quinta-feira, 2 de março de 2006

.: Resenha de "C. S. Lewis: O Mais Relutante dos Convertidos"

A fé acima de qualquer barreira
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em março de 2006


O mágico da escrita infantil e juvenil. O autor do muito conhecido, "As Crônicas de Nárnia", C. S. Lewis, certamente pode encaixar-se nesta breve definição quando a análise em questão é a sua escrita. Em contraponto, "C. S. Lewis: O Mais Relutante dos Convertidos", de David Downing (tradução de Almiro Pisetta e Fernando Dantas), tem como assunto em questão a fé cristã do escritor, além de informar sua jornada pessoal, isto é, apresenta o lado intelectual e espiritual de Lewis.

O escritor irlandês, amigo de J. R. R. Tolkien (autor de O Senhor dos Anéis), apesar de ter escrito muitas de suas histórias regadas em suas influências religiosas, teve uma adolescência de dúvidas, chegando a ser ateu. Ainda em seus 17 anos, disse a um amigo: "Não acredito em nenhuma religião. Não existe absolutamente prova alguma para nenhuma delas e, do ponto de vista filosófico, o cristianismo nem mesmo chegar a ser a melhor". Interessante não? 

Creio que a pergunta agora seja: Como ele mudou de opinião? A mudança de fato foi drástica, pois apesar dos pesares, sua falta de fé mostrava-se grande. "Logo após o final da 1ª Guerra Mundial, Lewis um veterano ferido, gabava-se de que enquanto esteve nas trincheiras 'nunca descera tão baixo a ponto de orar'. Quase na mesma época, esbravejou a um amigo religioso: 'São demais as coisas que você aceita como verdadeiras. O problema é que você não pode começar com Deus. Eu não aceito Deus!'". Frase forte para se dizer. Não que tenha algo contra os ateus. Digo isto pelo fato de que anos mais tarde, ele transformou-se em um grande escritor cristão.

Como assim? De acordo com Downing, "o homem que o Papa João Paulo II escolheu para aclamar como defensor habilidoso da fé, só retornou à sua fé de infância quando atingiu a casa dos 30 anos". Resultado: C.S. Lewis tornou-se no "mais abatido e relutante convertido de toda a Inglaterra".

Ok. A transformação religiosa do escritor, que teve a vida adaptada para os cinemas, em Terra das Sombras (com Anthony Hopkins e Debra Winger), aconteceu de maneira gradativa. Não foi com a morte de seu pai, em setembro de 1929, que ele recuperou a fé. "Todavia, esse período de cura espiritual foi quase certamente reforçado e aprofundado pela cura emocional que ocorreu durante o último mês da vida de Albert Lewis (o pai)".

Na maturidade, ou melhor por volta de seus 50 anos, Eustace Clarence Scrubb, o garoto que aos 4 anos mudou seu nome para Jacksie, o qual, com o passar do tempo tornou-se, Jack, casou-se com Joy Davidman, sendo que posteriormente a perdeu para o câncer, após três ano de matrimônio. "Nessa perda trágica, há ecos assustadores da outra grande provação na 'terra das sombras' da vida de Lewis, a perda de sua mãe, também para o câncer, aos 46 anos de idade, quando Lewis tinha 9 anos".

Sabe-se que Lewis escreveu um tratado defendendo os milagres, embora sua história de vida (espiritual) tenha sido até mais eloqüente que seu conjunto de obras. Não entendeu? Em suas obras, ele simplesmente usou de sua mente perspicaz e de suas emoções, combinando com muita bondade.

A obra publicada pela Editora Vida conta com prefácio, introdução, epílogo, assim como títulos das obras de Lewis. O livro dividido em oito capítulos, conta com 202 páginas para: "A felicidade malsegura da infância", "O território da meninice", "Simples ateísmo no início da adolêscencia", "A masmorra de uma alma dividida", "Dualismo durante os anos da Guerra", "'Desregrado apetite espiritual'  e o fascínio do oculto", "Idealismo e panteísimo na década de 1920" e "A descoberta da verdade nas velhas crenças".

Não há dúvidas de que este livro deve ser lido por todos que gostam de dedicar o seu tempo ao que acrescenta, inclusive aqueles que estão na "corrida" ao volumoso As Crônicas de Nárnia, pois, certamente, é melhor conhecer as tendências e um pouco da vida de seu autor, antes de ler suas famosas obras.

Livro: Livro: C. S. Lewis: O Mais Relutante dos Convertidos
Autor: David Downing
Categoria: Biografia
202 páginas
Tradução: Almiro Pisetta e Fernando Dantas
Ano: 2006
Editora: Vida

.: Entrevista com Bruna Angrisani, jornalista

"Se algo mudou, eu diria que foram meus valores". – Bruna Angrisani

Por: Helder Moraes Miranda, com colaboração de Rômulo Roberto Pereira e Andréa Cobra

Em março de 2006



Vegetariana Cosmopolita: Bruna Angrisani, ex-participante do Projeto Piloto na MTV, fala que nem tudo que é assistido nos reallity shows corresponde à realidade. Confira o imperdível depoimento sobre seu trajeto no caminho de Santiago


Ela tem 24 anos, mas suas experiências a fazem se destacar das outras pessoas. Tanto que foi escolhida entre dez mil pessoas para participar de um programa que a tornou famosa. No mês do Dia Internacional da Mulher, a personalidade em questão é uma moça linda, de fala doce e olhos expressivos, que complementam suas idéias e poderia ser representada pela música You´re Beautiful, de James Blunt. 

Trata-se de Bruna Angrisani, conhecida nacionalmente por sua participação no programa Projeto Piloto, exibido em 2005 pela MTV. Na verdade, do convite até a concretização da entrevista –por falta de tempo dos entrevistadores e da entrevistada–, foi um longo namoro, e Bruna falou, em dois momentos extremamente oportunos: a consolidação dos reallity shows –embora com fórmula desgastada, a sexta edição do programa Big Brother Brasil rende à Globo picos acima de 40 pontos, pouco menos que a edição passada. 

E pelo fato de que o filme favorito ao Oscar –O segredo de Brokeback Mountain– que liderava a corrida com oito indicações ao Oscar, ter terminado a disputa com apenas três prêmios, além de inclusive perder a principal premiação para Crash – No Limite. Ambos os filmes tratam de preconceito, mas enquanto Crash focava em questões sociais e raciais –algo considerado mais digerível pela academia?–, o foco central de Brokeback Mountain é a homossexualidade de dois homens. 

O crítico do Los Angeles Times, Kenneth Turan, viu no pequeno número de estatuetas para Brokeback Mountain como uma prova de que Hollywood não está pronta para aceitar o tema do amor homossexual. Na entrevista exclusiva, Bruna fala sobre a vida transformada em show, sua homossexualidade, o percurso no Caminho de Santiago e porque se tornou vegetariana. Acompanhe, agora, um dos melhores RG já publicados no Resenhando.com.

          



RESENHANDO -  Tudo que é mostrado em um reallity show é verdade? Há distorções? Quais?
BRUNA ANGRISANI - Se considerarmos que um reallity show é gravado em período integral e que os telespectadores assistem apenas de 30 minutos a 1h do material gravado em um dia inteiro, podemos concluir que este material foi editado certo? Se a partir disso, analisarmos que o diretor e o editor de imagens são seres humanos e que cada um possui seus valores, inclinações, são seres parciais por natureza e que além de tudo isso a emissora precisa cumprir os compromissos com os patrocinadores, ou seja, garantir a audiência do programa, não nos restaria a menor dúvida quanto às distorções. Entre as diversas que eu pude presenciar estão desde o incentivo a certo tipo de comportamento e críticas, até a eliminação de imagens que pudessem comprometer a popularidade de determinados participantes. Episódios que certamente ocorrem em qualquer reallity show.


