Eternidade" à eternidade estará aberta ao público e exigirá agendamento prévio pelo site www.eventim.com.br. A unidade vai funcionar todos os dias, das 9h às 17h, exceto às terças.

"Egito Antigo: do Cotidiano à Eternidade" entrou em cartaz no CCBB São Paulo em 19 de fevereiro e com visitação de até 7 mil pessoas por dia. A exposição pode ser visitada até dia 3 de janeiro de 2021. Em sua passagem pelo Rio de Janeiro, atingiu a marca de 1.433.188 visitantes, entre outubro de 2019 e fevereiro deste ano. O patrocínio é do Banco do Brasil, BB DTVM e BB Seguros; copatrocínio da Brasilprev e apoio do Banco Votorantim. A produção e organização são da Art Unlimited.

Ao todo, a mostra reúne 140 peças que têm em comum a relevância para o entendimento da cultura egípcia, que manteve parcialmente os mesmos modelos religiosos, políticos, artísticos e literários por três milênios. Aspectos da historiografia geral do Egito Antigo são apresentados de forma didática, por meio de esculturas, pinturas, amuletos, objetos cotidianos, um "Livro dos Mortos" em papiro, objetos litúrgicos e óstracons (fragmento de cerâmica ou pedra usados para escrever mensagens oficiais), além de sarcófagos, múmias de animais e uma múmia humana da 25ª dinastia.  Os itens são oriundos do Museu Egizio de Turim, na Itália, segundo maior em acervo egípcio do mundo. A exposição é dividida em três momentos:

Vida cotidiana (seção amarela)
O cotidiano é apresentado por meio de vídeos e fotografias – do Nilo, de sítios arqueológicos, tumbas e objetos importantes. As imagens transportam o público para o modo de vida de uma civilização intimamente ligada à figura do Sol, Deus representado em pinturas, escritos, adereços e objetos, entre outros artefatos, relacionados ao Egito Antigo.

O amarelo que colore essa seção está associado ao Sol, mas também ao ouro (material do qual a pele dos deuses era feita), assim como ao tom ocre comumente usado em Deir el-Medina – a vila abrigava artesãos das tumbas do Vale dos Reis, de onde vêm a maior parte da informação sobre o dia a dia dos antigos egípcios. Por meio dos objetos expostos – adornos, artigos de higiene, pentes, frascos de cosméticos, sapatos, vestimentas, entre outros – é possível entender aspectos como trabalho, nutrição e saúde da civilização egípcia.

Os níveis sociais em torno da cultura e das esferas administrativas e sacerdotais eram reservados a altos dignitários, que desfrutavam dos maiores privilégios, praticavam caça e pesca e cuidavam do corpo com óleos, pomadas, banhos e perfumes. Tanto mulheres quanto homens usavam maquiagem, especialmente o kohl, uma mistura preta aplicada ao redor dos olhos, que servia a um propósito protetor.

Já os camponeses viviam como o esteio da economia, junto com os servos. Suas vidas e trabalho eram determinados por um evento cíclico fundamental: a inundação do Nilo, em julho, que transformava os campos em pântanos lamacentos. Era muito incomum mudar de classe social, mas um escriba poderia melhorar muito seu status, uma vez que seu conhecimento era requisito para os cargos mais altos: era necessário dominar o hieróglifo e a escrita administrativa, em particular hierática (versão cursiva do hieróglifo), muito mais rápida, usada em anotações e documentos. Enquanto o hieróglifo era escrito em pedra ou papiro precioso, o hierático era registrado em óstracons.

Religião (seção verde)
A segunda parte da exibição ilustra a relação dos egípcios com o sagrado, levando o visitante para dentro de um templo, em um ambiente em tons de verde. Essa cor está ligada a muitos conceitos, em especial ao renascimento e à regeneração, assim como à cor da pele do deus Osíris, rei dos mortos, e do papiro, planta identificada com o Nilo, que crescia na água e representava uma nova vida. A luz é suave, para evocar o que teria sido a iluminação típica dos templos, onde os cultos oficiais eram praticados e os sacerdotes escreviam os textos sagrados e determinavam a vida religiosa. Eram subdivididos em espaços públicos e sagrados, nos quais apenas alguns sacerdotes e o rei podiam entrar. Sua arquitetura substituía progressivamente a luz pela penumbra e escuridão.

A religião egípcia era politeísta, marcada por um grande número de divindades maiores e menores. A forma mais íntima de devoção pessoal era o culto votivo, que envolvia a consagração de objetos representando as divindades.

Muitos deuses assumiam a forma animal, e espécies associadas a divindades específicas eram adoradas. Nos templos, um animal associado a um deus poderia ser considerado sua encarnação e, se morresse, seria mumificado e poderia ser deixado como oferenda. Foram encontradas centenas de milhares de múmias, especialmente gatos para a deusa Bastet, cães para o deus Anúbis, falcões para o deus Hórus e íbis para o deus Thoth. As múmias eram acompanhadas de objetos em vários materiais, incluindo estátuas de divindades e estelas de pedra calcária, diante das quais as oferendas seriam deixadas.

