domingo, 14 de maio de 2023

.: Figurinos de "Terra e Paixão" trazem Gloria Pires vaidosa e mocinha "nem aí"


Antônio (Tony Ramos) e Irene (Gloria Pires), os vilões de "Terra e Paixão". Foto: Globo/João Miguel Júnior

Para o figurino de "Terra e Paixão", nova novela das 21h escrita por Walcyr Carrasco, as referências encontradas no Mato Grosso do Sul também serviram de inspiração, além de muita pesquisa na moda atual. Uma peça de roupa que marca o trabalho da figurinista Paula Carneiro no início das gravações é o vestido vermelho com estampas alaranjadas que Aline (Barbara Reis) usa no momento em que a casa onde vive com a família é invadida e pega fogo. 

A intenção é que a roupa represente as faíscas do incêndio e também se sobressaia no escuro, já que a personagem foge à noite pelo meio do mato com o filho pequeno. A peça foi confeccionada com um tecido desenvolvido pela artista e designer baiana Goya, uma das pioneiras a trabalhar de maneira criativa com a moda afro-brasileira. "É uma história que criei enquanto pensava no figurino da Aline. É um vestido muito especial porque eu consegui juntar um pouco o olhar da representatividade, sem necessariamente trazer uma etnia, ou uma estampa africana e, ao mesmo tempo, conseguir contar uma história do meu imaginário, de que a protagonista é uma faísca que está saindo daquele fogo para sobreviver", conta Paula. 

Após escapardo atentado, Aline passa a usar roupas emprestadas da amiga Menah (Camilla Damião) e começa a trabalhar na terra. Basicamente veste jeans, camiseta e bota. O que não vai mudar muito depois que ela consegue comprar roupas novas. "É assim que a gente vai ver a Aline na maior parte do tempo porque ela não está preocupada em estar bonita e sim em plantar, colher, se tornar uma produtora rural naquele lugar. Não tem vaidade, mas é muito bela e feminina", explica Paula.   

A vaidade está em outras personagens, especialmente Irene (Gloria Pires). No entanto, a bela e ambiciosa esposa do fazendeiro Antônio (Tony Ramos) não se veste com cores vivas ou escuras, como é mais comum em personagens com essas características de personalidade. "No primeiro momento eu e minha equipe logo pensamos na personagem usando cores fortes como roxo, rosa pink e laranja. Mas depois pensamos que a Irene comete tanta maldade na história que seria interessante um contraponto, que ela só usasse tons bebês de rosa, azul, amarelo. E fiz um estudo dos últimos dez anos de trabalhos da Gloria na televisão, ela nunca tinha usado uma paleta como essa, sempre vestiu muito preto, vermelho, muita cor. Achamos então interessante seguir na linha que pensamos, já que o público nunca a viu usando essas cores mais claras", conta Paula, que ressalta que a extravagância do figurino da personagem está na forma e no tecido das peças. "É um figurino todo confeccionado nos Estúdios Globo, as peças têm manga comprida, volume, comprimento, detalhes difíceis de encontrar nas peças prontas. E ela também usa muito cetim, muita seda com brilho", exemplifica.  

Já o figurino do marido Antônio segue um caminho mais comum dentro do universo em que está inserido. O personagem de Tony Ramos usa chapéu e muitos acessórios de couro e camurça, e colete, pois no Mato Grosso do Sul é uma peça bastante usada pelos fazendeiros. "Nos coletes têm as iniciais do Antônio, e ele usa um cinto com a inicial também. Veste calça jeans, bota, a intenção é trazer um jeito de vestir no estilo 'olho por olho, dente por dente', mostrar o coronelismo enraizado e uma personalidade muito forte", conceitua Paula. 

