Quatro vezes indicado ao Nobel da Paz, Dom Helder Câmara, Arcebispo de Olinda e Recife, deixou um forte legado por conta de seu trabalho social e sua luta contra as desigualdades. Seus ideais seguem representados em cada projeto iniciado ou fortalecido por sua atuação e são celebrados no documentário inédito “Utopias Peregrinas: Dom Helder Câmara”, que estreia com exclusividade no canal Curta!.
Viabilizado pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e com produção da Alumia Filmes, o filme, dirigido por Camilo Cavalcante e César Rocha, retrata a trajetória de uma das mais importantes e influentes figuras religiosas do país, que continua a ser lembrada por sua humildade, coragem e solidariedade mesmo tantos anos depois de sua morte, em 1999, aos 90 anos. Para contar essa história, os diretores lançam mão de imagens de arquivo e depoimentos inéditos de personalidades como o padre Júlio Lancelotti, a fundadora do Instituto Dom Helder Câmara, Teresa Duere, e a freira e teóloga Ivone Gebara, entre outros.
“Eu nunca vi alguém com tal capacidade de trabalhar em equipe. Era um bispo da Igreja Católica, mas, de fato, um homem do mundo”, define o monge beneditino, escritor e teólogo Marcelo Barros. De trato gentil e acolhedor, Dom Helder começa a se destacar como líder ainda enquanto padre, em 1955. No Rio, é responsável por organizar o Congresso Eucarístico Internacional, evento que se tornaria um momento de virada nos seus ideais, desvencilhando-se do passado como membro da Ação Integralista Brasileira (movimento ultranacionalista de viés fascista). Confrontado pela dicotomia entre a desigualdade da cidade e a estrutura do evento, inicia sua trajetória de luta.
O documentário mostra como ele passou a enxergar as dores do mundo e lutar para transformar a realidade, e apresenta os frutos de suas iniciativas. Entre elas, está a criação da Cruzada São Sebastião, conjunto habitacional levantado no contexto de remoção das favelas da Zona Sul carioca, e projetos de agricultura familiar no Nordeste, cedendo terras à população para áreas de produção coletiva.
“Acho que o principal legado de Dom Helder é não naturalizar que tenha tanta gente sem casa, gente passando fome, de uma minoria ter riqueza concentrada em suas mãos construída a partir da exploração do povo trabalhador. O legado é despetrificar nosso coração e chamar de injustiça o que é injustiça”, afirma o fundador da Igreja Batista do Caminho, professor, político e pastor Henrique Vieira.
O longa-metragem ressalta como Dom Helder passa a liderar um movimento por uma Igreja Católica mais humilde, popular e próxima ao povo, incentivando a renúncia aos luxos. Sua posição cria inimigos dentro da Cúria e no campo político. No Brasil, ele se destaca como voz da oposição e denuncia as violências da Ditadura Militar.
Boicotado pelo Governo Médici, suas indicações ao Nobel da Paz não se concretizam em premiação. Contudo, os beneficiados pelos seus projetos sociais e as novas gerações engajadas e comprometidas na defesa dos Direitos Humanos mostram que os ideais de Dom Helder Câmara permanecem vivos, uma referência humanista que pavimenta a esperança.
“Uma das faltas mais importantes de Dom Helder no mundo de hoje é sua capacidade de ser acendedor de utopias. Seus braços abertos, seu sorriso, sua maneira de abraçar o mundo e mobilizar pessoas são muito necessários hoje, num mundo em que vivemos cada vez mais em isolamento”, ressalta o diretor consultivo do IDHeC Antonio Carlos Aguiar.
“Utopias Peregrinas: Dom Helder Câmara” é uma produção da Alumia Filmes, viabilizada pelo Curta! através do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). O documentário também pode ser visto no CurtaOn – Clube de Documentários, disponível no Prime Video Channels, da Amazon, na Claro TV+ e no site oficial da plataforma (CurtaOn.com.br). A estreia é no dia temático Sextas de História e Sociedade, 20 de junho, às 22h. Compre os livros sobre Dom Helder Câmara neste link.
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