sexta-feira, 9 de abril de 2021

.: Entrevista: Maggie Reilly tem obra revisitada em CD


Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

A cantora britânica Maggie Reilly está tendo parte de sua obra revisitada por intermédio  do lançamento de uma coletânea em CD. E a iniciativa acabou chamando a atenção da crítica especializada para seu trabalho, seja em carreira solo, seja em colaborações com músicos como Mike Oldfield, Jack Bruce e David Gilmour, só para citar alguns exemplos. 

Dona de uma voz singular e doce, Maggie aparenta estar antenada com o som pop mais suave dos anos 80, muito embora também invista em uma sonoridade mais dançante em alguns momentos. Com Mike Oldfield, por exemplo, gravou o hit "Moonlight Shadow". Mas teve sucessos na carreira solo, como a dançante "Everytime We Touch". Em entrevista para o Resenhando, Maggie conta detalhes sobre o seu início da música e sobre algumas passagens marcantes da carreira. E apesar de ainda não ter vindo ao Brasil, revela conhecer um pouco de nossa arte. “A música brasileira tem uma forte carga emocional”.


Resenhando - Como foi o seu início na música?
Maggie Reilly - Meu pai era cantor de uma banda na Escócia. Então eu cresci assistindo ele e cantando com ele às vezes. Entrei para uma banda quando tinha 15 anos ou mais e fiz shows na Escócia por um tempo. Então, um amigo que era compositor me pediu para cantar algumas de suas canções em seu filme, apenas para variar as vozes que alguns produtores ouviram e me ofereceram um contrato de gravação.


Resenhando - Durante sua carreira percebemos vários trabalhos com músicos e bandas conceituadas. Como foram essas experiências?
Maggie Reilly - Tive muita sorte de ter a chance de trabalhar com alguns músicos brilhantes. Eu fui questionada de várias maneiras. Ou eu os conheci primeiro e então eles me perguntaram se eu o faria. Ou alguém entrou em contato comigo para ver se eu estava interessada em trabalhar com eles. Isso significa que tive a chance de trabalhar musicalmente em todos os setores. De coisas como os grupos Sisters of Mercy e The Stranglers, passando por Simon Nicol (Fairport Convention), Mike Oldfield, Jack Bruce e David Gilmour. Sempre me arrependi de "aqueles que fugiram". Fui procurada, mas não consegui conciliar as datas funcionarem em alguns casos, como com Gerry Rafferty e John Martyn, para citar apenas dois exemplos.


Resenhando - Seu trabalho com Mike Oldfield foi marcante. Quais as maiores lembranças desse período?
Maggie Reilly - Trabalhar com Mike por quatro ou cinco anos foi uma mistura de memórias. Muito trabalho duro no estúdio, gravávamos e depois gravávamos em turnê. Os shows eram fantásticos, eu costumava sair na frente a qualquer momento E tinha uma pausa para ouvir as partes instrumentais. Foi uma experiência muito intensa trabalhar com muitos grandes músicos que estiveram envolvidos ao longo dos anos, muitos de nós mantemos contato e trabalhamos juntos novamente quando possível ao longo dos anos desde então.


Resenhando - Como foi trabalhar com o lendário Jack Bruce?
Maggie Reilly - Eu conheci Jack em um hotel da Alemanha. Nós dois estávamos em turnê ao mesmo tempo. Um tempo depois, recebi um telefonema de seu letrista perguntando se eu estaria interessada em gravar uma música com Jack. Sempre fui um grande fã dele e adorei todo o seu trabalho solo, então disse que adoraria. Lembro que gravamos em uma casa com vista para uma floresta. Depois no aniversário de Jack, houve alguns shows em Colônia, na Alemanha, para o aniversário dele que foram gravados para um filme. É muito triste por ele não estar mais por perto. Seu filho Malcom convocou um grupo de amigos de todo o mundo para fazer um show em Londres há alguns anos para celebrar sua memória. Tive a honra de ser convidada a participar.


Resenhando - Você gravou um elogiado disco em 2003, com releituras de canções que marcaram a sua formação musical. Pretende repetir essa experiência?
Maggie Reilly - Ah, esse foi o álbum "Save It For a Rainy Day". Foi minha tentativa de gravar músicas de outros compositores que admirava. Essa música-título do disco era de Stephen Bishop, sempre adorei o material dele. Eu fiz o álbum na Dinamarca com a maioria de músicos dinamarqueses e a ideia era torná-lo o mais ao vivo possível. Então ficamos a maior parte do tempo no estúdio tocando as músicas até que estivéssemos felizes com o resultado. Sim, eu gostaria de fazer algo assim de novo. Talvez incluir uma música de Milton Nascimento ou da Flora Purim na próxima vez.


Resenhando - Você conhece bem a nossa música. Já esteve no Brasil?
Maggie Reilly - Conheci a Flora Purim e o Airto Moreira nos anos 70 quando estava no CadoBelle e então conheci o Milton Nascimento. Eu amo músicas como Silver Sword (do repertório de Flora Purim) e "Nada Será como Antes". A música é tão emocional que adoro. Mas nunca estive no Brasil. Há alguns anos quase consegui ir, mas não consegui encaixar na minha agenda. Morei ao lado de uma senhora brasileira por muitos anos em Londres. Vou apenas dizer que sempre gostei de suas festas muito animadas. Também nos últimos anos o bairro local teve muitos negócios brasileiros movimentando, o que tem animado a região musicalmente e culturalmente. Espero um dia poder ver o seu país. Ir e tocar lá seria fantástico.


Resenhando - Como foi a recepção do seu disco nos Estados Unidos?
Maggie Reilly - Eu tive sorte de poder sair depois da primeira onda para terminar alguns programas de TV que não foram cancelados. Então o álbum foi lançado e as pessoas parecem gostar. Esse tem sido um ponto brilhante em uma época sombria.


Resenhando - A pandemia afetou o trabalho dos músicos?
Maggie Reilly - A pandemia foi terrível para o mundo. Todo mundo sofreu. Músicos tiveram tudo cancelado e muitos não tinham uma tábua de salvação e caíram na rede por qualquer ajuda do governo. Aqueles que tinham energia conseguiram usar o desligamento forçado para escrever novas canções ou gravar. Eu tinha acabado de fazer o master do meu novo álbum, o Passado Presente Futuro. Estava prestes a fazer uma turnê e programas de TV. Então tudo parou. Como todo mundo, estou ansiosa para voltar à vida normal em breve, mas quem sabe quando será? Temos que aguardar e continuar redobrando os cuidados com a saúde.


"Everytime We Touch"

"Moonlight Shadow"

"Follow The Midnight Sun"

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