domingo, 15 de novembro de 2020

.: Livro de Guga Chacra, "Confinado no Front" analisa a evolução da pandemia


Escrito pelo jornalista Guga Chacra, "Confinado no Front - Notas sobre a Nova Geopolítica Mundial" faz um balanço jornalístico e cronológico da evolução da pandemia de covid-19 no mundo. O livro narra os principais passos da evolução da covid-19 desde os primeiros casos na cidade chinesa de Wuhan. 

Com senso aguçado de observação e muita informação, Guga Chacra faz um passeio pelo mundo — da China ao Norte da Itália, de Nova York a São Paulo — diante da maior tragédia sanitária do século. Mais ainda, oferece uma mistura de observação pessoal (de seu privilegiado posto de correspondente em Nova York) com os principais fatos e discussões sobre como a doença vem sendo percebida ao redor do planeta.

Criada e produzida durante a pandemia de covid-19, a Coleção 2020 — Ensaios Sobre a Pandemia reúne autores e autoras que se dedicaram a refletir e a provocar o pensamento em livros breves, atuais e contundentes. O paulistano Guga Chacra, jornalista e colunista, é correspondente em Nova York. É um dos mais destacados analistas da política internacional na imprensa brasileira. Você pode comprar o livro "Confinado no Front", de Guga Chacra, neste link

Trecho do livro
Sou jornalista em grande parte para cobrir os maiores acontecimentos geopolíticos internacionais. Na minha carreira, já cobri eventos como a primeira Guerra de Gaza (2009), a queda de um presidente em Honduras (2009), o terremoto no Haiti (2010), a crise econômica argentina (2000-2001) e as eleições dos Estados Unidos de 2012, 2016 e agora em 2020. Entrevistei Bashar al-Assad (2010), o atual presidente do Líbano Michel Aoun e o então premiê Rafik Hariri. Estive a trabalho em lugares como Líbano, Síria, Jordânia, Egito, Israel, Palestina, Iêmen, Omã, Emirados Árabes. 

Quando um jornalista está fazendo reportagens em uma zona de conflito ou em um lugar onde ocorreu uma tragédia natural, no fundo ele sabe haver a possibilidade, mesmo nas situações mais remotas, de abandonar tudo e ir para uma região segura. Por exemplo, quando estive em Damasco em 2011, sabia que poderia a qualquer momento entrar em um táxi e em cerca de trinta minutos estaria na fronteira com o Líbano — naquela época, em uma situação incomparavelmente melhor do que a atual depois da explosão de agosto. Uma vez em Beirute, poderia pegar um voo para Paris, Londres, Istambul ou Frankfurt. 

Poucos meses antes do agravamento da pandemia, embora ela provavelmente já estivesse circulando em Nova York, comentamos no programa "Em Pauta", onde sou um dos comentaristas, sobre um pai com uma filha pequena na Síria, que ficava tentando distraí-la com uma brincadeira sobre ser “avião ou bomba” o barulho que ouviam. Semanas depois, ainda que numa dimensão incomparavelmente menos perigosa, éramos nós tentando distrair nossos filhos impedidos de ir para a escola para não serem infectados por um vírus e precisando passar semanas reclusos dentro de casa. Após uma semana no Haiti nos dias que se seguiram ao terremoto, peguei uma carona com a equipe da RBS-TV para ir de Porto Príncipe para a República Dominicana. 

Menos de uma hora após deixar a devastada capital haitiana, cruzamos a fronteira para o território dominicano. Imediatamente, o motorista ligou para a filha e começou a relatar o inferno que estava o Haiti. Ficamos com lágrimas nos olhos, com todas aquelas imagens voltando para a nossa cabeça. Paramos em uma cidade pequena e fomos tomar um refrigerante. Era uma normalidade absurda para quem havia visto tantos corpos e destruição nos dias anteriores. Mais algumas horas de viagem e eu estava no aeroporto de Santo Domingo, embarcando para Nova York. Um dia depois de presenciar a tragédia haitiana, eu estava no Central Park.


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