RESENHANDO - Você está entre um grupo restrito de pessoas que teve a experiência de participar de um reallity show, em uma emissora de grande porte no Brasil. O que isto acrescentou a você, e o que mudou em sua vida?
BRUNA ANGRISANI - Ah, para falar a verdade não mudou muita coisa não, ainda bem. Acrescentei esta experiência em meu Curriculum, foi uma oportunidade inefável e enriquecedora que me proporcionou aperfeiçoamento profissional, contatos e momentos surreais. Até hoje as pessoas associam minha imagem ao Projeto Piloto. Já tive até que dar autógrafo e posar para fotos, rsrs. No entanto, o motivo que me fez estar ali foi a oportunidade de trabalhar naquela emissora e eu estava focada nisso. Se algo mudou, eu diria que foram meus valores. O glamour que envolve o trabalho numa emissora de televisão de grande porte não tem valor maior para mim do que as coisas simples e menos ainda, do que o convívio com as pessoas que eu amo e que me amam de verdade.


RESENHANDO - Ser escolhida entre dez mil pessoas a torna especial. Em sua opinião, o que a diferencia da maioria?
BRUNA ANGRISANI - Nada.


RESENHANDO -  Durante o andamento do programa, era comum ler críticas de que os participantes do reallity show desperdiçaram a oportunidade. Você acha que o espaço dado realmente não foi aproveitado com programas inovadores? 
BRUNA ANGRISANI - Primeiramente a palavra “aproveitamento” é conceitual, ou seja, cada indivíduo tinha o direito de achar determinado programa mais ou menos proveitoso...Tanto eu, como o próprio Cazé, o diretor e os telespectadores, todos temos as nossas preferências. Agora na minha opinião, houve programas bem bobinhos e superficiais como também acho que fizeram programas bem criativos e críticos. Acho que o mais interessante disso tudo foi a diversidade de idéias.


RESENHANDO - Os competidores tinham a total liberdade de criar novos programas ou teve algum parâmetro, imposto pela emissora?
BRUNA ANGRISANI -  Todos tínhamos total liberdade desde que a idéia central passasse pela aprovação dos diretores. Não houve parâmetro, mas tudo tinha que ser realizado praticamente sem nenhuma verba, o que foi um desafio.


RESENHANDO -  "Projeto Piloto" serviu como escola, ou foi apenas mais um reallity show?
BRUNA ANGRISANI -  Como eu já disse anteriormente eu estava ali focada no emprego que eu poderia ganhar da MTV. Inclusive eu entrei meio por acaso porque fui chamada por meio de uma inscrição que eu fiz no site da emissora, cujo anúncio era: “Você quer trabalhar na MTV? Mande o seu Curriculum aqui”. Quando me ligaram para fazer a primeira entrevista, eu estava certa de que era para um emprego e só fui avisada quando o teste terminou. Hesitei um pouco por não gostar muito de reallity shows, mas não dei muita importância porque achei que não fossem me chamar para o segundo teste. Foi quando me chamaram novamente que eu percebi que deveria me posicionar. A partir daí decidi encarar o Projeto Piloto como uma seletiva de emprego. Eu estava desempregada e não tinha nada a perder.
Valeu a pena, não me arrependo. Aprendi coisas bem interessantes sobre bastidores, rotina televisiva e conheci pessoas ótimas na emissora.


RESENHANDO -  Em algum momento, você se sentiu perseguida no programa?
BRUNA ANGRISANI -  Não.


RESENHANDO -  Acha que a vencedora do programa, que havia sido eliminada pouco antes da final, mereceu ganhar a disputa? Para você, foi um critério justo a repescagem?
BRUNA ANGRISANI - Acho que não. A repescagem seria justa se a Carol Romano fosse a vencedora.


RESENHANDO - Como foi lidar com ego de alguns participantes? Em um reallity show, é necessário ter mais jogo de cintura do que na vida real?
BRUNA ANGRISANI - Hummm, isso foi complicado, rsrs. Foi interessante para analisar até onde as pessoas chegam em nome da fama. Era muito bizarro perceber como algumas pessoas eram sinceras e uma ou outra até mudava o tom de voz ou a postura diante da câmera para obter mais destaque. Com certeza tem que ter mais jogo de cintura porque ali você não sabe se está lidando com uma pessoa ou com um personagem. Era importante ter esta sensibilidade.


RESENHANDO -  Na época do programa, seu Orkut foi bombardeado de pessoas que a agrediam verbalmente, o que fez com que você se auto-deletasse. O que acha disto? E qual sua opinião sobre a superexposição que o Orkut traz para as pessoas atualmente?
BRUNA ANGRISANI - Eu não saí do Orkut apenas por isso, até porque assim como algumas pessoas entravam para ofender, muitas deixavam mensagens de carinho e apoio também. O que ocorreu foi que eu já estava um pouco em crise com o Orkut por toda esta vulnerabilidade que ele traz para as pessoas e porque naquele momento especial que eu estava vivendo eu queria compartilhar com os amigos e pessoas queridas. E naquele período, quem transitava no meu Orkut e pedia autorização para eu adicionar eram pessoas que eu não conhecia e que estavam ali em busca da Bruna do Projeto Piloto. Para mim perdeu todo o sentido e até pensei em não usá-lo mais. Só mudei de idéia porque senti falta de estar em contato com os amigos distantes e tive que admitir que ele tem lá suas utilidades, rsrs .


RESENHANDO -  Como é o bastidor da MTV, emissora em que nove entre dez adolescentes querem trabalhar? O que é idealização, e o que é verdade?
BRUNA ANGRISANI -  É bem bacana, pessoas interessantes, informalidade, embora seja muito bem organizada. Imagine uma emissora de televisão normal, só que com muito colorido, cabelos modernos, tênis e camiseta.


RESENHANDO - Como foi a experiência do intercâmbio que você fez na Europa? 
BRUNA ANGRISANI - Foi demais, muito enriquecedor...um choque de informações, cultura e emoções que provocou uma revolução dentro de mim. Identifiquei-me demais com as pessoas e fiz amigos para a vida inteira, principalmente os que não eram espanhóis, ou seja, alemães, italianos, franceses, tchecos, eslovacos e etc. Morei um ano e dois meses em Santiago de Compostela, uma cidade universitária e turística que recebe estudantes de intercâmbio todos os anos e tem muito entretenimento e diversão para este tipo de público. A Espanha, sobretudo é um país muito charmoso e um dos maiores centros culturais da Europa. É muita história para contar... foi incrível!


RESENHANDO -  Que descobertas pessoais você fez no Caminho de Santiago? Como foi o percurso, e o que pensava enquanto percorria o caminho?
BRUNA ANGRISANI - Eu resolvi fazer o caminho de Santiago duas semanas antes de voltar ao Brasil porque não queria ir embora sem fazê-lo. Só que como a universidade estava em período de férias, foi difícil encontrar companhia porque meus melhores amigos já haviam retornado a seus respectivos países. No dia 25 de setembro de 2004 eu partia da residência universitária com meu cajado na mão, mochila nas costas, minha câmera de fotos e um pouco de frio na barriga, rsrs. Fiz o caminho mais curto, com duração de três dias e meio, via Santiago – Finisterre, onde na antiguidade acreditou-se que era ali o fim do mundo (na época em que pensavam que a terra era quadrada). Vi coisas que nunca vi na vida por sempre ter vivido na urbanidade. Pés de amora, pêra, maçã, castanhas, uva, pêssego, além de umas senhoras muito típicas da Galícia cuidando do gado, espantalhos nas plantações de milho, flores e paisagens que me faziam crer que estava dentro de algum conto ou filme. Tive tempo de sobra para refletir a respeito daquele momento, dos frutos que colhi com a minha experiência na Espanha e sobre meu retorno ao Brasil. Na chegada a sensação era de liberdade, purificação e eternidade. Foi o fechamento de um ciclo importantíssimo.


