domingo, 15 de novembro de 2020

.: Maria Bonita dá início ao ciclo de leituras encenadas de projeto teatral


A leitura encenada do espetáculo "Bonita" abre o projeto "Histórias de Nossa América", do Coletivo Labirinto. Será na próxima quarta-feira, dia 18 de novembro, às 20h, em formato online. De Dione Carlos com direção de Malú Bazán, a obra retrata a vida de Maria Bonita (1911-1938), mulher de Lampião. A relação da personagem com a sexualidade, a violência e o companheiro norteiam a trama e apresenta a participação das mulheres no Cangaço. O elenco é composto por Abel Xavier, Carol Vidotti, Fábia Mirassos, Ton Ribeiro e Wallyson Mota.

Evento reúne nove textos dramatúrgicos de nove países latino-americanos diferentes, escritos nos últimos 10 anos através das diversas relações entre os processos estéticos e políticos que compuseram a região no período. Serão lidos textos do Uruguai, Peru, Argentina, Colômbia, Chile, Venezuela, Equador, Cuba e Brasil, a fim de que se vislumbre um retrato sobre a produção dramatúrgica contemporânea na América Latina, refletindo sobre suas temáticas, vozes, provocações e procedimentos estéticos. 

Acontecerá em três fases (novembro, janeiro e fevereiro), em 09 encontros semanais que abordam um texto por vez. Cada leitura dramatizada contará com uma direção diferente, colocando as diversas dramaturgias em diálogo com a visão dos diversos diretores convidados. Ao final de cada leitura, o Coletivo mediará uma reflexão com o público sobre os dispositivos e procedimentos dramatúrgicos de cada obra, bem como de suas temáticas e abordagens. 

Os encontros serão às quartas-feiras, a partir das 20h, e acontecerão por uma plataforma de vídeo-chamada. A entrada é gratuita. Para participar, basta preencher breve inscrição que será disponibilizada nas redes sociais do Coletivo no início de cada semana de evento. 

Sobre o projeto “Histórias de Nossas Américas”
O Coletivo Labirinto, núcleo de pesquisa e criação cênica que investiga a relação dos sujeitos com o seu panorama social através da dramaturgia latino-americana contemporânea, foi selecionado pela 35ª. Edição do Fomento ao Teatro Para a Cidade de São Paulo para a realização do seu projeto “Histórias de Nossa América”. 

“Histórias de Nossa América” é o nome dado para o conjunto de ações continuadas do Coletivo que se estenderá de agora até o início de 2022, e que incluem a montagem de dois espetáculos inéditos, a circulação de seu repertório por escolas públicas, um laboratório continuado de pesquisa aberto ao público, a criação e lançamento de seu site, a primeira edição da Revista impressa O Labirinto e um Ciclo de Leituras Encenadas de dramaturgia latino-americana. Em comum, todas as ações têm como referencial o diálogo histórico, social e político das “Crônicas de Nuestra América” que Augusto Boal escreveu quando exilado pelo regime militar brasileiro nos anos 70 com os dias de hoje - de processos políticos conturbados novamente pelo fantasma da repressão, em paralelo a um cenário artístico efervescente.  

Nas últimas semanas o Coletivo Labirinto reestruturou todo o projeto, adaptando-o para a realidade instaurada com a pandemia da covid-19, de incertezas sanitárias e teatros fechados. Algumas ações foram reestruturadas para acontecerem virtualmente e é a partir delas que o Coletivo inicia esta jornada, mais especificamente com o Ciclo de Leituras Encenadas. No primeiro semestre de 2021 está prevista a montagem do espetáculo "Onde Vivem os Bárbaros".

A realização desse Ciclo de Leituras Encenadas - além da contribuição que possui em si para o entendimento do teatro realizado na cidade de São Paulo em diálogo com a produção dramatúrgica dos países vizinhos ao Brasil - também deve ser entendida como uma ação de produção de conhecimento e ampliação do acesso à arte, envolvendo a tradução de oito textos teatrais de língua espanhola para a portuguesa. A tradução desses textos é realizada pelos integrantes do Coletivo Labirinto, com revisão da encenadora e tradutora Malú Bazán. Sua compilação é a base para a formação de um acervo digital permanente, que será disponibilizado gratuitamente no site do Coletivo.

Ciclo de Leituras Encenadas – Fase 1 – Novembro de 2020

18 de novembro - "Bonita", de Dione Carlos – Brasil (2015); direção: Malú Bazán
A obra retrata a vida de Maria Bonita (1911-1938), mulher de Lampião. A relação da personagem com a sexualidade, a violência e o companheiro norteiam a trama e apresenta a participação das mulheres no Cangaço.

25 de novembro – "Eu Quis Gritar", de Tânia Cárdenas Paulsen – Colômbia (2017); direção: Érica Montanheiro
A história de Nina e seu marido. Passando por zonas extremamente violentas, vemos a deterioração da relação do casal e a metamorfose de Nina, que vai se transformando em uma mulher que, pouco a pouco, devora seu esposo.

