segunda-feira, 22 de novembro de 2021

.: O mundo é uma fábrica de pessoas ridículas (e eu posso provar porquê)


Por 
Helder Moraes Miranda, editor do Resenhando. 

As pessoas estão ridículas. Ri-dí-cu-las, e eu posso provar. Outro dia, estava no banco para receber meu salário. Quase em frente ao caixa eletrônico, enquanto um homem, que não estava na fila, fazia alguma coisa.

Quando a pessoa que estava na minha frente desocupou o caixa, a criança se planta na minha frente por uns bons cinco segundos, tempo suficiente de o homem, que estava na minha frente, mas não na fila e sim na lateral do caixa  (fazendo alguma coisa) entrou na minha frente com seu corpo de triângulo e sua perna de saracura.

Não havia ninguém atrás de mim. Ele bem que poderia esperar, mas por algum motivo ridículo como ele, sentiu-se no direito de me ultrapassar e, de certo, orientou o menininho que se plantou na minha frente para fazer aquele papelão. Um ridículo em miniatura. 

Como se não bastasse, o ridículo com pernas de saracura tinha uns dez papéis de depósito. Sacava, colocava no envelope e escrevia coisas com uma letra que, imagino eu, eram garranchos ridículos. Tudo para não deixar o próximo, que coincidentemente era eu, mas poderia ser qualquer pessoa, não passar na sua frente.

Afinal, na cabeça pequena e de maus-modos dele, era a sua vez e os outros que esperassem. As pessoas andam ridiculamente territorialistas. E idiotas... e meio abobalhadas na ânsia de preencher um espaço que consideram ser delas mas que, invariavelmente, acabam invadindo o dos outros. Eu só queria fazer um saque e liberaria o caixa eletrônico para ele continuar com suas ridicularidades da maneira que lhe apetecesse. 

No segundo envelopinho em que ele fazia o ritual saque-envelope-caneta, eu desisti, enfrentei outra fila e saí antes do coitado que se dispôs a esperar as peripécias do triângulo vivo que, ainda por cima, ostentava uma autoestima tão ridícula quanto tudo o que ele representava. Essa parte eu não sei, ridículo fazer juízo de valor dos outros, mas quando se está com raiva abre-se a brecha para uma trincheira de pensamentos, digamos... ridículos. 

O ridículo está em tudo. Na mulher que invade a selfie dos outros porque os filhos pequenos são ensinados a não respeitar o espaço dos outros porque desde cedo são intolerantes à espera justa. Aquela em que não se "furou a fila" de ninguém. Está no hit "Shallow", da Lady Gaga, em versão forró. Está em mim batendo a cabeça quase sempre no teto da garagem do prédio em que moro porque ele foi construído em uma época em que a estatura do brasileiro era menor. Está naquele que chora na chuva porque é um lugar seguro para as lágrimas não aparecerem, ou naquele que abafa as lágrimas no travesseiro quando sente saudade de alguém. 

E você ainda se pergunta o porquê de eu não ter reclamado nada para o cara na minha frente no caixa eletrônico, ou para a mulher que ficava incentivando um projeto de gente ridícula a invadir uma foto...

Porque tempos atrás eu xinguei um homem que furou fila no mesmo banco, e não tenho orgulho disso porque não sei xingar ninguém. Era um senhor metido a "novinho" que furou fila e as pessoas reclamaram. Por algum motivo ridículo ele pensou que era eu quem estava reclamando. 

Nunca seria, porque fui ensinado a nunca retrucar com mais velhos, por mais que eu esteja com a razão. Ele me chamou de idiota e, naquele dia, eu coloquei o dedo na ferida do calcanhar de Aquiles dele e o chamei de "seu velho babaca" em alto e bom som. Ele paralisou e saber que ofendi alguém não me fez bem. Mesmo depois de minha irmã dizer que "babaca" não era xingamento e que eu não sabia ofender as pessoas. Talvez para aquele senhor tenha doído mais pelo "velho", mas considero "babaca" bem ofensivo. E quando você fala o quanto alguém está sendo "desagradável". Basta usar essa palavra e você neutraliza a pessoa, que fica bem sem graça. Afinal, ninguém quer ser desagradável. 

Também não falei nada porque tenho escolhido bem minhas guerras para não me desgastar sobre o que não vale a pena. Xingar mentalmente é falsidade ou uma maneira civilizada de estabelecer uma convivência cordial? Não sei, mas tenho certeza de que quando me deparo com esses tipinhos, eu me vingo nas crônicas...


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