RESENHANDO - Você foge do esteriótipo de que a maciça maioria das pessoas ainda imagina uma mulher homossexual: é feminina, delicada, sutil. No entanto, sem precisar, preferiu assumir sua homossexualidade. Por que esta decisão?
BRUNA ANGRISANI - Uau, obrigada pelos elogios...rsrs. Na verdade esta minha decisão partiu de dentro para fora. Eu tive que assumir primeiro para mim e aceitar a minha orientação sexual, para, depois de muito me informar, entender que isso é a coisa mais normal do mundo e que não passa de uma característica genética de cada pessoa como a cor da pele ou a estatura. Isso já é praticamente comprovado, é o que mostram pesquisas científicas bastante objetivas, quem tiver interesse pode pesquisar. Eu digo “orientação sexual” porque ninguém “opta” por ser gay, simplesmente porque a vida de um heterossexual é muito mais fácil, seria burrice. Sobretudo aqui no Brasil, que apesar da população gay ser bem elevada, o preconceito e o desrespeito contra os homossexuais é brutal. A partir desta primeira etapa eu não tive que tomar decisão nenhuma, só passei a viver normalmente, contar a verdade aos amigos e família porque cheguei tarde no final de semana, andar de mãos dadas na rua, entre outras coisas que a sociedade só permite aos heterossexuais.


RESENHANDO - Você já chegou a ficar com rapazes. Isto lhe incomodava, ou considera algo normal?
BRUNA ANGRISANI -  Foi um período de transição e auto-conhecimento. Não me incomodava, mas não era o que eu queria para mim. Na época eu não tinha isso muito claro.


RESENHANDO - Como descobriu-se homossexual? O que diria para quem está lendo e sofre com os mesmos questionamentos que teve de passar?
BRUNA ANGRISANI - A vida trata de descobrir isso por você, é só prestar atenção nos sinais. Tem gente que escolhe viver amargurado, com duas vidas, uma real e outra fictícia, aquela que se conta para a família e amigos, sabe? Outras pessoas optam por ser feliz e respeitar suas próprias vontades e decisões. A decisão de aceitar a orientação e de como lidar com ela é muito particular. A informação afaga e acolhe. Neste caso, ela é fundamental para desatar alguns nós e garantir a auto-estima e o bem-estar do indivíduo que ainda está se descobrindo.


RESENHANDO - Em relação a carreira de jornalista, você prefere TV ou veículos impressos? Por que? Quais os próximos passos?
BRUNA ANGRISANI - Em ordem de preferência, a TV, o online e a assessoria de imprensa, por pura identificação mesmo. Mas do jeito que a coisa anda hoje em dia não dá muito para escolher, né? No momento eu escrevo para o site da empresa Red Bull. Vamos ver o que vem por aí.


RESENHANDO -  Por que se tornou vegetariana? Em que comer carne pode nos prejudicar? 
BRUNA ANGRISANI - Quando criança eu fiz uma viagem com a minha mãe à um sítio em Peruíbe e, por acaso, acabei presenciando o sacrifício de um porco. Foi horrível, ele gritava...e aquela imagem ficou na minha cabeça. A partir daquele momento eu questionei o motivo de um animal ter que morrer para eu me alimentar e há muito tinha vontade de parar de comer carne, mas acreditava naquele mito de que vegetariano só come salada, tem anemia ou que é carente de proteína e etc. No entanto, sempre busquei me informar sobre o assunto, mas só consegui me tornar uma mesmo quando fui trabalhar nas gravações de um filme espanhol e conheci de perto o bandejão gorduroso que a equipe era obrigada a comer todos os dias. Um espanhol, amigo e colega de equipe, era vegetariano e cozinhava só para ele nas gravações. Conversávamos muito sobre o assunto e neste período ele acabou me convidando para comer com ele e me ensinou algumas receitas. Bom, rsrs....isso ocorreu há 1 ano e 6 meses e hoje eu nem consigo sentir o cheiro de nenhum tipo de carne. A questão da saúde para mim foi apenas um entre os vários motivos que me levaram a ser vegetariana. Evitar carne é um dos melhores e mais simples caminhos para evitar um ataque cardíaco ou desenvolver câncer. Existem os motivos morais e éticos também, para saber mais entrem neste link: http://www.vegetarianismo.com.br/
artigos/21motivos.html. Quer mais motivos? A comida é saborosíssima, tem um aroma delicioso e é extremamente saudável.


RESENHANDO - Você tem planos de criar uma ONG sobre o assunto. Pode nos adiantar detalhes?
BRUNA ANGRISANI - A ONG é um projeto futuro, idealizado por mim e pela minha namorada que é veterinária. Nós já temos uma empresa de alimentos vegetarianos que visa promover o vegetarianismo e consequentemente o bem estar animal http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=7888551 (grano no orkut). Mais tarde pretendemos participar mais ativamente desta causa, não somente por meio da alimentação, mas de outros serviços como castrações, palestras educativas e etc.

quarta-feira, 1 de março de 2006

.: Resenha de "O Caramuru: Épico do Descobrimento da Bahia"

Índios canibais e portugueses em meio a seus ricos costumes e tradições
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em março de 2006


Obra baseada na história de Frei José de Santa Rita Durão, mostra riqueza das lendas indígenas que constituem o retrato do Brasil colonial.


Lendas e mais lendas. Um Brasil recém-descoberto. Indígenas que temem a pólvora. Creio que tais pistas já o tenha situado a que livro aqui quero falar. Sim, O Caramuru. No entanto, não discursarei sobre a obra integral, mas, sim sobre "O Caramuru: Épico do Descobrimento da Bahia", a adaptação de Cecília Casas, publicada pela Landy Editora. O livro que por sua qualidade literária recebeu da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infatil e Juvenil) o selo "Leitura Altamente Recomendada", não perde da narrativa original. 

Tudo começa em 1510, com o naufrágio de Diogo Álvares. Nas costas da Bahia, ele e seus seis companheiros, alcançam a praia e deparam-se com índios canibais. Como assim? "Em 1510, logo após o descobrimento do Brasil, soçobrou nas costas da Bahia uma nau portuguesa, comandada por Diogo Álvares Correia, que viera ao Novo Mundo com a missão de povoar 'da nova Lusitânia, o vasto espaço'. [...] Os náufragos não reagiram quando aquela turba, armada de arcos, flechas, pedras, espada de pau-ferro, os despojaram e se apossaram de suas roupas molhadas. Depois receberam da bárbara gente batata, coco e inhame, que assim o fez, não por piedade ou intuito hospitaleiro, mas por gula: para cevá-los".

Contudo, para não virarem comida de canibais, Diogo, foi até a nau encalhada nos arrecifes e trouxe pólvora, balas e espingarda. Resultado: Com um tiro ele passa a ser chamado de Caramuru que significa filho do trovão, dragão do mar e homem de fogo. Após salvar a pele dos "visitantes" da fome dos índios, Diogo, passa a ser temido pelo indígenas, pois para eles o homem havia sido enviado por Tupá.

Neste meio tempo, eles firmam-se no local, iniciando uma colonização. O que eu disse? Disse que assim, realizou-se a conversão dos índios ao catolicismo, não alimentar-se mais de carne humana, entre outros.

A adaptação traz de forma condensada a narrativa do poeta e religioso Santa Rita Durão, mas preserva os significados da obra original. Não há dúvidas que a publicação oferece aos jovens uma excelente opção para aproximar-se e saber mais sobre o passado colonial do Brasil. Esta é uma excelente leitura para jovens interessados em ter um belo retrato dos costumes e tradições indígenas, assim como da natureza brasileira, sua fauna e flora e integra fatos da história do Brasil até fins do séc. XVIII.

Livro: O Caramuru: Épico do Descobrimento da Bahia
Autor: Cecília Casas
Categoria: Infanto-Juvenil
Ilustrações: Mozart Couto
88 páginas
Ano: 2003
Editora: Landy

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

.: Resenha de "Érica e Seus Caminhos de Amor", Lúcia Pimentel Góes

As muitas dificuldades da adolescência e a desagregação da família
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em fevereiro de 2006


Ela é uma jovem que em meio a reviravoltas de sua própria adolescência, passa por problemas familiares. Ao perder seu sentido de vida, acaba no sexo por sexo e no terrível mundo das drogas. Esta é a personagem principal da obra de Lúcia Pimentel Góes, "Érica e Seus Caminhos de Amor", publicado pela Editora Paulus. Toda a história começa da seguinte maneira: "Érica nos seus dez anos era muito desenvolvida. Olhos que convidavam ao mergulho, mas do qual, se retornava em atordoamento. Cabelos sedosos, negros, caindo-lhe até os ombros. Muito bonito. Algo de sensual que surpreendia ao notar-se sua pouca idade!".