Os figurinos do filho mais velho de Antônio, Caio (Cauã Reymond), e do filho de Gentil (Flávio Bauraqui), Jonatas (Paulo Lessa), também irão representar bastante o estilo de se vestir dos produtores rurais e as roupas passam por um processo de envelhecimento. "O Caio usa uma espécie de uniforme, como se ele não trocasse de roupa nunca, porque é um cara abandonado de atenção que não perde tempo escolhendo roupa. Ele veste praticamente jeans, camiseta branca e jaqueta jeans. Temos 30 camisetas brancas no guarda-roupa do personagem, que vestem ele muito bem e que trabalhamos um envelhecimento avermelhado por conta da terra. Já o Jonatas é um cara que pega pesado no trabalho na terra, então trabalhamos com tons terrosos, muito verde musgo, marrom, mostarda. Ele usa camiseta regata com camisa de tecido que às vezes amarra na cintura e está sempre de boné. Faz um estilo bem charmoso", conta a figurinista.  

Como os figurinos de novela costumam lançar tendência, Paula aposta nas peças de Graça (Agatha Moreira), a dona da butique mais chique da cidade. "A Graça é nossa 'agro girl', a nossa influencer. Nos inspiramos nas blogueiras e vestimos o que quisermos nela, desde que seja chique, cool, diferente. Ela é a personagem que lança a tendência, que dita a moda", acredita Paula, que destaca entre as peças de Graça que irão chamar a atenção o vestido que irá usar no noivado com Daniel (Johnny Massaro). "O vestido de noivado dela é um sonho, criado pela estilista Andrea Almeida. Ele é todo de franja de seda e branco perolado, quando ela se mexe o vestido dança. É um negócio lindo", empolga-se a figurinista.  


Cabelos ditam as personalidades da novela
Na caracterização, a personagem de Agatha Moreira também exigiu criatividade e empenho da equipe. A atriz veio do trabalho em "Verdades Secretas 2" com os fios curtíssimos e na pele de Graça ostenta fios loiros e longos. "A Graça é a nossa bonequinha 'agropop', quisemos fazer algo diferente no visual da personagem. Optamos pelo megahair, mas com cabelo natural do tom de loiro que criamos para a personagem. Foi difícil encontrar, precisamos trazer o cabelo do sul do país. O processo durou dez horas só para descolorir e tratar as mechas e mais umas 16 horas para colocar o megahair. E a cada três meses esse processo vai exigir uma manutenção", conta a caracterizadora Gilvete Santos.  

Outra personagem que tem um processo demorado de caracterização é Irene, que usa lace, uma prótese feita fio a fio em uma tela de microtule. Neste caso, os fios são colocados um a um sobre o tecido, o que permite um efeito mais semelhante ao couro cabeludo. "Lace significa três horas em uma cadeira, é ter muita paciência, muita disciplina. A Gloria (Pires) está muito feliz com o resultado e nós também", explica Gilvete. 

Enquanto alguns personagens carregam uma produção maior no cabelo e na maquiagem e estarão sempre impecáveis em cena, Aline, a protagonista da história vivida por Barbara Reis, tem o visual o mais natural possível. "Para a Aline optamos pelo cabelo como ele realmente é. Todos os dias no Mato Grosso do Sul antes de a Barbara (Reis) ir dormir eu ia no quarto dela e falava: ’vamos fitar o cabelo’. Fitar é o que a gente chama para ficar um cabelo o mais natural possível, sem usar secador, eu fazia isso e misturava o creme que a própria atriz usa. Também deixamos a cor mais escura, ela estava com as pontas loiras no trabalho anterior. E mantemos o frizz que existe na maioria das pessoas. Você olha e diz: ‘a personagem é uma pessoa do nosso dia a dia’, explica.

Criada e escrita por Walcyr Carrasco, a obra é escrita com Márcio Haiduck, Vinícius Vianna, Nelson Nadotti e Cleissa Regina, com direção artística de Luiz Henrique Rios, direção geral de João Paulo Jabur e direção de Tande Bressane, Jeferson De, Joana Clark, Felipe Herzog e Juliana Vicente. A direção de gênero é de José Luiz Villamarim e a produção é de Raphael Cavaco e Mauricio Quaresma.


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