2 de dezembro – "A Vida Extraordinária", de Mariano Tenconi Blanco – Argentina (2018); direção: Lavínia Pannunzio
Duas vidas comuns. Sem grandes conquistas, histórias trágicas ou aventuras inesquecíveis. Aurora e Blanca são amigas de uma vida toda. Ambas de Ushuaia. Aurora é professora, se casa, tem um filho, um amante, um marido. E escreve poesia. Blanca é costureira, mora com a mãe, tem um namorado, depois outro, depois outro, sofre sempre. E também escreve poesia. Duas vidas comuns. Amizade e literatura como aparência do extraordinário. Talvez um milagre. Como a vida.

Ciclo de Leituras Encenadas – Fase 2 – Janeiro de 2021

20 de janeiro - "If – Festejam a Mentira", de Gabriel Calderón – Uruguai (2018); direção: Carlos Canhameiro
Uma família perde o avô e terá dificuldades - sempre novas, sempre diferentes - para lhe dar um enterro decente. Nós, os sobreviventes, todos aqueles que ousam andar e viver nesta terra que enterra os milhões de mortos das gerações passadas, carregamos a herança de erros e problemas não resolvidos, somos a acumulação histórica de tudo que é negativo e de tudo que é positivo. Construímos um prédio grande com avós e bisavós mortos e moramos lá, sem saber dos horrores que cercam nossas paredes.

27 de janeiro - "Sopa de Tartaruga", de Ana Melo – Venezuela (2017); direção: Rudifran Pompeu
Traz a história de oito venezuelanos que se encontram uma noite em um bistrô parisiense. Cada um deles personifica - à sua maneira - a Venezuela e a carrega como um casco de tartaruga. Mas uma série de circunstâncias tensas e divergências os fará servir algo que não esperavam encontrar em suas mesas naquela noite. A obra é uma tragicomédia sobre a migração venezuelana e suas contradições, esperanças e frustrações.

3 de fevereiro - "A República Análoga", de Aristides Vargas - Equador (2010); direção: Dagoberto Feliz
“A república análoga” é uma comédia que conta a história de um grupo de intelectuais que, contrários à realidade que vivem em seu país, decidem formar uma nova república. Esse grande projeto será constantemente prejudicado por pequenos acidentes, entre cômicos e patéticos, que os farão enfrentar a realidade e as dificuldades para construir o país com o qual sempre sonharam.


Ciclo de Leituras Encenadas – Fase 2 – Fevereiro de 2021


24 de fevereiro – "Sêmen", de Yunior García Aguilera – Cuba (2012); direção: Joana Dória
Parte do decálogo “As 10 Pragas”, a trama de Sêmen gira ao redor de uma família disfuncional - uma mãe que já não está mais, um pai anacrônico e duas filhas que veem o assassinato e a prostituição como formas para tentar sair do país. A violência e o crime constituem um denominador comum da ação, que evidencia discussões e pontos sociais delicados. 

3 de março – "Lapel Duvide", de Vanessa Vizcarra – Peru (2017); direção: Rubens Velloso
Lapel nasceu com uma condição específica: toda vez que olha para o vazio, sente vontade de se lançar. Não se sente atraído pela morte, mas pela queda. Ele vive com essa condição, evitando todos os acidentes possíveis, mas está se tornando cada vez mais difícil. Lapel vive em uma cidade que está sob um regime político autoritário, a população está insatisfeita, entretanto é difícil rebelar-se.

10 de março – "Vienen por Mi", de Claudia Rodriguez – Chile (2018); direção: Janaína Leite
A obra nasce da necessidade de conquistar uma voz gestada há mais de 20 anos, fruto de um devir da artista transgênere Claudia Rodriguez cujo objetivo é incentivar a biografia de travestis, transgêneros e transexuais, fazendo disso uma ferramenta política para quem ainda não disse nada. "Vienen Por Mi" é um texto de poesia e denúncia, que traz um convite para perturbar a autoridade vigente de forma rude e coreográfica. É um ensaio inesgotável entre arqueologia, maquiagem e filosofia travesti, para propor metáforas que produzem pontes entre imagens e textos de xamãs, deusas, virgens, santas e loucas, num único corpo. Com: Fábia Mirassos.


Ficha técnica – Ciclo de Leituras Encenadas – "Histórias de Nossa América"
Elenco:
Abel Xavier, Carol Vidotti, Emilene Gutierrez, Fábia Mirassos, Jhonny Salaberg, Marina Vieira, Ton Ribeiro e Wallyson Mota

Diretores convidados: Malú Bazan, Érica Montanheiro, Lavínia Pannunzio, Carlos Canhameiro, Rudifran Pompeu, Dagoberto Feliz, Joana Dória, Rubens Velloso e Janaína Leite

Autores: Dione Carlos (Brasil), Tânia Cárdenas Paulsen (Colômbia), Mariano Tenconi Blanco (Argentina), Gabriel Calderón (Uruguai), Ana Melo (Venezuela), Aristides Vargas (Equador), Yunior García Aguilera (Cuba), Vanessa Vizcarra (Peru) e Claudia Rodriguez (Chile).

Tradução: Coletivo Labirinto e Malú Bazán

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