Contudo, ao chegar em casa, com suas irmãs mais velhas, Eunice e Eleonor, assiste a uma cena bastante comum em sua casa: os pais aos gritos e ofensas. Certamente, tais cenas repercutiram negativamente na vida das moças, principalmente para a filha caçula. 

Com a separação dos pais, outra dificuldade: a falta de dinheiro para coisinhas de jovens garotas, até mesmo para um curso de línguas para Érica. No entanto, ao fazer as contas, sua mãe Elenice, consegue matriculá-la, apesar de não perceber problemas sérios com a sua filha mais nova, já que as outras são tranqüilas e parecem ser bastante ajuizadas.

O tempo passa e Érica percebe o quanto perdeu de sua juventude, ao cair nos braços de um e outro e por fazer uso de drogas. Sua vida enrola-se cada vez mais, como um infinito novelo de linha, o qual parece impossível encontrar o início do fio. Eis que o que parece, nem sempre é. Érica apaixona-se, de verdade, e resolve lutar para vencer seus problemas passados, sem usar seu corpo. Tais dificuldades a atrapalham a viver esse amor. A jovem decide fazer tratamento psicológico, o que a ajuda ainda mais na tentativa de fazer as coisas da maneira mais certa possível.

Definitivamente a leitura do livro é como lição-de-casa aos jovens. Por que? Porque este serve como um alerta para a juventude que pensa poder tudo, desprezando seus pais e todos da família, para desta forma, "livres", aproveitarem a vida, esquecendo-se de respeitar a si próprio em primeiro lugar. Érica e Seus Caminhos de Amor ensina que é preciso amar a si mesmo, para que assim, consiga-se amar a alguém, do contrário, só terá a possibilidade de viver em muitos caminhos de amor, sem nunca poder senti-lo intensamente.

Livro: Érica e Seus Caminhos de Amor
Autora: Lúcia Pimentel Góes
Coleção: Teens
Categoria: Juvenil
Ilustrações: Andréia Resende
88 páginas
Ano: 2005
Editora: Paulus

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

.: Resenha crítica de "Contos de Perrault", da editora Paulus

A magia dos contos de Perrault
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em fevereiro de 2006


Nada de estúdios de animação para facilitar o entendimento dos contos de Perrault. Editora Paulus faz melhor e publica Contos de Perrault, leitura indispensável para os pequenos e os grandinhos também


Atualmente, encontramos contos e mais contos publicados em livros, alguns no formato original (e traduzidos) e outros adaptados. Entre contistas infantis mais conhecidos (sim, nomes que permaneceram ao passar dos séculos) são Hans Cristian Andersen (1805-1875), os irmãos, Wilhelm Grimm (1786-1859) e Jakob Grimm (1785-1863) e Charles Perrault (1628-1703). Todos eles, em diferentes épocas, fizeram uso desta forma de narrativa breve, a qual originalmente acontecia por meio de narração oral. De maneira sucinta contava-se um fato verídico ou lendário, reproduzido com fantasia. Entretanto, a imaginação, a fabulação, a lenda e o anedótico constituem elementos integrantes do conteúdo do conto. Interessante? Sim. No entanto, o que quero discutir aqui, apesar da minha longa introdução (desculpe a minha dificuldade em ser sucinta), é que a editora Paulus, tem como recente publicação a obra, "Contos de Perrault".

A obra de acabamento de luxo, em brochura e capa dura, conta também com ilustrações em preto e branco e coloridas, de Andréa Vilela, além de vasto material. Quer que os cite? Ok. Lá vão eles todos: "Os amores da régua e do compasso e os do Sol e da sombra", "Anticontos - À margem da Eneida", "Os muros de Tróia", "Contos e poemas - Carta ao senhor Abade D´Aubignac", "Diálogo do amor e da amizade", "O espelho ou A metamorfose do orante", "O corvo curado pela cegonha ou O ingrato perfeito", "O labirinto de Versalhes", "A pintura", "Crítica da ópera", "Crítica da ópera ou Exame da tragédia intitulada ALCESTE, ou O triunfo de ALCIDES", "O Banquete dos deuses pelo nascimento do senhor Duque de Borgonha", "Júpiter", "As gêmeas ou Metamorfose das nádegas de Íris em astro", "O holandês robusto", "Metamorfose de um pastor em carneiro", "Contos em verso", "Grisélida", "Pele de Asno", "Os desejos ridículos", "Histórias ou contos do tempo passado", "A bela adormecida no bosque", "Chapeuzinho vermelho", "O barba azul", "O mestre gato ou O gato de botas", "As fadas", "A gata borralheira ou O sapatinho de cristal", "Ricardo do topete", "O pequeno polegar", "Tradução das fábulas de Faërne", "Contos piedosos" e "O caniço do novo mundo ou A cana-de-açúcar". Ufa!

Definitivamente o material reunido é grande, no entanto, sua qualidade ultrapassa a sua grandeza, o que somente lhe atribui um valor inestimável, tornando-se numa perfeita opção para presentear aos pequenos e os mais grandinhos que gostam de retornar ao mundo maravilhoso dos contos de fadas. Por que digo isto? Porque sem dúvida este é um livro para ser passado de geração em geração. Seu conteúdo não tem prazo de validade para ser esgotado algum dia e sua encadernação, certamente permite tornar esta obra uma relíquia de família.

De início, principalmente, para os leitores mirins, a quantidade de páginas do livro pode impressionar, mas a impressão logo passa ao conferir o tamanho graúdo das letras da obra. Conheça o universo de Perrault por meio do fantástico livro editado pela Paulus. Vale a pena, mesmo!

Um pouco do autor: Charles Perrault, escritor, médico e advogado, viveu entre os anos 1628 e 1703. No entanto, ganhou conhecimento atuando como escritor, manteve com Boileu uma longa polêmica literária em que considerava os clássicos modernos superiores aos antigos. Tornou-se mundialmente conhecido com as histórias de fadas, Contos da mamãe gansa (1697), no qual figuram Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, Gato de Botas e Barba Azul. Ao inaugurar o gênero literário Contos de Fada, divulgou histórias tradicionais e outras que integravam o folclore europeu usando uma linguagem simples.

Perrault foi denominado Homero burguês, pela propriedade com que retratou a sociedade de sua época, a partir da metamorfose de certos símbolos dos contos populares. Seu trabalho consistiu em transformar os monstros e animais - aos quais os camponeses atribuíam poderes mágicos - em fadas. Utiliza o confronto dualista entre bons e maus, belos e feios, fracos e fortes, como exercício de crítica à corte. Não raramente, os personagens que representam as classes discriminadas se tornam superiores à nobreza pela inteligência.

Livro: Contos de Perrault
Autora: Charles Perrault
Ilustrações: Andréa Vilela 
295 páginas
Ano: 2005
Tradução: Maria Stela Gonçalves
Editora: Paulus

.: Entrevista com Ivo Pessoa, cantor brasileiro

"A cultura não está estagnada, principalmente por vivermos numa 'aldeia global'". – Ivo Pessoa

Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em fevereiro de 2006




Ele ficou conhecido pelo público em geral no programa FAMA. A terceira edição do programa global, a de maior sucesso e repercussão, gerou bons frutos para a música brasileira. Quais são eles? Resposta fácil. Ivo Pessoa, Marina Elali, Cídia e Dan, Hugo e Thiago, entre outros. No mês de fevereiro, o Resenhando.com traz entrevista exclusiva com um destes maiores sucessos da música brasileira na atualidade: o cantor Ivo Pessoa, dono de uma voz de veludo que está com a canção Uma Vez mais, na trilha sonora da novela "Alma Gêmea".

