Por Helder Moraes Miranda, jornalista e crítico de cultura, especial para o portal Resenhando.com.
Vencedor do Oscar de Melhor Animação em 2003 e até hoje o filme mais celebrado do Studio Ghibli, "A Viagem de Chihiro" é uma fábula sobre amadurecimento, tão encantada quanto inquietante. Dirigido por Hayao Miyazaki, o longa que retornou aos cinemas no Ghibli Fest 2025, no Cineflix Santos, acompanha a jornada de Chihiro, que começa como uma menina insegura e termina como uma adolescente transformada pela experiência de atravessar um mundo que mistura sonho, mito e crítica social.
A comparação com "Alice no País das Maravilhas" é inevitável, mas Chihiro não se perde apenas em um universo sem lógica: ela enfrenta um território regido por regras claras, mas impiedosas, onde a identidade pode ser roubada e o desejo de poder corrompe até os deuses. É nessa travessia que o filme revela sua força: a cada desafio, Chihiro aprende a preservar laços familiares, a proteger quem ama e a confiar mais em si mesma. O amadurecimento, aqui, não é lição de moral, mas consequência natural da coragem em tempos de incerteza.
Como em toda obra de Miyazaki, o respeito à natureza está presente. O episódio do espírito poluído do rio, purificado pela generosidade de Chihiro, é um dos momentos mais simbólicos do cinema contemporâneo: ao mesmo tempo em que fala de ecologia, toca em algo mais profundo, a ideia de que os vínculos entre humano e ambiente são inseparáveis.
Mas "A Viagem de Chihiro" também aborda moralidade sob outra chave. Em um mundo dominado pela bruxa Yubaba, onde tudo pode ser comprado ou transformado em contrato, a protagonista cresce justamente por não ceder à ambição. É a ausência de ganância que a salva, assim como a capacidade de olhar para os outros sem julgamento e reconhecer o que vale dentro de cada ser - mesmo quando esse ser é um espírito mascarado que devora tudo à sua volta.
No fim, "A Viagem de Chihiro" é uma metáfora sobre atravessar a infância e sair dela diferente. Um filme que mistura medo e ternura, escuridão e beleza, e que continua tão atual quanto no dia da estreia, há mais de 20 anos. Chihiro retorna transformada: mais forte, mais consciente, mais humana. É esse o verdadeiro poder do cinema de Miyazaki: lembrar de que crescer dói, mas também ilumina.
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