Outro aspecto importante da religião era a magia, desde a vida cotidiana até os ritos funerários – às vezes, considerada o único remédio contra o comportamento incompreensível dos deuses, demônios, anjos e espíritos dos mortos. A doença era vista como uma possessão por uma entidade prejudicial que precisava ser derrotada. As estátuas de cura pertencem a essa esfera e apareceram pela primeira vez no Império Novo (iniciado em cerca de 1500 a.C.), podendo curar picadas de cobra e escorpião, com a água ou leite que era derramada sobre elas e sobre os textos mágicos que cobriam as feridas.

Eternidade (seção azul)
A escuridão noturna, fase em que a deusa Nut engolia o Sol, era associada ao reino dos mortos; e o azul é a cor do lápis-lazúli, mineral precioso valorizado pelos egípcios. Em um ambiente com iluminação azul meia-noite, considerada por eles a cor da eternidade, o terceiro espaço expositivo irá abordar as tradições funerárias e a vida após a morte. A luz ainda mais fraca sugere os locais fechados e selados das câmaras funerárias, onde os bens da sepultura eram originalmente colocados. Assim, o visitante é transportado ao interior de uma tumba para acompanhar desde a sua idealização e construção até o sofisticado ritual de mumificação.

Os elementos da arquitetura das tumbas atendiam exigências relacionadas às crenças funerárias. Esse ritual atingiu sua máxima expressão com a mumificação, que era considerada uma proteção do corpo para continuar a vida após a morte. Os órgãos internos eram retirados, tratados e guardados em vasos canópicos, pois os egípcios acreditam que era preciso preservá-los para assegurar a vida eterna; só o cérebro era descartado; e o coração, a casa da alma, era recolocado na múmia.

Essa função protetora da mumificação era reforçada pela recitação de fórmulas mágicas, representando espíritos ou divindades particulares, e posicionando amuletos em pontos específicos da múmia: o djed (hieróglifo em forma de pilar) era colocado atrás do corpo, como símbolo de estabilidade e força; o besouro coberto de fórmulas mágicas protetoras, no coração; os espíritos funerários, no músculo cardíaco; as divindades protetoras, nos órgãos do abdômen.

A partir do Império Médio (iniciado em cerca de 2000 a.C.), as tumbas ganharam estatuetas funerárias, conhecidas como shabtis, que tinham a tarefa de substituir o falecido se fosse convocado para realizar trabalho agrícola ou qualquer outra tarefa após a morte. No entanto, o objeto mais importante era o caixão, cuja função principal era preservar o corpo. Ao longo dos séculos, mudou tanto em forma quanto em decoração e, muitas vezes, era identificado com Nut, a deusa do céu e mãe divina, que acolhia os mortos e lhes permitiria começar uma nova vida.

CCBB São Paulo reforçou protocolos de segurança
Além da mudança de horário e necessidade de agendamento pelo site www.eventim.com.br, o CCBB colocou em prática uma série de protocolos para garantir a segurança de funcionários e visitantes. A entrada será apenas pela porta principal da unidade, com necessidade de validação do ingresso e medição da temperatura corporal. A visita terá duração de 50 minutos, começando pelo subsolo e passando pelos quatro andares do prédio. Serão até 50 visitantes por grupo, que vão receber a orientação de usarem as escadas durante o deslocamento.

O uso de máscara é obrigatório para ter acesso ao CCBB São Paulo e haverá fiscalização em todo o prédio, assim como a disponibilização de álcool em gel. Para garantir a segurança do público, a exposição Egito Antigo: do cotidiano à eternidade passou por reformulações, que não comprometem o entendimento sobre a mostra. A réplica da pirâmide, anteriormente exibida no térreo da unidade, foi desmontada com o objetivo de favorecer a área de circulação e o distanciamento entre os visitantes. A interação de selfie com a esfinge, no subsolo, terá higienização reforçada.

Todos os funcionários receberam orientações sobre os protocolos de segurança. Além disso, há marcações no piso dos elevadores e galerias que reforçam a necessidade de distanciamento. O serviço de guarda-volumes está suspenso no momento e não serão mais disponibilizados materiais impressos. Os bebedouros da unidade foram desinstalados e as televisões e totens do prédio vão exibir informes sobre os protocolos na nova dinâmica de funcionamento do CCBB São Paulo.

Sobre o CCBB SP
O CCBB São Paulo ocupa o prédio construído em 1901 na Rua Álvares Penteado, 112, esquina com a Rua da Quitanda. Localizado no coração histórico da cidade, numa via hoje de pedestres, o edifício foi comprado em 1923 pelo Banco do Brasil. Em 1927, após uma reforma projetada pelo arquiteto Hippolyto Pujol, tornou-se o primeiro prédio próprio do Banco do Brasil na capital. A construção foi inteiramente reformada para abrigar o CCBB São Paulo, inaugurado em 21 de abril de 2001. Os elementos originais foram restaurados, mantendo assim as linhas que o tornam um dos mais significativos exemplos da arquitetura do início do século XX.

Serviço
"Egito Antigo: do Cotidiano à Eternidade"
Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo.
Rua Álvares Penteado, 112 - Centro Histórico, Triângulo, São Paulo.
De 16 de outubro de 2020 a 3 de janeiro de 2021, aberto todos os dias, das 9h às 17h, exceto às terças.
Acesso ao calçadão pela estação São Bento do Metrô.
Informações: (11) 4298-1270.
Entrada gratuita, mediante agendamento pelo aplicativo Eventim.




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