Ele que já tem contrato assinado com a gravadora Som Livre, fala sobre como foi participar de um reality show, a importância da família, suas influências musicais, sua paixão pelo blues e até de seu gosto pela escrita de Jorge Amado. Confira a entrevista do intérprete da única música original da trilha sonora da novela da seis. Com você, internauta do Resenhando.com, Ivo Pessoa.



RESENHANDO - A sua imagem ganhou conhecimento do público em geral por meio do programa da Rede Globo, FAMA. É inevitável não perguntar, por esse motivo, lá vai: Como foi participar do FAMA?
IVO PESSOA - Olá galera do RESENHANDO! Prazerzão estar aqui com vocês! Participar do FAMA foi maravilhoso, conheci muita gente bacana que hoje faz parte da minha vida! Estar dentro da academia foi sensacional porque foi uma grande oportunidade de aprendizado, além de ser muito divertido! Tenho saudades!


RESENHANDO - Em entrevista ao Resenhando.com, a cantora Marina Elali, sua colega de reality show, ao ser questionada sobre o critério de seleção do FAMA, disse: "Acredito que algumas pessoas façam teste e que outras sejam indicadas". Você concorda ou não? Por que?
IVO PESSOA - A minha experiência pessoal me faz acreditar que não houve indicação de participantes. Acho que todos passaram pelos mesmos testes seletivos. Eu, por exemplo, vi a propaganda e me inscrevi. Acredito também que o programa tenha uma responsabilidade muito grande e não arriscaria a integridade de seu nome, imagem e proposta fazendo indicações. Mas isto é só o que eu penso.


RESENHANDO - Para você, pai, que teve de manter distância do seu filho recém-nascido, quais foram as lembranças mais fortes da sua participação no FAMA?
IVO PESSOA - Pensava no meu filho 24 horas por dia. Acordava e ia dormir pensando nele, mas ficava tranqüilo, pois sempre tive a certeza do João Ivo estar bem cuidado pela Alessandra e por todos que convivem conosco. Meu coração serenava, pois todos os meus esforços eram e são sempre para dar uma vida melhor ao meu filho e à minha família. Agora, a emoção mais forte mesmo era ver meu filho na platéia, aos sábados, e não poder chegar perto dele. Mas ao mesmo tempo aceitava que tudo isso fazia parte do jogo e curti muito sentir essa emoção.


RESENHANDO - Você emocionou o público com o seu vozeirão no programa e agora embala os corações apaixonados com a música "Uma Vez Mais", música-tema das personagens principais da novela "Alma Gêmea". Passado este tempo, como é sair de um reality show e conquistar seu espaço no meio musical? Ser um ex-participante de reality show ajuda ou atrapalha na sua carreira?
IVO PESSOA - A participação no FAMA me ajudou e muito! Projetou um trabalho que eu já vinha fazendo há quase vinte anos. Algumas pessoas pensam que eu comecei a cantar no FAMA e nem imagina que eu já cantei em bares, restaurantes, bailes, batizados e até em praças públicas para poder sobreviver. Há um grande caminho a ser percorrido, quero conquistar muito mais. Sou só uma gota d’água no oceano, mas tenho o mais precioso tesouro para um artista – O CARINHO E O RESPEITO DO PÚBLICO – que o FAMA me ajudou a conquistar. Tem sido muito gratificante! 


RESENHANDO - Conhecendo os bastidores, o que pensa atualmente sobre fazer parte do meio artístico? Existe bastante rivalidade?
IVO PESSOA - Sinto um orgulho muito grande por ser um artista brasileiro. Nunca vi rivalidade por onde passei. Vejo sim é muita união e muita simpatia. Vejo gente do rock junto com gente do sertanejo e gente do axé junto com gente do samba! Há um clima de muita união, graças a DEUS. Se existe rivalidade nunca percebi.


RESENHANDO - Como você analisa o cenário da música brasileira dos últimos anos?
IVO PESSOA - A música brasileira vem passando por várias transformações e recebendo muitas influências, internas e externas. Classes sociais e artísticas se expressando, mostrando seu cotidiano através do som e buscando uma válvula de escape para os problemas e respostas para os questionamentos da vida. A cultura não está estagnada, principalmente por vivermos numa “aldeia global”. Gosto do que está acontecendo, mas ainda acho que falta mais ousadia e mais exploração da criatividade e até do folclore nacional.


RESENHANDO - Fale sobre a sua infância. O que lia e escutava?
IVO PESSOA - Quando garoto lia muita coisa. Desde gibi até livros de Monteiro Lobato. Também gostava dos livros da coleção Vagalume e me apaixonei por Capitães de Areia, o que me abriu as portas para os livros de Jorge Amado. Comecei ouvindo blues e rock, depois vieram os brasileiros. Aos 11 anos ganhei um disco do Moraes Moreira chamado Bazar Brasileiro, achei o máximo! Mas ainda pendia para o lado do blues e do rock. Também ganhei de uma tia minha uma fita K7 do Elvis Presley. Eu me fechava no quarto e ficava imitando Elvis! 


RESENHANDO - Como foi despertado o gosto pela música?
IVO PESSOA - Meu avô era radialista e eu sempre tive contato com discos, principalmente de orquestras americanas como a do Glenn Miller e de música brasileira. Depois que comecei a cantar, lá pelos 10 anos de idade, não parei mais e já tinha vontade de fazer isso pelo resto da vida.



RESENHANDO - Quais cantores e/ou cantoras lhe influenciaram?
IVO PESSOA - Sou eclético, mas nasci para a música com o blues, fui e ainda sou muito influenciado pelos cantores negros de blues como Howlin´Wolf, BB King, Buddy Guy e soulmen como Bobby Womack e Wilson Picket. Me inspiro muito no jeito de cantar do Brasil também, principalmente vozes fortes como a do Altemar Dutra, Nelson Gonçalves e Cauby Peixoto. Mas também me inspira, e muito, o jeito inovador e sempre moderno de Lenine, Caetano, Djavan, Zélia Duncan, Daúde e Ana Carolina.


RESENHANDO - O que diferencia Ivo Pessoa de outros cantores? Qual sua receita para esta voz de "veludo'?
IVO PESSOA - Obrigado pela “voz de veludo”! Não tenho nenhum tipo de cuidado especial com a voz, apesar de ter muita vontade de fazer aulas para conservar meu instrumento de trabalho. Não sei exatamente o que me diferencia dos outros cantores. Na verdade acho que todos os artistas brasileiros batalham muito para conseguir um espaço e comigo não foi diferente. Tento fazer sempre o melhor que posso e sempre com muito amor e verdade!


RESENHANDO - Quais seus planos no cenário musical?
IVO PESSOA - Quero continuar cantando para fazer minha música chegar a um público cada vez maior e desenvolver projetos musicais mais ousados. Tenho muitos planos... tantos que nem dá pra contar numa só entrevista...risos!



RESENHANDO - Além de cantar, você pretende investir em outra área? Por que?
IVO PESSOA - Tenho uma certa paixão por cinema. Gostaria de estudar a fundo a arte da interpretação e não descarto a possibilidade de participar de algum filme. Não sou ator, mas se me convidarem eu topo o desafio na hora! Também porque vejo um grande futuro no cinema brasileiro, porém, a maioria dos musicais que vemos é voltado ao público infantil. Seria legal se pudéssemos fazer musicais direcionados ao público adulto. Tá aí!!! Se pudesse investiria em filmes musicais. 


RESENHANDO - Qual conselho você dá para quem está começando a carreira?
IVO PESSOA - Que não desista NUNCA, por mais absurda que seja a situação em que você se encontra! O que faz a personalidade do artista é a sua perseverança e sua força de vontade, além, é claro, de um certo talento. O artista tem que estar tentando se aperfeiçoar todos os dias, sempre com muita fé em DEUS e auto-confiança.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

.: Resenha de "Grandes Artistas: Vida e Obra", David Spence

O melhor da arte em formato de livro
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em fevereiro de 2006


A arte por si só é muito instigante e convidativa a pensar. Obra da Editora Melhoramentos permite contato mais aproximado entre a obra de arte e o leitor.


