sábado, 9 de agosto de 2025

.: Bernadete Moraes revela como a mente sabota e como reprogramá-la

Por Helder Moraes Miranda, especial para o portal Resenhando.com. Foto: divulgação

Em um cenário em que a busca por autoconhecimento e saúde mental ganha cada vez mais urgência, Bernadete Moraes - psicanalista, pedagoga sistêmica e hipnoterapeuta - chega para desafiar o leitor a encarar a maior armadilha que as pessoas criam: as mentiras internas que bloqueiam o desenvolvimento e paz interior. Coautora do best-seller "Seja (Im) Perfeito", ela lança agora o livro "Pare de Mentir para Si Mesmo", publicado pela Editora Gente.

A obra que mergulha fundo nas ilusões mentais que sustentam a autossabotagem e oferece um método psicossistêmico para desmontar essas narrativas falsas e resgatar a autonomia emocional. Nesta entrevista exclusiva para o Resenhando.com, ela conversa sobre as complexas dinâmicas entre mente, trauma, crenças limitantes e liberdade emocional - e desafia você a parar de se enganar e reescrever uma história de vida com coragem e clareza. Compre o livro "Pare de Mentir para Si Mesmo", de Bernadete Moraes, neste link.


Resenhando.com - A mente humana é expert em criar narrativas para se proteger - até que ponto essa autossabotagem pode ser considerada uma forma de autopreservação legítima e quando ela se torna um cárcere mental?
Bernadete Moraes - A autossabotagem é, muitas vezes, um grito de autopreservação. A mente cria narrativas ilusórias para evitar o sofrimento, repetindo padrões que mantêm o indivíduo em uma zona conhecida - ainda que dolorosa. No olhar psicossistêmico, isso é compreendido como uma estratégia inconsciente de sobrevivência, enraizada em traumas, lealdades familiares e crenças limitantes. Ela se torna um cárcere mental quando impede o fluxo natural da vida, bloqueando o movimento da alma rumo ao crescimento, à liberdade e à verdade pessoal.


Resenhando.com - Seu método integra ciência, psicanálise, hipnose e abordagens sistêmicas. Você acredita que o autoconhecimento profundo pode substituir, em algum momento, a necessidade de medicação para transtornos mentais, ou essas ferramentas devem sempre caminhar juntas?
Bernadete Moraes - A medicina tem seu lugar e deve ser respeitada. No entanto, muitas vezes a medicação trata o sintoma, não a causa. O autoconhecimento profundo, quando conduzido de forma ética, amorosa e integrada, pode transformar o terreno onde o sofrimento se instala. Já acompanhei casos em que a transformação foi tão significativa que a medicação se tornou desnecessária — sempre com acompanhamento médico. O psicossistêmico não substitui, mas complementa. Ele convida o paciente a se tornar o protagonista da própria cura.


Resenhando.com - No seu livro, você fala em “mentiras que contamos a nós mesmos”. Qual é a mentira mais comum e mais perigosa que as pessoas se contam, e que poucos têm coragem de confrontar?
Bernadete Moraes - A mais comum e perigosa é: “Eu sou assim mesmo, não tem jeito”. Essa mentira cristaliza a identidade em um lugar de impotência, como se a pessoa estivesse condenada a repetir o que viveu. No fundo, ela esconde medo, dor e vergonha. Confrontar essa mentira exige olhar para as feridas da infância, para os condicionamentos herdados - e isso dói. Mas é aí que começa a libertação.


Resenhando.com - Em sua experiência, até que ponto as “lealdades familiares” inconscientes moldam nossas escolhas - e como se libertar dessas amarras sem romper com a própria história?
Bernadete Moraes - As lealdades familiares moldam nossas escolhas de forma profunda. No inconsciente, existe o desejo de “pertencer” à família, mesmo que isso signifique repetir fracassos, doenças ou dores ancestrais. Libertar-se dessas amarras não é desrespeitar a história, mas honrá-la de forma madura: reconhecendo que é possível continuar o legado familiar com mais saúde, consciência e liberdade. No Método Psicossistêmico, trabalhamos esse rompimento simbólico com amor, inclusão e verdade.


Resenhando.com - O que você diria a quem está preso no ciclo da autossabotagem, mas teme encarar as próprias feridas porque tem medo do que pode encontrar?
Bernadete Moraes - Eu diria: você já está convivendo com a dor - só que ela está disfarçada de rotina. Encarar as feridas dói, sim. Mas negar esse enfrentamento gera um sofrimento silencioso, contínuo e, muitas vezes, devastador. O medo passa. A cura fica. Enfrentar as sombras é um ato de amor-próprio - e no caminho, você vai descobrir uma força que nem imaginava que tinha.


Resenhando.com - Como psicanalista e educadora, você vê a educação formal atual preparada para integrar saúde mental de forma efetiva, ou ainda seguimos numa lógica obsoleta que alimenta crenças limitantes?
Bernadete Moraes - Ainda vivemos uma educação que prioriza notas, desempenho e controle. Pouco se fala sobre emoções, pertencimento e sentido de vida. A criança é vista como um “aluno”, não como um ser sistêmico com uma história, uma família e uma subjetividade. A mudança já começou, mas ainda é tímida. Precisamos educar para o ser, não apenas para o fazer.


Resenhando.com - Você liderou projetos em políticas públicas para autoestima e autoconhecimento. Qual é o maior desafio para que as esferas públicas e privadas adotem a saúde emocional como prioridade real?
Bernadete Moraes - O maior desafio é a mentalidade de curto prazo. Muitos gestores ainda enxergam a saúde emocional como algo secundário ou intangível. O olhar psicossistêmico mostra que o emocional impacta diretamente nos resultados - seja na educação, na produtividade ou na saúde pública. Falta coragem política e visão humanizada. O futuro será de quem compreender isso agora.


Resenhando.com - O seu livro propõe exercícios vivenciais para desbloquear emoções. Na sua opinião, por que a maioria das pessoas prefere soluções rápidas, como remédios ou fórmulas mágicas, ao invés de se engajar nesse processo de autorresponsabilidade?
Bernadete Moraes - Porque fomos educados a não sentir. A sociedade nos vendeu a ilusão de que curar é apagar o sintoma - e não entender o que ele quer dizer. O remédio, muitas vezes, alivia. Mas só o mergulho consciente cura. As pessoas fogem da autorresponsabilidade porque ela exige mudança, atitude e enfrentamento. Mas só ela nos devolve o poder da vida.


Resenhando.com - A autossabotagem muitas vezes é invisível até para quem a vive. Quais sinais sutis indicam que alguém está preso nessa armadilha mental?
Bernadete Moraes - Sinais como: procrastinar sonhos, atrair relacionamentos tóxicos, ter medo de crescer, sentir culpa quando se sente feliz, repetir padrões familiares de fracasso. Tudo isso são vozes internas dizendo: “Você não pode”, “Você não merece”, “É melhor não tentar”. O olhar psicossistêmico ajuda a ouvir essas vozes e ressignificá-las.


Resenhando.com - Se você pudesse implantar uma mudança radical no modo como a sociedade enxerga a mente e o sofrimento psíquico, qual seria o ponto central dessa revolução?
Bernadete Moraes - Eu implantaria a consciência de que o sofrimento psíquico é um pedido de escuta da alma, ou da mente profunda. Não é fraqueza, não é falha, não é desvio. É uma tentativa de reorganizar a história interna. Se a sociedade aprendesse a acolher a dor com presença, sem julgamento e com responsabilidade, viveríamos em uma cultura de saúde integral - não de repressão emocional.


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