Um livro de conteúdo e que chama o seu leitor a entrar (de corpo e alma) no universo mágico da pintura, em suas várias fases. Sim, "Grandes Artistas: Vida e Obra", de David Spence, publicado pela Editora Melhoramentos, é uma obra de muito luxo, não digo isto, somente pela qualidade da capa e seu encadernamento (cartonado e impresso em papel cuchê). Este livro é um mergulho ao desconhecido, o qual é feito da melhor maneira possível: em meio as figuras coloridas e detalhes e/ou curiosidades destas, pode-se alcançar grande conhecimento a respeito das obras de arte de Cézanne, Degas, Gauguin, Manet, Michelangelo, Monet, Picasso, Rembrandt, Renoir e Van Gogh.

A obra apresenta informações sobre os artistas, como por exemplo, a família, amigos e outros, além de informações preciosas sobre as obras. Um bom exemplo, é sobre o quadro Almoço Sobre a Relva (à direita), de Édouard Manet que diz: "Manet e Degas conheceram-se no Louvre, quando Degas estava copiando um quadro ali exposto. Surpreso, Manet constatou que Degas estava desenhando com uma pena diretamente sobre a tela em vez de fazer um esboço preparatório. Conta-se que Manet disse: 'Você tem muita coragem. Vai ter sorte se conseguir alguma coisa usando esse método'. Os dois tornaram-se bons amigos. A influência de Manet sobre Degas foi profunda. Visto como uma espécie de herói comandando o ataque realista contra a velha escola, seus retratos da vida parisiense chocaram uma sociedade despreparada para uma visão tão realista de si própria".

Sem comentários. Uma verdadeira aula de arte. Dentre as muitas curiosidades dos artistas, há uma que em especial, chamou-me a atenção: a modelo artística de Manet. Nas páginas 80 e 81, explica que Victorine Meurente, natural de Paris, de família pobre, foi a "musa" de muitos quadros do artista: A Cantora Ambulante (1892), Almoço Sobre a Relva, Olímpia e A Estação Saint-Lazare (à direita).

A modelo que aparece em muitas de suas pinturas trabalhou para Thomas Couture, depois de Manet ter deixado seu estúdio. De acordo com o amigo do pintor, Theodore Durent, Manet a conheceu por acaso, quando ela estava com dezoito anos: "por acaso, no meio de uma multidão... e ficou impressionado com sua aparência original e distinta".

Outra curiosidade inclusa no livro é sobre a carta que Victorine Meurent escreveu à esposa de Manet, Suzanne, após a morte do pintor, pedindo dinheiro: "A senhora sem dúvida sabe que posei para muitos quadros dele principalmente para Olímpia, sua obra-prima. O senhor Manet preocupava-se comigo e disse muitas vezes que, se vendesse seus quadros, separaria uma gratificação para mim. Eu era jovem, então, e irresponsável. Fui para América. Quando retornei, o senhor Manet, que já havia vendido diversos quadros... disse que uma parte era minha. Recusei... e acrescentei que, quando não pudesse mais posar, lembraria a ele essa promessa. Esse tempo chegou mais cedo do que eu esperava".

As informações contidas neste livro são valiosas e de extrema importância, seja para quem gosta de estudar arte, para os jovens estudantes ou para os iniciantes no assunto que querem ter uma obra completa para consulta e aperfeiçoamento no tema. O livro é dividido em dez capítulos, sendo que a partir da página 324, conta com um glossário e um índice remissivo, da página 330 em diante. Enfim, não há como perder-se, há somente um meio muito convidativo para quem quer entender e adquirir mais e mais conhecimento sobre a arte.

Livro: Grandes Artistas: Vida e Obra
Autor: David Spence
336 páginas
Tradutores: Luiz Antonio Aguiar e Marisa Sobral
Editora: Melhoramentos

domingo, 8 de janeiro de 2006

.: Resenha de "O Segredo de Emma Corrigan", Sophie Kinsella

Uns segredinnhos não fazem mal para ninguém
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em janeiro de 2006


Segredinhos, em meio a segredos que de fato devem ser mantidos. Emma Corrigan não foge à regra do universo feminino, faz o leitor rir e se identificar com as passagens de sua vida


Emma Corrigan é uma mulher bastante moderna, mas não escapa à regra que existe entre as mulheres de todos os tempos já passados: tem os seus segredos, independente do tamanho e grau de importância destes. Como assim? Alguns dos exemplos são simples como usar calcinha fio-dental, apesar de achá-la desconfortável ou ainda dizer ao namorado que ama jazz, enquanto detesta. "O Segredo de Emma Corrigan", de Sophie Kinsella, publicado pela Editora Record, tem uma escrita leve e totalmente simpática (bem escrita, mas bem humorada), o que leva a identificação imediata a alguns pensamentos e atos de Emma, no resto, faz rir e muito.

A autora (de Os delírios de consumo de Becky Bloom sucesso de público — foram mais de 35 mil exemplares vendidos só no Brasil — e crítica) mantém o humor ao descrever os receios do universo feminino. Nesta história não há compras de produtos de maneira compulsiva, mas apenas uma mulher inglesa, comum, perto dos 30 anos, que guarda em seu poder de silêncio situações ultraconfidenciais: como perdeu a virgindade enquanto os pais assistiam ao filme Ben-Hur na sala de TV, o que pensa sobre o namorado, as peças que prega nos colegas de escritório (um deles é jogar suco na plantinha de sua "amiga" de trabalho) e até seu peso verdadeiro. 

Tudo começa da seguinte maneira: "É claro que eu tenho segredo. Claro que sim. Todo mundo tem. É totalmente normal. Tenho certeza de que não tenho mais do que ninguém. Não estou falando de segredos enormes, de abalar a terra. Do tipo 'o presidente do EUA vai bombardear o Japão e só Will Smith pode salvar o mundo'. Só segredos normais, segredinhos do dia-a-dia".

Creio que o seu interesse nestes segredos devem ganhado proporção. Só para se ter uma idéia, logo de cara, nas primeiras páginas ela dispara 15 deles. Inicilamente, descobre-se que Emma trabalha na Corporação Panther. Ela que sonho com uma boa oportunidade profissional, está numa reunião que irá finalizar (ou não) um acordo promocional entre a nova bebida esportiva Panther Prime, sabor uva-do-monte, e a Glen Oil. Resultado: a moça perde a oportunidade de mostrar serviço e sua chance de tornar-se executiva de marketing fica ainda mais distante e pra piorar ela embarca em um vôo, que após ganhar a simpatia da aeromoça e passar para a classe executiva do avião, parece que acontecerá uma terrível catástrofe: ela e todos os outros tem tudo para passar dessa para uma melhor.

É lógico que ninguém morre, mas neste meio tempo, enquanto pensava que iria morrer, Emma contou todos os seus segredos a um total estranho, sentado ao seu lado. Aliviada ela segue em frente, sabendo que nunca mais o verá. Ledo engano, o estranho, não é ninguém menos do que o dono da Corporação Panther, Jack Harper. Enquanto isso, o seu namorado pede para que morem juntos. Mas como ela fará isso, se nem sabe se o amo de verdade? 

As coisas ficam ainda mais complicadas quando ele começa a se aproximar da moça. Seus pensamentos vão a mil quando de repente, ela é chamada até a sala de seu chefe. "Ele não pode me demitir. Não pode. Não é justo. Eu não sabia quem ele era. Puxa, obviamente, se ele tivesse dito que era meu patrão, eu nunca teria falado do currículo. Nem... de nada".

Enfim, este é um livro agradável de se ler, pois traz uma história diferente, apesar de seguir o estilo de livros como O Diário de Bridget Johnes. A capa é altamente sedutora aos olhos de qualquer leitor mais exigente ou daqueles que precisam de mais incentivo para ler com mais freqüência.

Dica: O Segredo de Emma Corrigan, obra que chegou ao topo das listas dos mais vendidos na Inglaterra e do jornal The New York Times, tem a promessa de, em breve, ganhar uma versão para o cinema, com a atriz Kate Hudson (de Como perder um homem em 10 dias) na pele de Emma.

Livro: O Segredo de Emma Corrigan
Título Original: Can You Keep a Secret?
Autora: Sophie Kinsella
384 páginas
Tradução: Alves Calado
Editora: Record

sábado, 7 de janeiro de 2006

.: Resenha de "Contos dos Irmãos Grimm", da editora Rocco

Narrativas que vencem o passar dos séculos
Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em janeiro de 2006


Embora pensemos que não, os contos têm grande importância para a humanidade. Sua significação é uma grande e profunda ferramenta para a formação dos adultos de hoje e dos que farão o amanhã


Conto é uma forma de narrativa breve. Em sua origem, a narração oral era sucinta de um fato verídico ou lendário, reproduzido com fantasia. Contudo, a imaginação, a fabulação, a lenda e o anedótico constituem elementos integrantes do conteúdo do conto. Recentemente, a sétima arte, presenteou o público com o filme, Os Irmãos Grimm, uma suposição envolvente da vida de Wilhelm (Heath Ledger) e Jacob Grimm (Matt Damon), famosos escritores que colocaram no papel as lendas e contos conhecidos do século XIX. Neste quesito, a Editora Rocco, não deixou passar em branco, e deu aos seus leitores, a obra Contos dos Irmãos Grimm, os quais foram editados, selecionados e tiveram um longo e muito valioso (traz informações importantes sobre contos: valores, moral, simbolismo e a história em si) prefácio da analista junguiana Clarissa Pinkola Estés.

A publicação que impressiona pela qualidade do material de sua capa dura e das 316 páginas, de fato é um belo presente para todos, independente da idade. "Eu diria que quando se lêem histórias para crianças, nossos filhos estão aprendendo em um nível e nós em outro. Adoro imaginar adultos lendo histórias para si mesmos. Quando são ouvidos por crianças ou quando são ouvidos por outros adultos, ou por ambos, as histórias tem o efeito de reforçar e validar algo que eles já sabem, algo imenso sobre a bondade que há no fundo dos seus corações", explica a analista junguiana.

Em se tratando de conteúdo, a obra conta com o ensaio da doutora e 53 histórias acompanhadas de ilustrações do mestre vitoriano Arthur Rackham (1867-1939). Estés explica que ler e ouvir contos não é uma simples transferência de seu conteúdo para as almas dos jovens e dos que jamais envelhecem, o processo é muito mais complexo. "Ouvir e lembrar os contos têm um efeito mais semelhante ao de se ligar uma tomada interna. Uma vez ativados, os contos evocam um subtexto mais profundo na psique, uma percepção que, através do inconsciente coletivo, chegou inata, seja antes, durante ou no momento em que a primeira brisa acariciou o corpo úmido do bebê recém-nascido do ventre materno".

Tal magia pode ser revivida por meio dos contos de Branca de Neve, O Cravo, Bela Adormecida, A Gata Borralheira, O Lobo e os Sete Cabritinhos, O Sapateiro e os Anões, O Lobo e o Homem, João Esperto, As Três Línguas, Os Quatro Irmãos Habilidosos, A Raposa e o Cavalo, O Ganso de Ouro, Margarida Esperta, O Rei da Montanha de Ouro, O Doutor Sabe-Tudo, O Rapaz que não Sentia Calafrios, O Rei Barbicha, João de Ferro, Rosa Branca e Rosa Vermelha, As Viagens do Pequeno Polegar, O Exímio Caçador, O Dinheiro das Estrelas, Um-Olho, Dois-Olhos e Três-Olhos, A Mesa, o Burro e o Porrete, O Músico Maravilhoso, O Alfaiatezinho Ladino, João Porco-Espinho e A Árvore Narigueira, que enchem de encanto o leitor que busca os sentimentos mais profundos da vida.

Contudo, vale um alerta, nem todos os finais dos contos são alegres, pois a frase "... e viveram felizes para sempre" originalmente não se aplicava às irmãs malvadas e invejosas de Cinderela (ou Gata Borralheira), pois seus olhos foram arrancados por pássaros no final da história. Talvez, por esse motivo, a adaptação dos estúdios Disney e de outras publicações tenha maior aceitação e conhecimento entre o público (de todas as idades), isto é, os contos de finais terríveis sofreram uma "faxina", para não chocar aos leitores.

Não é possível afirmar que estes sejam os contos em sua forma original, pois de acordo com a doutora, a revisão drástica nos contos não é uma novidade. "Durante muito tempo determinados contos, que tiveram origem na coleção reunida por Perrault na França, não foram publicadas na coleção alemão dos Contos de Grimm, embora no passado fizessem parte integrante da obra. A razão? A França e a Alemanha estavam em guerra. Só mais recentemente, nos últimos quarenta anos, tais contos foram reintegrados nas edições subseqüentes. Muitos são realmente de primeira ordem - A Princesa e a Ervilha, A Pequena Polegar (Thumbelina), O Barba Azul - e vários outros que são fundamentais. Imaginem contos de fadas tão influentes que até foram usados para alimentar escaramuças de guerra".

Com tantas informações e detalhes sobre a origem dos contos, a nova edição de Contos dos Irmãos Grimm, é um livro obrigatório para os apreciadores do gênero. Nele há as mais belas histórias que eram contadas em família, à noite, junto ao fogo, sendo que, se o narrador e a audiência fossem boas, as histórias eram em maior ou menor escala carregadas de sexo e violência, escatologia e sátira social.

Sobre a organizadora: Clarissa é analista junguiana, com mais de 20 anos de prática, tendo sido diretora-executiva do C. G. Jung Center, em Denver. Doutora em estudos multiculturais e psicologia clínica pelo The Union Institute, ela é autora premiada por trabalhos como The wild woman archetype, sobre o papel dos instintos da natureza feminina, Warming the stone child, sobre crianças sem mãe, In the house of the ridle mother, sobre os arquétipos recorrentes em sonhos de mulheres e The radiant coat, sobre as fronteiras entre a vida e a morte.

Sobre o ilustrador: Arthur Rackham é o principal responsável pela concepção visual dos contos de fada, tal como os conhecemos hoje; com um talento ímpar garantiu que seu trabalho fosse reconhecido até hoje. Seu grande conhecimento em anatomia fez com que seus personagens humanos refletissem um verdadeiro aspecto de ossos sob pele. A isso se soma a habilidade de colorista, com profunda percepção de cores intensas, na terminologia contemporânea: escarlate, vermelhão, terra verde, azul ultramarinho. Suas versões de gigantes, ogros, bruxas, reis, rainhas, servos, entre outros personagens, são referência na concepção dos contos de fadas, compreendem uma concepção medieval e simbolizam uma sociedade com diferentes divisões destas que conhecemos hoje. 

Um pouco dos autores: Wilhelm (1786-1859) e Jacob (1785-1863), filólogos e escritores alemães, irmãos que (sempre trabalharam juntos) criaram a filologia germânica e autores de inúmeros contos, baseados nas tradições de seu país, que se tornaram clássicos da literatura infantil universal. Um terceiro irmão, Ludwing, ilustrou os contos em estilo gótico.

Livro: Contos dos Irmãos Grimm
Autor: Clarissa Pinkola Estés
Ilustrações: Arthur Rackham
142 páginas
Tradução: Lia Wyler
Editora: Rocco

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

.: O fenômeno Marian Keyes no Brasil em números

O fenômeno Marian Keyes no Brasil em números
Por: Helder Moraes Miranda

Em janeiro de 2006


Traduzidos para mais de 35 idiomas segundo o site oficial de Marian Keyes, os livros da escritora sempre se destacaram nas listas dos mais vendidos. Só no Brasil, sem contar o recém-lançado Casório?!, atingiram um público de 200 mil leitores. Tanto sucesso não é fácil de ser explicado, mas quem já não viu alguém lendo um exemplar dela no metrô, na praia, ou em outros lugares? 

Um folheto da Bertrand Brasil, editora que publica os livros de Keyes no Brasil, reafirma a bem-sucedida carreira da escritora no país: "A verdade é uma só: ler Marian Keyes é uma delícia (...) Junte-se à legião brasileira do bom humor; afinal, não é toda hora que a gente consegue dar boas risadas e passar o tempo com personagens tão fantásticas".

Em entrevista recente à Revista paradoXo, Marian revela a fórmula de seu sucesso. "Enquanto escrevo, o personagem se desenvolve, eu volto e acabo mudando algumas partes anteriores do livro. Esse processo é muito importante para mim, para que os personagens sejam autênticos e suas ações combinem e reflitam suas personalidades. Todos os personagens de todos os meus livros são criados a partir de pessoas que conheço e de peculiaridades que já observei por aí".

Até dia 16 de janeiro, no Orkut, site de relacionamentos líder em acessos no Brasil, Marian Keyes tem 13 comunidades sobre ela e seus livros. São 3604 pessoas -número que a cada dia cresce mais em cada comunidade- que compartilham algo em comum: o gosto pelos seus livros. Abaixo, a trechos interessantes da descrição de algumas comunidades:


Sushi - Marian Keyes: "De insuperável criatividade, Marian criou uma atmosfera realmente envolvente, engraçada e viciante!!! E também, criou outro carinha (Jack Devine e até mesmo Dylan) que deve ser de... como ela diz mesmo? É... de molhar a calcinha! Hahahahahaha!!!"

MARIAN KEYES essa é a autora!: "... Os livros de MARIAN KEYES são, sim, livros de mulherzinha, 'levinhos', sem nada de profundidade. Mas, e daí? Para se distrair nas férias, para dias estressantes, para momentos de depressão são pra lá de perfeitos. Fonte desconhecida".

Marian Keyes: "... Escritora irlandesa, formada em direito e ex-alcóolatra. Sempre excêntrica e irreverente, escreve comédias românticas repletas do mais fino humor, com personagens de características peculiares, fazendo do óbvio, engraçado! A arte de Marian Keyes está em transformar os assuntos mais banais e, para muitos, fúteis, em obras inteligentes e extremamente originais, o que, diga-se de passagem, não é pra qualquer um! Sutil e extravagante, fina e vulgar, vilã e heroína..."

Eu tenho o Kit da Marian Keyes: "Para quem aproveitou a promoção e comprou logo o Kit inteiro da Marian Keyes com Melancia+Férias!+Sushi+Casório. Ou para quem já possui os quatros livros :D"

Outros livros da autora: 

Sushi - Mostra uma Marian Keyes que não se prende a satirizar o cotidiano de seus personagens e dá alfinetadas políticas na Irlanda, seu país de origem. A vida de três mulheres é matéria-prima do romance: a editora de revistas Lisa Edwards, a editora assistente da revista Garota, Ashling Kennedy e a dona-de-casa Clodagh. Lisa é uma ambiciosa editora de revista que, por esperar ser transferida para Nova York, fica decepcionada quando é enviada para Dublin. Ashling foi namorada de um humorista, mas sofre de depressão. Clodagh tem a vida que muitas mulheres sonhariam: é casada com um homem bonito, tem dois encantadores e uma casa no melhor bairro da cidade, mas anda insatisfeita. Editora: Bertrand Brasil


Férias! - O enredo gira em torno de Rachel Walsh que perde o emprego, é abandonada pelo namorado, pela amiga, e é obrigada pelo pai a se internar em uma clínica para dependentes químicos na Irlanda. Pensando que se tratar e tirar férias em um spa, com saunas, academias e banheiras de hidromassagem, Rachel se decepciona ao perceber que o lugar não oferece nada do que esperava. Para piorar a situação, ela, disposta a se vingar do ex-namorado - o brega Luke Costello -, se envolve com um dos pacientes da clínica, Chris, que tem um passado duvidoso. Editora: Bertrand Brasil


Melancia - Conta o drama da garçonete Claire, abandonada pelo marido após dar à luz uma menina, logo depois que ele confessa ter um caso com uma vizinha também casada. Com a auto-estima em baixa, 29 anos e a forma física aparentando a de uma melancia, Claire resolve voltar para a casa da família: o pai à beira de um ataque de nervos, a mãe com fobia de cozinha e viciada em telenovelas e duas irmãs. Uma, destruidora de corações; outra, fanática pelo ocultismo. Em meio a muitas lágrimas, depressão e bebedeiras, Claire refaz a vida e se interessa pelo sensível Adam. O problema é que ela acha que Helen - a irmã demolidora de corações - está apaixonada, pela primeira vez, pelo rapaz e não quer magoá-la. Para complicar a situação, James, o marido, volta e acusa Claire de tê-lo induzido a procurar uma amante. Editora: Bertrand Brasil

quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

.: Resenha de "Chinês Com Sono; seguido de Clones do Inglês"

Poesia (pede e) abre passagem nas editoras comerciais
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em janeiro de 2006


Dois em um. Quando o "2 em 1", iniciou-se no mercado, tornou-se febre. Atualmente, é quase que impossível (não disse impossível) encontrar produtos deste tipo, pois a população no geral, não interpreta bem tal produto, classificando-o como de qualidade ruim. Em contraponto, partindo para o mercado editorial, dois livros em um, agrada bastante o público. "Chinês Com Sono"; seguido de "Clones do Inglês", de Leonardo Fróes não foge à regra e torna o "2 em 1" (do mercado editorial) ainda muito mais agradável. Contudo, de acordo com o autor, este é um livro de face dupla.

É de grande contento também encontrar no mercado dos livros publicações compostas de poesias, abordando os temas dos mais variados. A nova obra de Leonardo Fróes não joga com as rimas, apenas chama cada palavra para participar de seus ricos e diferentes versos, principalmente na primeira parte da obra, intitulada de Chinês com sono. Neste trecho do livro, o autor, reúne a sua mais recente safra de poemas.

Alguns poemas da primeira parte do livro são inspirados no legado de grandes sábios chineses do século VIII ao XIII, como Lu-Yu, Chih-Yuan e Wang-Wei. O melhor da viagem ao oriente é o fato de ter Fróes como companhia, já que este, tem grande interesse por contos e lendas orientais. 

No entanto, o autor não presenteia seus leitores somente com suas produções. Outro presente do autor está em Clones do Inglês, tradução da poesia de grandes escritores de língua inglesa do século XVI ao XX, pois quase todos os textos selecionados permaneciam até agora sem tradução para a língua portuguesa. 

Dentre as traduções, estão as poesias de Jonathan Swift, Emily Brontë, e. e. cummings, Thomas Hardy, Thomas Wyatt e outros mestres da literatura inglesa. O melhor do que pode haver neste livro é o fato de que cada poesia ter um certa ligação em sim, até mesmo a traduzidas, pois em geral tem como tema os mais complexos sentimentos. Pegue uma carona neste leitura e faça um viagem ao interior humano e da natureza!



COMPROMISSOS NO CENTRO

Cada pessoa na multidão compacta,
que anda como um conjunto de elos 
perdidos, mantém-se uma pessoa fechada 
andando para evitar conflitos.
Variam compromissos e esbarros, mas esse
ir e vir alucinado é que afinal deveria,
hoje, nos fazer mais irmãos. Porém no embolo 
são muitos os semblantes hostis, 
desconfiados, taciturnos.
Tem pressa a multidão que decorre
do império da necessidade ou da sede
de movimentação pura e simples. E tem 
medo. Mas não se agarra. Desliza
e os corpos, como pacotes moventes,
como esferas que rolam, não se encontram. 
Em cada face às vezes se reflete
(pura impressão de minha parte) essa idéia 
de que andar juntos assim mas tão distantes, 
cada qual em seu mundo, só permite
fazer maior a solidão de todos.

* Poesia de Chinês Com Sono; seguido de Clones do Inglês, de Leonardo Fróes, Editora Rocco, página 91

Livro: Chinês Com Sono; seguido de Clones do Inglês
Autor: Leonardo Fróes
160 páginas
Ano: 2005
Editora: Rocco
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